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OSTEOPOROSE INTRODUCAO: A osteoporose é definida, em geral, como uma doença caracterizada por diminuição na massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando a um aumento da fragilidade óssea e, consequentemente, a maior risco de fraturas -É o distúrbio osteometabólico mais comum -A osteoporose acomete 17% de todas as mulheres pós-menopausadas -Acomete 30% das mulheres com mais de 65 anos As mulheres brancas respondem por cerca de 40% desse total. Nesse grupo etário, estima-se que cerca de 20% dos homens teriam também osteoporose FISIOLOGIA DO OSSO: Há dois tipos de ossos no esqueleto adulto: o cortical e o trabecular. -Osso cortical: é denso e compacto e representa 80% do esqueleto. -Osso trabecular: é encontrado na parte interna dos ossos, corpos vertebrais e pelve. Fornece suprimento inicial nos estados de deficiência mineral. Por ser mais ativo metabolicamente, é o que mais é perdido na menopausa e quando há hipogonadismo O osso é um tecido metabolicamente ativo, submetido a um contínuo processo de remodelação óssea que consiste em quatro fases: ativação, reabsorção, reversão e formação. Duas classes principais de células estão envolvidas na remodelação óssea: osteoclastos e osteoblastos. -Osteoclastos têm como função principal dissolver o osso mineral e digerir a matriz óssea, sendo os responsáveis pela reabsorção óssea. A formação de osteoclastos é estimulada pelo RANKL -Osteoblastos têm como função principal a síntese da matriz óssea e são eles que iniciam a formação óssea. Os osteoblastos produzem OPG (osteoprotegerina), que contrabalança os efeitos do RANKL, inibindo a osteoclastogenese e a reabsorção óssea Quando ocorre desequilíbrio, pode surgir osteoporose. Tal desequilíbrio pode resultar de uma hiperatividade dos osteoclastos ou disfunção dos osteoblastos . A catepsina K, enzima da família das proteases, aumenta a reabsorção óssea, Mutações no gene da catepsina K causam a picnodisostose, caracterizada por osteopenia e baixa estatura TIPOS DE OSTEOPOROSE: A osteoporose pode ser primária ou secundária: -Osteoporose primária é a forma mais comum e resulta de uma perda óssea relacionada com a menopausa ou ao envelhecimento. -Osteoporose secundária é causada por medicações ou condições mórbidas que predispõem à perda da massa óssea. OSTEOPOROSE PRIMARIA – OSTEOPOROSE POS MENOPAUSA: Deficiência de Estrogênio Aumenta a expressão de RANKL Maior recrutamento de osteoclastos + Produção de citocinas indutoras de reabsorção óssea + encurtamento da fase de formação óssea (diminuir a vida dos osteoblastos) + Redução de IGF-1 e TGF-B Perda de massa óssea Outros efeitos da deficiência de Estrogênio: -Aumenta a sensibilidade do osso ao PTH -Reduz a produção de Calcitriol Reduz a absorção intestinal de cálcio -Os níveis de OPG são mais elevados em mulheres com osteoporose. Esse aumento possivelmente seria uma maneira de compensar o incremento da reabsorção óssea. -Mulheres com osteoporose e com menores níveis de OPG tem mais fraturas OSTEOPOROSE SECUNDARIA: -Acomete igualmente ambos os sexos, em qualquer idade. -Está associada a várias condições que implicam aumento da reabsorção e/ou diminuição da formação óssea -É comum a concomitância de causas primárias e secundárias de osteoporose. Fator etiológico mais comum: Uso crônico de glicocorticoides em doses suprafisiológicas Outras causas: -Distúrbios hormonais: Síndrome de Cushing, Hipertireoidismo, Hiperparatireoidismo, Hiperprolactinemia, Hipogonadismo etc -Neoplasias: Principalmente mieloma múltiplo -Distúrbios do TGI: Doença Celíaca, Síndromes de má absorção -Insuficiência renal crônica: Não produz calcitriol -Substancias que podem levar a perda óssea: Lítio, hormônios tireoidianos, alguns anticonvulsivantes, IBP, Antiaromatases, Análogos de GnRH, Heparina, Varfarina, etc. OSTEOPOROSE EM HOMENS: As três principais causas de osteoporose em homens são: -Alcoolismo -Hipercortisolismo (endógeno ou, mais comumente, exógeno) - Hipogonadismo. Fatores de Risco para a Osteoporose: Dois principais determinantes de risco de osteoporose: -Pico de massa óssea -Velocidade da perda óssea Quanto maior o pico de massa óssea alcançado, maior será a densidade mineral óssea (DMO) à época da menopausa e, consequentemente, menor o risco de fraturas osteoporóticas no futuro. Fatores que interferem com o pico de massa óssea e o risco para osteoporose: Fatores genéticos, idade, sexo, fatores nutricionais, status hormonal, peso, medicamentos, gravidez OSTEOPOROSE NO POS MENOPAUSA: Fisiopatologia: A remodelação óssea é um processo contínuo sofrido por todo o esqueleto, que objetiva a renovação óssea. É constituído pelas etapas de reabsorção e formação. -Formação óssea: Os osteoblastos têm receptores para vários hormônios envolvidos na remodelação e regulação do crescimento ósseo, como: 17- betaestradiol, Calcitriol, PTH, L-tiroxina, GH, Cortisol, IL-1, TNFa. Os