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Julia Paris Malaco SP1 – Febre, inflamação e infecção Anatomia Via aérea superior Nariz O nariz é um órgão especial na entrada do sistema respiratório, que é dividido em uma parte externa visível e em uma parte interna dentro do crânio, denominada cavidade nasal. A parte externa do nariz, a porção do nariz recoberta de músculo e pele e visível na face, é uma extensão de osso e cartilagem, com uma parede divisória interna e duas vias de entrada (as narinas). A cartilagem do septo nasal ímpar forma a parte anterior do septo nasal, que divide a parte externa e a parte interna do nariz em câmaras direita e esquerda. A cartilagem do septo nasal está articulada com a lâmina perpendicular do osso etmoide e com o osso vômer para formar a parte restante do septo nasal. Está também articulada com os ossos nasais e as cartilagens nasais laterais. As cartilagens nasais laterais pares formam os lados da porção intermediária da parte externa do nariz. As cartilagens alares maiores formam os lados da porção inferior da parte externa do nariz. As cartilagens alares maiores formam as margens medial e lateral das narinas. Por fim, existem três ou quatro pequenas peças de cartilagem posteriores às cartilagens alares maiores, denominadas cartilagens alares menores. Como consiste em cartilagem hialina flexível, o esqueleto cartilagíneo da parte externa do nariz é ligeiramente flexível. As aberturas na parte externa do nariz são as narinas, que continuam como cavidades com tamanho aproximado da ponta de um dedo, denominadas vestíbulos do nariz. Em uma localização mais profunda no crânio, além da região dos vestíbulos do nariz, encontra- se a cavidade nasal, também denominada parte interna do nariz. Trata-se de um grande espaço na face anterior do crânio, situado inferiormente aos ossos nasais e superiormente à cavidade oral, formando a maior parte do nariz. Anteriormente, a cavidade nasal funde-se com a parte externa do nariz, e, posteriormente, a parte interna do nariz comunica-se com a faringe por meio de duas aberturas, denominadas cóanos. Os ductos dos seios paranasais (seios frontal, esfenoidal e maxilar e células etmoidais) e os ductos lacrimonasais, que drenam as lágrimas das glândulas lacrimais, também se abrem dentro da cavidade nasal. As paredes laterais da cavidade nasal são formadas pelos ossos etmoide, maxila, lacrimal, palatino e conchas nasais inferiores. O etmoide também forma o teto. As lâminas horizontais dos palatinos e os processos palatinos da maxila, que Julia Paris Malaco juntos constituem o palato duro, formam o assoalho da cavidade nasal. A cavidade nasal é dividida em duas regiões – a grande região respiratória inferior e a pequena região olfatória superior. A cavidade nasal é dividida por um septo nasal intermediário em metades direita e esquerda. Três prateleiras, denominadas conchas, que são formadas por projeções das conchas nasais superior, média e inferior, estendem-se de cada parede lateral da cavidade nasal. As conchas, que quase alcançam o septo nasal, subdividem cada lado da cavidade nasal em uma série de vias de passagem semelhantes a sulcos – os meatos nasais superior, médio e inferior. A cavidade nasal e suas prateleiras são revestidas por uma túnica mucosa. As células receptoras olfatórias, as células de sustentação e as células basais situam-se na região olfatória, a membrana que reveste a concha nasal superior e o septo nasal adjacente. Essa região é denominada epitélio olfatório. Esse epitélio contém cílios, porém não apresenta nenhuma célula caliciforme. Inferiormente ao epitélio olfatório, a túnica mucosa contém capilares e epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, com numerosas células caliciformes; esse epitélio na região respiratória é denominado epitélio respiratório. Conforme o ar inalado gira pelas conchas e meatos, ele é aquecido pelo sangue circulante nos capilares abundantes. O muco secretado pelas células caliciformes umedece o ar e retém as partículas de poeira. A drenagem dos ductos lacrimonasais e, talvez, as secreções dos seios paranasais também ajudam a umedecer o ar. Os cílios movimentam o muco e as partículas de poeira aprisionadas em direção à faringe, a partir da qual podem ser removidos (i. e., deglutidos ou cuspidos) do sistema respiratório. Em resumo, as estruturas internas do nariz desempenham três funções: Aquecimento, umedecimento e filtração do ar que entra; Detecção de estímulos olfatórios (olfação); Modificação das vibrações da fala conforme passam pelas grandes câmaras ocas de ressonância. A ressonância refere-se ao prolongamento, amplificação ou modificação de um som por meio de vibração. Faringe A faringe é um tubo afunilado, com cerca de 13 cm de comprimento, que começa nos cóanos e que se estende até o nível da cartilagem cricóidea, a cartilagem mais inferior da laringe. A faringe localiza-se imediatamente posterior às cavidades nasal e oral e a laringe, continua-se como esôfago e está anterior às vértebras cervicais. Sua parede é composta de músculos esqueléticos e revestida de túnica mucosa. Os músculos esqueléticos relaxados ajudam a manter a faringe desobstruída. A contração dos músculos esqueléticos auxilia na deglutição. A faringe atua como uma via de passagem para o ar e para o alimento, fornece uma câmara de ressonância para os sons da fala e abriga as tonsilas, que participam nas reações imunológicas contra invasores estranhos. Julia Paris Malaco A faringe pode ser dividida em três regiões anatômicas: A parte nasal da faringe, A parte oral da faringe e A parte laríngea da faringe. A parte superior da faringe, denominada parte nasal, situa-se posteriormente à cavidade nasal e estende-se até o plano do palato mole. O palato mole, que forma a parte posterior do teto da boca, é uma divisão muscular arqueada entre as partes nasal e oral da faringe, que é recoberta por túnica mucosa. Existem cinco aberturas na parede da parte nasal da faringe: dois cóanos, duas aberturas que levam às tubas auditivas, os óstios faríngeos da tuba auditiva (comumente conhecidas como trompas de Eustáquio) e uma única abertura na parte oral da faringe. A parede posterior também contém a tonsila faríngea (adenoide). Por meio dos cóanos, a parte nasal da faringe recebe o ar proveniente da cavidade nasal e recebe porções de muco carregado de poeira. A parte nasal da faringe é revestida com epitélio pseudoestratificado colunar ciliado, e os cílios movimentam o muco para baixo, em direção à parte mais inferior da faringe. A parte nasal da faringe também troca pequenas quantidades de ar com as tubas auditivas para igualar a pressão de ar entre a orelha média e a atmosfera. A parte intermediária da faringe, a parte oral, situa-se posteriormente à cavidade oral e estende-se desde o palato mole, inferiormente, até o nível do osso hioide. Além de se comunicar superiormente com a parte nasal da faringe e inferiormente com a parte laríngea da faringe, a parte oral apresenta uma abertura anterior, o istmo das fauces, a abertura da boca. Essa parte da faringe desempenha funções tanto respiratória quanto digestória, visto que se trata de uma via de passagem comum para o ar, o alimento e os líquidos. Como a parte oral da faringe está sujeita a sofrer abrasão por partículas de alimento, ela é revestida com epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. Na parte oral da faringe, encontram-se doispares de tonsilas, as tonsilas palatinas e as tonsilas linguais. A parte inferior da faringe, a parte laríngea da faringe, começa no nível do osso hioide. Em sua extremidade inferior, continua-se como o esôfago e, comunica-se anteriormente com a laringe (“caixa de voz”). Assim como a parte oral da faringe, a parte laríngea da faringe é uma via tanto respiratória quanto digestória e é revestida por epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. O suprimento arterial da faringe inclui a artéria faríngea ascendente, a artéria palatina ascendente, um ramo da artéria facial, a artéria palatina descendente e ramos faríngeos da artéria maxilar e os ramos musculares da artéria tireóidea superior. As veias da faringe possuem nomes semelhantes aos das artérias e drenam para o plexo pterigóideo e para as veias jugulares internas. Os músculos da faringe são inervados, em sua maior parte, por ramos nervosos do plexo faríngeo suprido pelos nervos glossofaríngeo (NC IX) e vago (NC X). Laringe A laringe é uma via de passagem curta, que une a laringofaringe com a traqueia. Situa-se na linha mediana do pescoço, anterior à 4ª, 5ª e 6ª vértebras cervicais (C IV-C VI). A parede da laringe é composta de 9 cartilagens, sendo 3 ímpares (cartilagem tireóidea, cartilagem epiglótica e cartilagem cricóidea), e 3 pares (cartilagens aritenóides, cuneiformes e corniculadas). Traqueia A traqueia é uma via de passagem tubular para o ar, formada por músculo liso com anéis cartilaginosos incompletos, que mede cerca de 12 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro, que auxiliam na passagem de ar, e impede o colabamento. Possui células caliciformes ciliadas, que produzem muco. Localiza-se anteriormente ao esôfago e estende- se da laringe até a margem superior da 5ª vértebra torácica (T V), onde se divide em brônquios principais direito e esquerdo. Apresenta de 16 a 20 anéis horizontais incompletos de