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Centro Universitário São José de Itaperuna (UNIFSJ) Curso de Graduação em Administração MARESSA BELIZARIO MENDES LACORTE THAYNÁ MARQUES ROCHA EMPREENDEDORISMO E TURISMO: ESTUDO DE CASO NO RAMO DE HOSPEDAGENS NA VILA DE PATRIMÔNIO DA PENHA-ES. Itaperuna, RJ Novembro/2018 MARESSA BELIZARIO MENDES LACORTE THAYNÁ MARQUES ROCHA EMPREENDEDORISMO E TURISMO: ESTUDO DE CASO NO RAMO DE HOSPEDAGENS NA VILA DE PATRIMÔNIO DA PENHA-ES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora do Centro Universitário de Itaperuna, como requisito final para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Orientadora: Professora Mestra Armênia Arantes Guimarães. Itaperuna, RJ 2018 MARESSA BELIZARIO MENDES LACORTE THAYNÁ MARQUES ROCHA EMPREENDEDORISMO E TURISMO: ESTUDO DE CASO NO RAMO DE HOSPEDAGENS NA VILA DE PATRIMÔNIO DA PENHA-ES. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora do Centro Universitário de Itaperuna, como requisito final para obtenção do Título de Bacharel em Administração. Orientadora: Professora Mestra Armênia Arantes Guimarães. Itaperuna, 21 de novembro de 2018. Banca Examinadora: ________________________________________________ Professora Mestra Armênia Arantes Guimarães (Orientadora) UNIFSJ – Itaperuna - RJ ________________________________________________ Professor Doutor Erik da Silva Oliveira (Avaliador) UNIFSJ – Itaperuna - RJ ________________________________________________ Professora Mestra Érica Werneck Duarte Melo (Avaliadora) UNIFSJ – Itaperuna - RJ SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5 1 EMPREENDEDORISMO ......................................................................................... 7 1.1. Empreendedorismo no Brasil ............................................................................. 11 2 TURISMO ............................................................................................................... 12 3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 14 4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 15 5 RESULTADOS ....................................................................................................... 17 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 18 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 18 5 Empreendedorismo e turismo: estudo de caso no ramo de hospedagens na Vila de Patrimônio da Penha-ES MaressaBelizario Mendes Lacorte1 Thayná Marques Rocha2 Armênia Arantes Guimarães3 RESUMO: O presente artigo trata o contexto do empreendedorismo e do turismo na Vila de Patrimônio da Penha-ES, voltado para o ramo das hospedagens locais, tendo em vista, que a localidade é conhecida pelos seus atrativos naturais, suas belas cachoeiras, a comunidade hippie/forasteiros que mora na mata, a igreja do santo Daime, que obviamente chamam a atenção de muitas pessoas que procuram tranquilidade e paz, ocasionando a instalação de muitos empreendedores em torno do turismo local. Foram realizadas pesquisas de campo com os proprietários de algumas hospedagens, com o intuito de entender o porquê do processo empreendedor local, quem são os turistas, o que buscam, a fim deconhecer a comunidade local, que pertence ao município de Divino de São Lourenço-ES. Após as pesquisas, evidenciou-se que os proprietários das hospedagens analisadas possuem informações gerenciais, treinamentos e cursos de capacitação embora não utilizem esses meios de conhecimentos em sua rotina empresarial, fato que pode comprometer a gestão, podendo ocorrer falências. A pesquisa também evidenciou que apenas 1% dos entrevistados possui interesse de expansão e manter a melhoria dos processos de gestão, no entanto a grande maioria não tem interesses ambiciosos em relação ao negócio, devido seu estilo de vida, o qual é pautado em questões alternativas, esotéricos, buscando o bem estar físico e mental. Palavras-chave: Empreendedorismo, empreendedorismo no Brasil, turismo, hospedagem. INTRODUÇÃO