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Material de prática Penal 2017

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MANUAL DE 
PRÁTICA PENAL I 
MATERIAL SISTEMATIZADO 
 
 Conteúdo – Revisado 
 
PROFESSOR ANDERSON PINHEIRO DA 
COSTA 
09/02/2016 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR – MANUAL DE PRÁTICA PENAL I 
 
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2016 
 
I – COMPETENCIA E JURISDIÇÃO PENAL 
 
1 - JURISDIÇÃO 
 
Inicialmente, cabe consignar o sentido da palavra “Jurisdição”. A mesma vem 
do latim, “jurisdictio”, e significa prerrogativa de dizer o direito, decidir. 
 
Além disso, podemos dizer que a jurisdição é: 
Uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos 
interesses em conflito para, imparcialmente, buscar a pacificação do conflito 
que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da 
vontade do direito objetivo que rege o caso apresentando em concreto para ser 
solucionado; e o Estado desempenha essa função sempre mediante o processo, 
seja expressando imperativamente o preceito (através de uma sentença de 
mérito), seja realizando no mundo das coisas o que o preceito estabelece 
(através da execução forçada)1. 
 
Pode-se concluir pelo exposto, que jurisdição é o poder-dever do Estado de 
solucionar, através do processo, os conflitos de interesses (lides) que são trazidos à sua 
apreciação, isto é, o Estado tem por objetivo agir em prol da segurança jurídica e da ordem 
para que haja paz na sociedade. 
 
Cabe ressaltar que a jurisdição é una, uma só, porque tem por objetivo a 
aplicação do direito objetivo privado ou público. Contudo, se a pretensão de alguém é a 
aplicação de norma de Direito Penal, ou de Direito Processual Penal, a jurisdição 
será penal, se a finalidade é a aplicação de norma jurídica extrapenal, a jurisdição foge 
desta esfera. 
 
Em síntese, nota-se que jurisdição penal é o poder de solucionar o conflito 
entre os direitos relacionados à liberdade do indivíduo e a pretensão punitiva. 
1.1 Princípios da Jurisdição 
 
Convém ressaltar que a atividade jurisdicional é regida por certos princípios 
fundamentais, quais sejam: 
 
O Princípio do juiz natural diz que “ninguém será processado nem 
sentenciado senão pela autoridade competente (art.5º, LIII, da CF)”. Ademais, este 
princípio garante a proibição do juízo ou tribunal de exceção (art. 5º, XXXVII, CF). 
 
Em decorrência do Princípio do devido processo legal (dueprocessoflaw) 
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal 
(art.5º, LIV, CF)”. 
 
Consoante o Princípio da investidura, “a jurisdição só pode ser exercida por 
quem tenha sido regularmente investido no cargo e esteja em exercício”. 
 
1CINTRA, Antônio Carlos de A.; GRINOVER, Ada Pellegrini; DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do 
processo. São Paulo: Malheiros editores, 2008. p. 147. 
 
 
 
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Já o Princípio da indeclinabilidade da prestação jurisdicional diz que nenhum 
juiz poderá subtrair-se do exercício da função jurisdicional. Outrossim, este princípio 
determina que o legislador não poderá produzir leis que restrinjam o acesso ao Poder 
Judiciário (art.5º,XXXV, CF). 
 
Pelo Princípio da improrrogabilidade, o juiz não poderá invadir nem ter sua 
competência invadida por outro juízo. 
 
Conforme o Princípio da indelegabilidade, o juiz não poderá delegar sua 
jurisdição a outro órgão, exceto nos casos taxativamente permitidos, como ocorre, por 
exemplo, nas cartas precatórias. 
 
Já o Princípio da inevitabilidade ou irrecusabilidade, determina que as partes 
não poderão recusar o juiz que o Estado designou, salvo nos casos de incompetência, 
impedimento e suspeição. 
 
De acordo com o Princípio da inércia ou da 
titularidade (neprocedatjudexexofficio) “a função jurisdicional só pode atuar mediante 
provocação das partes, não sendo lícito ao juiz instaurar ações penais de ofício, sob pena 
de não estar agindo com a necessária imparcialidade”. 
 
Segundo o Princípio da correlação ou da relatividade “ou da congruência da 
condenação com a imputação ou ainda da correspondência entre o objeto da ação e o 
objeto da sentença”, o réu não poderá ser condenado sem, previamente, ter ciência dos 
fatos criminosos que lhe são imputados pela acusação. Ademais, sob o mesmo ponto de 
vista, Mirabete diz que: 
não pode haver julgamento extra ou ultra petita (ne procedatjudex ultra 
petitum et extra petitum). A acusação determina a amplitude e conteúdo da 
prestação jurisdicional, pelo que o juiz criminal não pode decidir além e fora 
do pedido em que o órgão da acusação deduz a pretensão punitiva. Os fatos 
descritos na denúncia ou queixa delimitam o campo de atuação do poder 
jurisdicional2. 
 
Por fim, o Princípio da unidade e identidade da jurisdição, ou seja, a 
jurisdição é única em si e em seus fins, diferenciando-se somente no julgamento de ações 
penais ou cíveis. 
 
2 - COMPETÊNCIA 
 
É importante salientar que o poder jurisdicional é privativo do ESTADO-
JUIZ. Entretanto, em face de uma expansão territorial, de determinadas pessoas (ratione 
personae) e de determinas matérias (ratione materiae), o exercício desse poder de aplicar 
o direito (abstrato) ao caso concreto sofre limitações, nascendo daí a noção de 
competência jurisdicional. Pode-se, pois, conceituar a competência como sendo o âmbito, 
legislativamente delimitado, dentro no qual o órgão exerce seu Poder Jurisdicional. 
 
2MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 18. ed. São Paulo: Atlas, 2008. p.153 
 
 
 
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2.1 Competência pelo lugar da infração 
 
A competência pelo lugar da infração (competência ratione loci), via de regra, 
é determinada pelo lugar em que se consumar o delito, ou, no caso de tentativa, pelo lugar 
em que for praticado o último ato de execução. 
 
Convém ressaltar que: 
A competência pelo lugar da infração, também chamada de competência de 
foro ou territorial, determina qual será a comarca competente para o 
julgamento do fato criminoso. Esse critério é o mais utilizado porque inibe a 
conduta de todas as pessoas que vivem no local e tomaram conhecimento do 
fato e, além disso, possibilita maior agilidade à colheita de provas sem que seja 
necessária a expedição de cartas precatórias para oitiva de testemunha, 
realização de perícias, etc3. 
 
Para melhor esclarecimento podemos citar como exemplo o entendimento do 
STF e do STJ em relação à emissão de cheques sem fundos, ou seja, nesse caso será 
competente o juízo do local onde ocorreu a recusa do pagamento pelo banco. 
 
Imperioso consignar que a regra da competência pelo lugar da infração foi 
adotada pelo código de processo penal em seu art. 70 e pela lei 9099 em seu art. 63. 
 
2.1.2 Competência pelo domicílio ou residência do réu 
 
A competência pelo domicílio ou residência do réu, também chamada de foro 
subsidiário, está disposta no artigo 72 do CPP, o qual determina que; “não sendo 
conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência 
do réu”. 
 
É válido frisar um exemplo, bem ilustrativo, abordado por Tourinho Filho, 
que diz: 
Suponha-se que um cadáver apareça boiando nas águas do Tietê, na comarca 
de Bariri. Foi ele arrastado pela correnteza. Constatou-se ter havido homicídio. 
Das investigações levadas a cabo, descobriu-se quem foi o criminoso. Este não 
soube explicar o local do crime. Disse apenas que ocorrera bem distante. Nessa 
hipótese, o processo deve tramitar pelo foro do domicílio ou residência do 
réu4. 
 
Ressalta-se, ainda, que excepcionalmente, nos casos de ação penal privada 
exclusiva, o autor poderá escolher o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda 
 
3SANTOS, VauledirRibeiro; NETO, Arthur da Motta Trigueiros. Como se preparar para o exame de Ordem, 1ª fase: 
Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 65. 
4TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. 30. ed. revista e atualizada.São Paulo: Saraiva, 2008. 2 v., 
p. 116. 
 
 
 
 
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quando conhecido o lugar da infração. É o chamadoforo alternativo, que não se aplica ao 
caso de ação penal privada subsidiária. 
2.1.3 Competência pela natureza da infração 
 
Uma vez fixada a competência pelo lugar da infração ou pelo domicílio ou 
residência do réu (art.69, I eII, do CPP), será necessário fixar a justiça competente em 
razão da natureza da infração (ratione materiae), melhor ainda, em razão da matéria. 
 
Oportuno se torna dizer que: 
a jurisdição (justiça) pode ser Especial, que se divide em Justiça Militar e 
Justiça Eleitoral ; e Comum, que se divide em Justiça Federal e Justiça 
Estadual. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de 
organização judiciária (federal ou estadual), salvo a competência privativa do 
Tribunal do Júri, cuja competência é atribuída pela Constituição Federal5. 
 
O Tribunal do Júri tem a competência para julgar os crimes dolosos contra a 
vida, tais como o homicídio doloso, o infanticídio, previstos nos arts. 121 e 123 do 
CP. Estando elencada sua competência no art. 74, §1°, do Código de Processo 
Penal. (conferir). 
 
Em relação à jurisdição especial, a Constituição Federal determina que 
compete à Justiça Eleitoral (art.121 da CF), julgar os crimes eleitorais e os seus conexos. 
A Constituição Federal também prevê a competência da Justiça Militar (art.124 da CF), 
qual seja, processar e julgar os crimes militares previstos em lei. 
 