cartilagem hialina assemelham-se à letra C Podem ser sentidos através da pele, inferiormente à laringe. A parte aberta de cada anel de cartilagem em forma de C está orientada posteriormente, em direção ao esôfago e é envolvida por uma membrana fibromuscular. Os anéis de cartilagem sólidos em forma de C fornecem um suporte semirrígido para manter a traqueia desobstruída, de modo que a parede da traqueia não colapse internamente (em particular durante a inspiração) e não obstrua a via de passagem do ar. Em condições normais, o ar chegará à traqueia em uma temperatura de 37ºC e com 100% de umidade. Logo a respiração por meio da boca não é tão boa, pois não aquece e nem umidifica o ar, principalmente em ambiente muito frio. Julia Paris Malaco Ouvido médio Separada do ouvido externo (orelha externa) pela membrana timpânica, o ouvido médio (orelha média) é uma cavidade preenchida por ar, situada no interior da parte petrosa do osso temporal. A tuba faringo timpânica (trompa auditiva) conecta o ouvido médio (orelha média) à nasofaringe, enquanto o antro mastoideo a conecta às células da mastóide. O ouvido médio (orelha média) contém os ossículos auditivos (ossículos do ouvido), tendões dos músculos estapédio e tensor do tímpano, o nervo da corda do tímpano e o plexo timpânico. Infecção viral X bacteriana Infecção viral Um vírus é um minúsculo organismo infeccioso (muito menor que um fungo ou uma bactéria) que necessita de uma célula viva para se reproduzir. O vírus adere a uma célula, geralmente de um tipo específico e, uma vez dentro dela, liberta o seu DNA ou RNA. O DNA ou RNA do vírus é o material genético que contém todas as informações necessárias para fazer cópias (réplicas) do vírus. O material genético do vírus passa a controlar a célula e a obriga a multiplicar o vírus. Geralmente, a célula infectada morre porque o vírus a impede de realizar suas funções normais. Antes de morrer, a célula libera novos vírus que infectarão outras células. Provavelmente, as infecções virais mais comuns são: Infecções respiratórias: infecções do nariz, da garganta, das vias respiratórias superiores e dos pulmões As infecções respiratórias mais comuns são as infecções do trato respiratório superior, as quais incluem dor de garganta, sinusite e o resfriado comum. Outras infecções respiratórias virais incluem gripe, pneumonia e coronavírus. Em crianças pequenas, os vírus comumente também causam crupe (inflamação das vias respiratórias superiores e inferiores, chamada laringotraqueobronquite) ou das vias respiratórias inferiores (bronquiolite). Crupe: é uma inflamação da traqueia e da laringe normalmente causada por uma infecção viral contagiosa que causa tosse, um som estridente e alto (estridor) e, às vezes, dificuldade para inspirar (inspiração). O crupe é causado por uma infecção viral que leva ao inchaço do revestimento das vias respiratórias, especialmente da área logo abaixo da laringe. A causa mais comum de crupe é: Vírus parainfluenza Os sintomas incluem febre, corrimento nasal e uma tosse típica semelhante a um latido. O diagnóstico é estabelecido em função dos sintomas. As infecções respiratórias têm mais probabilidade de causar sintomas graves em bebês, pessoas mais idosas e em pessoas com doença pulmonar ou cardíaca. Outros vírus infectam outras partes específicas do corpo: Trato gastrointestinal: as infecções do trato gastrointestinal, como gastroenterite, são comumente causadas por vírus, como norovírus e rotavírus. Fígado: essas infecções resultam em hepatite. Sistema nervoso: alguns vírus, como o vírus da raiva e o vírus do Oeste do Nilo, infectam o cérebro, causando encefalite. Outros infectam as camadas de tecido que recobrem o cérebro e a medula espinhal (meninges) causando meningite ou poliomielite. Cútis: as infecções virais que afetam somente a pele às vezes resultam em verrugas ou outras manchas. Muitos vírus que afetam outras partes do corpo, como catapora, também causam uma erupção cutânea. Placenta e feto: alguns vírus, como o vírus Zika, o vírus da rubéola e o citomegalovírus, podem infectar a placenta e o feto de gestantes. Alguns vírus costumar afetar muitos sistemas do organismo. Esses vírus incluem os enterovírus (como coxsackievírus e ecovírus) e os citomegalovírus. As infecções virais podem se manifestar de duas formas https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-estapedio https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/musculo-tensor-do-timpano https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/sintomas-de-dist%C3%BArbios-do-nariz-e-da-garganta/dor-de-garganta https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/doen%C3%A7as-do-nariz-e-dos-seios-paranasais/sinusite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/resfriado-comum https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/resfriado-comum https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/influenza-gripe https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/pneumonia/pneumonia-adquirida-na-comunidade https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/v%C3%ADrus-respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-agudas-covid-19-mers-e-sars https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-respirat%C3%B3rios-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/crupe https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-respirat%C3%B3rios-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/bronquiolite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-digestivos/gastroenterite/gastroenterite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/infec%C3%A7%C3%B5es-virais-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/infec%C3%A7%C3%A3o-por-rotav%C3%ADrushttps://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/doen%C3%A7as-hep%C3%A1ticas-e-da-ves%C3%ADcula-biliar/hepatite/vis%C3%A3o-geral-da-hepatite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/infec%C3%A7%C3%B5es-no-c%C3%A9rebro/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-infec%C3%A7%C3%B5es-no-c%C3%A9rebro https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/infec%C3%A7%C3%B5es-no-c%C3%A9rebro/raiva https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/infec%C3%A7%C3%B5es-no-c%C3%A9rebro/raiva https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/infec%C3%A7%C3%B5es-no-c%C3%A9rebro/encefalite#v26247332_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/meningite/meningite-viral https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/enterov%C3%ADrus/poliomielite https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/infec%C3%A7%C3%B5es-virais-da-pele/condilomas https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-por-herpesv%C3%ADrus/catapora https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/arbov%C3%ADrus-arenav%C3%ADrus-e-filov%C3%ADrus/infec%C3%A7%C3%A3o-por-v%C3%ADrus-zika https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/infec%C3%A7%C3%B5es-virais-em-beb%C3%AAs-e-crian%C3%A7as/rub%C3%A9ola https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-por-herpesv%C3%ADrus/infec%C3%A7%C3%A3o-por-citomegalov%C3%ADrus-cmv https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/enterov%C3%ADrus/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-infec%C3%A7%C3%B5es-por-enterov%C3%ADrus Julia Paris Malaco Infecções agudas: O termo infecção aguda indica a produção rápida de vírus seguida da resolução e eliminação rápida da infecção pelo hospedeiro. Essas infecções podem ser localizadas quando se restringem aos tecidos e órgãos que inicialmente foram utilizados como porta de entrada pelo vírus. O aparecimento de manifestações sintomáticas ocorre no ponto de infecção, levando paralelamente a proliferação viral localizada. As infecções agudas sistémicas representam os quadros infecciosos que se distribuem através do organismo e alcançam distintos tecidos e órgãos simultaneamente. Infecções persistentes: Ao contrário das infecções agudas, as infecções persistentes não são eliminadas rapidamente e as partículas virais ou produtos virais continuam a ser produzidos por longos períodos. As partículas infecciosas podem ser produzidas continua ou intermitentemente por meses ou anos. Existem três tipos de infecções persistentes: Infecção crónica: o vírus é continuamente replicado e excretado. Infecção de evolução lenta: caracteriza-se por longos períodos de incubação. O desenvolvimento da doença tem um curso longo, progressivo e frequentemente fatal. Infecções latentes: O vírus persiste numa forma "não infecciosa” com períodos intermitentes de reactivação. O período de latência de uma virose é definido como o período em que o vírus permanece no organismo sem provocar manifestações clínicas. Geralmente no período de latência não há detecção de partículas virais. Transmissão Engolidos Inalados Disseminados pelas picadas de insetos, como mosquitos, certas moscas que picam ou carrapatos. Transmitidos sexualmente (em doenças sexualmente transmissíveis) Disseminados durante a transfusão de sangue contaminado Contato com feridas Saliva da pessoa contaminada; Tosse ou espirro. Objetos contaminados Água ou alimentos contaminados Transmissão horizontal: Representa a transmissão de vírus de um indivíduo para outro da mesma espécie ou não. As vias de transmissão podem ser por contacto directo (indivíduo infectado