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DDooeennççaass ddoo eessttôômmaaggoo @mayaravnutri O ESTÔMAGO: FUNÇÕES DO ESTÔMAGO: Misturar saliva, alimento e suco gástrico para formar o quimo Secreção do suco gástrico, formado pelo ácido clorídrico (HCl – antibacteriano e agente desnaturante das proteínas), pepsina (inicia a digestão de proteínas), lípase gástrica (início da digestão de gorduras) e fator intrínseco (secretado pelas células parietais do corpo do estômago e importante para a absorção de vitamina B12, pois forma um complexo, garantindo a absorção no íleo terminal) Reservatório para o alimento antes de liberá- lo para o intestino delgado e continuar a digestão FASES DA SECREÇÃO GÁSTRICA: 1. Cefálica: estímulo através dos sentidos, principalmente visão e olfato, que estimulam e aumentam a produção de ácido gástrico 2. Gástrica: ocorre através da ação da gastrina liberada pelo estômago que estimula as células para produzirem o ácido gástrico 3. Intestinal: secretina liberada estimula a secreção de bicarbonato de sódio junto com a secreção pancreática de enzimas, quando o quimo chega ao intestino delgado, com o objetivo de neutralizar o pH ácido e permitir que as enzimas pancreáticas atuem no seu pH ótimo (alcalino). SECREÇÃO ESTOMACAL – COMPOSIÇÃO: Muco: barreira protetora contra a acidez Ácido clorídrico: auxilia no processo digestivo. É o ativador das enzimas Pepsina: enzima proteolítica que atua em pH ótimo de 1,2 a 2,5. Hidrolisa 10 a 15% das proteínas em peptídeos e aminoácidos Lipase gástrica: enzima lipolítica, que atua em pH ótimo de 4 a 5,5. Hidrolisa de 20 a 30% dos triglicerídeos. ESVAZIAMENTO GÁSTRICO: Ocorre através dos movimentos de contração e relaxamento da musculatura gástrica, que promovem trituração, digestão e propulsão do bolo alimentar. Fatores que influenciam na velocidade de esvaziamento: Consistência do alimento o Importância da mastigação (quanto mais bem mastigado mais rápido o esvaziamento) Densidade calórica (quanto mais gordura, mais tempo será necessário) Osmolaridade pH dos alimento: álcalis/neutros > ácidos Dispepsia: corresponde a qualquer desconforto que o indivíduo tenha como consequência de alguma desordem no trato gastrintestinal. Comumente associada a desconforto após as refeições (pós-prandial). Geralmente ocorre em associação com distúrbios psicossomáticos (quando uma interferência psíquica, como estresse, síndrome de esgotamento profissional, depressão, se expressa em problemas ou doenças físicas) A causa da dispepsia deve ser determinada antes de estabelecer a conduta dietoterápica. CAUSAS: Deglutição de ar junto com os alimentos (falar enquanto come) Ingestão de líquidos ou presença de bicarbonato de sódio nos alimentos/líquidos Mayara Vianna Ingestão rápida de alimentos Mastigação insuficiente ou inadequada Tensão, transtornos emocionais, estresse CLASSIFICAÇÃO: Pós-prandial precoce: logo após o final da refeição, ou até mesmo antes de finalizar. Pós-prandial tardia: depois de 1 ou 2h após a refeição. SINTOMATOLOGIA: Sensação de plenitude gástrica Náuseas/vômitos Eructações e regurgitação ácida Pirose Dor/mal estar na região epigástrica TRATAMENTO: Ajustes na alimentação (evitar alimentos gordurosos, condimentados, frituras, gaseificados) Antiespasmósdico Procinéticos Antiácidos e antiflatulentos, como hidróxido de alumínio ou magnésio e dimeticona. Gastrite: inflamação da mucosa gástrica, que pode ser causada por medicamentos (AAS, AINEs – aspirina), estresse, alimentação, infecção por Helicobacter pylori (H. pylori). CLASSIFAÇÃO: Aguda: início súbito e, algumas vezes, fulminante. Associada a infecções, medicamentos, estresse, alimentação (contaminada ou muito gordurosa) Crônica: inflamação persistente e recorrente, muitas vezes assintomática, mas que pode agudizar. Maior parte é consequência da H. pylori. Emocional: dispepsia funcional. Pode provocar os mesmos sintomas, porém sem apresentar sinais patológicos na mucosa. Necessária a abordagem psicológica, pois o estresse, ansiedade ou frustração pode ser gatilho Autoimune. A H. pylori está presente em 70-90% das úlceras. É uma bactéria Gram-negativa capaz de aderir ao epitélio da mucosa, e contribui para a alteração no equilíbrio entre os fatores agressores e protetores da mucosa, devido a sua ação mucolítica, que causa desequilíbrio de íons hidrogênio. Como é sensível a