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Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 1 UNIME 2021 sepse INTRODUÇÃO: Sempre que nosso corpo é invadido por algum microrganismo, quem vai lidar com o problema é o sistema imunológico. Mas pode acontecer dessa resposta imunológica ser exacerbada/exagerada e acaba sendo mais danosa para o nosso corpo do que a própria infecção, essa resposta pode acabar lesando tecidos saudáveis do nosso organismo. A sepse também pode ser chamada de “infecção generalizada”. Ou seja, a sepse é uma reação inflamatória desregulada, segundaria a uma inflamação e que se associa com disfunção do funcionamento de órgãos e sistemas ameaçadora a vida. FISIOPATOLOGIA: Toda vez que um microrganismo antigênico (bactéria, vírus, fungos) invade nosso corpo, ele vai ser exposto a resposta imunológica inata e adquirida que terão objetivo de proteção do nosso organismo contra esses antígenos. No caso da sepse, essa resposta se da de forma exacerbada, como por ex; Paciente que adquiri uma infecção no trato respiratório (pode ser comum no trato urinário e digestivo também), e a partir dessa infecção inicia um mecanismo exagerado de mediadores pró e anit-inflamatorios, sendo os mais expressos as citocinas TNF-α e a IL-1, e elas vão estar muito associadas ao desenvolvimento de Sepse. Mas além dessas duas citocinas, há produção de prostaciclinas, tromboxanos, leucotrienos, oxido nítrico (NO), fator de ativação plaquetaria (PAF), entre outros. Todo esse produto em grande quantidade acaba caindo na circulação sanguínea e se espalhando/disseminando por todo corpo do paciente. → Ou seja, mesmo que o processo infeccioso seja localizado, a sepse provoca uma reação inflamatória generalizada. E é justamente esse processo de inflamação generalizado que acaba levando à disfunção de vários órgãos - o que também é característico da Sepse. E porque causa essa resposta exagerada? Ainda é incerto porque a resposta imune, que geralmente permanece localizada, se dissemina além do ambiente local, característica da sepse. A causa é provavelmente multifatorial e pode incluir: 1. Os efeitos diretos dos micro-organismos invasores ou de seus produtos tóxicos, 2. Liberação de grandes quantidades de mediadores pró-inflamatórios e a ativação do complemento 3. Alguns indivíduos podem ser geneticamente mais suscetíveis ao desenvolvimento de sepse e particularidades dos micro-organismos também podem influenciar a progressão de uma infecção para sepse. → tais como os componentes da parede celular bacteriana (endotoxina, peptidoglicano, dipeptídeo de muramil e ácido lipoteicóico) e produtos bacterianos (enterotoxina estafilocócica B, toxina do choque tóxico-1, exotoxina de Pseudomonas A e M de estreptococos hemolíticos do grupo A). Com isso vários sistemas podem ser acometidos, mas os mais afetados são: o cardiovascular e o respiratório. Sistema Cardiovascular: Por cauda da inflamação generalizada, o paciente também acaba apresentando uma vasodilatação periférica. Dessa forma o coração vai tentar compensar: Em uma primeira fase, a “fase quente”, o coração tenta compensar aumentando o seu debito cardíaco, mas isso NÃO é suficiente na maioria das vezes. A partir dai, a doença começa a evoluir para “fase fria”, na qual o corpo não consegue manter um debito cardíaco (DC) aumentado e nem uma saturação periférica adequada (choque). Pacientes com sepse grave ou choque séptico podem apresentar: 1. Dilatação de ambos os ventrículos cardíacos, com queda na fração de ejeção do ventrículo esquerdo e alterações na relação pressão volume, sugerindo uma complacência cardíaca aumentada. 2. O volume sistólico é mantido e o índice cardíaco se eleva com a taquicardia. Vai ser justamente nesses casos de resposta exagerada que chamamos de SEPSE. Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 2 UNIME 2021 3. A capacidade dos ventrículos de se dilatarem pode ser uma resposta adaptativa á situação hiperdinâmica, e a falta dessa dilatação pode levar a edema cardíaco, com redução da complacência, com consequente redução na capacidade de responder à queda da resistência vascular sistêmica, seguida por hipotensão e choque. Essas alterações são decorrentes da ação de mediadores inflamatórios como: TNF, IL-1 β, IL -6, oxido nítrico (NO)e também as exotoxinas de bactérias. O ventrículo direito também é afetado da mesma forma que o esquerdo, e ele pode também sofrer redução de seu tamanho por desvio de septo intraventricular, consequentemente leva a um menor enchimento diastólico. Essas alterações caracterizam a depressão miocárdica induzida pela sepse, e podem ser confirmadas pela elevação de marcadores de lesão miocárdica, como ex: a troponnnina e o CK-mB. Sistema Respiratório: O pulmão é um dos órgãos mais acometidos nos quadros de sepse por causa da reação inflamatória nos capilares alveolar levarem uma lesão endotelial e consequentemente acumulo de líquido nos espaços alveolares o que gera edema e atrapalha o processo de trocas gasosas. CLASSIFICAÇÃO: Em 2002, o 2º congresso internacional sobre sepse definiu que nos deveríamos abordar os pacientes classificando cada um deles em 4 categorias: 1. SIRS; 2. Sepse; 3. Sepse Grave; 4. Choque Séptico A Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS/SRIS) é uma condição em que o corpo apresenta uma reação inflamatória exacerbada e isso pode ser identificado caso o paciente tenha 2 ou mais dos seguintes critérios: 1. Temperatura > 38ºC (febre) ou < 36ºC (hipotermia) 2. Frequência Cardíaca > 90bpm (taquicardia) 3. Frequência respiratória > 20irpm ou pC02 < 32 mmHg 4. Leucograma > 12.000 (leucocitose) ou < 4.000 (leucopenia) ou > 10% de bastões Para avaliar SIRS nós analisamos os 2 principais sistemas acometidos na sepse (cardiovascular e respiratório) e também fatores relacionados ao próprio processo infeccioso (temperatura e leucograma). ATENÇÃO: O “SIRS” é bastante inespecífico, pois ele só indica que o paciente tem uma resposta inflamatória exacerbada, mas isso pode ser por vários motivos, ex: queimaduras, traumas, isquemia ou ate mesmo uma infecção. A partir disso, só devemos dizer que esta em Sepse, aquele paciente que apresenta um quadro de SIRS proveniente de um processo infeccioso. Ou seja, para diagnosticarmos sepse precisamos de pelo menos 2 criteiros de SIRS + um foco infecciosos diagnosticado ou suspeito. Não pode haver outros motivos de exacerbem a resposta inflamatória, como queimaduras. Sepse Grave é definida pela evidencia clinica de sepse acompanhada de disfunção grade, de 1 ou mais órgãos e sistemas, tais como alterações de: 1. Nivel de consciência (Glasgow <14) 2. Diminuição do debito urinário (< 0,5mL/ Kg/h por 2h) 3. Diminuição PaO2/FIO2 < 300 (ou 200 se pneumonia) 4. Hipotensão arterial 5. Hiperlactatemia (↑ do lactato) RESUMINDO: SIRS Reação inflamatória exacerbada SEPSE SIRS + Infecção SEPSE GRAVE Sepse + Hipoperfusão/Disfunção CHOQUE SÉPTICO Sepse grave + Vasopressores Sistema respiratório Reação inflamatória capilar/alveolar Lesão endotelial ↑ da permeabilidade e edema Dificuldade de trocas gasosas Processo inflamatório sistêmico Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 3 UNIME 2021 6. Coagulopatia 7. Creatinina > 2mg/dL 8. Bilirrubina total > 4mg/L 9. Plaquetas < 12.000/mm³ Choque Séptico. Ou seja, seria aquele paciente apresenta uma Sepse Grave com hipotensão não responsiva à administração de volume, sendo necessário entrar com fármacos vasopressores para manter uma PAM (pressão arterial média) ≥ 65mmHg. Em 2016, foi lançado o 3º Consenso