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Anne Caroline Maltez Febre, Inflamação, Infecção LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO DEFINIÇÃO O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma colagenose, grupo de doenças que tem como base o comprometimento do tecido conjuntivo. Nesse contexto, o LES caracteriza-se por um padrão inflamatório crônico, multissistêmico e marcado pela produção de autoanticorpos os quais levam ao dano tecidual. EPIDEMIOLOGIA A doença manifesta-se em qualquer idade, porém apresenta maior frequência no período dos 15 aos 45 anos. Somado a isso, costuma ser menos comum nos extremos de faixa etária, além de ser predominante no sexo feminino neste recorte etário. A prevalência da doença no que diz respeito à etnia é mais evidenciada na população negra equiparando as demais. Além disso, a gravidade da doença parece ser maior na população hispânica quando comparada a brancos, mas são poucas as evidências. Somado a isso, pesquisas recentes mostram a contribuição do fator socioeconômico no que diz respeito à gravidade e prevalência da doença. ETIOLOGIA Pesquisadores acreditam na possibilidade do LES ser herdado, contudo, a constatação da doença nos pais ou avós não quer dizer que a pessoa terá a doença; entretanto, há uma maior propensão em manifestá-la. Sua etiologia aponta, assim, para a combinação de fatores genéticos, hormonais e ambientais, já que a industrialização e alterações nos hábitos de vida parecem contribuir para elevar os índices do LES. A junção desses fatores em pessoas geneticamente predispostas pode gerar um desequilíbrio no sistema imunológico, favorecendo o surgimento do lúpus. FISIOPATOLOGIA O LES é uma doença multifatorial, com o seu ponto principal um desequilíbrio do sistema imunológico, causada principalmente por uma inter-relação de fatores. Entre eles genéticos, Anne Caroline Maltez hormonais e ambientais. Embora exista tal influência, o ponto principal é a produção anormal de autoanticorpos pelas células B. Alguns anticorpos são bem específicos pra LES, como anti- DNA, o anti-smith e o anti-P. Em relação aos fatores genéticos, no LES, os indivíduos possuem uma deficiência dos componentes da cascata de complemento (C1q, C2 e C4), e tem-se que o C1q é o fator mais associado mesmo que a alteração genética este seja menos frequente. Outro fator muito associado é a questão hormonal, onde o estrogênio é responsável pela diminuição da apoptose do linfócito B e pela sua atividade. Consequentemente, sem a morte de linfócitos B, eles passam a produzir continuamente os autoanticorpos. Isso comprova o risco aumentado para as mulheres que fazem o uso de anticoncepcionais orais combinados e suplementação de TSH. Além disso os fatores ambientais que estão ligados a essa patologia são relacionados a exposição solar, pela apoptose dos queratinócitos causador de uma resposta macrofitica gerando um processo inflamatório, aumentando a liberação de interleucinas e fator de necrose tumoral, favorecendo assim a produção de anticorpos por linfócitos B autorreativos. Outro fator ambiental seria voltado para medicamentos que podem gerar um Lupus Farmacoinduzido, entre eles Hidralazina, Isoniazida, Procainamida entre outros. Desta forma, essa relação de fatores vai ocasionar a perda da auto tolerância, ou seja, o não reconhecimento dos próprios anticorpos. Assim, com a não apoptose dos linfócitos B e a continua produção de autoanticorpos, vai ocorrer um aumento de BAFF/Blys, relacionados a sobrevida dos Linfócitos B, e a diminuição dos linfócitos T reguladores que são responsáveis pela apoptose do linfócito B. Esses autoanticorpos produzidos em excesso, ativam o imuno complexo, que por sua vez estimula a resposta imune inata, pelas IL1 /TNF gerando um processo inflamatório. O imuno complexo ativa o sistema complemento, levando o maior consumo dos complementos, dando início a um processo de quimiotaxia e inflamação tecidual, causando uma diminuição no Clarence do imuno complexo e dos restos apoptóticos QUADRO CLÍNICO Caracteriza-se por um padrão pleomórfico e tal quadro clínico é a base para o diagnóstico. Nesse seguimento, a doença pode apresentar sintomas constitucionais como cefaleia, mal-estar, artralgia generalizada, febre, mialgia, linfadenopatia e perda ponderal. No entanto, tais achados são inespecíficos quando analisados