Além do mais, a Constituição Federal também prevê a competência da 
jurisdição comum (federal ou estadual), por exemplo, compete à Justiça Federal 
processar e julgar os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a 
competência da Justiça Militar (art.109,IX,da CF). 
 
Finalmente, a Justiça Comum Estadual tem a competência residual. Em outras 
palavras, é competência da Justiça Estadual tudo o que não for de competência das 
jurisdições federal e especial. 
 
2.1.4 Competência por prevenção e distribuição 
 
Através da distribuição (art. 69, IV, do CPP), haverá a fixação da competência 
do juízo quando houver mais de um juiz igualmente competente em uma mesma 
circunscrição judiciária. 
2.1.5 Competência por conexão ou continência 
 
Há conexão (art.69, V, do CPP) quando duas ou mais infrações estão ligadas 
por um liame, sendo que estes crimes devem ser julgados em um só processo em virtude 
da existência desse nexo. 
 
5 SANTOS, Vauledir Ribeiro; NETO, Arthur da Motta Trigueiros. Como se preparar para o exame de Ordem, 1ª fase: 
Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 67. 
 
 
 
 
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Além disso, “há continência quando uma coisa está contida em outra, não 
sendo possível a separação. No processo penal a continência é também uma forma de 
modificação da competência e não de fixação dela”. Ademais, ocorrerá a continência 
quando duas ou mais pessoas são acusadas pelo mesmo crime, ou se o comportamento do 
indivíduo configurar concurso formal, aberratio criminis (resultado diverso daquele 
pretendido) com duplo resultado e aberratio ictus (erro na execução). 
 
Diante do exposto, nota-se que a continência e a conexão são critérios de 
prorrogação de competência e não de fixação. Outrossim, a existência de continência e 
conexão ocasionará a reunião de processos e prorrogação da competência. Todavia, 
segundo a Súmula 235 do STJ “a conexão não determina a reunião dos processos, se um 
deles já foi julgado”. 
2.1.6 Competência por prerrogativa de função 
 
Cumpre-nos assinalar que a competência por prerrogativa de função (art. 
69, VII, do CPP) ou competência ratione personae (em razão da pessoa) é determinada 
pela função da pessoa, ou melhor, é garantia inerente ao cargo ou função. Ademais, a 
prerrogativa surge da relevância do desempenho do cargo pela pessoa e devido a isso, não 
pode ser confundida com o privilégio, uma vez que este constitui um benefício concedido 
à pessoa. 
 
Convém enfatizar que a competência pela prerrogativa de função referente, 
por exemplo, ao Supremo Tribunal Federal, está prevista na Constituição Federal. 
Vejamos: 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da constituição, cabendo-lhe: 
I – processar e julgar, originariamente: 
(...) 
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- 
Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios 
Ministros e o Procurador-Geral da República; 
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os 
Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica, ressalvado o disposto no artigo 52, I, os membros dos 
Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de 
missão diplomática de caráter permanente; (...) 
 
Observe que o cargo/função ocupado pela pessoa é o delimitador do foro 
competente para julgá-lo, nos casos excepcionais previstos em lei. 
2.1.7 Modificações de competência 
 
Pela modificação de competência podemos entender que há regras sobre 
competência material e funcional, que por sua vez poderão ser modificadas nas hipóteses 
de prorrogação de foro, delegação (interna ou externa) e desaforamento. 
 
A prorrogação da competência é: 
a possibilidade de substituição da competência de um juízo por outro, podendo 
ser necessária ou voluntária; a necessária decorre das hipóteses de conexão (é 
o nexo, a dependência recíproca que as coisas e os fatos guardam entre si) e 
continência (como o próprio nome já diz é quando uma causa está contida na 
 
 
 
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outra, não sendo possível a cisão); e a voluntária ocorre nos casos de 
incompetência territorial quando não oposta a exceção no momento oportuno 
(caso em que ocorre a preclusão), ou nos casos de foro alternativo6. 
 
A delegação é o ato pelo qual um juiz transfere para o outro a atribuição 
jurisdicional que é sua. Essa delegação pode ocorrer de duas formas, interna ou externa. 
A delegação interna ocorre nos casos de juízes substitutos e juízes auxiliares do titular do 
Juízo, melhor ainda, é quando um juiz cede a outro a competência para praticar atos no 
processo, inclusive decisórios, cabe entendermos que neste caso não há uma modificação 
de competência, mas sim de atribuições. Já a delegação externa é utilizada nos casos em 
que os atos são praticados em juízos diferentes, isto é, quando há o uso das cartas 
precatórias, rogatórias e de ordem. 
 
O desaforamento nada mais é do que o instituto privativo dos crimes de 
competência do Tribunal do Júri. Nos casos em que houver necessidade desse instituto, o 
pedido poderá ser proposto pela acusação (MP ou querelante, em casos de ação privada 
subsidiária), por representação do juiz, pelo assistente de acusação ou a requerimento do 
acusado e será endereçado ao Tribunal de Justiça. Neste sentido, a Súmula 712 do STF 
diz que “é nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do 
júri sem audiência da defesa”. 
 
2.1.8 Competência absoluta e relativa 
 
Chama-se competência absoluta, visto que as competências em razão da 
matéria e a por prerrogativa de função, tem conteúdo de interesse público e, por isso, não 
podem ser prorrogadas e nem modificadas pelas partes e o seu reconhecimento, que pode 
ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição, gera nulidade absoluta do processo.Para entendermos competência relativa, é indispensável uma breve análise da 
Súmula 706 do STF que diz; “é relativa a nulidade decorrente da inobservância da 
competência penal por prevenção”. Outrossim,, na competência territorial, na qual o que 
prevalece é o interesse privado de uma das partes, é prorrogável se não for alegada no 
tempo oportuno e é capaz de gerar, se comprovado o prejuízo pela parte interessada, 
apenas a nulidade relativa do ato ou de uma fase do processo. 
 
3 -CONCLUSÃO 
 
Diante da exposição construída ao longo do texto, observa-se que a jurisdição 
não é absoluta para um determinado juiz, isto é, a jurisdição não pode incidir sobre todos 
os tipos de demanda. Logo, para que haja uma delimitação para a atuação dessa jurisdição 
o legislador disciplinou regras sobre competência. 
 
Percebe-se, ainda, que a jurisdição é o poder do Estado decorrente de sua 
soberania, para editar leis e ministrar a justiça, além de ser um poder legal no qual são 
 
6SANTOS, Vauledir Ribeiro; NETO, Arthur da Motta Trigueiros. Como se preparar para o exame de Ordem, 1ª fase: 
Processo Penal. 9. ed. São Paulo: Método, 2010. p. 75. 
 
 
 
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investidos certas pessoas e órgãos. Já a competência é a capacidade de uma autoridade 
pública de efetuar determinados atos, ou ainda, qualidade legítima de apreciar e julgar um 
pleito ou questão dentro de uma determinada divisão judiciária. 
 
II - QUEIXA CRIME: 
 
 
1. REVISÃO DE CONTEÚDO 
Trata-se de Ação Penal Privada e, como ocorre nas Ações Penais Públicas, deve 
estar amparada por prova pré-constituída. O Ofendido, antes da propositura da Queixa, deve 
requerer a instauração de Inquérito ou Termo Circunstanciado para ofertar justa causa à 
Ação Penal Privada, indicando materialidade e indícios de autoria, salvo se possuir indícios 
suficientes para tal. 
O advogado deve receber poderes especiais para propositura da queixa crime, ou 
seja, a procuração deve fazer expressa menção à propositura da ação penal privada, comum 
breve resumo dos fatos. Se preferir, o ofendido pode assinar a queixa juntamente com o 
advogado (art. 44 do CPP). 
Cuidando-se de dois ou mais agentes, em homenagem ao princípio da 
indivisibilidade da ação penal privada, é indispensável o oferecimento de queixa contra 
ambos, sob pena de configuração de renúncia (art. 48 e 49 do CPP). Importante ressaltar o 
prazo para oferecimento da queixa, que é de 06 meses contados da data em que se tem 
conhecimento da autoria do crime. Este prazo é decadencial e de natureza penal, ou seja, 
conta-se o dia do início e exclui-se o dia do fim, diferente do que ocorre na contagem de 
prazo processual. Necessário consignar que na queixa o autor deve demonstrar a autoria, 
materialidade, bem como demonstrar a ocorrência do “crime” e suas peculiaridades. 
Como saber se o crime será processado mediante queixa? 
O próprio tipo penal ou o capítulo em que tal crime estiver inserido irá trazer a 
ressalva de que o crime em análise se procede mediante queixa, a exemplo dos crimes contra 
honra (Art. 145 do Código Penal), Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento 
(art. 236, parágrafo único do CP), exercício arbitrário das próprias razões sem emprego de 
violência (art. 345, parágrafo único, do CP) e crime de Dano (art. 167 do CP). Mais 
corriqueiro e presente no cotidiano da maioria dos profissionais do direito, estão os crimes 
contra a honra. 
 