Internacional, o famoso sepse-3, que atualizoua forma de avaliar os quadros de sepse. Nesse consenso, foi realizada algumas mudanças como a retirada dos critérios SIRS para a definição de sepse e também a extinção do termo “sepse grave”. Também foi necessário mudar o termo de Sepse, e passou a ser uma infecção suspeitada ou diagnosticada que se associa com disfunção orgânica ameaçadora à vida. Ou seja, a partir da sepse-3, a sepse deixa de ser apenas o “processo inflamatório exagerado, com inflamação generalizada” e passa já envolver evidencias de disfunção dos órgãos. --- que antes só era visto na “Sepse Grave”. (o que esse consenso fez foi ver a sepse apenas nos quadros de pacientes mais graves, pois alguns pacientes com processo inflamatório não tão grave, e acabavam sendo submetidos ao protocolo de tratamento para sepse. A partir dai, para avaliar se o pacientes esta ou não em sepse, vai ser usado o SOFA (Sequential Organ Failure Assessment) que vai definir se há disfunção orgânica de acordo com os dados de cada um dos sistemas orgânicos. SOFA ESCORE 0 1 2 3 4 Respiração - PaO2/FiO2 ≥400 <400 <300 <200 com suporte ventilatório <100 com suporte ventilatório Plaquetas (10 3 ) ≥150 <150 <100 <50 <20 Bilirrubina <1,2 1,2-1,9 2-5,9 6-11,9 ≥12 Cardiovascular PAM ≤70 PAM <70 Dopamina <5 ou dobutamina (qualquer dose) Dopamina (5,1-15) ou adrenalina ≤0,1 ou nora- drenalina ≤0,1 Dopamina >15 ou adrenalina >0,1 ou noradrenalina >0,1 Glasgow 15 14-13 12-10 9-6 <6 Creatinina ou débito urinário (mL/dia) <1,2 1,2 - 1,9 2 – 3,4 3.5 – 4,9 ou DU <500 > 5 ou DU < 200 Para cada sistema avaliado pelo SOFA, o paciente recebera uma pontuação de 0 – 4, e no final seu total pode ser de 0 – 24 pontos. Uma pontuação igual ou superior a 2 já significa uma disfunção orgânica. O escore SOFA é considerado padrão ouro no diagnóstico da sepse e está relacionado a maior mortalidade. Obs: Não precisa gravar tudo do SOFA, ele sempre vai estar disponível para consulta. Mas é preciso conhecer quais são os parâmetros avaliados, ex: bilirrubina, creatinina, plaquetas..., e isso é fundamental, pois define quais exames vamos solicitar. E foi criada uma versão mais simples, o Qsofa (quickSOFA), que é uma tentativa de selecionar os pacientes com maior potencial de complicação. Tendo como parâmetros: qSOFA PA sistólica: Hipotensão sistólica (≤ 100mmHg) Glasgow: Alteração de estado mental (GCS < 15) FR: Taquipneia (≥ 22 irpm) ≥ 2 pontos indica disfunção orgânica - SOFA Cada variável conta 1 ponto, então o total vai de 0-3 pontos. Pontuação igual ou maior que 2 sugere maior mortalidade e aumento de permanência em UTI. → qSOFA ≥ 2 pontos é um indicativo de disfunção e, por isso, o SOFA deve ser aplicado. ATENÇÃO: qSOFA não define diagnóstico e não precisa de testes laboratoriais. → pode ser útil para triagem . E também houve uma atualização de Choque Septico → pq a sepse grave foi retirada ne Choque Septico: na nova proposta seria PAM < 65mmHg, com necessidade de drogas vasoativas e lactato elevado. é quando o quadro do paciente precisa de vasopressores para manter a pressão arterial média (PAM) igual ou maior SEPSE-3 (ATUALIZAÇÃO): SEPSE: Infecção + Disfunção Orgânica (Sofa) CHOQUE SEPTICO: Sepse + Vasopressores + Hiperlactatemia Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 4 UNIME 2021 que 65mmHg, como também deve apresentar uma hiperlactatemia, o que corresponde a um lactato sérico superior a 2mmol/L (18mg/dL). QUADRO CLINICO: As manifestações clinicas da sepse são variadas e dependem muito das circunstancias em que se instalou o processo infeccioso. 1. FEBRE: é muito frequente, mas há casos em que pode aparecer hipotermia, principalmente nos recém-nascidos prematuros e em pacientes idosos, que podem apresentar um processo degenerativo do sistema nervoso central. 