isoladamente. Equiparado a outras doenças autoimunes o LES pode apresentar-se de forma isolada, o que dificulta o diagnóstico, bem como pode iniciar comprometendo diversos órgãos. Logo, cabe destacar que o LES é uma alteração crônica, remitente e recidivante e, portanto, é comum observar episódios de intensificação intercalados por melhora. Referente ao comprometimento cutâneo Anne Caroline Maltez Podemos classificá-lo em específico e não específico, distinguindo-as pela presença ou ausência de dermatite de interface na junção epiderme-derme. Seguindo o raciocínio, ainda é possível subdividir as específicas em agudas, subagudas e crônicas. Alterações agudas A mais comum é o rash malar ou erupção malar que se caracteriza por ser simétrica e fotossensível, vale destacar que o comprometimento preserva os sulcos nasolabiais o que auxilia no diagnóstico. Por outro lado, Alterações crônicas Têm no lúpus discoide sua principal alteração, sendo manifestado inicialmente por placas eritematosas, hiperpigmentadas que se tornam despigmentadas e atróficas. Alterações subagudo Que está aparte do LES e é evidenciado, principalmente, por lesões eritematosas papuloescamosas ou anulares localizadas em regiões de exposição solar. Lesões não específicas Vale destacar a vasculite cutânea, a alopecia não discoide e o livedo reticular. A vasculite cutânea varia de lesões urticariformes até úlceras necróticas e depende da intensidade do dano inflamatório; já a alopecia não discoide é uma lesão que costuma surgir no início do quadro clínico, sendo comum, além de ser reversível após a remissão do surto inflamatório, e o livedo reticular é determinado por vasoespasmos em arteríolas da derme o que dá característica de mármore para lesão. Musculoesqueléticas a artralgia e a artrite São as queixas mais comuns. Dentre os sítios que são mais acometidos pela artrite temos as articulações de punhos, joelhos e mãos, ainda podendo ser manifestado em outras regiões. Distinguindo da artrite reumatoide o LES não costuma caracterizar por erosões articulares, mas ocorrem deformações que é conhecido como artropatia de Jaccoud. Outro quadro articular importante é a necrose avascular que costuma acometer principalmente a cabeça do fêmur. Alterações neurológicas Costumam surgir quando um quadro sistêmico já se instalou e são identificados entre 25 a 75% dos pacientes. As manifestações neurológicas foram agrupadas em 19 síndromes que foram então divididas entre aquelas que afetam o sistema nervoso central e o periférico, sendo este segundo menos comum. O sintoma mais frequente neurológico é a cefaleia, podendo ainda se observar acidente vascular encefálico (AVE) e a meningite asséptica. Comprometimento cardiovascular Pericardite é a complicação mais comum, no entanto, outras alterações podem ser vistas como a miocardite, a endocardite de Libman-Sacks e a coronariopatia. Nesse quadro, a pericardite, normalmente, se manifesta com dor torácica subesternal que apresenta melhora com a inclinação do paciente para frente e piorar com inspiração ou tosse. Já a miocardite caracteriza- Anne Caroline Maltez se pela apresentação de taquicardia sinusal ou taquipneia aos esforços e sinais clínicos de insuficiência cardíaca de apresentação aguda. Por último, a endocardite de Libman-Sacks é uma forma de anormalidade estrutural das valvas cardíacas pela presença de nódulos que se localizam próximo às bordas valvares, principalmente a mitral, e que pode levar a insuficiência valvar o que pode levar ao aparecimento de sopros. Aparelho renal É frequente, sendo caracterizado por lesõesvasculares além de acometimento túbulo- intersticial. Nesse seguimento, o portador de LES pode terminar desenvolvendo alguma nefropatia, sendo esse um indicador de mau prognóstico e tal alteração costuma ser a responsável pela maior parte de óbitos associadas ao LES. O quadro complexo de nefrite lúpica reflete a região de depósito de imunoglobulinas e imunocomplexos, sendo os glomérulos os principais alvos. Clinicamente, é possível o estabelecimento de qualquer uma das síndromes glomerulares e como as manifestações renais são critérios diagnósticos do LES é importante à atenção para análise de proteinúria, presença de cilindros celulares, hematúria e aumento de creatinina no exame de urina. Vale ressaltar o quadro clínico da nefrite lúpica só ocorrem em avançado