 
 
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1.1 CRIMES CONTRA A HONRA 
Os crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) estão previstos no Código 
Penal e no Código Eleitoral. Assim, se não for caso de aplicação da lei especial (Código 
Eleitoral), aplicam-se os dispositivos do Código Penal. 
No caso de ofensa com objetivo eleitoral ou de propaganda eleitoral, devem ser 
aplicados os artigos 324 a 326 do Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). 
O Cap. V do Título I da Parte Especial do Código Penal Brasileiro trata “Dos 
Crimes Contra a Honra”. O conceito de honra abrange tanto aspectos objetivos como 
subjetivos, de maneira que, aqueles representariam o que terceiros pensam a respeito do 
sujeito – sua reputação - enquanto estes representariam o juízo que o sujeito faz de si mesmo 
– seu amor-próprio: 
i) Honra objetiva e subjetiva 
• Honra objetiva: é o conceito que o meio social tem acerca dos atributos de 
alguém. A calúnia e a difamação atingem a honra objetiva. Por isso, esses dois 
crimes se consumam quando terceira pessoa toma conhecimento da ofensa; 
• Honra subjetiva: é o conceito que cada um tem acerca de si mesmo (amor 
próprio, auto-estima). Somente a injúria atinge a honra subjetiva. Por isso, a 
injúria se consuma quando a própria vítima toma conhecimento da ofensa. 
 
ii) Honra dignidade e decoro 
A honra subjetiva se divide em: 
• honra dignidade: é o sentimento de uma pessoa a respeito de seus atributos 
morais, de honestidade e de bons costumes; 
• honra decoro: é o sentimento da pessoa acerca de seus dotes físicos e 
intelectuais. 
 
Inicialmente, insta fazer a exposição da definição de cada modalidade de crime com 
alguns exemplos, para, posteriormente, diferenciá-las. Cabe ressaltar, também, que o prazo 
para intentar a queixa-crime nos casos aqui expostos é decadencial (06 meses), incluindo-se 
neste computo o dia do inicio e excluindo do mesmo a data final. Se o prazo cair em dia não 
útil, ou seja, final de semana ou feriado, deve-se ANTECIPAR o prazo e final e não 
prorrogá-lo para o próximo dia útil subsequente, como se faz no prazo processual. 
Quanto aos crimes contra a honra, temos que: 
Calúnia Difamação Injúria 
 
 
 
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Imputa-se um fato definido 
como crime. 
Imputa-se um fato ofensivo não 
criminoso (pode ser 
contravenção). 
Não há imputação de fato. 
Atribui-se uma qualidade 
negativa. 
A imputação deve ser falsa. A imputação pode ser falsa ou 
verdadeira. 
Não há imputação de fato. 
Atinge a honra objetiva. Atinge a honra objetiva. Atinge a honra subjetiva. 
Consuma-se quando terceira 
pessoa toma conhecimento da 
imputação. 
Consuma-se quando terceira 
pessoa toma conhecimento da 
imputação. 
Consuma-se quando o próprio 
ofendido toma conhecimento da 
ofensa. 
 
A CALÚNIA consiste em atribuir, falsamente a alguém a responsabilidade pela 
prática de um fato determinado, definido como crime . Na jurisprudência temos que “a 
calúnia exige dolo específico e exige três requisitos : imputação de um fato + qualificado como crime + 
falsidade da imputação”. Assim, se “A” diz que “B” roubou a moto de “C”, sendo tal imputação 
falsa, estamos diante de crime de calúnia. 
Só há calúnia se o agente imputar um fato (crime) determinado. Não há calúnia se 
o agente chama alguém de ladrão, assassino etc. Neste caso trata-se de injúria. 
A falsidade da imputação pode se referir: 
• à própria existência do crime imputado (atribuir a alguém fato que 
não ocorreu); 
• à autoria (atribuir fato verdadeiro a alguém que não seja seu autor). 
 
Pergunta: Pode haver calúnia sobre imputação de fato verdadeiro? 
Resposta: Sim, nos casos em que não se admite exceção da verdade (artigo 138, § 
3.º, incisos I, II e III, do Código Penal). 
Observação: A imputação de fato contravencional configura difamação. Atenção: 
cuidado com o porte de arma, que deixou de ser contravenção e passou a ser tratado como 
crime pela Lei n. 9.437/97. 
A DIFAMAÇÃO, por sua vez, consiste em atribuir a alguém fato determinado 
ofensivo à sua reputação. Assim, se “A” diz que “B” foi trabalhar embriagado semana 
 
 
 
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passada, constitui crime de difamação, pois sua reputação perante os colegas de trabalho foi 
atingida.A INJÚRIA, de outro lado, consiste em atribuir a alguém qualidade negativa, que 
ofenda sua dignidade ou decoro. Assim, se “A” chama “B” de imbecil, ou imprime uma 
palavra ofensiva em um papel higiênico e espalha pelo condomínio, dentre outras condutas, 
constitui crime de injúria. 
Quando a injúria é cometida com violência ou vias de fato, que por sua natureza ou 
meio empregado é considerada aviltante (humilhante, apta a envergonhar, ofender), estará 
configurado o crime de injúria real (forma qualificada de injúria). 
O artigo 140, § 2.º, do Código Penal trata da pena, dizendo que, se da violência 
resultar lesão, ainda que de natureza leve, haverá a soma das penas. A soma decorre de regra 
explícita da parte especial, pois nesse caso há concurso formal, sendo aplicada a regra do 
concurso material. 
Momento Consumativo: A Calúnia e a Difamação, por serem crimes que atentam 
contra a honra objetiva, se consumam a partir do momento em que terceiros tomam 
conhecimento do fato. A Injúria, por sua vez, se consuma no instante em que o próprio 
ofendido tem conhecimento do fato. 
MACETES: 
1) "C" ALÚNIA - começa com "C" de CRIME; 
2) DI "FA" MAÇÃO ou DI “FAMA”- a segunda sílaba é "FA" de FATO, 
pouco importante se tal fato é mentira ou verdade. A palavra deriva de 
FAMA que significa o prestigio social gozado pelo individuo; 
3) "IN" JÚRIA – “INternamente, ataquei alguém ao falar mal de atributos 
desta pessoa”. 
1.2 DOS BENEFÍCIOS 
A Suspensão Condicional do Processo, prevista no art. 89 da Lei 9.099/95, é um 
instituto de despenalização, ou seja, uma alternativa à jurisdição penal que tem natureza penal 
material. Com sua utilização evita-se a aplicação da pena. 
Uma vez preenchidos os requisitos legais, a suspensão do processo é um direito do 
acusado. Logo, o termo utilizado no caput do artigo 89, da Lei 9.099/95, "poderá", indicando 
que o Ministério Público teria a faculdade de propor ao acusado a suspensão condicional do 
 
 
 
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processo, em verdade deve ser entendido como um "poder dever". Eis o teor do informativo 
513 do STJ: 
DO PROCESSO. OFERECIMENTO DO 
BENEFÍCIO AO ACUSADO POR PARTE DO JUÍZO 
COMPETENTE EM AÇÃO PENAL PÚBLICA. O 
juízo competente deverá, no âmbito de ação penal 
pública, oferecer o benefício da suspensão condicional 
do processo ao acusado caso constate, mediante 
provocação da parte interessada, não só a insubsistência 
dos fundamentos utilizados pelo Ministério Público para 
negar o benefício, mas o preenchimento dos requisitos 
especiais previstos no art. 89 da Lei n. 9.099/1995. A 
suspensão condicional do processo representa um 
direito subjetivo do acusado na hipótese em que 
atendidos os requisitos previstos no art. 89 da Lei dos 
Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Por essa razão, os 
indispensáveis fundamentos da recusa da proposta pelo 
Ministério Público podem e devem ser submetidos ao 
juízo de legalidade por parte do Poder Judiciário. Além 
disso, diante de uma negativa de proposta infundada por 
parte do órgão ministerial, o Poder Judiciário estaria 
sendo compelido a prosseguir com uma persecução 
penal desnecessária, na medida em que a suspensão 
condicional do processo representa uma alternativa à 
persecução penal. Por efeito, tendo em vista o interesse 
público do instituto, a proposta de suspensão 
condicional do processo não pode ficar ao alvedrio do 
MP. Ademais, conforme se depreende da redação do art. 
89 da Lei n. 9.099/1995, além dos requisitos objetivos ali 
previstos para a suspensão condicional do processo, 
exige-se, também, a observância dos requisitos 
subjetivos elencados no art. 77, II, do CP. Assim, pode-
se imaginar, por exemplo, situação em que o Ministério 
Público negue a benesse ao acusado por consideração a 
elemento subjetivo elencado no art. 77, II, do CP, mas, 
ao final da instrução criminal, o magistrado sentenciante 
não encontre fundamentos idôneos para valorar 
negativamente os requisitos subjetivos previstos no art. 
59 do CP (alguns comuns aos elencados no art. 77, II, do 
CP), fixando, assim, a pena-base no mínimo legal. Daí a 
importância de que os fundamentos utilizados pelo 
órgão ministerial para negar o benefício sejam 
submetidos, mediante provocação da parte interessada, 
ao juízo de legalidade do Poder Judiciário. HC 131.108-
RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 18/12/2012. 5ª 
Turma. 
 
