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Infecções na Gestação Infecção: colonização de um organismo hospedeiro por uma espécie estranha. Numa infecção, o organismo infectante procura utilizar os recursos do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos para o hospedeiro). O organismo infectante, ou patogênico, interfere na fisiologia normal do hospedeiro e pode levar a diversas consequências. Funções imunológicas na gravidez: supressão de diversas funções imunológicas para que o organismo materno possa tolerar a presença do tecido fetal. - Linfócito T Imunologia materna e infantil: - Resposta primária fetal à gestação: IgM - Imunidade passiva: IgG transmitida ao feto através da placenta Infecção vertical: passagem de um agente infeccioso da mãe para o feto - Na gestação - No trabalho de parto ou parto - Pela amamentação Efeitos da infecção congênita: - Abortamento - Malformações fetais - Infecção neonatal - Doença aguda após o nascimento - Infecção assintomática com sequelas tardias Acompanhamento pré-natal - Sorologias - Exames de urina I e urocultura Rastreamento e tratamento precoce PRINCIPAIS INFECÇÕES MATERNAS E NEONATAIS: Sífilis, Hepatite B, Toxoplasmose, HIV, Infecções urinárias, etc SÍFILIS Agente causador: Treponema pallidum Transmissão: predominantemente sexual → No Brasil apresentou alta constatada de 1047% entre 2005 e 2013 e aumento no número de notificações de sífilis congênita de 135% Transmissão vertical HIV x Sífilis É bem infrequente uma gestante apresentar doença clínica, já que as lesões de fase primária, o cancro ocorrem em canal vaginal ou colo de útero e passam despercebidas; entretanto, em qualquer gestante que refira lesão ulcerada em região genital, atual ou prévia, sífilis deve sempre ser considerada → rastreamento. A maioria das gestantes atendidas em pré-natal e diagnosticadas com sífilis se apresenta assintomática e sem história prévia de infecção ou tratamento, sendo, então, diagnosticadas na fase latente indeterminada da doença. Quanto mais recente for a infecção materna, maior a carga de treponemas circulantes e mais grave e frequente será o comprometimento fetal. O risco de transmissão vertical é muito elevado na doença sintomática (fases primária e secundária) variando de 90 a 100%. Comprometimento fetal: pode ocorrer em 70% a 100% dos casos. As repercussões da sífilis na gestação incluem graves efeitos adversos para o concepto, desde abortos, óbitos fetais e neonatais até recém-nascidos vivos com sequelas diversas da doença, que poderão se manifestar até os 2 anos de vida. O nascimento de crianças assintomáticas é o quadro mais comum. Mais de 70% das crianças infectadas são assintomáticas ao nascimento, sendo de fundamental importância o rastreamento na gestante. Rastreamento no pré-natal Testes para o diagnóstico - TESTES TREPONÊMICOS São testes que detectam anticorpos contra antígenos do Treponema pallidum. Estes testes são qualitativos. Eles definem a presença ou ausência de anticorpos na amostra - TESTES NÃO TREPONÊMICOS (VDRL) São testes que detectam anticorpos não treponêmicos, anteriormente denominados anticardiolipínicos, reagínicos ou lipoídicos. Esses anticorpos não são específicos para Treponema pallidum, porém estão presentes na sífilis. Qualitativos – rotineiramente utilizados como testes de triagem para determinar se uma amostra é reagente ou não; Quantitativos – são utilizados para determinar o título dos anticorpos presentes nas amostras que tiveram resultado reagente no teste qualitativo e para o monitoramento da resposta ao tratamento. O título é indicado pela última diluição da amostra que ainda apresenta reatividade ou floculação visível. O tratamento deve ser realizado com a utilização de penicilina, já que não existe evidência de que nenhuma outra droga consiga tratar adequadamente o feto intra-útero. As doses de penicilina recomendadas são definidas a partir do diagnóstico de infecção recente ou tardia. Nas situações de doença nas fases primária e secundária, a dose recomendada de penicilina benzatina é de 2.400.000UI divididas em duas injeções em cada um dos