grau de comprometimento renal Comprometimento pulmonar A manifestação mais comum é a pleurite, derrame de pequeno a moderado volume, geralmente bilateral, derrame pleural e pneumonite. A pleurite acomete cerca de 30% dos pacientes com LES, sendo caracterizada por derrames exsudativos e dor à respiração. Já o derrame pleural lúpico, assim com a pleurite costuma ter comprometimento bilateral apresentando níveis de glicose normais e níveis de FAN que normalmente não são solicitados para diagnóstico. Concluindo, a pneumonite lúpica apresenta falta de ar, hemoptise, tosse e infiltrado alveolar. TGI Nos pacientes com LES os sinais mais frequentes são a dor abdominal difusa, com ou sem compressão dolorosa e nesses casos pode-se suspeitar de peritonite, vasculite mesentérica e pancreatite. Nesse contexto, a peritonite pode manifestar-se com derrame peritoneal e dores abdominais, assim como a vasculite mesentérica que pode vim somado de necrose intestinal. Para além disso, é comum a hepatomegalia o que pode levar a alteração das enzimas hepáticas, principalmente as aminotransferases. Alterações Hematológicas A mais comum é a anemia, seguido da leucopenia elinfopenia, e menos comumente, a trombocitopenia e esplenomegalia. Tais modificações ocorrem em cerca de 70% dos casos e podem anteceder as manifestações clínicas, por esse motivo podem ser utilizadas para o diagnóstico. Neste cenário, é possível entender tais variações, pois, além dos autoanticorpos específicos de LES existem outros que se ligam, especificamente, com os elementos do sangue. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Faz-se uso da classificação criada pela American Rheumatism Association (ACR) ou de uma mais recente, a Systemic Lupus International Collaborating Clinics (SLICC). A classificação da ACR para o LES determina que um paciente com 4 ou mais dos seus 11 critérios, deve ser diagnosticado com a doença. Porém, nem todos os pacientes com esses critérios tinham lúpus e alguns Anne Caroline Maltez indivíduos eram diagnosticados apenas por conta da presença de autoanticorpos e de distúrbios hematológicos. Assim, surge o SLICC, a qual alega que para diagnosticar um paciente com LES é necessário que ele tenha pelo menos 4 dos 17 critérios, sendo um deles imunológico, um clínico e dois outros dos demais. Também, essa nova classificação estabeleceu que na presença de autoanticorpos ANA ou anti-dsDNA, o paciente imediatamente recebe o diagnóstico de LES, sem precisar de outro critério. A SLICC incluiu a hipocomplementenemia (baixo C4, C3 e CH50) como critério, o que não havia na classificação da ACR. Abaixo seguem as duas classificações mencionadas anteriormente. Classificação da ACR • Erupção malar, Erupção discoide, Fotossensibilidade, Úlceras orais Artrite, Serosite (pleurite ou pericardite), Distúrbio renal (proteinúria, presença de células ou seus componentes na urina), Distúrbio neurológico (psicose, convulsões), Distúrbio hematológico (anemia hemolítica com reticulose, leucopenia, linfopenia, trombocitopenia), Distúrbio imunológico (anti-DNA, anti-Sm), Presença anticorpo antinuclear (ANA) Classificação SLICC • Critérios Clínicos: lúpus cutâneo agudo ou crônico, úlceras orais, alopecia, sinovite, distúrbio renal (proteinúria), neurológico (convulsões, psicoses, mielite, neuropatia central ou periférica, estado de confusão aguda), anemia hemolítica, leucopenia ou linfopenia somada á trombocitopenia. • Critérios Imunológicos: presença de ANA, anti-dsDNA, anti-Sm, anticorpo antifosfolipidico, hipocomplementenemia, Coombs Direto positivo. O SLICC tem sido mais aceito por ser mais sensível e intuitivo do que a classificação da ACR. DOENÇA MISTA DO TECIDO CONJUNTIVO DEFINIÇÃO A doença mista do tecido conectivo (DMTC) foi descrita com base em estudos com soro de pacientes que continham altas taxas de anticorpo anti-ribonucleoproteína (anti-RNP) dirigidos a um antígeno extraível do núcleo, a ribonucleoproteína. O conceito original a caracteriza como uma entidade clínica com manifestações de lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerose sistêmica (ES), dermatopolimiosite (DPM) e pela presença do anti-RNP. Os principais achados dessa doença difusa costumam ser edema de mãos, artrite, fenômeno de Raynaud, miosite inflamatória e esclerodactilia. Segundo os conceitos atuais, a doença engloba manifestações de cinco outras, principalmente LES, esclerodermia, polimiosite, dermatomiosite e artrite reumatóide. EPIDEMIOLOGIA http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/doenca_mista_do_tecido_conectivo.