 Insta consignar que o instituto disciplinado no artigo 89 é aplicável dentro e fora 
do Juizado Especial Criminal. A conclusão n. 2 da Comissão Nacional de Interpretação da 
 
 
 
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Lei 9.099/1995 diz o seguinte: "São aplicáveis pelos juízos comuns (estadual e federal), militar e eleitoral, 
imediata e retroativamente, respeitada a coisa julgada, os institutos penais da Lei 9099, como a composição 
civil extinta da punibilidade (art. 74, parágrafo único), transação (arts. 72 e 76), representação (art. 88) e 
suspensão condicional do processo (art. 89)". 
Veja-se que diante do caso concreto, o Promotor de Justiça tem duas opções: 
indicar a transação penal, prevista no artigo 76, da mesma Lei (Art. 76. Havendo representação 
ou tratando-se de crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério 
Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na 
proposta) ou propor a suspensão condicional do processo. 
Neste sentido, vale mencionar as diferenças entre a transação penal e suspensão 
condicional do processo. A transação é cabível quando a pena máxima abstrata cominada ao 
delito não seja superior a dois anos (art. 61 da Lei 9.099/95). A suspensão é para os crimes 
cuja pena mínima não seja superior a um ano (art. 89, da mesma Lei). A transação encerra-
se com a aplicação de pena restritiva de direitos ou multa, enquanto que a suspensão, não 
havendo motivos que justifiquem sua revogação, culmina com a extinção da punibilidade, 
não havendo imposição de pena. 
Os parágrafos 3º e 4º dispõem, respectivamente, sobre os casos obrigatório e 
facultativo de revogação do benefício e, de acordo com o entendimento do STJ, nos termos 
indicados neste informativo, o benefício poderá ser revogado após o período de prova, desde 
que os fatos que ensejaram a revogação tenham ocorrido antes do término deste período. 
Observação importante: Crime do art. 236 do Código Penal - É o único crime, 
atualmente, considerado de ação penal privada PERSONALISSÍMA. Isso quer dizer que se 
a vítima falece no decurso de uma queixa crime, diferente do que ocorre com os demais 
crimes de ação penal priva em que o poder de dar prosseguimento na ação passa-se ao CADI 
– rol de legitimados (cônjuge, ascendente, descendente e irmãos, nesta ordem, 
taxativamente), no crime de ocultação e induzimento a erro essencial no casamento isso não 
ocorre, visto que a morte do ofendido enseja extinção de punibilidade. E mais. Enquanto o 
prazo decadencial de 6 meses começa a correr a partir do conhecimento da autoria delitiva 
nos demais crimes de ação penal privada, o do artigo 236 começa a correr do dia em que 
transita em julgado a sentença que anulou o casamento na esfera civil (artigo 236, parágrafo 
único do código penal). 
 
OBS: Comentários à ação penal privada subsidiária! 
 
 
 
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QUEIXA – CRIME: MODELO E ESTRUTURA DA PETIÇÃO. 
 
Caso: Danildo Salomão, de 23 anos, em reunião de prestação de contas da 
empresa, da qual participaram poucas pessoas, imputou ao senhor Fausto Faustino, 
sabendo-o inocente, a conduta de ter constrangido, mediante grave ameaça, o contador 
Hildebrando Fialho a não exercer sua atividade por uma semana. Fausto Faustino, assim 
teria agido, com o propósito de se vingar da gerência que não o promoveu ao posto 
almejado em 29 de dezembrode 2010, razão pela qual teria se aproveitado de algumas 
condutas negligenciadas por Hildebrando para criar a estória. A ameaça fundar-se-ia na 
expulsão do filho do contador da escola particular onde atualmente cursa o ensino médio, 
com bolsa integral, levando-se em conta que a esposa do querelante é a diretora geral do 
referido estabelecimento de ensino. 
 Fausto Faustino, sentindo-se injustiçado, contratou você para promover a medida 
processual cabível. Insta consignar que o fato ocorreu em 01 de fevereiro de 2011 e Fausto 
Faustino soube quem era o responsável por espalhar as informações aqui citadas em 05 
de junho de 2011. A empresa Millenium é situada na Asa Sul, Brasília-DF. 
 
Resoluçao da peça 
 
Se a pena máxima do crime atribuído é até dois anos o endereçamento passa a ser 
assim: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO ... JUIZADO ESPECIAL 
CRIMINAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA-DF (Fora do 
Distrito Federal, seria Comarca de...) 
 
Entretanto, importantíssimo ressaltar que a calúnia por si só já tem a pena máxima 
fixada em dois anos. Se houvesse qualquer causa de aumento de pena insculpida no 
art. 141 do Código Penal, ocorreria alteração no endereçamento que passaria a ser: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA 
CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE BRASÍLIA – DF (Fora do DF, seria 
COMARCA DE...) 
 
 Fausto Faustino, Nacionalidade ..., Estado Civil ..., Profissão ..., portador 
do RG ... e do CPF ..., residente e domiciliado na... (devemos colocar três pontinhos se o 
problema não trouxer a informação. Jamais invente um dado que o problema não deu, 
isso pode ocasionar sérias consequências, tais como sua eliminação do certame da OAB), 
por intermédio de seu advogado que esta subscreve, conforme instrumento de mandato 
em anexo com poderes especiais em conformidade com o artigo 44 do Código de 
Processo Penal - CPP, vem perante Vossa Excelência, com fulcro nos arts. 30 e 41 e 
seguintes do Código de Processo Penal em combinação com os artigos 100 §2º e 145, 
caput, (cuidado! O art. 145 faz parte do fulcro da presente petição tendo em vista se tratar 
de um crime contra a honra. Se fosse dano – art. 163, no lugar do artigo mencionado seria 
167 do Código Penal. Se fosse o crime do artigo 236, no lugar do 145 teríamos o 236, 
parágrafo único. Tal fato se dá porque temos que localizar no código o dispositivo legal 
 
 
 
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que especifica que aquele determinado crime se procede mediante ação penal 
privada)ambos do Código Penal, oferecer 
 
QUEIXA CRIME 
 
em face de Danildo Salomão, Nacionalidade ..., Estado Civil ..., Profissão ..., portador do 
RG ... e do CPF ..., residente e domiciliado em (Colocar o Endereço), tendo em vista a 
prática da conduta delituosa abaixo alinhavada. 
 
No dia 01 de fevereiro de 2011, por voltas das 16:00 horas, em reunião 
realizada na sede da empresa Millenium, situada na Asa Sul, nesta cidade, na presença de 
testemunhas que inclusive constam do rol de testemunhas anexado a esta exordial, o 
querelado imputou ao querelante a prática do crime descrito no art. 197, I, do Código 
Penal. Afirmou, sabendo ser o querelante inocente, que os dados contábeis da empresa 
não se encontravam regulares, tendo em vista que o querelante, por ter sido preterido em 
promoção realizada no dia 29 de dezembro de 2010, para vingar-se da gerência que 
deixou de indicá-lo ao posto, teria constrangido o contador Hildebrando Fialho, mediante 
grave ameaça, a deixar de realizar sua atividade, durante certo período. A ameaça fundar-
se-ia na expulsão do filho do contador da escola particular onde atualmente cursa o ensino 
médio, com bolsa integral, levando-se em conta que a esposa do querelante é a diretora 
geral do referido estabelecimento de ensino. 
 
 A criativa história idealizada pelo querelado teve o fim de prejudicar o 
querelante, conspurcando sua reputação diante de terceiros, sendo certo saber ele que não 
foi feito nada contra Hildebrando. 
 
 Como é sabido, no ordenamento jurídico pátrio, a calúnia consiste em 
atribuir, falsamente, à alguém a responsabilidade pela prática de um fato determinado, 
definido como crime. Na jurisprudência tem-se que a calúnia exige dolo específico e três 
requisitos, a saber: imputação de um fato, mais um fato qualificado como crime, mais a 
falsidade da imputação. 
 
 O querelado não só sabia ser inocente o querelante como também 
engendrou a versão apresentada na reunião mencionada com o objetivo de macular sua 
imagem entre os diretores e gerentes, justamente para afastá-lo da concorrência ao 
próximo cargo de gerência a ser disputado dentro de alguns meses, quando ocorrerá a 
aposentadoria do atual ocupante. Portanto, maliciosamente, o querelado, concorrente do 
querelante, buscou vincular a negligência do contador da empresa a uma inexistente grave 
ameaça, associada a um desejo de vingança igualmente fictício, com o fim de prejudicar 
de forma leviana e covarde o querelante. 
 
 Torna-se nítida a prática de crime por parte do querelado. Conforme a 
teoria tripartida, que impera hodiernamente, para que haja crime deve haver a presença 
de um fato típico, ilícito e culpável. O fato típico é composto pela efetivação de uma 
conduta humana voluntária, que no caso em análise se traduz pelo dolo direto. O 
querelado de forma livre e consciente quis engendrar uma estória capaz de conspurcar a 
honra objetiva do querelante, pondo em prática a execução de seu plano quando 
disseminou, permeado por má-fé, a versão repulsiva por ele criada. Tal versão criou uma 
péssima imagem do querelante perante seus colegas de trabalho. Entre a conduta 
vergastada e o resultado lesivo aqui exposto, há inequívoco nexo causal. Cabe mencionar, 
 
 
 
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ainda, que o fato ora consignado se traduz no art. 138 do Código Penal, estando 
expressamente previsto no diploma repressivo ora mencionado como o crime de calúnia. 
Não obstante, a ilicitude encontra-se preenchida, visto que o comportamento 
ora exposto afronta a legislação pátria, indo de encontro ao ordenamento jurídico, sendo, 
assim, uma conduta antijurídica. 
 
Quanto a culpabilidade, indene de dúvidas que todos os seus requisitos 
encontram-se satisfeitos. A imputabilidade, nos termos do art. 26 do CP, é aferida pelo 
critério biopsicológico, pelo qual o agente deve ter mais de 18 anos e capacidade de 
discernimento. É o caso do querelado que possui idade suficiente para responder por seus 
atos e tinha total discernimento do que fazia, visto almejar a todo instante prejudicar a 
imagem do querelante em seu ambiente de trabalho. Além disso, está presente a potencial 
consciência da ilicitude do fato, pois nenhum brasileiro pode alegar desconhecimento de 
lei em seu favor, e como um ser social, tem o querelado consciência de que macular a 
imagem alheia é algo repulsivo perante o direito. Por fim, quando a exigibilidade de 
conduta diversa, esta encontra-se satisfeita, visto que a conduta partiu do livre arbítrio do 
querelado que decidiu cometê-la sem se importar com as conseqüências advindas de seu 
odioso ato. 
 