glúteos. A maioria das gestantes, entretanto, se encontra assintomática e sem referir história prévia de tratamento ou conhecimento da infecção. Nessa situação, o diagnóstico é de fase latente indeterminada, devendo ser tratada com 7.200.000UI, divididas em 3 aplicações semanais de 2.400.000UI. A eficácia da penicilina em prevenir ou tratar a infecção fetal é bastante elevada. O parceiro sexual deverá ser sempre convocado pelo serviço de saúde para orientação, avaliação clínica, coleta de sorologia e tratamento. HEPATITE B Agente causador: vírus da Hepatite B (VHB) Transmissão: sexual, transfusões sanguíneas, contato com sangue contaminado e transmissão vertical 70 a 90% dos recém-nascidos filhos de mãe portadora do VHB e contaminados desenvolvem a forma crônica da doença Estes podem, no futuro, apresentar suas complicações (cirrose e carcinoma hepatocelular) Rastreamento na gravidez: sorologia para hepatite B (HBsAg) , anti-HbS Mãe portadora: RN deve receber imunoglobulina até 12 horas de vida, pode ser amamentado Vacinação do recém-nascido: obrigatória (0, 2, 4, 6). TOXOPLASMOSE Agente causador: toxoplasma gondii Transmissão: ingestão de cistos do toxoplasma Consequências da infecção aguda materna: RCIU, morte fetal, prematuridade e/ou toxoplasmose congênita: surdez, cegueira e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Em grande parte das crianças afetadas as sequelas são tardias, sendo a mais comum retinocoroidite que acomete até 70% dos infectados. Prevenção primária: - Lavar bem as mãos, superfícies e utensílios utilizados após manusear a carne crua Lavar bem frutas, legumes e verduras antes de se alimentar. - Usar luvas e lavar bem as mãos após contato com o solo e terra de jardim. - Não consumir leite e seus derivados crus, não pasteurizados, seja de vaca ou de cabra. Rastreamento na gravidez: sorologia Gestantes suscetíveis (IgG negativo): medidas preventivas – repetir exame no 2º e 3º trimestres – teste de avidez do IgG. Soroconversão: pode ser assintomática Tratamento: espiramicina 500mg (1.500.000 UI) 2 comprimidos a cada 8 horas. O uso da Espiramicina em gestantes no quadro agudo de toxoplasmose pode reduzir em até 50% a transmissão vertical. HIV Agente causador: vírus da imunodeficiência humana. Transmissão: sexual, transfusão sanguínea, contato com sangue. Rastreamento: sorologia (ELISA) – 1ª consulta e entre 28ª e 30ª semana – teste rápido na admissão na maternidade. Encaminhamento para unidade de referência. Terapia antirretroviral. ITU Complicação clínica mais frequente da gravidez De 2% a 10% das gestantes apresentam bacteriúria assintomática 25 a 35% desenvolvem pielonefrite aguda Agentes causadores: Escherichia coli (80 a 90% das infecções); outros gram-negativos: Klebsiella, Enterobacter e Proteus, enterococo e do estreptococo do grupo B. Medidas preventivas: durante a gestação toda mulher deve ser orientada a ingerir líquidos e a não protelar a micção. OUTRAS INFECÇÕES - Citomegalovírus (CMV) - Hepatite C - Úlcera genital (sífilis primária, cancro mole, herpes genital) - Corrimento vaginal (candidíase, tricomoníase, vaginose bacteriana) - Corrimento uretral (clamídia, gonorreia) - Condiloma acuminado (vírus do papiloma humano – HPV) - Parasitoses intestinais Exame PPF (protoparasitológico de fezes) Alta incidência de helmintíases e protozooses no Brasil Transmissão a partir de fezes humanas disseminadas no meio ambiente (condições precárias de higiene, habitação, alimentação e saneamento básico) - Helmintíases mais comuns são: ancilostomíase, ascaridíase, enterobíase, estrongiloidíase, himenolepíase, teníase e tricuríase. - Amebíase, giardíase Tratamento: preferencialmente logo após a 16ª semana. IMUNIZAÇÃO NA GRAVIDEZ Não administrar na gestação: vacina de vírus vivo ou atenuado (tríplice viral - sarampo, caxumba e rubéola). Administrar na gestação: vacina contra hepatite B e dupla adulto (tétano e difteria), gripe A (H1N1). Importância do rastreamentopré-natal: - Orientação, medidas preventivas - Tratamento precoce - Seguimento da mãe e do RN no período pós parto.
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