para hospedeiro susceptível) ou indirecto (através de gotículas ou perdigotos), veiculada por água ou alimentos contaminados ou através de vectores representados por animais vertebrados ou invertebrados. Transmissão vertical: É representada pela transmissão do vírus da mãe para o embrião/feto, durante a gestação, ou durante o nascimento pela passagem através do canal do parto, ou ainda pela amamentação. As principais infecções virais são: Sarampo Catapora Resfriado comum Varicela Caxumba Rubéola Dengue AIDS Febre Amarela Varíola Gripe COVID-19 Meningite viral Gastroenterite viral (inflamação do trato digestivo) Vírus da imunodeficiência humana (HIV) Hepatite viral Vírus zika Poliomielite Sintomas As infecções virais também costumam causar febre, além de cansaço, dor no corpo, dor de cabeça, falta de apetite, mal estar e vômito. No entanto, cada doença por vírus tem seus próprios sintomas. Elas podem variar de condições pouco graves, cujos problemas se curam sozinhos, até enfermidades mais sérias, que podem inclusive levar à morte. Algumas doenças causadas por vírus, no entanto, desencadeiam alguns sintomas mais específicos e que ajudam em um diagnóstico mais preciso, tais como: Icterícia: é um sinal clínico que se caracteriza pela coloração amarelada da pele e das mucosas. A hepatite é uma doença viral que pode desencadear esse sintoma. Bolhas vermelhas que coçam muito: podem ser observadas, por exemplo, em quadros de catapora. Paralisia: pode ocorrer em casos de poliomielite. Inchaço e dor nas glândulas salivares: são muito comuns em casos de caxumba. Verrugas genitais: são um dos sintomas causados pela infecção pelo HPV. Julia Paris Malaco Manchas vermelhas no corpo: podem, juntamente com outros sintomas, auxiliar no diagnóstico de problemas como zika e rubéola. Coriza: sintoma também conhecido como “nariz escorrendo”, pode ser um sinal de gripe ou resfriado. Períodos da infecção: Período de incubação: Corresponde ao período compreendido entre o início da infecção até o momento em que os primeiros sintomas se tornam aparentes. Na maioria das viroses, o período de incubação varia entre 2 e 15 dias. O período de incubação mantém uma relação de proporcionalidade com o período de transmissibilidade. Ou seja, quanto maior for o período de incubação, mais tempo o organismo permanece a transmitir o vírus. Período prodrómico: Período da infecção em que o indivíduo apresenta sintomas clínicos generalizados e inespecíficos da doença (por exemplo febre, mal estar, dor de cabeça, náuseas e enjoos, mialgia) e que antecede os sintomas característicos da doença. Período de transmissão: Período durante o qual o indivíduo infectado permanece excretando e transmitindo o vírus. Definições Infecção: Trata-se do conflito entre os mecanismos de defesa do hospedeiro e a capacidade de agressão intrínseca do microrganismo, levando à implantação, crescimento e multiplicação deste no organismo do hospedeiro, causando algum tipo de prejuízo. A ação combinada de muitos fatores leva ao aparecimento de uma infecção ou doença. Uma infecção viral que produza reações adversas num hospedeiro susceptível é denominada de doença viral ou virose. Para que uma infecção ocorra é necessário que haja uma fonte de vírus com virulência e em número suficiente para iniciar o contágio do hospedeiro com maior ou menor resistência. Virulência: Representa o conjunto de mecanismos de agressão do microrganismo. Existem vírus mais virulentos (vírus da varíola), e vírus menos virulentos (vírus da gripe sazonal). O grau de virulência está diretamente relacionado à capacidade do vírus causar doença a despeito dos mecanismos de defesa do hospedeiro. A virulência é afetada por diversas variáveis tais como a quantidade de unidades infectantes, a rota de entrada no corpoe defesas não específicas e específicas do hospedeiro. Ou seja, um vírus de baixa virulência em adultos sadios pode comportar-se muito virulento em crianças, idosos e/ou em indivíduos imunossuprimidos por deficiências imunológicas. Resistência: Trata-se do conjunto de defesas apresentadas pelo hospedeiro. Uma infecção viral não implica obrigatoriamente o aparecimento de doença, se os mecanismos de defesa do corpo funcionarem eficazmente. O hospedeiro destrói o vírus ou permanece infectado sem apresentar sintomas. Neste último caso, o hospedeiro é caracterizado como portador de um vírus. Os portadores assintomáticos representam um importante problema de saúde pública porque é muito pouco provável que procurem tratamento médico e terão uma probabilidade muito maior de espalhar o agente infeccioso do que indivíduos com sintomas. As vacinas virais de uso geral incluem: Hepatite A Hepatite B Papilomavírus humano (HPV) Gripe Encefalite japonesa (inflamação do cérebro) Sarampo, caxumba e rubéola Poliomielite Raiva Rotavírus Varicela Cobreiro (herpes zóster) Febre amarela Infecção bacteriana As bactérias são organismos microscópicos unicelulares. Muitas bactérias vivem sobre e dentro do corpo das pessoas e dos animais, sobre a pele, nas vias respiratórias, na boca e nos tratos digestivo, reprodutivo e urinário, sem causar nenhum dano. Essas bactérias são denominadas flora habitual ou o microbioma. O número de bactérias em nossa microbiota é, no mínimo, igual ao número de células no organismo. Muitas floras habituais são efetivamente úteis para as pessoas ajudando-as, por exemplo, a digerir alimentos ou prevenindo o crescimento de outras bactérias mais perigosas. Apenas alguns tipos de bactérias causam doenças. Elas são chamadas de patógenos. Às https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-hepatite-a https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-hepatite-b https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-o-papilomav%C3%ADrus-humano-hpv https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-influenza https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-sarampo-caxumba-e-rub%C3%A9ola https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-a-p%C3%B3lio https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-cerebrais,-da-medula-espinal-e-dos-nervos/infec%C3%A7%C3%B5es-no-c%C3%A9rebro/raiva https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-rotav%C3%ADrus https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-a-varicela https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/vacina-contra-herpes-z%C3%B3ster https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/arbov%C3%ADrus-arenav%C3%ADrus-e-filov%C3%ADrus/febre-amarela#v12823120_pt Julia Paris Malaco vezes, bactérias que residem normalmente de forma não prejudicial no corpo causam doenças. As bactérias podem causar doença ao produzirem substâncias nocivas (toxinas), ao invadirem tecidos ou ambos. Algumas bactérias podem desencadear inflamações que podem afetar o coração, o sistema nervoso, os rins e o trato gastrointestinal. Algumas bactérias (como Helicobacter pylori) aumentam o risco de câncer. As bactérias podem ser classificadas de várias maneiras: Nomes científicos: As bactérias, assim como outros seres vivos, são classificadas por gênero (com base em terem uma ou várias características similares) e, dentro do gênero, por espécie. O nome científico delas é por gênero seguido pela espécie (por exemplo, Clostridium botulinum). Dentro da espécie, há muitos tipos diferentes, chamados cepas. As cepas diferem na formação genética e nos componentes químicos. Às vezes, certos medicamentos e vacinas são eficazes somente contra determinadas cepas. Coloração: A coloração de Gram é um processo de coloração comumente usado. Algumas bactérias ficam com a coloração azul, são chamadas de Gram-positivas. Outras ficam com a coloração vermelha, são chamadas de Gram- negativas. Bactérias Gram positivas: tem parede celular mais espessa, com grande quantidade de peptideoglicano, a qual retém uma coloração cristal-violeta. São coradas facilmente pois o corante se ancora ao peptideoglicano. Bactérias Gram negativas: parece celular fina localizada entre duas membranas de bicamadas fosfolipídicas. Possui uma membrana plasmática interna e externa e entre elas está a camada de peptideoglicano que é muito menor. Na membrana externa encontra-se grande quantidade de lipoproteínas e lipopolissacarideos (LPS) Formas: Todas as bactérias podem ser classificadas como uma de três formas básicas: esferas (cocos), bastonetes (bacilos) e espirais ou hélices (espiroquetas). Necessidade de oxigênio: As bactérias são também classificadas pela necessidade que têm do oxigênio para viver e crescer. Aquelas que precisam de oxigênio são chamadas de aeróbicas. Aquelas que têm dificuldade de viver ou crescer quando há oxigênio são chamadas de anaeróbias. Algumas bactérias, chamadas bactérias facultativas, podem viver e crescer com ou sem a presença de oxigênio. Transmissão Saliva (tuberculose, lepra, difteria, coqueluche); Contato com alimento ou objeto contaminado (disenteria bacilar, tétano, tracoma); Contato sexual (gonorreia, sífilis). Sintomas Sintomas típicos de qualquer infecção, seja o causador um animal, fungo, bactéria ou vírus incluem: Febre Tosse e espirro; Dor no corpo; Cansaço/Fadiga; Náusea e vômito; Edema local. As principais doenças causadas por bactérias são: Tuberculose Infecções do trato urinário Faringite estreptocócica Disenterias Bacterianas Meningite meningocócita Gonorreia