Cabe mencionar que o motivo do cometimento do delito aqui levado ao 
conhecimento de Vossa Excelência foi a vingança por não ter alcançado o querelado uma 
possível promoção no emprego, razão pela qual a torpeza se revela flagrante, devendo ser 
considerada como agravante em dosimetria de pena. 
 
Diante do exposto, por ter o querelado infringido os ditames do art. 138 c/c 
61, II, a, ambos do Código Penal pugna o querelante: 
 
a) Pela intimação do MP para que mesmo atue como custus legis em todos 
os termos do presente feito; 
b) Pela intimação do querelado para que compareça à audiência preliminar 
a ser designada por este juízo para eventual composição nos termos dos 
arts. 72 a 74da lei 9099/95, ou então, se infrutífera, que seja recebida a 
presente queixa crime em face do querelado com a consequente citação e 
designação de audiência de instrução, debates e julgamento, na forma dos 
arts. 77 a 81 da Lei 9099/95. 
c) Pela condenação do querelado nas penas do crime de calúnia, previsto no 
art. 138, caput, do código penal, com a incidência da agravante da torpeza 
na motivação, conforme art. 61, II, a, do mesmo diploma legal. 
d) Pela condenação do querelado nas custas e honorários advocatícios, bem 
como a fixação de um valor mínimo a título de reparação pelos danos 
efetivamente sofridos pelo querelante nos termos do art. 387, IV do CPP. 
 
Requer, ao final, sejam inquiridas as testemunhas arroladas no rol em anexo, 
e colhidas suas declarações, a fim de corroborar os fatos articulados pelo querelante em 
sua peça processual. 
 
Dá a causa o valor de R$ ... 
 
Nestes termos, pede deferimento. 
 
Brasília, 04 de dezembro de 2011 (antes do prazo decadencial, ficar atento!). 
 
 
 
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Advogado 
OAB 
 
 
Obs: importante frisar que o número de testemunhas a serem arroladas em sede de juizado 
especial é 3, por analogia ao art. 34 da lei 9099. Isso é o que sustentam alguns 
doutrinadores. Outra grande porte sustenta que são até 5 testemunhas7. No rito comum e 
na primeira fase do júri são 8. Na segunda fase do plenário, em sede do art. 422 do CPP, 
 
7 O Código de Processo Penal estabelece claramente o número máximo de testemunhas para os procedimentos ordinário 
e sumário. No artigo 401 regra o procedimento ordinário e deixa registrado que o número é de oito testemunhas. Por seu 
turno, no artigo 532 consigna que no procedimento sumário o número máximo de testemunhas é de cinco. Entretanto, 
a Lei 9099/95, que rege o chamado Procedimento Sumaríssimo, sempre foi lacunosa quanto ao número máximo de 
testemunhas a serem arroladas na seara criminal. À míngua de uma determinação legal expressa, a melhor doutrina 
havia se assentado no entendimento de que dever-se-ia fazer analogia ao regramento existente “intra lege” para os 
Juizados Especiais Cíveis, solucionando o caso com o artigo 34 da própria Lei 9099/95, que impõe o número máximo de 
três testemunhas. Essa solução parecia pouco discutível, embora não pacífica, tendo em vista não haver outras regras 
a ocasionarem alguma dúvida ou polêmica. 
Ocorre que com a reforma implementada pela Lei 11.719/08 perdeu o legislador a chance de tornar essa questão mais 
clara, estabelecendo expressamente um número máximo de testemunhas para o sumaríssimo e ainda ensejou um clima 
de maior dúvida com a criação de dois novos dispositivos. 
Em primeiro lugar passou a dispor o artigo 394, § 5º., CPP, que “aplicam-se subsidiariamente aos procedimentos 
especial, sumário e sumaríssimo as disposições do procedimento ordinário” (grifo nosso). Esse dispositivo, aliado ao 
artigo 92 da Lei 9099/95, que manda aplicar subsidiariamente as disposições do Código de Processo Penal que não 
conflitarem com aquele diploma, leva a crer que o número máximo de testemunhas, a partir do momento que não é 
explicitado na lei de regência, passa a ser aquele do procedimento ordinário, que se aplica subsidiariamente, ou seja, 
oito testemunhas (artigo 401, CPP). 
Não obstante, estabelece o artigo 538, CPP, que naqueles casos de infrações de menor potencial que forem 
encaminhados ao Juízo Comum, nos termos dos artigos 66, Parágrafo Único e 77, § 2º., da Lei 9099/95, aplicar-se-ão 
as normas do procedimento sumário. Agora, à vista deste outro dispositivo do mesmo Código de Processo Penal e 
novamente sua conjunção com o artigo 92 da Lei dos Juizados Especiais Criminais, parece que o número de 
testemunhas pode ser de cinco e não de oito, de acordo com o disposto no artigo 532, CPP. Ora, se as infrações afetas 
normalmente ao procedimento sumaríssimo devem assumir as regras do sumário quando remetidas ao juízo comum, 
parece sustentável que no silêncio da Lei 9099/95 quanto ao número de testemunhas deva prevalecer o número previsto 
para o procedimento sumário, mais próximo do sumaríssimo, inclusive tendo em vista os princípios de celeridade, 
simplicidade e economia processual que regem os Juizados Especiais Criminais. 
Note-se que se antes o silêncio da Lei 9099/95 era acompanhado pela omissão do Código de Processo Penal, tornando 
pouco discutível a aplicação subsidiária “intra lege” do artigo 34 da própria Lei 9099/95, apontando o número de três 
testemunhas, atualmente as novas disposições do Código de Processo Penal passaram de um silêncio sepulcral para 
uma tagarelice babélica. Agora podem surgir ao menos três posições plenamente sustentáveis em bases legais quanto 
ao número de testemunhas no procedimento sumaríssimo: oito por aplicação subsidiária do procedimento ordinário; 
cinco por aplicação subsidiária do procedimento sumário ou a reiteração do antigo entendimento de que o número seria 
mesmo de três testemunhas, considerando o disposto na própria Lei 9099/95 para os Juizados Especiais Cíveis. 
Certamente o legislador deixou escapar duas chances de ouro: aquela de esclarecer uma questão um tanto quanto 
obscura anteriormente e outra de não obscurecer ainda mais a velha dúvida. 
Considerando os princípios peculiares a regerem os Juizados Especiais Criminais, principalmente a celeridade, 
simplicidade e economia processual seria desejável que o legislador houvesse expressamente assentado o número 
máximo de três testemunhas. Mas, como não o fez, parece ser o melhor entendimento, mesmo ante as normativas acima 
elencadas, a causarem certa confusão, aquele que aponta a antiga solução de aplicação subsidiária da regra 
expressamente prevista para os Juizados Especiais Cíveis, ou seja, o número máximo de três testemunhas nos termos 
do artigo 34 da Lei 9099/95. (Fonte: http://www.jurisite.com.br/doutrinas/Penal/douttpen103.html) 
 
 
http://www.jurisite.com.br/doutrinas/Penal/douttpen103.html
 
 
 
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novamente podem ser arroladas até 5. No rito sumário, também temos como número 
máximo 5. 
 
Na queixa crime e na resposta à acusação SEMPRE se arrolam testemunhas, sob 
pena de preclusão temporal, visto que é o momento processual oportuno para se fazer 
isso. 
 
 
CASO PARA RESOLUÇÃO 
 
 
Rosicleide Dalva, brasileira, casada, inscrita no CPF 005111888-09, manicure no 
salão “Silvana Cabelereiros”, reside na QI 23, conjunto 23, casa 102, no Guará II-DF, 
com seus dois filhos e seu marido. 
 
No dia 28 de abril de 2009, Rosicleide encontrava-se em sua residência, quando 
bateram na porta e a manicure foi atender. Neste instante, Rosicleide recebeu, por uma 
vizinha, a noticia de que sua honra estava abalada na vizinhança, pois Maricreuza, 
Joelitana e Odileuzina estavam afirmando que Rosicleide era uma “safada” que, mesmo 
casada, corria atrás dos maridos das outras. Estariam dizendo, ainda, que Rosicleide de 
dia era manicure, mas que a noite era “mulher da vida”, que explorava os homens 
cobrando preços altos pelos programas. 
 
Revoltada, Rosicleide foi se informar acerca da veracidade e autoria dos fatos, 
concluindo, com certeza, que quem falou a seu respeito foi Maricreuza, brasileira de 52 
anos, solteira, desempregada, vizinha de Rosicleide que residia na casa 104, não tendo 
Joelitana e nem Odileuzina nada a ver com esta estória. Tal informação foi descoberta no 
dia 06 de maio de 2009, momento em que Rosicleide foi tirar satisfações com 
Macricreuza que lhe proferiu os seguintes dizeres: “Sua gorda estúpida! Você é uma vaca 
e não me arrependo de nada do que disse na rua e falo agora na sua cara!”. 
 
Por esta razão, Rosicleide lhe procurou em 22 de maio de 2009 para, na qualidade 
de advogado, apresentar a medida processual privativa cabível, bem como para as teses aserem utilizadas e último dia de prazo para propositura da medida. 
 