Para Maximiano (2011), a concepção do termo empreendedor, está relacionada a indivíduos realizados, os quais impulsionam meios e correm perigos a fim de desencadear novas empresas. Embora ainda encontrem-se empreendedores dentro de totais esferas da atividade humana, seu significado, restringido a conceituação, diz respeito à indivíduos que montam empreendimentos – entidades do domínio das empresas.O autor ainda se refere que a área é constituída de amplas associações, também por uma grande parcela de pequenos 1 Graduanda em Administração pelo Centro Universitário São José (UNFSJ). Contato: maressa_lacorte@hotmail.com. 2 Graduanda em Administração pelo centro Universitário São José (UNFSJ). Contato: thaynamarquesrocha@hotmail.com. 3 Professora Mestra Orientadora Centro Universitário São José (UNFSJ). Armenia_guimaraes@hotmail.com. 6 empreendimentos. Recentemente, surgiram em todo o planeta, processos com o objetivo de ajudar e incentivar a formação de organizações empreendedoras. No Brasil, tal como nos demais países, essa linha segue uma atividade organizacional em algumas partes da sociedade, principalmente dentre os universitários. Por esse motivo, as entidades de ensino superior, em quantidade gradativa, encontram-se incentivando a formação de empreendedores. Para Dornelas (2015, p. 32), o empreendedorismo é o desenvolvimento de habilidades de criação, podendo identificar oportunidades de novo negócio, onde a maioria não visualiza. As características de empreendedores de sucesso se destacam por: sua independência, a construção do seu próprio caminho, possui planejamento, dedicação, se tornam ricos, tem bons relacionamentos (networking), são apaixonados pelo o que fazem, possuem amplo conhecimento e visão de futuro. Outro assunto que será abordado no presente artigo é sobre o turismo, que é forte na região,voltado para o ramo das hospedagens locais, tendo em vista, que a localidade é conhecida pelos seus atrativos naturais, suas belas cachoeiras, a comunidade hippie/forasteiros que habitam na mata, a igreja do Santo Daime, que obviamente chamam a atenção de muitas pessoas que procuram tranquilidade e paz, ocasionando a instalação de muitos empreendedores em torno desse turismo local. A proposta do trabalho visou realizar um estudo sobre o empreendedorismo na Vila de Patrimônio da Penha-ES, de modo a investigar a aplicação deste nas hospedagens, com o intuito de apresentar uma melhor gestão aos empreendedores locais, realizando uma análise e apresentando soluções, conforme suas necessidades. Portanto o objetivo principal é avaliar o modelo de gestão na localidade, através da realização de pesquisas de campo, mapeamentos nas redes de hospedagens, entrevistas e mensuração dos resultados obtidos. A metodologia consiste em aplicação de questionários aos empreendedores locais, sendo realizada uma pesquisa de campo na Vila de Patrimônio da Penha-ES. Para Vergara (2010) a metodologia pode ser definida quanto aos fins e quanto aos meios, portanto no presente estudo, os fins serão definidos de forma descritiva e quanto aos meios, consiste em uma revisão bibliográfica através de livros, artigos, periódicos e anais de Congressos. 7 O artigo será estruturado com as seguintes seções, a saber: empreendedorismo, empreendedorismo no Brasil, turismo, metodologia, estudo de caso, coleta de dados, resultados e por fim as considerações finais. 