Coqueluche Garganta inflamada Infecção urinária Intoxicação alimentar bacteriana Tétano Lepra ou hanseníase Julia Paris Malaco Resistência a antibióticos Algumas bactérias são naturalmente resistentes a determinados antibióticos. Outras bactérias desenvolvem resistência a medicamentos porque elas adquirem genes de outras bactérias que se tornaram resistentes ou porque seus genes sofrem mutação. Os genes que codificam a resistência ao medicamento podem ser passados para as gerações seguintes de bactérias ou, às vezes, até mesmo para outras espécies de bactérias. Quanto mais frequentemente são usados antibióticos, mais provável é o desenvolvimento de bactérias resistentes. Portanto, os especialistas recomendam que os médicos utilizem antibióticos tão somente quando for necessário. Em especial, os médicos devem prescrever antibióticos somente para infecções causadas por bactérias, não para aquelas causadas por vírus, tais como em resfriados ou gripe. Dar antibióticos a pessoas que provavelmente não têm infecção bacteriana, tais como aquelas que apresentam tosse e sintomas de resfriado, não melhora o estado das pessoas, mas ajuda a criar bactérias resistentes. Devido ao consumo generalizado (e abusivo), muitas bactérias são resistentes a certos antibióticos. As bactérias resistentes podem ser transmitidas de pessoa para pessoa. Vacinas As vacinas bacterianas podem ser constituídas por células inteiras inativadas, por subunidades que se caracterizam por estruturas que fazem parte da célula bacteriana. Podem também constituir vacinas bacterianas, moléculas purificadas como polissacarídeos capsulares, proteínas nativas ou mesmorecombinantes. Com o advento da vacinologia reversa, diversas proteínas identificadas como alvos importantes em infecções bacterianas, estão sendo expressas em diferentes vetores, purificadas e testadas como alvos vacinais potenciais. Difteria e tétano (DT) Pneumocócica Agentes por idade Meningite Agentes mais comuns em RN Streptococcus grupo B E. colli Listeria (comum em idosos também) 1 mês até 20 anos Meningococo (1º) Pneumococo (2º) Haemophilus influenzae (pouco comum hoje em dia) A partir dos 20 anos Pneumococo (1º) Meningococo (2º) Diferença bacteriana e viral Infecções bacterianas costumam provocar febre mais alta e inconstante durante o dia, acima de 38°C As doenças causadas por bactérias costumam causar mais dor em um local específico do corpo. As bactérias produzem diversas toxinas que podem ser identificadas no local; A cor do catarro (esputo) costuma ser mais escuro, amarelado ou até esverdeado; Infecções bacterianas podem formar exsudatos - placas (não é exclusivo de bactérias) Infecçoes bacterianas ostumam piorar com o tempo. Infecções virais duram mais tempo Provocam um aumento maior do número de glóbulos brancos. Infecção bacteriana Infecção viral Definição Microorganismos unicelulares, a maioria faz parte da microbiota normal. Patógenos causam doenças Microorganismo que possui DNA e RNA em seu interior para sua multiplicação. Proliferação Diversos ambientes (calor, frio, intestino, etc) Hospedeiros vivos – parasitas intracelulares obrigatórios Transmissão Saliva, alimento ou objeto contaminado, contato sexual Saliva, tosse, espirro, feridas, alimento, agua, objeto contaminado, contato sexual, picada de inseto, sangue Sinais e sintomas - Febre alta (acima de 38ºc) - Dores em locais específicos do corpo - Catarro escuro (amarelo-esverdeado) - Piora com o tempo - Apresenta placas purulentas (geralmente em infecção de garganta) - Aumento de glóbulos brancos - Febre mais baixa - Tosse e espirros, geralmente - Cansaço e mal estar - Falta de apetite - Dores no corpo - Dor de cabeça - Coriza - muco claro e fino Hemograma Leucocitose com neutrofilia algumas vezes com desvio a esquerda Linfocitose, linfopenia e presença de linfócitos atípicos Tratamento Antibióticos específicos + tratamento de sintomas Tratamento de sintomas Julia Paris Malaco IVAS Ref: file:///C:/Users/Ideal/Downloads/guidelines_completo_07.pdf As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são um dos problemas mais comuns encontrados em serviços de atendimento médico pediátricos, resultando em uma morbidade significativa em todo o mundo. As IVAS são a causa mais comum de crianças atendidas por infecção respiratória aguda. As infecções virais das vias aéreas superiores (IVAS) são a doença mais comum que afeta os seres humanos. Enquanto a população adulta desenvolve 2 a 5 episódios no ano, as crianças em idade escolar desenvolvem de 7 a 10 episódios no decorrer do ano. As três infecções de vias aéreas superiores mais comuns são: Rinofaringite aguda (“resfriado”), Faringoamigdalite aguda (“infecção de garganta”) e Rinosinussite aguda (“sinusite”). Gripe e resfriado (viral) Sabe-se que 0,5 a 2% das IVAS evoluem para uma rinossinusite bacteriana, e aproximadamente 90% das rinossinusites bacterianas são precedidas por um episódio viral. O resfriado comum ou uma gripe podem ainda evoluir para otite, faringoamigdalite, laringite e pneumonia. Agentes causadores Resfriado: O rinovírus é o mais prevalente, sendo responsável por cerca de 30-50% das infecções, enquanto o coronavírus é o segundo mais prevalente, responsável por 10-15% dos quadros. Outros vírus citados são o parainfluenza, vírus sincicial respiratório, adenovírus e enterovírus. O vírus sincicial respiratório é responsável por muitos sintomas que se assemelham a um quadro gripal. Período de contágio: desde algumas horas antes, até dois dias após o início dos sintomas Gripe: A gripe, no entanto, é causada exclusivamente pelos vírus influenza (principalmente A) que são responsáveis por 5- 15% das IVAS. A morbidade é concentrada em crianças em idade escolar e em adultos saudáveis, mas as percentagens mais elevadas de mortalidade, decorrentes da infecção pelo vírus da gripe, ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos. Os vírus influenza A apresentam maior variabilidade e, portanto, são divididos em subtipos de acordo com as diferenças de suas glicoproteínas de superfície do envelope, as hemaglutinina (H) e neuraminidase (N). Os subtipos adaptados para infectar seres humanos são constituídos por H1, H2, H3, e N1, N2. As combinações possíveis de importância humana são H1N1, H2N2 e H3N2. O subtipo H1N1 representa a etiologia mais comum da gripe no ser humano. O resfriado o é uma infecção leve das vias aéreas superiores - nariz e garganta. A doença afeta, principalmente, as mucosas do nariz e da garganta e tem maior prevalência entre crianças de dois a seis anos de idade, que apresentam de três a nove episódios de resfriado por ano. As crianças, que têm episódios recorrentes de resfriado durante o ano, possuem maior chance de desenvolverem otite média e sinusite agudas, por causa de sua tuba auditiva ser menor e mais retificada, se comparada com ao do adulto, torna o ouvido médio mais susceptível a desenvolver infecção; além disso, os episódios de resfriados geram um processo inflamatório da mucosa nasal, que pode obstruir os óstios dos seios paranasais e da tuba auditiva, permitindo, por vezes, a instalação de infecção bacteriana secundária; o que ocasiona sinusite e otite média agudas com maior frequência. Fisiopatologia Enquanto o rinovírus e o coronavírus não causam lesão epitelial nas células nasossinusais, o influenza e o adenovírus geram uma lesão significante no epitélio nasal. Resfriado: O rinovírus, por exemplo, entra via nasal ou ducto nasolacrimal e ataca os receptores ICAM-1 nas células epiteliais na rinofaringe, levando a uma up-regulação da produção de histamina, bradicinina e outras citocinas (incluindo a interleucina (IL) 1, IL-6, IL-8, fator de necrose tumoral a e leucotrienos C4). Os vírus também podem suprimir as funções dos neutrófilos, macrófagos e linfócitos. Dessa forma, favorecem o crescimento de patógenos presentes na rinofaringe, como S. pneumoniae e H. influenzae, favorecendo a infecção secundária. Alguns vírus do resfriado comum rompem os microtúbulos das células ciliadas, levando a um aumento da viscosidade do muco e dificultando o transporte mucociliar. Gripe: O influenza vírus, por sua vez, penetra nas células epiteliais do trato respiratório superior e se replica. As células danificadas destacam-se da membrana basal. As células epiteliais afetadas tornam-se então alvos para a infecção bacteriana. O trato respiratório é mais suscetível às Julia Paris Malaco infecções bacterianas, uma vez que ocorre perda de células ciliadas, prejudicando o clearance mucociliar. O mecanismo pelo qual ocorre esta descamação, no entanto, é incerto. Segundo Eccles, os sintomas das IVAS são desencadeados em resposta à infecção viral no trato superior e à resposta imune à infecção, e não somente pela lesão celular. Após a invasão viral, há um aumento do número de macrófagos e estes estimulam a fase aguda da resposta inflamatória. Na superfície dos macrófagos existe um receptor “toll-like” que se combina com componentes virais ou bacterianos e estimulam a produção de citocinas. As citocinas agem recrutando outras células do sistema imune, desencadeiam a inflamação e geram sintomassistêmicos como a febre. Assim, um complexo misto de citocinas e mediadores proinflamatórios geram os sintomas das IVAS. Enquanto a bradicinina é a responsável pelos sintomas locais das IVAS (como dor de garganta e congestão nasal), as citocinas