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/esclerose_sistemica.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/esclerose_sistemica.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/dermatopolimiosite.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/fenomeno_de_raynaud.htm Anne Caroline Maltez A prevalência da DMTC não é conhecida, mas estima-se que seja por volta de 10/100.000, sendo mais comum que ES e DM/PM e menos comum que LES. Os estudos acerca da DMTC mostram que a idade de início varia de 4 a 56 anos, com maior prevalência na terceira e quartas décadas de vida. A doença parece ser mais grave nas crianças. A predileção pelo sexo feminino é evidente em uma relação que varia de 9:1 até 24:1 em correlação ao sexo masculino. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A etiologia da DMTC é desconhecida e pouco se sabe sobre sua fisiopatologia. Conhecem-se ou especulam-se suas causas devido a semelhanças com ES, LES e DPM, assim como pelas manifestações articulares semelhantes a doença reumatóide (DRe) em grande parte dos pacientes Com estudos necroscópicos e pesquisas isoladas órgão-específicas, obtiveram-se até agora informações sobre moléculas e células envolvidas na doença, porém nenhuma evidência concreta em relação à fisiopatologia. Os estudos anatomopatológicos dos diferentes tecidos revelam tanto fibrose tecidual como processo inflamatório. QUADRO CLÍNICO Os sintomas típicos da doença mista do tecido conjuntivo são o síndrome de Raynaud (em que os dedos repentinamente tornam-se muito pálidos e ficam dormentes ou apresentam formigamento e coloração azulada em resposta ao frio ou estresse emocional), inflamação articular (artrite), inchaço das mãos, fraqueza muscular, dificuldade para engolir, azia e falta de ar. Essa síndrome pode preceder outros sintomas em muitos anos. Independentemente de como a doença mista do tecido conjuntivo comece, ela tende a piorar e seus sintomas se espalham por várias partes do corpo. Erupções cutâneas Semelhantes ao lúpus podem se desenvolver. Alterações cutâneas semelhantes às da esclerose sistêmica também podem ocorrer, como endurecimento da pele do dedo. Cabelos e pelos podem afinar. Dores nas articulações Quase todos com doença mista do tecido conjuntivo têm dores nas articulações. Cerca de 75% das pessoas desenvolvem inchaço e dor típicos de artrite. A doença mista do tecido conjuntivo danifica as fibras musculares, de modo que os músculos podem ficar fracos e doloridos, especialmente nos ombros e quadris. Tarefas como levantar os braços acima da linha dos ombros, subir escadas e levantar-se de uma cadeira podem se tornar muito difíceis. Pulmõessão afetados em até 75% das pessoas com a doença mista do tecido conjuntivo. Líquido pode se acumular nos pulmões ou ao seu redor. Em algumas pessoas, a função pulmonar anormal é o problema mais grave, causando falta de ar durante o esforço. Doenças pulmonares intersticiais, que afetam o tecido ao redor dos sacos de ar no pulmão (alvéolos), são os problemas pulmonares http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/doenca_reumatoide.htm https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/doen%C3%A7a-arterial-perif%C3%A9rica/s%C3%ADndrome-de-raynaud https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais/vis%C3%A3o-geral-sobre-doen%C3%A7as-pulmonares-intersticiais Anne Caroline Maltez mais comuns. A hipertensão pulmonar, um quadro clínico em que a pressão nas artérias dos pulmões (artérias pulmonares) é anormalmente alta, é uma causa importante de morte. Cardiovascular Ocasionalmente, o coração fica enfraquecido, levando à insuficiência cardíaca. Os sintomas de insuficiência cardíaca podem incluir retenção de líquidos, falta de ar e fadiga. Rins são afetados em cerca de 25% das pessoas e a lesão geralmente é leve em comparação com a causada pelo lúpus. Outros sintomas podem incluir febre, linfonodos inchados e dor abdominal. Pode haver o desenvolvimento da síndrome de Sjögren. Com o passar do tempo, muitas pessoas desenvolvem sintomas que são mais típicos de lúpus ou de esclerose sistêmica. DIAGNÓSTICO -Exames de sangue -Algumas vezes