1. Empreendedorismo De acordo com o Dicionário Aurélio (2009, p.259), a palavra empreendedorismo vem do verbo empreender, que significa propor-se, tentar e executar uma ação. Para Chiavenato (2012, p. 1), o termo “empreendedor” é derivado da palavra francesa entrepreneur, que foi usada em 1725 pela primeira vez pelo colunista Richard Cantilon, que dizia que um empreendedor é um indivíduo que assume riscos. Em 1814, o economista francês Jean BmaptisteSay (1767-1832) usou a palavra para identificar o indivíduo que transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais elevado, Say enfatizou a importância do empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico. Em 1871, Carl Menger, economista austríaco, definiu o empreendedor como “aquele que antecipa necessidades futuras”. Em 1949, o economista austríaco Ludwig Von Mises afirmava que o “empreendedor é tomador de decisões”. E Friedrich Hayk (1959), economista austríaco afirmava que empreendedorismo envolve não apenas risco, mas, sobretudo, conduz a um processo de descoberta das condições produtivas e das oportunidades de mercado por parte dos próprios atores sociais (CHIAVENATO, 2012, p. 6). Schumpeter (1947, p. 149) descreve o empreendedor e seu impacto sobre a economia: Um empreendedor é uma pessoa que deseja e é capaz de converter uma nova ideia ou invenção em uma inovação bem-sucedida e sua principal tarefa é a “destruição criativa”, a qual se dá por intermédio da mudança, ou seja, com a introdução de novos produtos ouserviços em substituição aos que eram utilizados. Segundo Schumpeter, o empreendedorismo força a destruição criativa nos mercados e indústrias, criando simultaneamente, novos produtos e modelos de negócios. Assim, a destruição criativa é fortemente responsável pelo dinamismo das indústrias e pelo crescimento econômico de longo prazo. Ao longo do tempo, contudo, verificou-se que a destruição criativa não é uma tarefa fácil. Afinal, em todo o mundo, grande parte dos novos negócios falha, o que se torna as atividades empreendedoras substancialmente diferentes, dependendo do tipo de organização que está criando. 8 O espírito empreendedor transforma ideias em realidade para benefício próprio e benefício para a sociedade e da comunidade. Por possuir criatividade e um alto nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples em algo que produza resultados concretos e bem-sucedidos no mercado. Muitos empreendedores apresentam certas características, como traços de liderança, embora as teorias baseadas em traços de personalidade estejam sendo criticadas por falta de validade. O que não resta dúvidas, é que os empreendedores sabem trabalhar em equipe e não apenas como indivíduos isolados (CHIAVENTO, 2012, p. 8). Segundo Chiavenato (2012, p.10), o empreendedorismo tem como características: A visão do empreendedor é geralmente apoiada por um conjunto interligado de ideias próprias e especificas não disponíveis no mercado. Sua abordagem geral para realizar a visão é clara, embora os detalhes sejam incompletos, flexíveis e que emergem com prática. Os empreendedores promovem sua visão com paixão e entusiasmo. O empreendedor tem uma visão entusiástica e constitui a força impulsionadora da empresa. O empreendedor desenvolve estratégias com persistência e determinação para transformar sua visão em realidade. Os empreendedores assumem riscos com prudência, avaliam custos, necessidades de mercado/ clientes e persuadem os outros a juntar-se a eles e ajudar no empreendedorismo. Um empreendedor é geralmente um pensador positivo e um tomador de decisões. A um empreendedor são necessárias inspiração, motivação e sensibilidade. Figura 1:As três características básicas do empreendedor Fonte: Adaptado de Chiavenato (2012, p. 14) 9 Para Schumpeter (1947, p. 149-59) o conceito de empreendedor pode ser definido: “A pessoa que destrói a ordem econômica existente graças à introdução no mercado de novos produtos/ serviços, pela criação de novas formas de gestão ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias”. Ainda Schumpeter (apud CHIAVENATO, 2012, p. 10) reforça que o empreendedor é a essência da inovação no mundo, que torna obsoletas as antigas maneiras de fazer negócios. Por isso a chamada inovação disruptiva. Em geral, as necessidades de realização levam os empreendedores a criar, inovar e assumir riscos de autoconfiança. Existem pessoas que assumem negócios para escapar ou fugir de algum fator ambiental limitado e negativo (CHIAVENATO, 2012, p. 14). No entanto, Chiavenato (apud, Knight, 1980)“Identificou vários fatores ambientais que encorajam ou impulsionam as pessoas a iniciar novos negócios, como fugir de uma situação externa em que a pessoa sofre restrições políticas, religiosas ou econômicas”. Todavia o autor Dornelas (2001, p. 21) designa o corrente momento como “a era do empreendedorismo”. Para ele, são os empreendedores que estão abolindo barreiras comercias e culturais, reduzindo distâncias, globalizando e restaurando os conceitos econômicos, elaborando novas relações de trabalho e novos empregos, rompendo paradigmas e constituindo riqueza para a sociedade. No entanto, para Maximiano (2011, p.1) a pessoa que se responsabiliza de iniciar uma empresa é o empreendedor. A ideia de uma alma empreendedora está de fato vinculada às pessoas realizadoras, que mobilizam recursos e gerenciam riscos para iniciar novos negócios. Como perfil do empreendedor, consideramos agora segundo a perspectiva comportamental. Diversos estudos têm sido realizados sobre o comportamento do empreendedor. Os traços de comportamento revelados por esses estudos manifestam e combinam de diferentes maneiras e em diferentes graus de intensidade, em diferentes pessoas. Esses traços de comportamento, alguns dos examinados a seguir, integram as competências que todo empreendedor deve desenvolver (MAXIMIANO, 2011, p. 1). 10 Figura 2: Principais traços do comportamento de empreendedor Fonte: Adaptado de Maximiano (2011, p. 4). Existem inúmeras vantagens concretas em criar e operar um negócio próprio. Podendo inovar e experimentar novas ideias em seu próprio negócio, estimulado por sua concorrência ou criatividade. As perspectivas de ganhos financeiros são consideráveis, se tiver êxito, trará o reconhecimento. Existem também aspectos desfavoráveis que são considerados, como por exemplo, conviver com a instabilidade das eventuais mudanças no ambiente externo (MAXIMIANO, 2011, p. 5). Para Maximiano (2011, p. 6), possuir liberdade para enfrentar uma situação difícil e testar as próprias competências, esperando recompensa que não dependem de outros. Tais vantagens e desvantagens podem ser descritas: Ainda para Maximiano (2011, p. 16), os empreendedores possuem os seguintes papéis: 11 Tomar decisões; Trabalhar com pessoas; Processar informações. 1.1. Empreendedorismo no Brasil Segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM Brasil), a respeito do empreendedorismo no Brasil, o qual no ano de 2000 entrevistou 43 mil pessoas, em 21 países, a cada 8 brasileiros na fase adulta, 1 estava considerando abrir ou já abrindo um novo negócio. Isso mantém o ranking do Brasil ao primeiro lugar no mundial de espírito empreendedor. A pesquisa demonstrou também que, de cada 100 empresas, 98 eram micro ou pequenas empresas, as quais juntas empregavam aproximadamente 40 milhões de pessoas, mais da metade dos trabalhadores do país. Entretanto, a perspectiva de continuar com um novo negócio por mais de3 anos é relativamente pequena. Uma das determinantes razões é a necessidade de políticas públicas que tornem viáveis novos empreendimentos. Além disso, o Brasil não retrata um cenário cômodo ao pequeno empreendedor. Há pequenas linhas de empréstimos e a carência de financiamento, em vários casos, impedem àconsumação do negócio, os juros são elevados, além do mais, os tributos e os encargos trabalhistas representam uma poderosa acumulação para o empreendedor. De acordo com a pesquisa do Banco Mundial, o Brasil faz feio em matéria de suporte aos empreendedores, acabando em 119ª posição em uma relação de 155 países, atrás de seus principais rivais emergentes, como México 73ª, Rússia 79ª e a China 91ª. Segundo o resultado desse estudo, no Brasil: as empresas consomem em nível médio 2.600 horas por ano para quitar uma das maiores cargas tributárias do mundo. Na verdade, ao começar uma empresa, você inicia imediatamente pagando impostos, antes de abrir uma empresa, são fundamentais 152 dias para começar um negócio e 460 