mudanças no pH, quando gera a lesão no epitélio, migra para regiões ainda íntegras. CAUSAS: H. pylori – precursor do tumor gástrico Medicamentos (AAS e anti-inflamatórios) Estresse Álcool e tabagismo GASTRITE AGUDA: Inflamação repentina e às vezes violenta da mucosa gástrica. SINTOMALOGIA: Pressão e empachamento epigástrico Náuseas e vômitos Hematêmese ocasional (vômitos com sangue) Mal estar, calafrios, cefaleia Dor epigástrica com queimação Diarreia e dor tipo cólica Edema e hiperemia da mucosa gástrica CLASSIFICAÇÃO: Simples ou exógena (causada por estresse, álcool, anorexia – muito tempo sem comer): o Ao ficar muito tempo sem se alimentar, o suco gástrico fica mais Mayara Vianna tempo em contato com a mucosa, aumentando o risco de lesão o Tratamento: - dieta via oral ZERO até o desaparecimentos dos sintomas agudos de dor, náuseas e vômitos - tratar as infecções específicas, - corrigir os distúrbios eletrolíticos - sedativos e tranquilizantes, se preciso - antiácido, se necessário - antiespasmódico, no caso de cólica Corrosiva (causada por substâncias ácidas ou alcalinas): acompanhada de esofagite aguda corrosiva. No caso de corrosão grave, deve-se evitar as lavagens gástricas pelo risco de perfuração: o Tratamento: - manutenção: aspiração gástrica, hidratação venosa, analgésico, sedativos, antiácidos, junto com dieta via oral zero. Tóxica (causada por uso de drogas à base de salicilatos, barbitúricos, etc) GASTRITE CRÔNICA: inflamação difusa ou parcial da mucosa gástrica. O antro é o local primariamente atingido. Pode levar a atrofia crônica e progressiva da mucosa. Possui etiologia desconhecida. Deve-se ter atenção para o risco de deficiência de vitamina B12, que pode causar anemia perniciosa (já que a lesão pode causar deficiência do fator intrínseco, importante para a absorção da vitamina). Redução do fator intrínseco: Gastrectomia parcial – pode haver deficiência, devido a ressecção significativa do corpo (monitoramento) Gastrectomia total – ausência de secreção (suplementação endovenosa de B12 mensalmente) A reserva hepática de B12 impede a deficiência por 3 a 6 anos após a ressecção. TERAPIA NUTRICIONAL: - Recuperar e proteger a mucosa gástrica - Facilitar o processo digestivo (mastigar bem, fazer intervalos regulares, não beber líquidos durante as refeições) - Contribuir para o alívio dos sintomas (evitar condimentos, evitar álcool, café, refrigerante – estimulantes e distensores – pimenta, por conta da capsaicina e mostarda) - Adequar o estado nutricional (calorias e nutrientes adequados para o paciente) - Refeições com volumes menores e mais frequentes, intercaladas com terapia antiácida. Frutas ácidas não são contraindicadas, pois o pH estomacal é mais ácido do que qualquer uma delas. Deve-se avaliar e considerar a tolerância de cada paciente. PRESCRIÇÃO DIETOTERÁPICA: VET: de acordo com o estado nutricional CHO: normoglicídica (50-60%) PTN: normoproteica (10-15%) LIP: normolipídica (25-30%) Micronutrientes: de acordo com as DRIs Fibras: normo a hiper – efeito tampão Líquidos: aumentados – diluição ácida Úlcera péptica: lesãocorrosiva da mucosa esofágica (1/3 inferior, quando possui mucosa gástrica ectópica ou na presença do refluxo gastroesofágico), gástrica ou intestinal, deixando- a em contato com a secreção gástrica. Caracterizada pelo aumento da pepsina e ácido clorídrico. Também ocorre devido ao desequilíbrio entre fatores agressores e protetores da mucosa, e pode ser uma progressão da gastrite. Mayara Vianna O aumento da pepsina e do ácido clorídrico aumenta a lesão da mucosa, que vai ficando mais interna, podendo causar rompimento e perfuração do epitélio, poder levar ao extravasamento para peritônio. Possui etiologia desconhecida, porém decorre do desequilíbrio dos fatores protetores, e também relacionada a presença da H. pylori. Pode ser secundária a hipersecreção ácida, decorrente de ingestão de anti-inflamatórios e de dieta pobre em fibras. Complicações: perfuração, hemorragia digestiva alta, infecção, obstrução ou estenose. FATORES PROTETORES DA MUCOSA DO ESTÔMAGO: muco secretado pelas glândulas entre a região inferior do esôfago e parte superior do duodeno, barreira mucosa. FATORES AGRESSORES DA MUCOSA INTESTINAL: bicarbonato de sódio secretado junto com a secreção pancreática, que neutraliza a acidez do ácido gástrico. CLASSIFICAÇÃO: Simples Perfurante MITO: beber