2. HIPERVENTILAÇÃO: ocorre de forma precoce e é caracterizada pelo aumento na frequência respiratória, e na amplitude dos movimentos respiratórios. Simultaneamente, aparecem alterações do nível de consciência, ansiedade, agitação psicomotora, distúrbios de comportamento, podendo evoluir para quadros mais graves, como: sonolência, topor (redução da sensibilidade e dos movimentos corporais) e coma. Posteriormente podem aparecer polineuropatia periférica, caracterizada por fraqueza muscular e diminuição dos reflexos tendíneos. 3. LESÕES CUTÂNEAS decorrentes de infecção da pele ou de coagulopatia são fundamentais para a suspeita precoce, e podem fornecer elementos indicativos importantes para diagnostico etiológico. Lesões cutâneas, ex; ulceras como necrose central, podem sugerir a Pseudomonas aeruginosa como agente etiológico. Lesões necróticas com produção de gás e crepitação no subcutâneo sugerem a presença de microrganismos anaeróbicos, ex; clostrídios. 4. ICTERÍCIA: ocorre por diversos mecanismos, ex; hemólise, colestase intra-hepática ou falência hepática. E pode ser uma manifestação precoce, e geralmente acompanhada de hepatomegalia discreta. 5. INSUFICIENCIA RESPIRATORIA AGUDA: é caracterizada por taquipneia, dispineia, triagem intercostal e ausculta pulmonar, com estertores crepitantes e subcrepitantes disseminados. Os raios X de tórax mostram infiltrados intersticial com ou sem focos de consolidação por infecção pulmonar. Esses pacientes apresentam hipoxemia grave (PaO2 < 60 mmHg), que resiste à administração de oxigênio, caracterizando a síndrome da angustia respiratória do adulto ou pulmão em choque. 6. CHOQUE SÉPTICO: pode ser: Choque quente ou hiperdinâmico: caracterizado por hipotensão, taquicardia e vasodilatação periférica. Choque frio ou hipodinâmico: palidez, vasocronstrição e anúria (diminuição ou supressão da secreção urinária). 7. DISFUNÇÃO DE MÚLTIPLOS ÓRGÃOS E SISTEMAS: também conhecida como sepse crônica, quanto maior a letalidade, mais difícil o controle terapêutico. Ex: insuficiência renal aguda, ela é uma complicação temível, principalmente na forma oligoanúrica, porque vai tornar a manipulação de líquidos muito difícil e acaba levando a procedimentos mais invasivos (ex: hemodiálise). DIAGNOSTICO: A parte mais importante para se ter em mente é o quadro clinico. Pacientes costumam se apresentar com: taquicardia, taquipneia, alteração da temperatura (p/ + ou p/ -) e com evolução do quadro podem apresentar sinais de choque e disfunção orgânica. ABORDAGEM: Você esta avaliando um paciente e suspeita que ele esteja com alguma infecção. A partir dai você vai pesquisar se há 2 ou mais critérios de SIRS e se há disfunção orgânica (pode fazer o Qsofa) Repare que os principais sintomas que a gente identifica no paciente com sepse são os mesmos critérios do SIRS. Próximo passo é pensar o foco infeccioso. Você pode se perguntar: O paciente já tem uma infecção diagnosticada? Se não tem, o quadro dele realmente nos permite sustentar uma suspeita de sepse? Existem duas situações em que vamos interromper a investigação e cuidar do paciente através de outro protocolo que não seja sepse. 1. Cuidado de fim de vida; 2. Quadro sugestivo de doença atípica, ex: dengue, malária e leptospirose. No segundo caso, vai tratar especificamente as doenças que ele apresenta. Se o paciente não se enquadra em nenhuma dessas situações, devemos seguir a investigação. Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 5 UNIME 2021 Então para fechar o diagnóstico a gente precisa identificar se há disfunção orgânica através da aplicação do qSOFA. ATENÇÃO: se nesse momento da abordagem a gente não identificasse disfunção orgânica, o paciente não seria tratado como Sepse pelo Sepsis-3. No entanto, o fato dele ter uma SIRS com infecção suspeitada ou diagnosticada faria com que ele fosse tratado pelo Sepsis-2. E é por issoque o Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS) propõe uma abordagem que mescla um pouco dos dois últimos Consensos Internacionais. Ou seja, casos em que há divergência diagnóstica entre o Sepsis-2 e o Sepsis-3, temos que seguir à clínica do paciente. Ex: se o paciente estiver com um quadro infeccioso que não é sugestivo de sepse (ex: infecção de via aérea superior (IVAS) ou uma amigdalite), vamos desistir de submeter esse peciente no protocolo de sepse Mas se o paciente tem um quadro que te faz suspeitar que há risco de evoluir com disfunção orgânica nos proximosdias, ai vamos iniciar o protocolo de sepse. A coleta de hemoculturas é fundamental para diagnostico. A ausência de crescimento bacteriano não exclui o diagnóstico. Mas, a positividade no crescimento bacteriano enriquece o diagnóstico, porque vai permitir uma melhor conduta terapêutica com base no agente etiológico e antibiograma. As hemoculturas devem sempre ser realizadas sempre que houver suspeita de sepse. A febre é muito sugestiva de sepse, mas em casos de pacientes imunossuprimidos (ex: idosos e neonatos), ela pode estar ausente. EXAMES LABORATORIAIS: 1. Hemoculturas: devem ser coletadas por punção venosa ou arterial, com técnica asséptica, utilizando material estéril e meios de cultura de boa qualidade. não devem ser coletados a partir de cateteres, pois eles favorecem a contaminação. deve ser feita limpeza da pele antes da coleta, para evitar contaminação das culturas. 2. Liquor: também é um material que pode cultivar e isolar o agente etiológico, então pode ser um método de investigação diagnostica. Outros materiais, tais como líquido ascítico, abcessos, derrames pleural ou pericárdico e escarro, também podem conter os microrganismos responsáveis pela sepse. 3. Dosagem dos níveis plasmáticos da procalcitonina (PCT): pode auxiliar no diagnóstico da sepse grave e do choque séptico, distinguindo a SIRS de origem infecciosa daquelas de outra natureza (lembra que também pode ser por trauma e queimaduras). Valores de PCT acima de 2 ng/mL são altamente sugestivos de infecções bacterianas graves e sepse, enquanto os níveis entre 0,5 a 2 ng/mL podem ocorrer em casos de SIRS não infecciosa, como trauma e queimaduras extensas. Mas valores baixos de PCT na presença de quadro clinico de sepse não excluem o diagnostico de infecção bacteriana grave, porque ele tem pouco sensibilidade. 4. Proteína C-reativa pode ser utilizada para auxiliar no diagnóstico de infecções bacterianas. Valores elevados, acima de 10 mg/dL, são muito sugestivos de infecções bacterianas, mas a sensibilidade e a especificidade desse teste são apenas moderadas. 5. Outros exames importantes para a avaliação incluem os testes que medem função renal (ureia, creatinina, fração de excreção de sódio), função hepática (bilirrubina, transaminases, fosfatase alcalina etc.) e função respiratória (gasometrias arterial e venosa, espirometria). 6. Os métodos radiológicos, radioisotópicos e ultrassonográficos ajudam a localizar os focos de infecção, podendo ser de valia no acompanhamento evolutivo do tratamento. A radiografia de tórax é fundamental e indispensável. A ultrassonografia à beira do leito é bastante útil, principalmente nos pacientes submetidos a cirurgias abdominais, pois além de diagnosticar o local da infecção, pode orientar punções de abcessos ou coleções líquidas intracavitárias. A tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética podem localizar, com grande sensibilidade e exatidão, focos de infecção intracranianos, intratorácicos e intra-abdominais. O ecocardiograma, além de avaliar o desempenho cardíaco, pode identificar vegetações nas valvas cardíacas e ajudar no diagnóstico de endocardite bacteriana. TRATAMENTO: Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 6 UNIME 2021 O tratamento da sepse apresenta seis pilares importantes: 1. Reconhecimento precoce. 