para conseguir uma licença(MAXIMIANO, 2011, p. 7). Sobre o período de encolhimento da economia Brasileira, pós 2012, o empreendedorismo prosseguiu crescendo, todavia, agora fortemente pela sua componente “por necessidade”. Isto pode ser algum indício do qual o 12 empreendedorismo no Brasil pode estar admitindo um desempenho mais autônomo do grau de desempenho econômico, possivelmente estando maior parte com força motivada na última década através de outros aspectos fundamentais que da mesma forma encontram-se em andamento de transformação, por exemplo: crescimento do grau de escolaridade dos brasileiros e por atividades mais acessíveis e com menor proporção de faturamento, como a Lei encarregada pela criação do MEI; ou também transformações na cultura brasileira, neste momento, progressivamente direcionada a prática empreendedora (GEM BRASIL, 2016, p. 29). A motivação dos empreendedores iniciais pode ocorrer pela necessidade ou oportunidade. Os empreendedores por necessidade decidem empreender por não possuírem melhores alternativas de emprego, propondo-se criar um negócio que gere rendimentos, visando basicamente a sua subsistência e de seus familiares. No que concerne aos empreendedores por oportunidade, o GEM (Global Entrepreneurship Monitor) define-os como capazes de identificarem uma chance de negócio ou um nicho de mercado, empreendendo mesmo possuindo alternativas concorrentes de emprego e renda. Assim, é possível decompor a TEA em duas taxas: a Taxa de Empreendedores por Necessidade e a Taxa de Empreendedores por Oportunidade. Vale ressaltar que as taxas apresentam correlação negativa, ou seja, à medida que a taxa de empreendedores por necessidade diminui, aumenta da taxa de empreendedores por oportunidade, e vice-versa (GEM BRASIL, 2016, p. 29 e 30). De acordo com as pesquisas da GEM Brasil (2016, p. 30), “no Brasil, o ano de 2016 apresentou uma melhora sutil se comparado a 2015 (56,5%), com o valor de 57,4%. Portanto, a cada 100 empreendedores, 57 empreendem por oportunidade”. 2. Turismo O turismo tem sua origem na palavra tur, do hebreu antigo, correspondendo ao conceito de “viagem de descoberta, de exploração, de reconhecimento” (OLIVEIRA, 2001, p.17). Para Simão (2013, p. 75), “o fenômeno de deslocar e permanecer transitoriamente em outro local, diferente daquele permanente de morada, provoca uma cadeia de ações que resultam na atividade turística”. De acordo com Beni (1998, p. 86), “pode-se afirmar que o Turismo é, em certo, sentido, o instrumento que serve de veiculo à reabilitação das culturas, contribuindo em grande medida para sua difusão mundial”. A viagem ou deslocamento é inerente ao turismo, inexistindo o fenômeno turístico caso não exista a ação de deslocamento espacial, 13 fato que destaca sobremaneira a característica geográfica do fenômeno. A permanência fora do domicílio e a temporalidade são características que, somadas à primeira, começam a delinear o fenômeno do turismo. O sujeito do turismo, o homem, somente define o processo se permanece fora do seu habitat por um período provisório e a duração dessa permanência é um dos elementos caracterizados do fluxo. [...] O objeto do turismo é a concretização do fenômeno e é representado pelos equipamentos e serviços colocados a disposição para a satisfação do sujeito do turismo – o homem, o turista. Esses elementos que conformam o que vai ser oferecido ao turista e são, genericamente, batizados de oferta turística (SIMÃO, 2013, p. 76). “O homem se situa no centro de todos os processos que nascem do Turismo, [...], dando origem às várias atividades econômicas causadas pelo Turismo”(BENI, 1998, p. 39). Para Rodrigues (apud SIMÃO, 2013, p. 79), “o turismo vive das especificidades, uma vez que as pessoas se deslocam em busca do novo, do inusitado, da aventura, de um lugar – caracterizado pela sua força identitária”. O conhecimento do turista, daquele que define a demanda, é outro fator, determinante para o estabelecimento