são responsáveis pelos sintomas sistêmicos como a febre. Sintomas O diagnóstico das IVAS é clínico, baseado em sinais e sintomas. Síndrome do resfriado comum Geralmente a sintomatologia é mais discreta, com sintomas iniciais de cefaléia, espirros, calafrios e dor de garganta e sintomas tardios de coriza, obstrução nasal, tosse e mal-estar. Geralmente a severidade dos sintomas aumenta rapidamente em 2-3 dias após a infecção, com uma duração média de 7-10 dias. Alguns sintomas, no entanto, podem persistir por mais de 3 semanas. Duração de 3 a 10 dias, no mínimo 7 dias. A transmissão normalmente ocorre por via direta: Gotículas de secreção nasal ou oral produzidas pela tosse ou espirros (aerossol). Contaminação através de superfícies. Período de Incubação: (tempo decorrido entre a exposição e manifestação dos primeiros sintomas) – 2 a 5 dias. Período de contágio: (Pico de transmissão) – 2º a 3º dia (geralmente quando estão surgindo os sintomas). Maior frequência: Meses de chuva ou frio. Exame físico: Congestão da mucosa nasal, faríngea e hiperemia da membrana timpânica; da garganta, olhos (conjuntivas), narinas e membranas timpânicas; Adenomegalia (aumento dos gânglios linfáticos). Síndrome da gripe Tipicamente o início dos sintomas é súbito, caracterizado por febre alta (duração de 1 a 3 dias e pico nas primeiras 24 horas), cefaléia intensa, tosse, dor de garganta, mialgia, congestão nasal, cansaço, fraqueza e falta de apetite, apresentando, de uma forma geral, sintomas mais intensos do que no resfriado comum. A associação da tosse e da febre no mesmo paciente apresenta um valor preditivo positivo de cerca de 80% em diferenciar a infecção pelo vírus influenza dos outros quadros de infecção viral. Os sintomas da gripe tem início de 1 a 4 dias após a infecção Período prodrômico: De 2 a 3 dias; Incubação: De 1 a 5 dias após contato com o vírus, (média 2 dias); Transmissibilidade: De 2 dias antes até 7 dias depois do início dos sintomas (crianças 14 dias). Os sintomas das IVAS podem persistir por mais de 15 dias aproximadamente em 7% da população (especialmente em crianças de 1 a 3 anos com cuidados em casa), em até 13% (em crianças de 2 a 3 anos com cuidados diários fora de casa). Outros sintomas que podem acompanhar o quadro de IVAS são hiposmia, anosmia, pressão facial e rinorréia posterior. Diferentemente da crença popular, a alteração de cor da secreção nasal não é um sinal específico de infecção bacteriana. A secreção mucopurulenta pode ocorrer pela degradação neutrofílica. Vacina da gripe A vacina tem sua composição atualizada anualmente. No Brasil, a proteção da vacina da gripe é dada por cepas de vírus influenza inativos que compõem a vacina ou cepas que apresentam relação antigênica próxima. O efeito de proteção tem início 10 a 15 dias após a aplicação e estende-se por 1 ano. Considerando que as vacinas disponíveis não estão liberadas para uso em crianças abaixo de 6 meses, que são um grupo de risco para complicações, recomenda-se a vacinação das pessoas que cuidam dessas crianças. São também elegíveis para a vacinação preferencial as pessoas que convivem com indivíduos pertencentes ao grupo de risco, os profissionais da Julia Paris Malaco saúde, funcionários de creches e escolas, principalmente quando envolvidos no cuidado a crianças entre 0 e 5 meses de idade. Não deve ser usada nos indivíduos que apresentaram GuilainBarré até 6 semanas após outra vacinação; em desordens neurológicas em atividade e em doenças febris agudas. Considerando que a vacina é composta de vírus inativos, é impossível que venha causar a doença. Diagnostico Resfriado O diagnóstico diferencial deve ser feito com manifestações iniciais de várias doenças – Sarampo, coqueluche, infecção meningocócica ou gonocócica, faringite estreptocócica, hepatite A e mononucleose infecciosa. O surgimento de um quadro de IVAS de repetição, com sintomas quase que permanentes nos períodos de inverno e primavera, como quadros recorrentes que incluem espirros, coriza, obstrução nasal, sem febre, deve-se suspeitar de rinite alérgica. Coqueluche, em pacientes com tosses compridas, intermitentes, disfagia (pedir exames complementares, como sorologia). Influenza (sintomas sistêmicos mais exuberantes, como febre alta, falta de apetite). Gripe Clínico - A gripe é muitas vezes diagnosticada com base nos sintomas. Os testes em amostras de secreções respiratórias podem ser usados para identificar o vírus da gripe. Exames de sangue podem ajudar a determinar o grau de infecção da pessoa. O diagnóstico diferencial da gripe inclui: Nasofaringite, faringite não especificada, amigdalite não especificada, laringite, traqueíte, laringotraqueíte, infecção das vias aéreas superiores de localizações múltiplas e não especificadas. Dengue e resfriado merecem destaque, pois os sintomas locais e sistêmicos são bem semelhantes. Tratamento Fórmulas que contenham paracetamol ou dipirona geram alívio das dores de cabeça ou mialgias; Fórmulas que apresentam descongestionantes sistêmicos como a pseudo-efedrina são importantes na melhora da congestão nasal, uma vez que são agonistas a-adrenérgicos e reduzem a vascularização no leito das conchas nasais, reduzindo o edema. Os antiinflamatórios não-hormonais e os anti- histamínicos podem aliviar os sintomas das IVAS, mas não reduzem o tempo da doença. A lavagem nasal com solução fisiológica ou hipertônica é de grande valia. Outras medicações incluem os vasoconstritores tópicos (devendo ser usados no máximo por cinco dias para diminuir o risco de efeito rebote). Os mucocinéticos modificam a consistência das secreções do aparelho respiratório, facilitando seu transporte e eliminação. Dentre os fitoterápicos, o Extrato EPs 7630, das raízes de Pelargonium sidoides apresenta atividade imunomoduladora ou imunorestauradora, atuando na resposta imune não específica. Apresenta, ainda, uma atividade antimicrobiana discreta sobre diferentes bactérias Gram positivas e Gram negativas. Além disso, o extrato exerce uma ação protetora contra lesões do tecido, dentro do contexto de defesa contra infecçõs, Julia Paris Malaco tendo portanto uma possível influência positiva no processo de cura. Após o desaparecimento dos sintomas, recomenda- se a continuação do tratamento por mais alguns dias, para evitar recorrência da doenca. Em geral, o medicamento é utilizado durante um total de 5 a 7 dias. O tratamento antiviral tem como objetivo reduzir o impacto da doença. Os bloqueadores de canal de íon M2 ou amantadanos (amantadina e rimantadina) são inibidores específicos da replicação viral do influenza A, enquanto os inibidores de neuraminidase (zanamivir e oseltamivir) são ativos contra o influenza A e B. Os resultados de análise de custo-benefício e efetividade são variados. Alguns órgãos de Saúde na Alemanha e Inglaterra recomendam o uso de neuraminidase em indivíduos de alto risco. Complicações Resfriado As crianças, que têm episódios recorrentes de resfriado durante o ano, possuem maior chance de desenvolverem otite média e sinusite agudas, por causa de sua tuba auditiva ser menor e mais retificada, se comparada com ao do adulto, torna o ouvido médio mais suscetível a desenvolverinfecção. Além disso, os episódios de resfriados geram um processo inflamatório da mucosa nasal, que pode obstruir os óstios dos seios paranasais e da tuba auditiva, permitindo, por vezes, a instalação de infecção bacteriana secundária. Se de 5 a 14 dias – Aparecimento, persistência, ou recorrência da febre além de 72 horas, persistência de secreção purulenta, otalgia, persistência da tosse, taquipneia, prostração mais acentuada, sugere-se ocorrência de complicações, sendo as mais frequentes: Sinusite (dor de cabeça); Otite média aguda (OMA) (Reaparecimento de febre – otalgia - principalmente em crianças de 6 a 11 meses de idade). Alguns agentes etiológicos, como o VSR e o adenovírus, podem estar associados à evolução para infecção de vias aéreas inferiores. Extensão do processo viral às vias aéreas inferiores: Bronquite; Bronquiolite aguda; Pneumonia. Gripe A complicação mais comum da gripe é a pneumonia, que pode ser viral, bacteriana ou ambas. Na pneumonia viral, o vírus da gripe se dissemina dentro dos pulmões. Na pneumonia bacteriana, bactérias não relacionadas (como os pneumococos e estafilococos) atacam as defesas debilitadas da pessoa. Em ambos os casos, as pessoas podem apresentar um agravamento da tosse, dificuldade respiratória, febre persistente ou recorrente e, às vezes, expectoração com sangue ou pus. A SG pode evoluir potencialmente em pessoas de qualquer idade para insuficiência respiratória por distúrbio de ventilação-perfusão, caracterizando a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). SRAG – Doença respiratória aguda com temperatura corpórea maior que 38ºC, tosse e dispneia, acompanhada ou não de dor de garganta ou manifestações gastrointestinais. A mortalidade associada à infecção pelo vírus Influenza associa-se com doença grave em grupos específicos (de risco) https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/pneumonia/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-pneumonia https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-bacterianas-bact%C3%A9rias-gram-positivas/infec%C3%A7%C3%B5es-pneumoc%C3%B3cicas Julia Paris Malaco Amigdalites O quadro clínico das faringoamigdalites se caracteriza por