outros testes Os médicos suspeitam de doença mista do tecido conjuntivo quando os sintomas de lúpus, esclerose sistêmica e polimiosite se sobrepõem. Exames de sangue são feitos para detectar anticorpos antinucleares (ANA) e um anticorpo contra a ribonucleoproteína (RNP), que estão presentes na maioria das pessoas com doença mista do tecido conjuntivo. É mais provável que pessoas com níveis elevados desses anticorpos, mas sem outros anticorpos presentes em distúrbios semelhantes, tenham a doença. Embora os resultados dos exames de sangue possam ajudar no diagnóstico da doença, isoladamente eles não são suficientes para confirmar um diagnóstico definitivo de doença mista do tecido conjuntivo, porque, às vezes, as anormalidades que eles detectam estão presentes em pessoas saudáveis ou em pessoas com outros distúrbios. O diagnóstico de doença mista do tecido conjuntivo se baseia em todas as informações reunidas pelo médico, incluindo sintomas, resultados do exame físico e resultados de todos os exames. Para determinar se as pessoas têm hipertensão pulmonar, os médicos fazem um teste de função pulmonar para avaliar os pulmões e um ecocardiograma para avaliar o coração. Se os médicos suspeitam de que outros órgãos foram afetados, eles podem fazer outros exames, como ressonância magnética (RM) ou uma biópsia muscular (remoção de uma parte do tecido muscular para análise e testes), para detectar problemas. GOTA DEFINIÇÃO https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/hipertens%C3%A3o-pulmonar/hipertens%C3%A3o-pulmonar https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca/insufici%C3%AAncia-card%C3%ADaca-ic https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/doen%C3%A7as-autoimunes-do-tecido-conjuntivo/s%C3%ADndrome-de-sj%C3%B6gren https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/doen%C3%A7as-autoimunes-do-tecido-conjuntivo/l%C3%BApus-eritematoso-sist%C3%AAmico-les#v730406_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-%C3%B3sseos,-articulares-e-musculares/doen%C3%A7as-autoimunes-do-tecido-conjuntivo/esclerose-sist%C3%AAmica#v730532_pt https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/diagn%C3%B3stico-de-dist%C3%BArbios-pulmonares/testes-de-fun%C3%A7%C3%A3o-pulmonar-tfp https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-pulmonares-e-das-vias-respirat%C3%B3rias/diagn%C3%B3stico-de-dist%C3%BArbios-pulmonares/testes-de-fun%C3%A7%C3%A3o-pulmonar-tfp https://www.msdmanuals.com/pt/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/diagn%C3%B3stico-de-dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/ecocardiograma-e-outros-procedimentos-de-ultrassom Anne Caroline Maltez A gota é uma artrite inflamatória de origem metabólica que é causada por cristalização dos cristais de urato monossódico mono-hidratado (UMS) nas articulações. Também considerado na definição de gota está o espectro das condições clínicas resultantes da deposição dos cristais de UMS nos tecidos subcutâneos e rins, manifestando-se como depósitos de tofos, celulite inflamatória, nefropatia do urato e cálculos renais. EPIDEMIOLOGIA É a doença articular inflamatória mais comum nos homens e em mulheres idosas. Sua incidência e prevalência estão aumentando a nível mundial. A gota afeta na sua maioria homens (2-7:1), ocorrendo com maior frequência a partir dos 40 anos. Importante salientar que embora a hiperuricemia seja um pré-requisito necessário para o desenvolvimento de gota, apenas 20% de todos os indivíduos hiperuricêmicos desenvolverão gota. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA O desequilíbrio metabólico responsável pela gota é a supersaturação do sangue e dos fluidos orgânicos com o íon urato até o ponto em que a formação de cristais é viável. Em um pH fisiológico e temperatura corporal normal, o urato é considerado supersaturado em concentrações de 6,8 mg/dL ou mais. Assim, de uma perspectiva biológica, a hiperuricemia é caracterizada por nível sérico de urato superior a 6,8 mg/dL nos homens e nas mulheres. Ao contrário da maioria dos mamíferos, o urato é o produto final da degradação oxidativa do metabolismo da purina em humanos e espécies primatas superiores, porque o gene que codifica a enzima uricase (oxidase do urato) tem sido silenciado por mutações. ➔ Metabolismo das Purinas As purinas são compostos que possuem um núcleo de purina de nove