leite para aliviar a queimação. Oferece melhoria imediata, porém, posteriormente causa efeito rebote. DIETOTERAPIA: Minimizar a sintomatologia e adequar o estado nutricional do paciente Basear a alimentação no princípio do repouso fisiológico do estômago, evitando a distensão abdominal Deve haver anamnese individual detalhada, que vai determinar os alimentos que causam desconforto Evitar ou diminuir os efeitos colaterais do medicamento em uso e as interações negativas com os nutrientes Restrição de álcool, fumo e cafeína, pois podem retardar a cicatrização Evitar mostarda, pimenta do reino, noz- moscada, páprica, cravo da Índia PRESCRIÇÃO DIETOTERÁPICA: VET: de acordo com o estado nutricional CHO: normoglicídica PTN: normo a hiperproteica (1,2g/kg na fase aguda e 1,5g/kg na fase crônica, objetivando a cicatrização) LIP: normolipídica com seleção de fontes Micronutrientes: de acordo com as DRIs (atentar para interações com fármacos e adequação de vitamina B12, vitamina C, ferro e cálcio) Fibras: normofibrínica Líquidos: normal a aumentados – diluição ácida Consistência: adequada a tolerância do paciente (fase aguda: líquida a pastosa e fase de recuperação: branda a normal) Volume: reduzido Fracionamento: aumentado na fase aguda e normal na recuperação (intervalo de 3 em 3h) Temperatura: sem extremos Câncer gástrico: adenocarcinoma gástrico. Frequentemente contribui para perda de peso ponderal, dor abdominal, diarreia, anorexia e fraqueza. TRATAMENTO: Ressecção endoscópica da mucosa: estágio inicial, onde a chance de disseminação para linfonodos é pequena Gastrectomia parcial (tumor de antro) Gastrectomia total (tumor de corpo, fundo e cárdia) Radioterapia/quimioterapia no pós- operatório com doença residual Metástase: tratamento paliativo (alimentação via jejunostomia que garante o aporte hídrico e nutricional adequado) Mayara Vianna COMPLICAÇÕES PÓS-GASTRECTOMIA: Desnutrição, diminuição da capacidade gástrica, saciedade precoce, perda de peso, podendo levar a anemia ferropriva. Complicações precoces: o Síndrome do esvaziamento gástrico o Síndrome de Dumping. Complicações tardias: o Diarreia/esteatorreia (devido a digestão ineficiente de gorduras) o Distensão abdominal (devido a chegada rápida de carboidratos no intestino) o Câimbras o Emagrecimento o Gastrite por refluxo alcalino e esofagite o Hipoglicemia (devido a rápida entrada de glicose no sangue, com aumento de insulina) o Má absorção (devido a insuficiência pancreática e digestão) o Anemia (ferro é desviado do duodeno onde ocorre 50% da absorção) o Intolerância a lactose PRESCRIÇÃO DIETOTERÁPICA: VET: hipercalórico CHO: normoglicídica PTN: hiperproteica (recuperação do pós- operatório e catabolismo da doença) LIP: normolipídica (no caso de esteatorreia, pode usar o TCM, que tem absorção direta) Micronutrientes: suplementados via medicamentosa (ter atenção às vitaminas lipossolúveis, por conta da esteatorreia) Fibras: hipofibrínica (garantir saciedade e retardar o esvaziamento) Líquidos: normal (fora das refeições) Consistência: adequada a tolerância do paciente Fracionamento: aumentado com volume reduzido Temperatura: sem extremos SÍNDROME DE DUMPING: Acontece quando 2/3 do estômago é retirado ou no caso de retirada do nervo vago (vagotomia), causando a passagem rápida do bolo alimentar para o intestino. SINTOMATOLOGIA: Esvaziamento rápido Diarreia (devido a incapacidade de lidar com o volume do bolo alimentar) Dor abdominal (pode causar distensão abdominal pelo grande volume alimentar no intestino) Sonolência Hipoglicemia (sudorese, palpitações, fraqueza, queda da pressão), devido ao influxo súbito de sangue para o intestino e a absorção aumentada de glicose por conta do esvaziamento gástrico rápido, que aumenta a secreção de insulina além da quantidade necessária. ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS: Mastigação excessiva, para fazer a trituração e emulsificação adequadas Ingestão de refeições com volume reduzido, evitando alimentos que o paciente relata que sente desconforto ou intolerância Evitar líquidos durante as refeições Mayara Vianna Fazer repouso de 1h após as refeições Uso de TCM em caso de esteatorreia Evitar açúcar simples, para evitar grande carga de açúcar direto no intestino Cuidado com a reintrodução da dieta (deve ser controlado e progressivo).
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