odinofagia, febre alta, calafrios, comprometimento do estado geral, astenia, mialgia, cefaleia e artralgia, podendo haver otalgia reflexa e aumento de linfonodos cervicais. Apresentam-se sob variadas formas clínicas. Nas amigdalites eritematosas, observam-se hiperemia difusa e aspecto congesto de toda a mucosa faríngea, principalmente das tonsilas palatinas. O exsudato pode estar esbranquiçado; se não estiver, é de provável etiologia viral (influenza, adenovírus, parainfluenza). A duração é de 3 a 7 dias e, na maioria dos casos, evolui sem complicações. As amigdalites agudas eritematopultáceas apresentam exsudato esbranquiçado ou purulento localizado nas criptas e na superfície das tonsilas palatinas. Os agentes etiológicos mais frequentemente encontrados são S. pyogenes, H. influenzae, S. aureus e M. catarrhalis. A mononucleose, causada pelo vírus Epstein-Barr, pode se manifestar como forma eritematosa ou eritematopultácea, e às vezes também como estomatite e enantema no palato, acompanhada de adenomegalia cervical bilateral e hepatoesplenomegaila; as tonsilas palatinas podem aumentar extremamente de tamanho. Nas amigdalites agudas pseudomembranosas, há formação de placas mais ou menos aderentes às tonsilas, que frequentemente invadem o palato mole e a úvula. Deve-se fazer o diagnóstico diferencial com difteria e infecção por S. pyogenes. A difteria (causada pelo Corynebacterium diphtheriae; é rara atualmente em razão da alta cobertura vacinal) tem início insidioso com mal-estar geral, inapetência, astenia e febre. Pseudomembranas brancas brilhantes recobrem inteiramente as tonsilas palatinas, atingindo também os pilares, o palato mole e a úvula; aderem à mucosa e são sangrantes quando se tenta removê-las. A difteria é acompanhada de linfadenite cervical (aparência de pescoço taurino), e a produção de exotoxinas pelo bacilo pode acarretar miocardite, insuficiência renal aguda, paralisia dos membros inferiores, do palato mole e/ou dos músculos respiratórios. As anginas eritematosas são as mais freqüentes, correspondendo a 90% dos casos, de origem viral ou bacteriana. Ao exame observa-se a mucosa orofaríngea arroxeada, as amígdalas edemaciadas e aumentadas de volume. As anginas eritematopultáceas apresentam, além das características inflamatórias presentes nas anginas eritematosas, exsudato esbranquiçado puntiforme ou confluente, que se desprende facilmente da mucosa ao ser manipulado com o abaixador de língua. A angina herpética (causada pelo herpes- vírus tipo I) e a herpangina (vírus coxsackie A) são semelhantes, podendo surgir do mesmo modo que na forma eritematosa (início abrupto e aspecto congesto de toda a mucosa faríngea), acometendo crianças de 1 a 5 anos de idade. O tratamento é sintomático e tem duração de 7 a 10 dias. Dentre as amigdalites ulcerosas profundas, destacam-se a angina de Plaut-Vincent e os quadro associados a hematopatias (neutropenia, leucemias agudas, síndromes imunoproliferativas e agranulocitose), além de tuberculose e sífilis. A angina de Plaut-Vincent é causada pela associação de bacilos saprófitas da cavidade oral, que se inicia após lesão da mucosa ou mau estado dentário, apresentando febre baixa, intensa odinofagia, halitose fétida (importante) e amigdalite ulceronecrótica com adenopatia ipsolateral à lesão. As amigdalites agudas ulcerosas subdividem- se de acordo com a profundidade da úlcera: superficiais, quando ocorre erupção vesicular, ou profundas, quando há necrose do tecido. Tratamento geral O tratamento clínico das faringoamigdalites virais agudas é realizado de acordo com a sintomatologia: utiliza-se associação de analgésicos, antipiréticos, hidratação, anestésicos tópicos (antes da alimentação) e gargarejos com antissépticos, de acordo com a intensidade do quadro. Caso evolua para infecção bacteriana, trata-se com antimicrobianos, de acordo com o agente envolvido. O tratamento empírico com antibiótico deve ser direcionado para o principal patógeno, o SbGA. Estudos mostram que vários antibióticos podem ser utilizados com índices de sucesso semelhantes. A penicilina V oral pode ser Julia Paris Malaco uma boa opção de tratamento, podendo também ser utilizada a penicilina benzatina intramuscular em dose única. A amoxicilina e a amoxicilina associada ao ácido clavulânico, tomadas durante 10 dias, demonstram ser tão eficazes quanto as cefalosporinas, utilizadas por 5 dias; porém, estas têm apresentado índice de erradicação do SbGA ligeiramente superior. Em pacientes alérgicos às penicilinas, outras opções são os macrolídeos. Nas faringoamigdalites agudas com abscesso periamigdaliano, o ideal é realizar a punção e, se houver saída de secreção purulenta, a drenagem do abscesso. Nas faringoamigdalites de repetição, pode ocorrer falha terapêutica com a utilização de penicilinas, em caso de estreptococo resistente, de copatogenicidade de bactérias produtoras de betalactamase, como os estreptococcos alfa-hemolíticos do grupo viridans, e de uso constante de antibióticos. O tratamento tem o objetivo de atingir principalmente as bactérias produtoras de betalactamase; portanto, nas fases de agudização, preferem-se as cefalosporinas de segunda geração, a associação amoxicilina- ácido clavulânico por 10 dias ou, eventualmente, cefalosporinas de terceira geração. Viral As amigdalites de origem viralcorrespondem a 75% das faringoamigdalites agudas, preponderantes nos primeiros anos de vida (2 e 3) e menos freqüentes na adolescência. Antivirais A administração de antiviral pode reduzir a duração, a gravidade da infecção e o risco das complicações associadas, inclusive a morte associada à SRAG. O início do tratamento deve ser o mais precoce possível, os seus benefícios, no entanto, ocorrem mesmo se iniciados 48 horas após o estabelecimento das manifestações clínicas. Funcionam quando usados no 1º e 2º dia após o início dos sintomas, eles reduzem a gravidade dos sintomas e diminuem a duração da febre e o tempo para retornar às atividades normais. Oseltamivir e Baloxavir, tomados por via oral, e Zanamivir, administrado com um inalador, são eficazes contra os vírus da gripe tipo A e tipo B. O vírus Influenza é suscetível aos antivirais inibidores da neuraminidase (Oseltamivir e Zanamivir) e resistente ao Adamantano (Amantadina e Rimantadina). Bacteriana As faringoamigdalites bacterianas correspondem a 20 a 40% dos casos. O agente etiológico mais comum é o estreptococo beta-hemolítico do grupo A. Pode causar complicações, como febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. Quadro clinico: Usualmente afeta crianças a partir dos 3 anos, com pico de incidência entre 5 e 10 anos, podendo acometer qualquer idade. Manifesta-se com dor de garganta intensa, disfagia, otalgia reflexa, febre de intensidade variável, que pode ser acompanhada de queda do estado geral. O exame físico revela hiperemia, aumento de tonsilas e exsudato purulento, além de adenomegalia em cadeia jugulodigástrica, observada em 60% dos casos. No hemograma observamos leucocitose com desvio à esquerda. Diagnóstico: clinica, cultura de orofaringe (padrão ouro). Outros testes para detecção do estreptococo, como ELISA, imunoensaios ópticos ou sondas de DNA, apresentam a vantagem do diagnóstico rápido, cerca de 15 minutos. Tratamento: Analgésicos, antiinflamatórios, corticosteróides e antibioticoterapia. Complicações Febre reumática: os sinais e sintomas aparecem de 2 a 3 semanas após a faringoamigdalite estreptocócica, acometem crianças entre os 5 e 15 anos. Para o diagnóstico utilizamos o critério de Jones modificado, sendo confirmado na presença de 2 critérios maiores ou 1 critério maior e 2 menores, associados à evidência de infecção estreptocócica recente. Julia Paris Malaco Escarlatina: decorrente da ação de endotoxinas, apresenta-se com rash cutaneopapular e eritematoso, deixando a pele áspera, linfonodomegalia, vômitos, febre e eritema de orofaringe. Pode manifestar os sinais de Filatov (palidez perioral) e Pastia (presença de petéquias e hiperpigmentação em linhas de flexão. Glomerulonefrite: ocorre após infecção faríngea ou de pele. Acomete 24% dos pacientes expostos a cepas nefritogênicas (correspondem a 1% do total). O paciente evolui com síndrome nefrítica de 1 ou 2 semanas após a infecção Síndrome do choque tóxico: pode ocorrer após infecção ou colonização estreptocócica de qualquer sítio (faringe, pele). O paciente apresenta hipotensão associada a pelo menos dois dos seguintes fatores: insuficiência renal, coagulopatia, alterações na função hepática, síndrome da angústia respiratória do adulto, necrose tecidual e rash eritematomacular. Complicações supurativas Abscesso periamigdaliano: O paciente no curso da amigdalite aguda apresenta alteração no quadro, evoluindo com odinofagia acentuada e unilateral, piora da disfagia e da halitose, salivação, alteração no timbre da voz e trismo. Ao exame observa-se edema dos tecidos localizados superiormente e lateralmente à amígdala envolvida e deslocamento da úvula. Tratamento com antibioticoterapia (penicilina cristalina + metronidazol; amoxicilina + clavulanato, clindamicina) associada a antiinflamatórios e punção para coleta de material para cultura e drenagem. Não é recomendada a realização de amigdalectomia (“a quente”) durante o processo infeccioso. Abscesso parafaríngeo: o acometimento desse espaço ocorre por meio da disseminação