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Ana Clara Silva Freitas Problema 2: fechamento Puericultura e acompanhamento nutricional Alimentação - A criança até cinco anos requer cuidados específicos com a sua alimentação. Crescer consome energia: 32% das necessidades calóricas de um recém-nascido são destinadas ao crescimento. A dieta da criança deve ter qualidade, quantidade, frequência e consistência adequadas para cada idade. Para crianças com até 6 meses de idade, o leite materno exclusivo é o melhor alimento; Na puericultura devem ser fornecidas instruções e informações sobre a alimentação aos pais e o pediatra deve conferir se a família está seguindo as instruções, uma vez que, a alimentação promove o crescimento e desenvolvimento, além de favorecer a saúde de uma forma ampla. Aconselhamento nutricional: o maior objetivo do aconselhamento em alimentação infantil é auxiliar a mãe/cuidador a aumentar sua competência e confiança, de forma a motivá- los a adotar práticas alimentares adequadas, já que as preferências alimentares das crianças são influenciadas pelas escolhas e pelos hábitos dos pais. A gestação e os 2 primeiros anos de vida são importantes para o pleno crescimento e desenvolvimento da criança e para a sua saúde, atual e futura. O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, consultas anuais, próximas ao mês do aniversário; Essas faixas etárias são selecionadas porque representam momentos de oferta de imunizações e de orientações de promoção de saúde e prevenção de doenças. As crianças que necessitem de maior atenção devem ser vistas com maior frequência. Nos primeiros anos de vida, a variedade e a forma com que os alimentos são oferecidos influenciam a formação do paladar e a relação da criança com a alimentação. A criança que come alimentos saudáveis e adequados quando pequena tem mais chances de se tornar uma pessoa adulta consciente e autônoma para fazer boas escolhas alimentares. O nutricionista é o profissional que pode e deve contribuir para esta formação uma vez que, além de conduzir um programa essencial na sustentação do funcionamento da creche, pode indubitavelmente dar concretude às ações que envolvem a dualidade educar/cuidar, no que diz respeito à formação dos hábitos alimentares da criança. Protocolo de atendimento: I. Fase exploratória: Inclui a anamnese e a avaliação antropométrica, com a coleta de informações clínicas e nutricionais atuais e pregressas, além de exame físico, exames bioquímicos e dados complementares fundamentais Objetivos: 1. Abordar a importância da puericultura no acompanhamento nutricional infantil, atrelado aos recursos e à equipe multiprofissional que compõem a creche e a sua importância no desenvolvimento das crianças de 0 a 5 anos. 2. Descrever o quadro clínico, diagnóstico e tratamento da dermatite de fraldas e do refluxo gastroesofágico, assim como sua relação com as principais infecções de vias aéreas superiores. Ana Clara Silva Freitas para a determinação do diagnóstico nutricional; II. Impressão diagnóstica: Resumo da avaliação global da criança; III. Conduta nutricional: Engloba a dieta prescrita, correções de erros dietéticos e condutas específicas às intercorrências ou situações relevantes encontradas. Dermatite de fraldas A dermatite da área da fralda irritativa primária é a dermatite da área da fralda mais prevalente, sendo provavelmente a afecção cutânea mais frequente na primeira infância, constituindo fonte significativa de desconforto para a criança. O uso da fralda ocasiona aumento da temperatura e da umidade locais. Há consequente maceração da pele, que se torna mais susceptível à irritação ocasionada pelo contato prolongado da urina e das fezes com a pele da região coberta pelas fraldas. Frequentemente surge infecção secundária por Candida ou por bactérias como Bacillos faecallis, Proteus, Pseudomonas, Staphylococcus e Streptococcus. O uso de pós, óleos, sabões e pomadas irritantes agravam o quadro clínico. Medidas preventivas: o manter essa área seca, limitar a mistura e dispersão da urina e das fezes, reduzir seu contato com a pele, evitar irritação e maceração, preservar a função de barreira cutânea e manter, sempre que possível, o pH ácido. O tratamento apropriado começa com o