2. Coleta de culturas. 3. Coleta de lactato. 4. Antibioticoterapia da primeira hora. 5. Fluidoterapia. 6. Ressuscitação precoce guiado por metas. Depois de levantar a suspeita de sepse, a gente deve manejar o paciente o mais rápido possível, e iniciando logo a monitorização desse paciente. E com isso devemos também garantir o acesso vascular, e simultaneamente colher os exames necessários para definir o SOFA. É importante investigar o foco infeccioso e por isso deve ser solicitado também 2 hemoculturas de sítios diferentes e culturas de todos os sítios pertinentes. Esses exames precisam ser feitos antes do início da terapia medicamentosa. Mas não se deve atrasar a conduta inicial esperando os resultados. A antibioticoterapia deve ser instituída de imediato (antes da primeira hora após o atendimento ao paciente), preferencialmente após a coleta das culturas. A escolha de qual medicação deve ser usada, vai variar de acordo com o foco suspeito de infecção. A escolha inicial deve incluir uma cobertura de “amplo espectro”, com um único agente ou uma combinação de agentes. E ai esse espectro vai ser diminuido após a indentificação da sensibilidade dos patogenos. Assim que forem colhidos os exames de investigação do foco infeccioso, deve iniciar o pacote de 1hora, que foi proposto pela Campanha de Sobrevivência á Sepse em 2018. O que ele diz é que temos 1 hora desde a triagem do paciente, para começar a realizar toda abordagem inicial para Sepse. Para todos os pacientes deve-se colher o lactato, podendo ser arterial ou misto. ATENÇÃO: se o paciente estiver com sinais de hipotensão e/ou lactato 2x maior do que o valor de referência (2mmol/L ou 18mg/dL), aí está indicado fazer reposição volêmica no paciente através da infusão de cristaloide, 30mL/kg por 3h, se atentando ao fato de que cada paciente deve ser individualizado, pois nem todos suportam a mesma reposição de fluidos -- - por causa de comorbidades prévias ou estrutura física. Administrar fluido intravenoso: A ressuscitação volêmica precoce e eficaz é crucial para a estabilização da hipoperfusão tecidual induzida pela sepse ou choque séptico. Deve-se começar imediatamente após o reconhecimento de um paciente com sepse e/ou hipotensão e lactato elevado, e completado dentro de 3 horas de reconhecimento. Final: Passado tudo isso, o paciente deve ser internado e continuar com a monitorização e com o tratamento para a infecção. E aqueles que apresentaram hiperlactatemia, é importante mensurar o lactato mais uma vez entre 2-4h após a aplicação do protocolo para reavaliar o estado do paciente EXAMES NECESSARIOS: Gasometria arterial Hemoograma Plaquetograma Coagulograma Bilirrubina Creatinina Fechamento – Problema 1 Módulo Febre, Infamação e Infecção Hyana M. 7 UNIME 2021 MUDANÇA NO PROTOCOLO da SSC: O que muda? A mudança é que os pacotes de 3h e 6h foram combinados em um único pacote de 1 hora, e o objetivo foi de iniciar as etapas de abordagem o mais rápido possível. Isso acaba refletindo na realidade da clinica, porque os médicos eles iniciam o tratamento imediato (principalmente aqueles pacientes com hipotensão), eles não prologam as medidas de ressuscitação. Pode ser necessário mais de 1 hora para que a ressuscitação seja concluída, mas o inicio da reanimação e o tratamento devem ser iniciados imediatamente. Ex: obtenção de sangue para medir lactato e hemoculturas, adm de fluidos e antibióticos e nos casos com hipotensão com risco de vida, iniciar drogas vasopressoras.
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