bacteriana a partir das infecções amigdalianas e faríngeas. Apresenta-se com edema no ângulo da mandíbula, disfagia e dor de garganta. c) infecções do espaço retrofaríngeo. Tipos de faringoamigdalite bacteriana Mononucleose infecciosa: Doença sistêmica que acomete principalmente adolescentes e adultos jovens. Causada pelo vírus Epstein-Barr (EBV), transmitida pelo contato direto com gotículas salivares. A clínica da mononucleose é constituída por febre acompanhada de astenia, angina, poliadenopatia, hepatomegalia em 10% dos casos e esplenomegalia em 50% dos pacientes. A angina pode ser eritematosa, eritematoexsudativa ou pseudomembranosa. Essa etiologia deve ser considerada quando o paciente não apresenta melhora com o uso de antibióticos. Diagnostico: O diagnóstico é realizado pelo quadro clínico associado aos resultados dos exames laboratoriais. Hemograma - linfocitose com 10% ou mais de atipia linfocitária e aumento de transaminases. Pesquisa de IgM ou IgG contra antígenos do capsídeo viral: detecção de IgM desde o início do quadro, atingindo seu pico entre 4 e 6 semanas. Diagnostico diferencial: lembrar que outros agentes etiológicos podem simular um quadro de mononucleose infecciosa. “Síndrome mononucleose like”, como citomegalovírus, o vírus da rubéola, Toxoplasma gondii, HIV, entre outros. Difteria: Acomete principalmente crianças entre o primeiro e sétimo ano de vida. Vai-se tornando cada vez menos freqüente, devido ao uso difundido da vacinação antidiftérica. Causada pelo Corynebcterium diphteriae, um bacilo Gram- positivo produtor de endotoxinas e exotoxinas, responsáveis pelos fenômenos locais e sistêmicos da doença. Apresenta-se de forma insidiosa, com período de incubação variando de 2 a 4 dias, febre, queda do estado geral, pulso rápido, linfonodomegalia cervical, palidez, hipotensão, adinamia e albuminúria. Ao exame observa-se pseudomembranas branco-acinzentadas, aderidas à mucosa, resistentes ao descolamento com espátulas, deixando o leito sangrante quando removidas, localizadas sobre as amígdalas, pilares amigdalianos, úvula e podendo se estender até ocupar todo o trato aerodigestivo, resultando em obstrução das vias aéreas. A exotoxina diftérica pode levar a arritmia cardíaca, hipotensão, dores abdominais e acometer pares cranianos, podendo causar diplopia e paralisia do véu palatino. Diagnóstico: sugerido pelo quadro clínico é confirmado - pelo exame bacterioscópico direto e pela cultura de exsudatos faríngeos ou de fragmentos de pseudomembrana em meios de Klebs-Loeffler. Angina de Plaut-Vincent: Causada pela simbiose entre o bacilo fusiforme Fusobacterium plautvincenti e o espirilo Spirochaeta dentuim, saprófitos normais da cavidade bucal, que Julia Paris Malaco adquirem poder patogênico quando associados. A má higiene bucal e o mal estado dos dentes e gengivas facilitam tal associação. Adulto jovem ou adolescente mais freqüentemente, apresentando disfagia e odinofagia unilateral, geralmente sem elevação de temperatura e queda do estado geral. Ao exame evidencia-se ulceração na amígdala, recoberta por pseudomembrana, facilmente desprendida e friável acompanhada de eliminação de odor fétido. Diagnóstico: é sugerido pela unilateralidade das lesões e pela presença de lesões gengivais concomitantes próximas ao terceiro molar superior e confirmado pelo achado bacterioscópico fusoespiralar. Tratamento: consiste em antibioticoterapia (penicilina via parenteral ou metronidazol), gargarejos com soluções anti-sépticas, sintomáticos etratamento dentário Anginas vesiculosas: De origem viral, caracterizam-se pelo acometimento da faringe e mucosa oral por vesículas, podendo ser múltiplas e disseminadas, que rompem com facilidade, dando lugar a ulcerações superficiais recobertas por exsudato esbranquiçado. Vírus herpes simples tipos 1 e 2: A infecção primária é geralmente uma gengivoestomatite, mas pode se manifestar como uma faringite aguda. Ocorre entre os 10 meses e 3 anos de idade. A transmissão viral se dá por perdigotos e contato com as lesões ativas. Após o período de incubação, que varia de 2 a 12 dias, surgem as lesões vesiculosas acompanhadas de linfonodomegalia cervical e submental. Após a regressão do quadro, o vírus pode ficar latente em gânglios nervosos por longos períodos, e manifestar-se em situações de queda de imunidade. Diagnóstico: clínico, microbiológico (cultura viral), microscopia eletrônica e imunológico (ELISA). Tratamento: se baseia em sintomáticos. O aciclovir pode ser utilizado nos casos mais severos, na dose de 200 mg, 5 vezes ao dia, de 7 a 10 dias. Herpangina: Tem como agentes etiológicos os vírus Coxsackie A, Coxsackie B e Echovírus. Caracteriza-se por uma angina eritematosa com pequenas vesículas em palato mole, úvula e pilares amigdalianos, que ao se romperem deixam ulcerações esbranquiçadas circundadas por halo eritematoso espalhadas por toda orofaringe, poupando a região jugal. Freqüente em crianças, principalmente no verão, acompanhada de febre, cefaléia, micropoliadenopatia cervical, disfagia e vômitos. Resolução espontânea entre 5 a 10 dias. Tratamento com sintomáticos e medidas de suporte. Diagnostico diferencial de amigdalites agudas Leucemia aguda: a angina é comumente acompanhada de estomatite, com tendência a sangramento e fenômenos necróticos .Linfonodomegalia, febre, anorexia, dores ósseas são freqüentemente associadas. Hemograma e mielograma são necessários para confirmação diagnóstica. Agranulocitose: a angina varia de um simples eritema à ulceração e necrose da mucosa orofaríngea. Hemograma apresenta acentuada leucocitopenia. Laringites Laringite é todo processo infamatório da laringe. A queixa mais comum é a disfonia, independente da causa, que pode ser de duração e severidade variáveis. Também podem ocorrer odinofagia tosse, estridor, afonia e dispnéia. A doença pode se instalar de forma aguda ou crônica. Doenças agudas da laringe são, com freqüência, precedidas por infecção no trato respiratório superior. O quadro clínico se caracteriza por tosse rouca, febre baixa, disfonia, dor, irritação na garganta e, menos comumente, dispneia e estridor inspiratório. Agudas As infecções agudas geralmente ocorrem durante um período de até sete dias, com febre e comprometimento das vias aéreas, sendo mais prevalente na infância. A infecção bacteriana aguda ocorre geralmente por invasão direta ou por contigüidade de processos infecciosos da faringe, sendo raro o acometimento laríngeo isolado. Nos quadros agudos é fundamental diferenciar a laringite viral decorrente de um processo gripal simples da epiglotite e crupe. Epiglotite pediátrica A epiglotite aguda ou supraglotite é uma inflamação aguda das estruturas supraglóticas que pode levar à obstrução respiratória rapidamente progressiva e potencialmente fatal e, portanto, ser fatal. Embora a epiglote represente as principais alterações, também há acometimento das pregas ariepiglóticas, das falsas pregas vocais e da aritenóide. Ocorre em Julia Paris Malaco adultos, jovens e crianças, sendo a faixa etária mais acometida entre 2 e 6 anos de idade. Etiologia: Em crianças, o agente causal mais comum é o Haemophilus influenzae B (epiglotite), ocorrendo mais freqüentemente na faixa etária de 2 a 6 anos, nos meses de inverno e primavera. Fisiopatologia: Trata-se de uma celulite bacteriana acometendo todas as estruturas da supraglote. (não apenas a epiglote) que pode obstruir completamente a via aérea superior (VAS). Com o aumento do edema supraglótico, a epiglote se curva póstero- inferiormente como resultado da infiltração inflamatória difusa da face lingual da epiglote. Com a VA parcialmente ocluída, o muco e secreções podem facilmente obstruir completamente a VA. Quadro clínico: Os três sinais mais comuns de epiglotite são febre, dispnéia e irritabilidade. O pródromo dura poucas horas (2 a 6 horas) e logo a criança apresenta-se toxemiada, com evidências clínicas de obstrução respiratória alta. Respiração lenta, estridor inspiratório, carnagem e salivação. Apresenta dor de garganta severa e disfagia. A linguagem é limitada devido à dor, e a voz pode estar “abafada”. Tosse ou rouquidão geralmente não estão presentes. Estridor inspiratório ocorre mais tardiamente quando a obstrução é quase completa. A movimentação é mínima, e geralmente o paciente se mantém sentado com o corpo tendendo para frente, apoiado sobre os braços, com a boca aberta, protrusão de mandíbula, com salivação e cabeça estendida para maximizar a entrada de ar. A odinofagia que ocorre devido ao processo inflamatório supraglótico ajuda no diferencial com a crupe, que geralmente ocorre após um período de pródromo de vários dias, estridor progressivo e tosse seca característica. Diagnóstico: O pronto reconhecimento desta emergência é essencial para prevenir a obstrução da VAS. A radiografia lateral cervical revela espessamento de tecidos moles (sinal do “polegar” = epiglote edemaciada) (foto 2), mas os exames subsidiários não devem retardar o início da terapêutica. Tentativas de se visualizar a epiglote no consultório ou na sala de emergência sem habilidade ou material adequado para manter a permeabilidade da VAS são desencorajadas. Tratamento: Crianças com suspeita de supraglotite devem ser levadas diretamente para a sala de emergência, pois evoluem com maior freqüência para obstrução respiratória que os adultos. O tratamento