membros constituído de anéis de pirimidina e imidazol fundidos. As purinas preenchem as funções essenciais em todas as células vivas, sendo a maior parte dessas funções realizada por derivados de nucleotídeo e nucleosídeo das bases de purina adenina, hipoxantina e guanina. A degradação dos nucleotídeos e nucleosídeos de purina a bases de purina culmina nos precursores-chave de urato: hipoxantina e guanina. Eles são principalmente reusados nas reações de salvamento com PRPP, catalisados pela enzima hipoxantina-guanina fosforibosiltransferase (HPRT). O restante da guanina é deaminado a xantina. A hipoxantina não salva é oxidada a xantina, que se submete a oxidação adicional a urato. A enzima xantina oxidoredutase (XOR) catalisa a conversão tanto da hipoxantina em xantina quanto da xantina em urato. ➔ Fisiologia do Urato O urato existe nos sistemas biológicos em duas formas com solubilidade limitada: Anne Caroline Maltez Em pH fisiológico (7,4), o urato predomina em cerca de 50:1 sobre o ácido úrico não ionizado. A solubilidade do íon de urato é funcionalmente reduzida na alta concentração de sódio dos líquidos extracelulares, de modo que o urato monossódico e o ácido úrico têm solubilidade relativamente baixa nos líquidos biológicos. A carga de urato em geral deriva da síntese endógena, que ocorre principalmente no fígado, com contribuição menor do intestino delgado. O urato liberado das células circula relativamente livre (4%) do ligante de proteína sérica, de modo que todo ou quase todo o urato circulante é filtrado no glomérulo. ➔ Hiperuricemia A hiperuricemia ocorre quando a produção de urato não é balanceada pela excreção renal. Em 90% de todos os pacientes com gota, a causa desse desequilíbrio é a subexcreçãorenal. Os 10% restantes dos casos de gota são causados por superprodução de purina ou uma combinação da superprodução e subexcreção. As causas não genéticas de hiperuricemia incluem outras condições médicas, componentes da dieta e medicações. Esses fatores podem resultar na superprodução ou na diminuição do clearance renal do ácido úrico. De forma semelhante, as causas genéticas da hiperuricemia podem afetar tanto a produção como a eliminação de ácido úrico. Anne Caroline Maltez QUADRO CLÍNICO A gota é com frequência manifestada por articulação ou pé agudamente doloroso e intumescido. Isso, entretanto, é apenas um estágio único na progressão da doença de deposição de urato nos tecidos moles e articulações. A gota típica evolui de um período inicial geralmente prolongado de acúmulo assintomático de cristais de urato monossódico nas articulações e em torno delas para uma fase de episódios agudamente dolorosos, mas autolimitados de monoartrite ou oligoartrite e daí para uma fase final de poliartrite cronicamente dolorosa, deformante e debilitante associada à presença visível de depósitos de cristal de urato monossódico de tecido mole, conhecidos como tofos. A duração de cada estágio da gota varia de uma pessoa para outra dependendo de vários fatores endógenos e exógenos. Desses fatores, o mais importante é o grau de hiperuricemia. DIAGNÓSTICO O padrão-ouro no diagnóstico de gota é a observação de cristais de urato monossódico na microscopia ótica de luz polarizada compensada, em que esses cristais apresentam birrefringência negativa. A amostra deve ser, de preferência, coletada de articulações afetadas recentemente, bem como de articulações anteriormente afetadas. Entretanto, frente a uma apresentação clínica típica, o diagnóstico clínico é razoavelmente preciso e aceitável na ausência de microscopia disponível ou de reumatologistas. Esse diagnóstico, porém, não é definitivo. Após a comprovação da presença de cristais de UM no ambiente articular, é preciso quantificar essa deposição, bem como sua extensão e o dano estrutural induzido. Além da anamnese e do exame físico, recursos de imagem, como radiografias, ultrassonografia e tomografia computadorizada de dupla emissão, podem ser úteis para avaliar a fase crônica da doença e os danos acarretados. Diagnósticos diferenciais devem ser considerados, em especial na gota de apresentação oligoarticular e poliarticular, que podem mimetizar diversas doenças, tais como artrite reumatoide e espondiloartropatias. Na forma monoarticular, a artrite séptica sempre deve ser descartada.
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