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Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança Semiologia Cardiovascular O exame físico do aparelho cardiovascular engloba a semiologia do tórax e abdome, com a análise do coração e da circulação. Compreende 5 itens básicos: • Inspeção (análise do aspecto físico geral do paciente); • Movimentos cardíacos (inspeção, palpação e percussão do precórdio); • Turgor venoso e a perfusão periférica; • Pulso e a pressão arterial; • Ausculta. →Inspeção A inspeção busca uma imagem geral do paciente, bem como detalhes que possam orientar o diagnóstico correto de sua situação clínica. Assim, uma visão geral e integral do coração e da circulação deve ser precedida pela análise de aspectos somáticos e psicológicos gerais, como postura, expressão facial, nutrição e estado mental. →Movimentos Cardíacos Inspeção: • Taquicardia, presente em diversas situações em que a queda da oxigenação leva a um estado hiperdinâmico, pode traduzirse, especialmente em recém-nascidos e lactentes pequenos, por um intenso movimento da parede anterior do tórax; • O pec excavatum ou "tórax do sapateiro", em que o esterno apresenta uma grande depressão, ou o "tórax em quilhà' ou "peito de pombo", em que o esterno se apresenta abaulado, são malformações que chamam a atenção, mas geralmente não estão associadas a cardiopatias. Palpação: • A palpação do precórdio deve ser feita sempre pelo lado direito do paciente. • As crianças devem ser palpadas em decúbito dorsal. • Os adolescentes devem ter o precórdio palpado em um decúbito inicial de 30º, seguido de decúbito lateral esquerdo. • A palpação do precórdio em lactentes deve ser feita com uma polpa digital aplicada na borda esternal esquerda em sua posição mediana ou inferior. • O ventrículo direito pode ser palpado utilizando-se o dedo mínimo aplicado sobre o epigástrio, logo abaixo do apêndice xifóide. • As vibrações de baixa freqüência (movimentos sistólicos e diastólicos ventriculares) são palpadas com pouca pressão, aplicada de modo bem leve sobre o precórdio. • O movimento do precórdio deve ser analisado de acordo com sua velocidade, amplitude, duração e localização. − A velocidade e a amplitude podem estar aumentadas apenas pelo estado de ansiedade do paciente. O impulso ventricular esquerdo normal ocupa, em crianças, uma área de cerca de 1 cm; − A duração do impulso palpado é um importante diferencial entre o estado patológico e a normalidade; Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança − A localização do impulso pode ser também de grande importância na análise do coração. O ponto de maior impulso situa-se, em geral, no quinto ou sexto espaço intercostal, na linha axilar anterior. → Turgor Venoso e a Perfusão Periférica • Turgor Venoso: não é encontrada com freqüência em crianças. Sua presença indica, geralmente, um quadro agudo de congestão compatível com tamponamento cardíaco, encontrado, por exemplo, nos casos de pericardite aguda com derrame. − A análise da presença de turgência jugular deve ser feita a partir do repouso em decúbito dorsal. O paciente é levantado pela cabeceira em um ângulo de 30º a 45º. A permanência da jugular externa túrgida acima de 45º indica aumento de pressão no átrio direito e a possibilidade de tamponamento cardíaco. • Perfusão Periférica: um paciente com má perfusão apresenta-se pálido ou cianótico e sua pele pode estar moteada, indicando deficiência na circulação, com grande desequilíbrio na distribuição do fluxo sanguíneo. − Análise do leite ungueal: pressionamos a unha do paciente durante alguns segundos, liberando-a em seguida. A lentidão ou a rapidez no retorno da perfusão do dedo comprimido permite avaliar a integridade circulatória do paciente. → Um retorno da cor normal da região pressionada em tempo superior a 2 segundos sugere má perfusão periférica. →Pulso e Pressão Arterial • Pulso: os pulsos arteriais devem ser avaliados pela palpação, inspeção e ausculta. − Palpação: a palpação de rotina em crianças está centrada nos pulsos braquial e femoral. Em crianças maiores, o pulso carotídeo é de maior importância; − Ausculta: está reservada para os casos suspeitos de fístula e para a avaliação rotineira do pulso de artéria subclávia, na região supraclavicular; − Inspeção: sem grande importância, mas pode ser de utilidade, como na pulsação exaltada do pulso pedioso em RN e lactentes, com grandes shunts esquerda-direita portadores de persistência do canal arterial. • Pressão Arterial: toda criança acima de 3 anos de idade deve ter sua pressão arterial avaliada a cada consulta ambulatorial. Crianças menores de 3 anos devem ter sua pressão avaliada em circunstâncias especiais. Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança − Hipertensão: a hipertensão em crianças e adolescentes segue definida como uma pressão sistólica e/ ou diastólica igual ou acima do percentil 95. A pressão entre os percentis 90 e 95 era considerada "normal elevada''. Atualmente, esse nível de pressão é denominado pré- hipertensivo, sendo considerado um indicador do efeito de mudanças no estilo de vida de nossos jovens. − Medição da PA: a criança deverá ser examinada após estar sentada, sem atividade, por 5 minutos. Não deverá ainda ter utilizado alimentos ou medicamentos estimulantes. E fundamental o uso do manguito apropriado. O estetoscópio deve ser posicionado sobre a artéria radial, mais ou menos 2 cm acima da fossa cubital. O braço direito deve ser utilizado preferencialmente para permitir comparação consistente entre medidas, evitando ainda erros de leitura, nos casos de coarctação da aorta, quando utilizado o braço esquerdo. Em recém-nascidos, é frequente o uso de sensores de Doppler pela dificuldade em realizar a ausculta em uma superfície tão pequena quanto o braço de um prematuro. →Ausculta A primeira bulha identifica o início da sístole ventricular, assim como a segunda bulha identifica a diástole. Esses dois sons cardíacos básicos são acrescidos de uma terceira e quarta bulhas. • A terceira bulha traduz a fase de enchimento ventricular rápido, e está presente nas situações de grande distensão ventricular, em consequência da sobrecarga circulatória. Em crianças, pode ser um achado normal. Quando associada a um quadro de insuficiência cardíaca, resulta na ausculta de um ritmo de galope; • A quarta bulha está relacionada à contração atrial, e freqüentemente é um achado normal. Posição: A ausculta deve ser feita com o paciente em decúbito (RN e lactentes) ou sentado (crianças maiores e adolescentes). Focos de ausculta: os focos de ausculta são quatro: • Foco mitral- na ponta, entre o quinto e sexto espaços intercostais na linha hemiclavicular. • Foco tricúspide - no segmento inferior do esterno, junto à base do apêndice xifóide. • Foco aórtico - no segundo espaço intercostal direito, junto à borda esternal. • Foco pulmonar - no segundo espaço intercostal esquerdo, junto à borda esternal. Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança Sopros: são de extrema importância no exame cardiológico das crianças, podem estar associados a patologias cardíacas, como estenoses ou insuficiências valvulares, porém, em crianças, podem ser normais ou "inocentes", traduzindo apenas a adaptação das válvulas ao coração em desenvolvimento ou a vibração da válvula durante a ejeção ventricular.. Dividem-se em três categorias básicas: • Sistólicos: iniciam-se na primeira bulha e terminam antes da segunda. • Diastólicos: iniciam-se com a segunda bulha e terminam antes do início do ciclo seguinte. • Contínuos: se mantêm sem interrupção por toda a primeira e segunda bulhas. Atrito Pericárdico: e som deriva da fricção entre os dois folhetos do pericárdio na ausência de lubrificação entre eles. →Exame Cardiológico em Situação Específicas • Exame do Recém-nascido: observaçãoda perfusão e a palpação dos pulsos periféricos devem preceder a ausculta cardíaca. Devem-se procurar avaliar o ritmo e a frequência cardíaca e a presença de sopros. A pesquisa dos pulsos femorais é uma rotina importante para afastar a presença de coarctação da aorta. Outro dado importante nos recém-nascidos é que um sopro inexistente no primeiro exame físico pode surgir na evolução do paciente. Isso se deve principalmente à abertura do canal arterial em decorrência da administração de 02. • Exame do Paciente com Taquicardia Supraventricular: arritmias mais frequentes em crianças. A freqüência cardíaca é em geral muito alta (acima de 170 bpm), fixa e regular. Quando acompanhada de sinais clínicos de baixo débito, como grande comprometimento geral, sudorese e má perfusão, constitui-se em uma emergência médica. Nesses casos, é indicado o uso de cardioversão (2 watts/si dose). Bibliografia: • RODRIGUES, Y. T.; RODRIGUES, P. P. B. Semiologia Pediátrica. 3. Ed, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009; • Treinamento esfincteriano. Manual de Orientação. Documento conjunto. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e. Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
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