consiste em manter a via aérea pérvia e antibioticoterapia (ceftriaxona 50 mg/kg 1 vez ao dia). Para manter as vias aéreas pérvias, em muitos casos necessita-se de intubação orotraqueal ou nasotraqueal, que é mantida por 48 a 72 horas. Outra opção é a traqueostomia, a qual leva um maior tempo de canulação e hospitalização, portanto sendo mais raramente utilizada. Alguns autores recomendam que a criança suspeita seja levada diretamente ao centro cirúrgico, anestesiada, visualizada a epiglote para confirmação diagnóstica, e procedida a intubação (tabela 3 e esquema 1). Diagnóstico diferencial: Laringotraqueíte, além de corpo estranho da porção respiratória alta, asma e uma simples faringite. O diagnóstico errôneo é uma das principais causas de mortalidade. Vale lembrar que, com a introdução da vacina contra o H. influenzae tipo B, houve uma grande queda dos casos de supraglotite em crianças. Laringotraqueíte Aguda (Crupe) A laringotraqueíte aguda (crupe) pode ser definida como uma infecção viral subaguda de vias aéreas altas. É considerada a causa mais comum de estridor agudo na criança, enquanto a laringomalacia é a causa mais comum de estridor crônico. Ocorre mais freqüentemente no outono e inverno, com crianças de 1 a 3 anos, e duração média de 3 a 7 dias. Pode ser chamada atípica quando ocorre em menores de 1 ano, duração maior que 7 dias, ou quando não responde ao tratamento (nestes casos deve-se pensar em corpo estranho, estenose subglótica, traqueíte bacteriana). Etiologia: Os agentes mais comuns são os vírus parainfluenza 1 e 2, e influenza tipo A. Quadro clínico: A manifestação clínica inicial costuma ser tosse tipo “latido de cachorro”, febre e estridor, congestão nasal, rinorréia, angina (quadro de IVAS) e alguns diasdepois disfonia e tosse não produtiva, em “latido”, pior à noite, sendo geralmente autolimitada. Diagnóstico: É clínico, porém a radiografia cervical pode mostrar o sinal clássico da “torre de igreja”, causado pelo estreitamento subglótico. A radiografia é importante no diagnóstico diferencial com corpo estranho e em casos de crupe recorrente deve-se pensar em estenose subglótica como fator predisponente associado. Tratamento: Consiste em umidificação das vias aéreas, hidratação para facilitar a expectoração de secreção e repouso vocal. Se a dispnéia for severa, pode-se aplicar Julia Paris Malaco adrenalina inalatória ou corticosteróide (dexametasona) parenteral para regressão do edema. É importante observar alterações do estado neurológico, diminuição da freqüência respiratória, aumento nos níveis CO2, para eventual necessidade de intubação ou traqueostomia. Antibióticos são indicados apenas no caso de infecções bacterianas secundárias. Traqueíte Bacteriana Com uma incidência maior em crianças, trata-se de uma infecção pulmonar pediátrica que, em seus estágios iniciais, pode ser difícil diferenciar da crupe e cujo principal sintoma inicial é o estridor. Etiologia: O principal agente é o Staphylococcus aureus e o Estreptococcus alfa-hemolítico. Quadro clínico: Geralmente acompanha febre alta, leucocitose importante, mas pode apresentarse como uma seqüela da crupe. Diagnóstico: Permanência de alguns sinais e sintomas após tratamento medicamentoso para crupe, como sensação de secreção espessa, estridor, febre alta e leucocitose. Nestes casos, sugere-se que seja realizada broncoscopia para observar presença de secreção, com coleta de material para cultura. Tratamento: Baseia-se na aspiração das secreções, antibioticoterapia, e eventual intubação ou traqueostomia Difteria A difteria é uma doença infecciosa causada pela toxina bacteriana, acometendo crianças maiores que 6 anos de idade; atualmente rara devido à imunização. Pode acometer qualquer órgão do trato aéreo superior. Etiologia: Causada pela toxina produzida pelo Corynebacterium diphteriae, bacilo aeróbio Grampositivo. Quadro clínico: A pseudomembrana é o achado clássico. Raramente apresenta lesão laríngea isolada, e sua toxina pode causar paralisia de prega vocal sem acometimento laríngeo direto. Os sintomas prodrômicos incluem febre baixa, tosse, angina de garganta e disfonia, que evolui para progressiva obstrução respiratória. Ocorrem edema e eritema da mucosa laríngea e faríngea com exsudato em placa pseudomembranoso. O exsudato é difícil de descolar e sangra quando removido. Adenite cervical está geralmente presente, e sua toxina pode causar miocardite e paralisia de pares cranianos. Tratamento: O tratamento consiste em antibioticoterapia com penicilina ou eritromicina, soro antitoxina diftérica, eventual remoção endoscópica das membranas, e manutenção das vias aéreas (intubação está contra-indicada em alguns casos, pois pode descolar a placa e piorar a obstrução aérea, sendo a traqueostomia preferível para manutenção das vias aéreas). Coqueluche Mais freqüente em crianças abaixo de 6 meses de idade (pois não ocorre passagem intra-útero de anticorpos maternos e a criança torna-se imune apenas após vacinação) e adultos (a imunidade através da vacinação dura cerca de 10 a 15 anos). Etiologia: Causada pela Bordetella pertussis. Quadro clínico: A apresentação pode ser atípica em ambas as populações: adultos com tosse importante, recém-nascidos com estágio catarral, febre e leucocitose (em geral, acima de 20.000 leucócitos), muitas vezes não apresentando episódios de tosse paroxística clássica. O paroxismo caracteriza-se por expirações rápidas seguidas por uma inspiração forçada, súbita e prolongada, acompanhada de ruído característico: o “guincho”. Diagnóstico: É basicamente clínico, e o tratamento de suporte. Tratamento: Embora não altere o curso clínico da doença, a antibioticoterapia com eritromicina é recomendada na dose de 35 a 50 mg/kg/dia, 4 vezes ao dia, por 14 dias A eritromicina também apresenta efeito profilático em indivíduos expostos que ainda não desenvolveram a doença. Crônicas As laringites crônicas persistem durante semanas, sendo a dor e a rouquidão os sintomas predominantes. São mais freqüentes em adultos e a presença de doenças sistêmicas deve ser rotineiramente investigada. Nas crônicas, é importante diferenciar malignidade de doenças infecciosas simples, visto que o quadro pode ser semelhante. O edema laríngeo difuso e eritema podem ser os únicos achados, e deve-se excluir causas não infecciosas, como a doença do refluxo gastroesofágico (discutido posteriormente). Julia Paris Malaco Bacterianas Tuberculose É uma das principais causas de doença granulomatosa laríngea. A laringite tuberculosa é a manifestação otorrinolaringológica mais comum da tuberculose; presente em aproximadamente 0,5% dos casos de tuberculose pulmonar Fisiopatologia: Podem apresentar-se também como disseminação via hematogênica ou linfática, originando-se de sítios primários distantes (cerca de 20% dos casos). As áreas mais acometidas são a porção posterior da glote, aritenóides, e o espaço interaritenóideo. Quadro clínico: Os principais sintomas são: rouquidão, seguida por tosse e dor de garganta. Com a progressão, afeta caracteristicamente bandas ventriculares e supraglote, causando disfagia e odinofagia, levando a perda de peso importante. Deve-se suspeitar de tuberculose baseandose na história do doente: tuberculose no passado, história familiar, e fatores de risco (imunodepressão, contactantes, tratamento incompleto, diabetes), além de achados radiológicos pulmonares, presentes em até 80% dos casos. Na laringoscopia, podemos observar tanto uma lesão exofítica, como área de ulceração, sendo mais comum úlcera única. Diagnóstico: Tuberculose Extrapulmonar - evidências clínicas, achados laboratoriais, inclusive histopatológicos compatíveis ou paciente com pelo menos uma cultura positiva de material proveniente de uma localização extrapulmonar. Tratamento: É utilizado o esquema tríplice, com rifampicina, isoniazida e pirazinamida, por no mínimo seis meses. Após o tratamento pode existir progressão para fibrose e estenose laríngea. Em lesões que possam no processo de cicatrização provocar sinéquias, deve-se usar corticoterapia concomitante. Sífilis Conhecida também como lues. O cancro laríngeo é raro, sendo mais comum o acometimento laríngeo em sua forma secundária, geralmente associado ao acometimento da orofaringe e à linfadenopatia cervical. Etiologia: Causada por uma espiroqueta denominada Treponema pallidum. Quadro clínico: Dor e a rouquidão são os sintomas predominantes. Lesões são nodulares ou ulceradas, podendo estar associadas com pericondrite, fibrose e deformidades cicatriciais, levando à obstrução das vias aéreas. Na sífilis secundária, são encontradas lesões eritematosas ou acinzentadas difusas e úlceras superficiais não dolorosas na mucosa laríngea. São geralmente supraglóticas e freqüentemente apresentam linfoadenopatia cervical. Desaparecem em semanas, mesmo sem tratamento. Na sífilis terciária, ocorrem úlceras, infiltração gomatosa, condrite e fibrose. O aspecto macroscópico pode ser confundido com carcinoma, e a estenose cicatricial pode ser seqüela de qualquer um dos estágios. Diagnóstico: A identificação do treponema confirma o diagnóstico (realizada através de microscopia de fundo escuro). O diagnóstico sorológico baseia-se nas reações de VDRL e FTAabs. Tratamento: O tratamento de escolha é a penicilina benzatina. Na fase secundária, 2.400.000
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