osteoblastos também formam alguns fatores, que atuam de forma local, como: IGF-1, IL-6, TGF-B etc. -Reabsorção óssea: A reabsorção pelos osteoclastos é estimulada por hormônios sistêmicos, como: PTH, Citocinas e IL-1, além da produção de RANKL e de MCSF (Fator estimulador de colônia de macrófagos) Contudo, há inibidores dessa via, por exemplo, o estrógeno, que aumenta a produção osteoblástica de osteoprotegerina (OPG), que se liga ao RANKL, o que acarreta menor ativação do RANK (receptor do RANKL) e, por consequência, diminuição da diferenciação dos osteoclastos Em mulheres pós-menopausadas, a taxa de remodelação óssea aumenta de maneira drástica, em especial no início da perimenopausa. Como consequência, há aumento da reabsorção e diminuição da formação óssea As mulheres apresentam maior risco de desenvolver osteoporose quando comparadas aos homens devido a dois motivos: menor pico de massa óssea e queda abrupta estrogênica na menopausa. Fatores de Risco: -Baixa densidade mineral óssea (DMO) – associada a risco de fraturas -Tabagismo – diminuí a massa óssea e aumenta risco de fraturas -Uso de glicocorticoides por tempo prolongado em dose suprafisiológica Diagnostico: Avaliação Clínica: -Considera-se que a osteoporose é um distúrbio assintomático até a ocorrência de fraturas -Avaliação inicial: Anamnese detalhada para detectar fatores de risco e exame físico para afastar causas secundarias (ex: Cushing, Hipogonadismo, Hipertireoidismo). Avaliar queixas atuais, história reprodutiva (idade da menarca, ciclos menstruais, idade da menopausa), padrão nutricional e HPP (anorexia, hipertireoidismo, diarreia crônica, uso de glicocorticoides) No exame físico, é importante ressaltar a presença de perda de altura, mudanças na postura, estigmas da síndrome de Cushing (obesidade central, estrias violáceas, miopatia proximal, sinais de fragilidade capilar etc.) ou hipertireoidismo (bócio, taquicardia, tremores nas mãos, sinais oculares etc.). A presença de escleróticas azuladas aponta para o diagnóstico de osteogênese imperfeita -Sinal de Trousseau: -Sinal de Chvtostek: Exames Laboratoriais: Os marcadores de formação óssea mais importantes são: a osteocalcina, a fosfatase alcalina ósseo-específica e os própeptídios terminais do colágeno tipo I, que são dosados em amostras sanguíneas. Produtos da degradação do colágeno tipo I são, atualmente, os principais marcadores utilizados para avaliar reabsorção óssea. Determinação de massa óssea: A determinação da massa óssea é o melhor indicador mensurável do padrão ósseo e é útil na avaliação do risco de fraturas osteoporóticas -A mais utilizada para diagnóstico e acompanhamento da osteoporose é a medida da absorçãode dupla energia de raios X (DXA). Outros exames: VFA, QUS, QTC, TBS e Imunohistomorfometria (biopsia) Doenças osteodegenerativas e fraturas podem falsamente elevar a DMO e devem ser consideradas para uma correta interpretação do exame -O diagnóstico deve se basear pelo sítio com menor escore T. O escore Z (número de desvios-padrão distantes da média para a própria idade do paciente) abaixo de 2 indica a existência de causas secundárias da osteoporose que, nessa situação, devem ser afastadas com mais cuidado. -Escore T: Compara a DMO do indivíduo com a DMO da população jovem normal. -Escore Z: Compara a DMO do individuo com a DMO média da população de mesma idade, sexo e etnia. Causas secundarias, mulher pré menopausa, homens <50 e crianças Tratamento: Dieta balanceada com quantidades adequadas de proteína, cálcio, vitamina D e outros nutrientes leva à redução da remodelação óssea, à maior retenção de cálcio, à redução da perda óssea relacionada com a idade e à redução do risco de fraturas. Nesse sentido, a proteção óssea envolve uma dieta rica em produtos lácteos (em especial os desnatados), frutas e verduras, além de quantidades adequadas de carnes, peixes e aves. Indicação de Tratamento Farmacológico: O tratamento farmacológico para mulheres menopausadas está indicado nos seguintes casos: -Presença de fratura por fragilidade, independentemente do escore T -Escore T ≤ –2,5 em qualquer sítio válido (coluna, fêmur total ou colo de fêmur) -Escore T entre –1 e –2,5 quando existem fortes indícios de risco de fraturas aumentado, de acordo com o algoritmo de risco FRAX Nos casos de osteopenia, essa decisão deve basear-se na avaliação clínica, levando em consideração a história da paciente e os fatores de risco presentes. As recomendações para tratamento medicamentoso são: - Mulheres com osteoporose na pós-menopausa: Mulheres com fraturas atraumáticas e baixa DMO Mulheres com escore T de DMO ≤ –2,5 - Mulheres com DMO baixa limítrofe (p. ex., escore T ≤ –1,5) se fatores de risco estiverem presentes - Mulheres em que medidas preventivas não farmacológicas não são efetivas (perda óssea persiste ou fraturas atraumáticas ocorrem)
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