de estratégias para a garantia da gestão do núcleo. Conhecer a demanda significa, além de informar-se sobre o publico que, circunstancialmente, já frequenta o lugar turístico, também definir qual é o público que mais interessa receber. Faz parte da estratégia do planejamento turístico o conhecimento da demanda e a definição daquela que mais lhe convém. É fundamental pensar a atividade turística na medida em que ela afetará diretamente a cidade, seu ambiente e sua população, a partir do núcleo local, receptor (SIMÃO, 2013, p. 83). Krippendorf (1989, p. 186) faz o seguinte esclarecimento: O turismo só deve ser encorajado na medida em que proporciona à população hospedeira uma vantagem de ordem econômica, antes de tudo sob a forma de lucros e empregos, que a mesma terá desejado, onde esta vantagem seja de natureza duradoura e não traga prejuízos aos outros aspectos da qualidade de vida. Beni (1998, p. 107) para o funcionamento turístico, conhecedora por sua diversidade, configura-se como ser: Um “fenômeno social” que, ao originar toda uma série de atividades, como transporte, alojamento, recreação e outras, as fazem gerar uma ou outra série de efeitos sobre o meio ambiente em que se desenvolvem e que podem ser de caráter econômico, social, cultural e até ecológico. Conforme Simão (2013, p. 85) [...] de acordo com sua administração, conseguem inserir o turismo a torna-se num grande resultado, por meio de aumento das oportunidades de vida dos moradores, em um recurso de extensa proteção dos 14 princípios culturais e ambientais, contudo no bem estar absoluto dos turistas, ora, pelo contrario, com destino a ficar predestinado a um fracasso, devido à destruição do bem estar por outra forma a evacuação dos moradores, no desaparecimento ou degradação da cultura local e no meio ambiente e na conservação do turista local. O turismo pode consolidar-se como canal de aproximação entre pessoas e meio de enriquecimento cultural, condicionado ao reconhecimento da cultura autóctone e sua integração da forma mais adequada na oferta turística, mitigando impactos que surgem no contato entre pessoas diferentes e nas possíveis formas de denominação cultural. O turismo deve ser encarado como agente propiciador de um ambiente agradável, de lazer, entretenimento, contemplação e descanso, evitando a criação de lugares alienação social, de agitação e de novas experiências de aborrecimento e fastio, reproduzindo ambientes de origem do turista, Cabe à comunidade receptora proporcionar ao turista, momentos de fruição, lazer e prazer. (SIMÃO, 2013, p. 86). 3. Metodologia Conforme Vergara (2010) e Gil (2002), os tipos de pesquisas podem ser definidos por dois critérios: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, o presente trabalho foirealizado de forma descritiva, pois teve como objetivo descrever as características de uma população, um fenômeno ou experiência para o estudo realizado. E quanto aos meios de investigação, foirealizado um estudo de caso na Vila de Patrimônio da Penha- ES, bem como uma pesquisa de campo com aplicação de questionário composto por 21 perguntas abertas aos empreendedores de hospedagens e por fim uma revisão bibliográfica com os temas empreendedorismo e turismo. As entrevistas ocorreram no dia 19 de março de 2018, em Vila Patrimônio da Penha-ES. Foram entrevistadas quatro pessoas que residem na comunidade e que de alguma forma estão envolvidas com o empreendedorismo e com o turismo local, direta ou indiretamente relacionado ao turista. Em um total de 5 horas de entrevistas, para obter os dados necessários aos fins da pesquisa. A primeira parte das perguntas foi composta por questões relacionadas ao entrevistado e suas informações pessoais, como por exemplo, nome, idade, a naturalidade, por qual motivo/ causas da migração para a vila de Patrimônio da Penha-ES, formação e se já teve outra atividade profissional anterior a atual. 