 
 
 
 
 
RELAXAMENTO DE PRISÃO 
 
Prisão em Flagrante: São hipóteses autorizadoras da prisão em flagrante por 
qualquer pessoa do povo (flagrante facultativo) ou pela polícia (flagrante obrigatório): 
 
a) Estar o agente cometendo a infração penal (art. 302, I, CPP, denominado 
flagrante próprio); 
b) Ter o agente acabado de cometer a infração penal (art. 302, II, do CPP, 
denominado também de flagrante próprio ou quase flagrante); 
 
 
 
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c) Haver perseguição, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer 
pessoa, em situação que se faça presumir ser autor da infração penal (art. 302, 
III, CPP, denominado de flagrante impróprio); 
d) Ser o agente encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou 
papéis que façam presumir ser ele o autor da infração penal (art. 302, IV, CPP, 
denominado flagrante presumido). 
 
Realizada a prisão, o detido é encaminhado pelo condutor (aquele que lhe deu 
voz de prisão) à autoridade policial. Esta, por sua vez, entendendo válido o ato, lavra o 
auto de prisão em flagrante. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do 
preso ou à pessoa por ele indicada. Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da 
prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o 
autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. 
No mesmo prazo (em 24 horas), será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, 
assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das 
testemunhas. 
 
Se tudo estiver formalmente em ordem, o juiz mantém o flagrante, mas pode 
colocar o indiciado em liberdade provisória, com ou sem fiança. Assim, agirá, se não 
vislumbrar presentes os requisitos da prisão preventiva (art. 312 do CPP). 
a) RELAXAMENTO DE PRISÃO 
 
Quando do recebimento do Auto de Flagrante, o juiz deve apreciar a peça 
flagrancial e checar a existência dos indícios de autoria e materialidade a fim de 
homologar o flagrante. Caso entenda existir alguma ilegalidade ou desatendimento à 
exigência legal, pode relaxar a prisão Ou seja, o relaxamento da prisão em flagrante 
ocorre quando há ilegalidade ou vício insanável, resumidamente falando. 
 
Ressalte-se que, caso o juiz homologue o flagrante e a defesa entenda pela 
existência de ilegalidade, após pedido fundamentado, o juiz pode rever a decisão 
homologatória e reconhecer a ilegalidade, relaxando a prisão E nesse caso não há a 
exigência de assinar Termo de Compromisso. Cabe ressaltar, entretanto, que o 
relaxamento de prisão é cabível sempre que a prisão for ilegal. Ex: A pessoa foi presa 
preventivamente mesmo diante das gritantes provas de que cometeu o fato abrangido por 
estado de necessidade. O art. 314 do Código de Processo Penal veda a prisão preventiva 
em tais casos. Assim, a pessoa está presa ilegalmente, cabendo, no caso, relaxamento de 
prisão. 
 
A prisão é imediatamente relaxada quando é constada sua ilegalidade, 
nos termos do Art. 5º, LXV da CF/88. As hipóteses são as seguintes: a) na falta de 
formalidade essencial na lavratura do auto. Ex.: falta de entrega da nota de culpa ou 
assinatura desta fora do prazo legal; b) quando não estiverem presentes os requisitos da 
prisão em flagrante presentes no Art. 304, 306 e parágrafos, bem como art. 307 do CPP; 
 
 
 
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c) quando do fato atípico; d) quando os prazos não forem respeitados ou quando houver 
excesso no prazo da prisão, lembrando que o prazo para se findar o inquérito policial com 
réu preso é de 10 dias, improrrogáveis. Se for excedido tal prazo, o acusado DEVE ser 
posto em liberdade. É necessário que se observem estes requisitos para que a prisão não 
seja relaxada. O STF entende que a proibição de liberdade provisória nos casos de crimes 
hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo. 
 
No caso de crimes envolvendo a lei 11.343 (lei antidrogas), ficar atento ao 
art. 48, §2º, tendo em vista que a conduta prevista no art. 28 desta Lei, não comporta 
prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser imediatamente encaminhado ao juízo 
competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-se 
termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias 
necessários. Se houver prisão em flagrante, cabe relaxamento, porque a lei não admite a 
referida medida. 
Ainda, com base nesta mesma Lei, conforme o Art. 51, o inquérito policial 
será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) 
dias, quando solto. Em que pese o parágrafo único estabelecer que os prazos a que se 
refere este artigo poderem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante 
pedido justificado da autoridade de polícia judiciária, findo tal prorrogação o acusado 
DEVERÁ ser colocado em liberdade, sob penal de ilegalidade da prisão, comportando o 
caso, desta feita, o relaxamento da prisão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esqueleto da petição: 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL 
DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE (LOCAL DO FATO). 
 
OBS: Observar se a competência é do Juiz da Vara do Tribunal do Júri, ou do juizado 
especial de violência doméstica e familiar contra a mulher, visto a possibilidade de prisão 
em flagrante nestes casos. Se a prisão em flagrante for ilegal, cabe relaxamento). 
 
Distribuição por dependência aos autos n... 
 
 
 
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Fulano de Tal (sempre qualificar, nos termos do art. 319 do CPC), vem à presença 
de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra constituído, conforme 
instrumento de procuração em anexo, com fulcro no art. 5º, LXV da CF/88, c/c art. 310, 
I, do CPP, requerer: 
 
RELAXAMENTO DE PRISÃO 
 
com base nos fatos que a seguir expõe: 
 
I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA: 
 
Narrar como se deu o flagrante, ressaltando o vício que será atacado no tópico “do 
direito”. 
 
EX: Fulano foi preso em flagrante pelo crime de roubo cometido em tal dia, em tal lugar. 
 
Após ser regularmente recolhido ao cárcere, teve lavrado contra si lavrado auto de 
prisão em flagrante 4 dias após a prisão, assinando sua nota de culpa também no quarto 
dia, fato que torna sua prisão contrária à lei, conforme disporá a defesa nas linhas 
seguintes. 
 
II – DO DIREITO 
 
Informar, aqui, o que diz o Código de Processo penal sobre tal prazo, 
transcrevendo o artigo e contrapondo-o ao caso dos autos, logo em seguida. 
 
Ex: O art. 306 do Código de processo penal estabelece o prazo de 24 horas para assinatura 
da nota de culpa, in verbis: 
 
Transcrever o artigo... 
 
Ocorre, Excelência, que tal prazo não foi respeitado. Observe-se que o indiciado 
somente assinou tal documento 4 dias após sua prisão, fato que torna sua prisão em 
flagrante ilegal. Não obstante tal fato, a lavratura do auto se deu também em prazo diverso 
ao determinado pelo citado artigo do já mencionado diploma legal, in verbis: 
 
Transcrever... 
 
Pode-se concluir pelo exposto que a prisão do indiciado fere garantias e 
dispositivos constitucionais basilares, tais como dignidade da pessoa humana (falar a 
respeito), devido processo legal (falar a respeito)... Com base nisso, a prisão deve ser 
imediatamente relaxada. 
 
 
 
 
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III – DO PEDIDO: 
 
Requer o indiciado o imediato relaxamento da prisão em flagrante ora combatida, 
com a respectiva expedição de alvará de soltura em nome do mesmo. 
 
Nestes Termos 
Pede Deferimento.Local, data. 
 
Advogado. 
OAB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO PARA RESOLUÇÃO 
 
ElenildeMaridélia, brasileira, casada, policial civil, residente e domiciliada na SQS 315, 
Bloco W, Apartamento 1001, Asa Sul, estava em sua casa em 15 de maio de 2011, 
quando, avistando uma sombra passando pela sala, dirigiu-se sorrateiramente até o 
cômodo, momento em que presenciou um meliante arrombando a maçaneta da porta com 
um maçarico e portando na cintura uma pistola semiautomática. 
 
Apavorada, Elenilde foi até o quarto e pegou seu revólver calibre 38, se dirigindo até o 
citado elemento para afastá-lo de sua residência. Neste instante, o indivíduo já adentrava 
a sala de Elenilde e lhe apontava a arma, quando, para evitar a injusta agressão que seria 
 
 
 
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perpetrada contra sua vida, Elenilde desferiu um único tiro no indivíduo, atingindo-lhe o 
peito, fato que levou o meliante a óbito. 
 
Após colocar o corpo no automóvel e dirigir-se à Delegacia de Polícia mais próxima, 
Elenilde entregou, perante a autoridade policial, o cadáver e a arma, narrando os fatos da 
forma como se deram. O delegado, não convencido da versão apresentada por Elenilde, 
decretou sua prisão em flagrante, lavrando o respectivo auto. 
 
Em 18 de maio de 2011, Elenilde recebeu sua nota de culpa, tendo informado que não 
possuía defensor constituído e que desejava comunicar sua prisão ao seu marido. A 
autoridade policial, munida do auto de prisão em flagrante, enviou uma cópia do auto, 
exclusivamente ao ministério público, entendendo que este por ser o dominus litis, era o 
maior interessado na causa, comunicando, em seguida, a prisão de Elenildeà seu esposo. 
 
Diante dos fatos, como advogado de Elenide, apresente a medida processual privativa, se 
atentando para as teses possíveis a serem alegadas em favor de Elenice. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES PERTINENTES A CONCESSÃO DE 
LIBERDADE PROVISÓRIA: 
 
 
É concedida a liberdade provisória quando houver prisão em flagrante 
válida, mas o indiciado/acusado não necessitar ficar detido enquanto transcorre o 
processo. Tal fato se dará quando os requisitos para a decretação da prisão preventiva não 
estiverem presentes (art. 312 do CPP) e isto for observado em sede de PRISÃO EM 
FLAGRANTE. A prisão em flagrante é a “MÃE” da liberdade provisória. 
 