correto diagnóstico da causa de base. Sempre que, apesar do tratamento correto, ocorrer piora de dermatites prévias, devem-se pesquisar os diagnósticos diferenciais, como dermatite atópica, dermatite seborréica, psoríase da área das fraldas e dermatite de contato. O acompanhamento das crianças com dermatite da área das fraldas deve ser regular, e atenção especial necessita ser dispensada nos períodos diarréicos ou de uso de antibiótico sistêmico. Diagnóstico e quadro clínico: o Caracteriza-se por apresentar lesão eritematosa confluente, brilhante, que varia de intensidade ao longo do tempo. Pode manifestar-se através de pápulas eritematosas associadas a edema e leve descamação. o Atinge, tipicamente, as regiões de maior contato com a fralda e é caracteristicamente conhecida como “dermatite em W”. o As pregas são, geralmente, poupadas, e os locais mais acometidos são superfícies convexas das nádegas, coxas, parte inferior do abdômen, púbis, grandes lábios e escroto. o A intensidade das alterações cutâneas da dermatite da área da fralda varia de leve a grave. A alteração do pH da pele pode desencadear o desenvolvimento de infecções oportunistas de origem bacteriana, fungica ou viral. o Nos casos mais graves, a erupção pode atingir áreas não cobertas pela fralda. o O diagnóstico é clínico e de localização. o Grau de dermatite: I. Dermatite leve; II. Dermatite com grau intenso; III. Dermatite com eritema intenso + pústulas; Ana Clara Silva Freitas IV. Dermatite com eritema intenso + pústulas + evidência de infecção secundária; V. Dermatites graves e prolongadas; VI. Piora da dermatite prévia. Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) É popularmente conhecida como azia. Caracteriza-se pelo retorno do conteúdo gástrico para o esôfago, cuja mucosa não está preparada para receber substâncias ácidas e irritantes, e que também pode alcançar a boca, provocando alterações dentárias, ou atingir a laringe e os pulmões. Crianças pequenas podem apresentar episódios de refluxo em virtude da fragilidade dos tecidos existentes na transição entre o estômago e o esôfago. Na maioria dos casos, o problema desaparece espontaneamente. Causas: I. Alterações no esfíncter que separa o esôfago do estômago e que deveria funcionar como uma válvula para impedir o retorno dos alimentos; II. Hérnia de hiato provocada pelo deslocamento da transição entre o esôfago e o estômago, que se projeta para dentro da cavidade torácica; III. Fragilidade das estruturas musculares existentes na região. Sintomas: I. Azia ou queimação que se origina na boca do estômago, mas pode atingir a garganta; II. Dor torácica intensa, que pode ser confundida com a dor da angina e do infarto do miocárdio; III. Tosse seca; IV. Doenças pulmonares de repetição como pneumonias, bronquites e asma . A OMS afirma que o tratamento em crianças menores de 1 ano deve ser por meio de medidas alimentares e orientações posturais com avaliação a alergia ao leite de vaca. Já as crianças com a doença que não responderem ao tratamento conservador, a orientação é tratamento com ranitidina por 8 semanas. Infecções de vias aéreas superiores (IVAS) As infecções das vias aéreassuperiores (IVAS) são um dos problemas mais comuns encontrados em serviços de atendimento médico pediátricos, resultando em morbidade significativa em todo o mundo. I. Rinofaringite aguda o Este termo abrange quadros como o do resfriado comum e ainda outros englobados sob a denominação de rinite viral aguda. o É a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum da infância. Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano. o Esta situação é causada quase que exclusivamente por vírus. Entre as centenas deles, os mais frequentes são rinovírus, coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus e outros mais raros; o Sinais e sintomas: A rinofaringite pode iniciar com dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre de intensidade variável, podendo ser mais alta em menores de cinco anos. Durante a evolução, pode surgir em lactentes: inquietação, choro fácil, http://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/esofago/ http://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/laringe/ http://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/pulmao/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/hernia-de-hiato/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/pneumonia/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/bronquite/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/asma/ https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/asma/ Ana Clara Silva Freitas recusa alimentar, vômitos, alteração do sono e dificuldade respiratória por obstrução nasal em lactentes mais jovens; em crianças maiores: cefaleia, mialgias, calafrios o Tratamento geral: Repouso no período febril; Hidratação e dieta conforme aceitação; Higiene e desobstrução nasal; Umidificação do ambiente; Antitérmico e analgésico. o Diagnóstico: e é essencialmente clínico. O diagnóstico diferencial deve ser feito com manifestações iniciais de várias doenças: sarampo, coqueluche, infecção meningocócica ou gonocócica, faringite estreptocócica, hepatite A e mononucleose infecciosa. Figura 1 Vias aéreas superiores II. Sinusite aguda o Pode ser definida como infecção bacteriana dos seios paranasais, com duração menor de 30 dias, no qual os sintomas desaparecem completamente o Os seios mais frequentemente comprometidos são o maxilar e etmoidal. A etmoidite costuma aparecer após os seis meses de idade. A infecção maxilar produz manifestações clínicas após o primeiro ano de vida. o Sinais e sintomas: O início pode ser lento ou súbito. Nas formas leves de sinusite, as manifestações iniciais de IVAS passam a se prolongar por mais de 10 dias ou, após período de melhora clínica, há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal purulenta). Esse quadro pode ser acompanhado de halitose. Costuma haver tosse diurna, com piora à noite. Em alguns casos, pode ocorrer febre. Nas formas moderadas a graves, ou em crianças maiores, as manifestações citadas podem ser mais intensas, acompanhando-se, eventualmente, de edema palpebral, cefaleia, prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afetado(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal de etmoidite o Tratamento geral: repouso inicial, umidificação do ar em lugares muitos secos, analgésicos e antitérmicos, descongestionantes tópicos ou sistêmicos. o Diagnóstico: O diagnóstico de sinusite aguda é clínico. A história clínica, associada aos achados de exame físico anteriormente mencionados, permite a realização do diagnóstico de sinusite na criança. O estudo radiológico de seios da face é raramente necessário. O diagnóstico diferencial deve ser realizado com prolongamento da infecção viral não complicada, rinite alérgica, corpo estranho nasal e adenoidite. Ana Clara Silva Freitas III. Faringoamigdalite aguda estreptocócica o É uma infecção aguda da orofaringe, na maioria das vezes, produzida por um estreptococo beta-hemolítico, o Streptococcus pyogenes do grupo A. Acompanha-se, em geral, de manifestações sistêmicas. Acomete com maior frequência crianças após os cinco anos de vida, mas pode ocorrer, não raramente, em menores de três anos. o Sinais e sintomas: O início é mais ou menos súbito, com febre alta, dor de garganta, prostração, cefaleia, calafrios, vômitos e dor abdominal. Na inspeção da orofaringe, há congestão intensa e aumento de amígdalas, com presença de exsudato purulento e petéquias no palato. Ainda pode estar presente adenite cervical bilateral. o Tratamento geral: repouso no período febril, estimular a ingestão de alimentos não ácidos e não gaseificados; analgésico e antitérmico, irrigação da faringe com solução salina isotônica morna. o Diagnóstico: o diagnóstico diferencial deve ser feito com: Faringites virais: coriza, tosse, rouquidão e vesículas ou ulcerações na orofaringe; Faringite por micoplasma e clamídia: mais comum em adolescentes; Mononucleose, citomegalovirose, toxoplasmose (com suas manifestações próprias, incluindo comprometimento de órgãos e estruturas a distância); Faringite meningocócica ou gonocócica (história e dado epidemiológico); Difteria: placas branco- acinzentadas aderentes na orofaringe, invasão eventual da úvula, comprometimento laríngeo; Faringites por outros estreptococos, hemófilos ou moraxela: raras; Outras afecções: tumor de orofaringe e angina da agranulocitose.
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