15 A segunda parte, diz respeito ao ramo de atuação que ocupa atualmente na localidade, se tornou empreendedor por oportunidade ou por necessidade, qual o público que abrange, o que os turistas buscam, dentre outras questões relevantes à investigação. A terceira parte descreve como o empreendedor entrevistado se mantém, tais como: o seu custo capital financeiro, capital próprio ou por terceiros (empréstimos), se possui outra fonte de renda, se há utilização de marketing/ divulgação, (dificuldades), ferramentas de conhecimento geral para a gestão, curso/apoio SEBRAE, equipe de trabalho, treinamento e sobre o tipo deformalização/ MEI ou outro. A quarta e última parte, propõe investigar ao entrevistado sobre as dificuldades na infraestrutura, internet, acesso, violência, roubo e criminalidade local.Depois de realizada as coletas de informações, os resultados foram devidamente transcritos, os dados foram categorizados e agrupados em temáticas específicas e submetidos à análise. 4. Estudo de caso Segundo o site da Prefeitura Municipal de Divino de São Lourenço-ES, o município foi no início habitado por índios puris. O território foi ocupado no século XIX por pioneiros vindos da Província de Minas Gerais que instituíram a cultura do café na localidade. A princípio a mão de obra utilizada foi a escrava, com a abolição da escravidão em 1888, a mão de obra passou a ser constituída por trabalhadores europeus e asiáticos, principalmente italianos. O nome inicial da vila, formada por doação de terras de João Vicente Soares para a Igreja Católica, era Imbuí, termo de origem tupi antiga que significa "rio das cobras" ou "rio dos imbus".A vila, junto com Ibitirama, Ibatiba, Iúna e Irupi, formava as cinco localidades começando com "i" da região. Em 5 de junho de 1964, foi criado o município de Divino de São Lourenço. O nome é uma junção de "Divino Espírito Santo" (expressão que constava na escritura das terras que formaram a cidade) e "São Lourenço", o padroeiro da cidade. A Vila de Patrimônio da Penha é um Distrito do município de Divino de São Lourenço-ES, está localizado na área de amortecimento do Parque Nacional do 16 Caparaó, encoberto pela mata atlântica e com numerosos recursos hídricos (FILHO & BEDIM, 2015). No que diz respeito à população de Patrimônio da Penha-ES, é notória a existência de dois grupos sociais distintos: 1) o grupo formado pelos moradores locais, denominado por eles próprios de nativos; 2) o grupo de moradores mais recentes e que possuem modos de vida que, em alguns aspectos, distinguem dos modos de vida dos moradores locais, geralmente denominados pelos locais de hippies ou ainda de alternativos. Com relação à população nativa, dentre os entrevistados percebeu-se que a maioria das famílias vivia na região há, no mínimo, três gerações. Foi possível notar, também, que a origem da maior parte dessas pessoas estava ligada a fluxos migratórios que se deram de outros municípios próximos, tanto do próprio estado do Espirito Santos quanto de outros estados, especialmente de Minas Gerais. Uma proporção dos nativos possui atividades relacionadas ao turismo, pequenos restaurantes, lojas de artesanato, hospedagens e agências de turismo de aventura. Em relação aos moradores alternativos, sua chegada a Vila de Patrimônio da Penha- ES no final da década 1980 e início da década de 1990, desde então, muitos outros alternativos passaram a chegar e estabelecer moradia na região. A Vila de Patrimônio da Penha-ES é uma comunidade localizada nas proximidades do Parque Nacional do Caparaó, a cerca de 1 km dos limites do parque. Com uma comunidade de aproximadamente 600 habitantes. Conta ainda com uma agência dos correios, com um polo de educação ambiental, onde são realizadas reuniões entre a comunidade e os funcionários do parque, além de cursos de capacitação e exposição de produtos do artesanato local. Na vila ainda é possível contar com serviço de telefonia fixa e móvel e também de internet, dentre alguns outros. As atividades econômicas são voltadas para os ramos da agropecuária, agricultura, agroindústrias, hospedagens e pecuária, assim como o turismo local, onde tem uma alta concentração de visitantes na temporada do verão. 