A liberdade provisória com ou sem arbitramento de fiança, conforme art. 321, 
do CPP, é cabível sempre que os requisitos da preventiva não estiverem presentes, 
 
 
 
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podendo o juiz, caso se mostrem adequadas ou suficientes outras medidas cautelares que 
não a prisão, aplicá-las ao agente. (Medidas cautelares – art. 319 do CPP - Prisão 
domiciliar – art. 317/318; comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições 
fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; proibição de acesso ou frequência 
em determinados lugares; proibição de manter contato com pessoa determinada; 
proibição de ausentar-se da Comarca; recolhimento domiciliar noturno e nos dias de 
folga; suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica 
ou financeira quando houver justo receio de que delas poderá advir prática criminosa; 
fiança, quando admitido; internação provisória do acusado em caso de crimes praticados 
com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem que o agente é inimputável 
ou semi-imputável e houver risco de reiteração). 
 
Pode ser a liberdade provisória pleiteada para qualquer delito. Exemplo: Se 
alguém for preso em flagrante por roubo, pode o magistrado determinar a sua soltura, 
mediante liberdade provisória sem fiança. DICA: Sempre que o problema falar em crime 
apenado com reclusão, sempre caberá liberdade provisória sem fiança. Não precisa 
adentrar o mérito do instituto, basta citar na petição: LIBERDADE PROVISÓRIA. 
 
O art. 310, III, parágrafo único, do CPP, trata da liberdade provisória nos 
casos de legitima defesa, estado de necessidade e estrito cumprimento do dever legal ou 
exercício regular do direito (conhecidas como excludentes de ilicitude). Se o Juiz, pelo 
auto de prisão em flagrante, observar que o agente praticou a infração abrangido por 
qualquer destas situações, poderá, de forma fundamentada, conceder ao acusado 
liberdade provisória compromissada. 
 
A liberdade provisória, com arbitramento de fiança, destina-se aos delitos 
considerados afiançáveis. Conforme o art. 322 do CPP, a autoridade policial somente 
poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima 
não seja superior a 04 anos. Em outros casos afiançáveis, a fiança será requerida ao Juiz, 
que decidirá em 48 horas. 
 
a) São inafiançáveis: 
 
Art. 323 do CPP – Racismo, Tortura, Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, terrorismo, crimes definidos como hediondos, crimes cometidos pos grupos 
armados – civis ou militares – contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
Art. 324 – Aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança 
anteriormente concedida ou infringido, sem justo motivo, qualquer das obrigações a que 
se referem os arts. 327 e 328 do CPP – comparecimento quando intimado e mudança de 
endereço ou ausência do domicílio por mais de 8 dias sem comunicar a autoridade). 
 
 
 
 
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Os valores da fiança estão dispostos no art. 325 do CPP. Entretanto, conforme 
entendimento uníssono da doutrina, não há mais sentido para se arbitrar fiança para 
crimes menos graves, quando delitos mais graves admitem a liberdade provisória sem 
fiança. 
 
Com base em tal fato, Guilherme Nucci (in Prática Forense Penal, 2009, pág. 
169/170), informa que “os magistrados têm optado por conceder, sempre, liberdade 
provisória sem fiança (a única exceção tem ficado por conta dos crimes contra a economia 
popular, sonegação fiscal, crimes de violência doméstica e crimes por direção de veículo 
automotor, estando o motorista alcoolizado. Nestes dois últimos casos, a pena é de 
detenção e comporta fiança). Entretanto, com a mudança na lei, em que a fiança se tornou 
uma medida cautelar, o instituto voltou a ter força na concessão da liberdade provisória 
condicionada ao seu pagamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE (LOCAL DO FATO). 
 
OBS: Observar se a competência é do Juiz da Vara do Tribunal do Júri. 
 
Referência ao auto de prisão em flagrante n... 
 
 Fulano de tal, nacionalidade, profissão, residente e domiciliado na ... , portador do 
RG e do CPF ...,(temos que qualificar por ser uma peça que vai apartada aos autos 
principais) vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado que esta 
subscreve, conforme procuração acostada, com fulcro no art. 310, III, e art. 321, ambos 
do Código de Processo Penal (Temos que observar aqui se é o caso de excludente de 
ilicitude ou ausência de requisitos que autorizam a prisão preventiva do acusado. Sendo 
o caso é de ausência de requisitos do art. 312 do CPP, a fundamentação passa a ser art. 
310, III e 321, do CPP. Se for excludente de ilicitude teremos o art. 310, parágrafo único, 
do código de processo penal, c/c também com o artigo 321), combinado com o artigo art. 
5º, inciso LXVI, da Carta Constitucional, requerer 
 
 
 
 
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LIBERDADE PROVISÓRIA 
 
pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor: 
 
I – BREVE SÍNTESE DA DEMANDA: 
 
Informar aqui, de forma sucinta, o caso que ensejou a prisão em flagrante. 
 
EX: O requerente foi preso em flagrante delito no dia tal, pela prática do crime de 
estelionato, tendoem vista que o mesmo foi flagrado induzindo a loja “doce mais”, 
localizada em tal local em erro, a fim de obter vantagem indevida. 
 
O relatório policial enviado a ser enviado ao magistrado aponta para a necessidade de 
converter o presente flagrante em prisão preventiva sob a argumentação de que o 
conduzido já havia sido processado anteriormente, apesar de inexistir sentença 
condenatória irrecorrível. 
 
II – DO DIREITO 
 
Explicar aqui que, conforme o auto de prisão em flagrante, a autoridade policial presumiu 
que o indiciado tinha personalidade voltada para o crime. Neste momento, devemos falar 
dos requisitos do art. 312 do CPP e debater todos aqueles que podem ter ensejado a prisão, 
mostrando ao juízo que não há necessidade de o indiciado ficar preso. Falar, neste 
momento, da liberdade como regra e dissertar acerca dos requisitos do 312 do CPP 
confrontando-os com os argumentos da defesa, a fim de tornar a prisão desnecessária. 
Pode-se, inclusive, falar de outras medidas cautelares mais benéficas ao requerente, que 
não a prisão. 
 
EX: A prisão em flagrante faz presumir que o indiciado tem a personalidade voltada para 
o crime, devido o fato de já ter sido processado. Ora, Excelência, a personalidade de uma 
pessoa deve ser atestada como “perigosa” somente quando há uma sentença penal 
transitada em julgado afirmando tal situação. Não se pode manter o acusado em cárcere 
com suposições de que, se solto, poderá cometer novos delitos, desestabilizando a ordem 
pública. (Falar de cada um dos requisitos). 
 
III – DO PEDIDO 
 
a) a concessão da liberdade com a expedição do competente alvará de soltura nos termos do 
art. 310, III, mediante termo de comparecimento a todos os atos a que for devidamente 
intimado; 
b) subsidiariamente, que seja a liberdade concedida com a imposição de uma das medidas 
cautelares elencadas no art. 319 do Código de Processo Penal, com as disposições advindas 
do art. 282 do diploma processual penal. 
. 
 
Nestes Termos 
 
 
 
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Pede Deferimento 
 
Local, data. 
 
Assinatura. 
OAB 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CASO PARA RESOLUÇÃO 
 
Marcolino Jorgito, técnico em enfermagem do hospital Anchieta, situado na comarca de 
Pirenópolis - GO, profissional regular da instituição há 13 anos, reside na SQS 100, Bloco 
H, apartamento 701 (há 6 anos, sendo proprietário do referido imóvel) com sua esposa e 
seus três filhos pequenos, sendo um de 3 anos e dois de 6 anos, cada. 
 
No dia 12 de abril de 2011, Marcolino foi desrespeitado por um paciente dentro do 
hospital em que labora. Altamente alterado, ViníciusleyRomério pegou um bisturi e 
tentou agredir o referido técnico em enfermagem que lhe prestava atendimento, momento 
em que Marcolino teve que quebrar o braço do agressor visivelmente transtornado para 
desarmá-lo, causando-lhe as lesões que foram descritas no laudo de exame de corpo de 
 
 
 
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delito lavrado no mesmo dia, sendo que em tal documento constava que o agredido iria 
ficar afastado de suas ocupações habituais por no mínimo 45 dias. 
 
Uma enfermeira que estava no momento do ocorrido e uma secretária que estava 
presenciando o fato, prestaram declarações na DP, informando que se o técnico não agisse 
da forma que agiu, o paciente poderia ter lhe ferido letalmente, pois demonstrou 
inequívoca intenção de atentar contra a vida do Sr. Marcolino, tendo em vista este ter 
pedido que o paciente aguardasse mais alguns minutos para ser atendido. 
 
Dois enfermeiros que chegaram ao local logo após o ocorrido informaram que o Sr. 
Marcolino possui um temperamento difícil, sendo “grosso” com os pacientes do hospital, 
afirmando que o técnico quebrou o braço do paciente de forma desnecessária, pois é uma 
pessoa de temperamento difícil e de convivência insuportável dentro do hospital. 
 
Diante de tal situação, Marcolino foi preso em flagrante delito pelo crime de lesão 
corporal grave, pois a autoridade policial entendeu que a conduta do técnico pode ter 
constituído um crime doloso, pois dois enfermeiros não corroboraram a versão das duas 
outras testemunhas. Lavrado o auto de prisão em flagrante em 24 horas, a autoridade 
policial o encaminhou à autoridade judicial, ao Ministério Público e ao Defensor Público 
para verificação. 
 
Diante da situação de Marcolino e dos fundamentos legais que possam interessar para sua 
defesa, redija a peça processual privativa de advogado, que seja cabível na situação 
exposta, se atentando para as formalidades atinentes ao caso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PRISÃO PREVENTIVA / REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA 
 
 
É a principal modalidade de prisão cautelar, de cuja base nascem as demais. 
Portanto, para se sustentar uma prisão preventiva, torna-se imperioso checar se os 
requisitos desta prisão estão presentes. Do contrário, o correto é permitir ao indiciado ou 
réu aguardar o julgamento em liberdade, com ou sem arbitramento de fiança. 
 
Para a sua decretação são exigidos, ao menos, três requisitos: 
 
a) materialidade do crime; 
b) indícios suficientes de autoria; 
 
 
 
 
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Estes acima narrados são básicos. Os abaixo elencados, basta a presença de 
ao menos um deles, quais sejam (art. 312 do CPP): 
 
a) Fundamentos 
 
Provada a existência do crime e havendo indícios suficientes de autoria –
fumus comissi delicti e periculum libertatis, elementos que fundamentam a medida 
cautelar (art. 312 CPP), a prisão preventiva poderá ser decretada : 
 
 como garantia da ordem pública – evitar que o delinquente pratique novos crimes 
contra a vítima e seus familiares; 
 como garantia da ordem econômica – Lei nº 8.884/84, 8.137/90 (crimes contra a 
economia popular e sonegação fiscal); 
 por conveniência da instrução criminal – para assegurar a prova processual, de modo 
a impedir a ação do criminoso no sentido de fazer desaparecer as provas do crime, 
apagar vestígios, subornar, aliciar testemunhas ou ameaçá-las, etc; 
 para assegurar a aplicação da lei penal - impede-se o desaparecimento do autor da 
infração que pretenda se subtrair aos efeitos penais da eventual condenação. 
 Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares (art. 282, parágrafo 4º, do CPP). 
 
Cabimento da prisão preventiva – art. 313 do CPP: Nos casos de crimes 
dolosos punidos com reclusão, cuja pena máxima seja superior a 4 anos; condenação por 
outro crime doloso, com sentença transitada em julgado (reincidência); violência 
doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com 
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; ou no caso de 
dúvida acerca da identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos 
suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade 
após identificação, exceto se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. 
 
O despacho do juiz que decretar a preventiva deverá ser sempre 
fundamentado. Deixando de subsistir o motivo pelo qual a preventiva foi decretada, o 
Juiz poderá revogá-la, bem como poderá decretá-la novamente se o motivo de sua 
decretação voltar a perdurar. 
 
A garantia da ordem pública abrange enorme aspecto de subjetividade do 
magistrado. Configura-se, em regra, levando-se em conta os seguintes pontos: 
 
- gravidade da infração penal + periculosidade do réu + repercussão causada 
pelo crime. 
 
A garantia da ordem econômica, leva em consideração a magnitude da lesão 
concreta causada pela lesão à ordem econômico-financeira 
 
A conveniência da instrução criminal concentra-se na produção de provas. 
 
Assegurar aaplicação da lei penal – se finda a instrução, a lei deve ter 
condições de ser devidamente aplicada. Visa evitar a potencial fuga do acusado. 
 
 
 
 
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Quando o juiz decretar a prisão preventiva, se, porventura, cessar a razão que 
a determinou, deve o magistrado revogá-la, simplesmente, tornando o indiciado/acusado 
à situação de liberdade anterior. O art. 316 do Código de Processo Penal é o que dá fulcro 
ao pedido de revogação da prisão preventiva. 
 
b) Decretação 
 
A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase do inquérito policial 
(não sendo o caso de prisão em flagrante) ou da instrução criminal, tanto nos casos de 
ação penal pública ou privada, desde que presentes os pressupostos, fundamentos e 
condições de admissibilidade previstos em lei (art. 311 CPP). 
 
Não há recurso, somente o pedido de habeas corpus com fundamento em 
constrangimento ilegal, decorrente da inadmissibilidade da medida amparada em falta de 
fundamentação adequada, na inexistência de pressupostos, etc. 
 
c) Fundamentação 
 
O despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre 
fundamentado (art. 315 CPP). É indispensável que se fundamente em fatos concretos que 
lhe proporcionem fomento. A fundamentação do pedido da revogação da prisão 
preventiva é o art. 316 do CPP c/c art. 5°, LXVI da CF/88. 
 
No caso da Lei Maria da Penha a possibilidade de decretação de preventiva 
está no art. 20 da citada Lei e a sua revogação está inserida no parágrafo único do mesmo 
artigo. 
 
Dentre todos os tipos de violência contra a mulher, existentes no mundo, 
aquela praticada no ambiente familiar é uma das mais cruéis e perversas. O lar, 
identificado como o local acolhedor e de conforto passa a ser, nesses casos, um ambiente 
de perigo contínuo que resulta num estado de medo e ansiedade permanentes. Envolta no 
emaranhado de emoções e relações afetivas, a violência doméstica contra a mulher se 
mantém, até hoje, como uma sombra em nossa sociedade. 
 
A violência praticada contra mulheres é conhecida como violência de gênero 
porque se relaciona à condição de subordinação da mulher na sociedade, que constitui na 
razão implícita do número estarrecedor de casos de agressões físicas, sexuais, 
psicológicas, morais e econômicas (patrimoniais), perpetrados em desfavor de mulheres, 
revelando a incontestável desigualdade de poder entre homens e mulheres, sobretudo nas 
relações domésticas. 
 
O efeito da violência doméstica e familiar contra a mulher, decorrentes de 
maus tratos, humilhações, agressões físicas, sexuais, morais, patrimoniais e psicológicas, 
é, sem dúvida, devastador para sua auto-estima, sem falar no medo vivenciado 
cotidianamente, temor aterrorizante causador de insegurança e instabilidade, agravados 
pelo fato das vítimas nunca saberem a razão capaz de desencadear nova fúria dos 
agressores e na vergonha que passam diante de familiares, vizinhos, amigos e conhecidos. 
Essa situação provoca ansiedade, depressão, dores crônicas, dentre outras moléstias. 
Estando tal quadro instalado, necessária se faz a intervenção do Estado, por meio de 
 
 
 
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efetivação de políticas públicas adequadas, com mecanismos de discriminação positiva 
ou de ações afirmativas, capazes de reduzir a tragédia da violência de gênero, fim a que 
se destina a Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha. 
 
No dia 22 de setembro de 2006 entrou em vigor a Lei 11.340, de 07 de agosto 
de 2006, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar 
contra a mulher, dispondo sobre a criação dos Juizados de violência doméstica e familiar 
contra a mulher (são os competentes para julgar casos de violência doméstica contra a 
mulher!)e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de 
violência doméstica e familiar. Esse diploma legal, tão aguardado especialmente pelas 
instituições e organizações que militam na tutela dos direitos de gênero e de 
enfrentamento da violência doméstica, evidencia a preocupação de minudenciamento e 
pormenorização de direitos e garantias da mulher. 
 
É uma lei inovadora, porque nela o legislador incluiu a instituição de medidas 
protetivas de urgência, com possibilidade inclusive de concessão de alimentos provisórios 
ou provisionais, em favor da mulher, bem como aumento da pena do crime de lesão 
corporal praticado com violência doméstica, dando elasticidade considerável ao conceito 
para nele imbutir toda e qualquer forma de violência, seja ela física, psicológica, moral 
ou sexual, elevando-a, inclusive, ao patamar de violação de direitos humanos. 
 
Dentre as inovações da Lei, destaca-se: 
 tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher; 
 estabelece as formas da violência doméstica contra a mulher como física, 
psicológica, sexual, patrimonial e moral; 
 determina que a mulher somente poderá se retratar de sua representação perante o 
juiz e ministério público, com audiência específica para tanto; 
 determina que a violência doméstica contra a mulher independa de sua orientação 
sexual; 
 ficam proibidas as penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas); 
 é vedada a entrega da intimação pela mulher ao agressor; 
 a mulher vítima de violência doméstica será notificada dos atos processuais, em 
especial quando do ingresso e saída da prisão do agressor; 
 a mulher deverá estar acompanhada de seu advogado(a) ou defensor(a) em todos 
os atos processuais; 
 retira dos juizados especiais criminais a competência para julgar os crimes de 
violência doméstica contra a mulher; 
 altera a Lei de Execuções Penais para permitir que o juiz determine o 
comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e 
reeducação; 
 determina a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar contra 
a mulher com competência cível e criminal para abranger as questões de família 
decorrentes da violência; 
 altera o Código de Processo Penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão 
preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher; 
 caso a violência doméstica seja cometida contra mulher com deficiência, a pena 
será aumentada em 1/3. 
 O juiz poderá conceder, no prazo de 48 horas, medidas protetivas de urgência 
(suspensão do porte de armas do agressor, afastamento do agressor do lar, 
 
 
 
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distanciamento da vítima, dentre outras), dependendo da situação, a requerimento 
do Ministério Público ou da ofendida. 
 Modifica a ação penal no crime de lesão corporal leve, que passa a ser pública 
incondicionada. 
 Aumenta a pena de lesão corporal no caso dela ser praticada contra ascendente, 
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha 
convivido, ou ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de 
coabitação ou hospitalidade. 
 Permite a autoridade policial prender o agressor em flagrante sempre que houver 
qualquer das formas de violência contra a mulher 
 Proíbe a aplicação da lei dos juizados especiais criminais (Lei 9.099/1995) aos 
crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Uma vez feita a ocorrência na delegacia de polícia, o Ministério Público 
apresentará a denúncia ao juiz e poderá propor penas de 3 meses a 3 anos de detenção. 
d) Tipos de violência 
 
Conforme o artigo 5º da Lei Maria da Penha, a violência doméstica e familiar 
contra a mulher é entendida como qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe 
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. 
 
A violência pode se dar no espaço de convívio permanente de pessoas, com 
ou sem vínculo familiar, inclusive

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