17 Figura 3: Localização da Vila de Patrimônio da Penha-ES Fonte: Google Maps 5. Resultados Os agentes entrevistados são compostos tanto pelos moradores nativos de Patrimônio da Penha-ES, quanto por forasteiros, que se mudaram e desde algum tempo, vivem na vila, porém de comum acordo, todos os entrevistados estão ligados de alguma forma à atividade turística e empreendedora. Dessa forma, seguem as características e o perfil dos entrevistados: 1- Mulher, 47 anos, forasteira/ natural de Vitória-ES, proprietária de um meio de hospedagem denominado “Brilho do Luar”, reside em Patrimônio da Penha-ES há 18 anos. 2- Mulher, 29 anos, forasteira/ natural de Resende-RJ, proprietária de um meio de hospedagem denominado “Casinha Encantada”, reside em Patrimônio da Penha- ES há 6 anos. 3- Mulher, 50 anos,forasteira/ natural de São José do Rio Preto-SP,proprietária de um meio de hospedagem “Pousada Beija-Flor”, reside em Patrimônio da Penha- ES há 30 anos. 4- Homem, 46 anos, nativo, proprietário de duas hospedagens e um camping, residente de Patrimônio da Penha-ES desde o seu nascimento. Com base na pesquisa realizada, pode-se observar que a maioria dos empreendedores locais são mulheres e forasteiros. A maior parte dos entrevistados possuem formação acadêmica, cerca de 99% dos entrevistados, somente 1% não 18 possui. Os empreendedores que são forasteiros estão no ramo das hospedagens por oportunidade, e os nativos por necessidade, sendo o turismo como fonte geradora de renda, tendo também eles, capital financeiro próprio. Os entrevistados também possuem outras fontes de renda, utilizam de divulgações via internet/ marketing. Somente 1% dos entrevistados possui controle, como caderno de lucros, gestão, balanço anual. Os outros 99% não possuem nenhum tipo de controle nem planejamento financeiro. 6. Considerações finais Atualmente, há uma tendência a valorização dos destinos de natureza, quando muitos turistas buscam por um lugar que lhe proporcione saúde e tranquilidade. A atividade turística na região da Vila de Patrimônio da Penha-ES, vem se desenvolvendo nos últimos anos e se mostrando como uma nova possiblidade no quadro econômico regional. Verifica-se que emigração urbana vem crescendo sempre que alguns indivíduos que foram turistas, algum dia opta em se mudar definitivamente, se instalando e buscando desenvolvimento financeiro nas possibilidades que o local proporciona, também envolve a atividade financeira dentro do mesmo setor de turismo. Desta forma, foi observado que os proprietários das hospedagens entrevistadas possuem informações, cursos de capacitação, como, SEBRAE, dentre outros. Grande parte dos funcionários é composta por familiares e também são formalizados/ MEI. Porém, os mesmos não utilizam dos meios de treinamento que recebem, para colocar em prática no dia a dia no seu ramo de atuação. Concluímos, que a falta de gestão poderá ocasionar falência, que somente 1% dos entrevistados tem interesse em expansão, melhorar sua gestão no ramo das hospedagens, no entanto a grande maioria não tem interesses ambiciosos em relação ao negócio, devido seu estilo de vida, o qual é pautado em questões alternativas, esotéricos, buscando o bem estar físico e mental. 7. Referências bibliográficas BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. São Paulo: Ed. SENAC, 1998. 19 BRASIL, Prefeitura Municipal de Divino de São Lourenço-ES. Disponível em: https://dslourenco.es.gov.br/Historia. Acessado em: 01 nov. 2018. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor.4. ed. Barueri-SP: Manole, 2012. DORNELAS, José. Empreendedorismo na prática: mitos e verdade do empreendedor de sucesso. 3. ed. Rio de Janeiro-RJ: LTC, 2015. GEM, Global Entrepreneurship Monitor. Curitiba, 2016. 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