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Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança Semiologia do Sistema Respiratório em Pediatria O exame do aparelho respiratório na criança deve constar de uma história clínica minuciosa, seguindo-se das diversas etapas da investigação semiológica, quais sejam, inspeção, palpação, percussão e ausculta, observando-se particularidades referentes a cada faixa etária e valorizando-se as etapas de acordo com o tipo de momento clínico em que se encontra o paciente. →História Clínica • A história deve ser colhida em ambiente tranquilo; • Deve-se perguntar/investigar sobre: "tosse"; "chiado no peito"; '' cansaço ''; “rouquidão”, “boca roxa”; • Precisamos detalhar a queixa apresentada e utilizamos perguntas tais como: Como e quando iniciou? Onde a criança estava? Quais as consequências observadas? Presença de febre? Episódios anteriores? Familiares com os sintomas? O modo como se iniciou a manifestação, o momento, o ambiente em que se encontrava o paciente e também o impacto causado, tanto no próprio quanto naqueles que o cercavam durante a manifestação, são de extrema valia; • Idade: de início das primeiras manifestações têm grande importância, pois, quando se dá nos primeiros dias ou semanas de vida, pode sugerir algum problema congênito ou próprio do período neonatal; • Duração: − Agudo: até 3 semanas; − Subagudo: 3 semanas a 3 meses; − Crônico: mais de 3 meses. • Fatores ambientais: influência nas manifestações respiratórias tais como: tabagismo familiar, clima, alergias, pássaros, roedores; • Manifestações de infecções respiratórias: febre, obstrução nasal ou coriza; • Dados sobre gestação e nascimento: exames pré-natais, condições de nascimento, asfixia perinatal, eliminação ou aspiração de mecônio, intubação; • História alimentar; • Fatores familiares: doenças hereditárias; • Avaliações anteriores: imunização, testes cutâneos, radiografias... →Exame Físico Inspeção → Palpação → Percussão → Ausculta →Inspeção Devemos avaliar: • Tipo de tórax: chato, tonel, cifótico, infundibiliforme, cariniforme; • Padrão Respiratório: − Lactante: abdominal; − Aos 3 anos: mista; − Aos 7 anos: torácica. Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança • Frequência Respiratória: − 0 – 2 meses: até 60 rpm; − 2-11 meses: até 50 rpm; − 12 meses – 5 anos: até 40 rpm; − 6-8 anos: até 30 rpm; − Acima de 8 anos: até 20 rpm; − Pré-adolescente: 18-20 rpm. − Obs.: Para tanto se conceitua taquipnéia quando um recém-nascido apresenta mais do que 60 irpm, um lactente, mais do que 50 irpm, e crianças acima de 1 ano, mais do que 40 irpm. • Esforço respiratório: retrações intercostais, retrações subdiafragmáticas, os batimentos de aletas nasais, movimentos de respiração paradoxal, o estridor ou o gemido. • Expansão torácica: observa-se a simetria direita-esquerda, assim como se há adequada expansão da caixa torácica. Fraturas múltiplas de arcos costais podem desencadear o flail chest, em que ocorre movimento paradoxal da região ou hemitórax acometido, levando à retração do segmento durante a inspiração e o inverso na expiração. • Regiões extratorácicas relacionadas com a respiração: − Narinas: coloração da mucosa e testar permeabilidade ( com um dos dedos, uma das narinas, posicione um pequeno pedaço de algodão na narina contralateral e observe se haverá movimento dele – atresia das coánas o algodão não se moverá); − Palato: formato e a presença de fenda; − Pavilhão auricular: se à presença de secreções; − Pele: a possíveis sinais de atopia, e a cicatriz do BCG intradérmico deve ser procurada na região deltóidea do braço direito; − Extremidades: baqueteamento digital e/ou cianose, o que significa hipoxia crônica na maioria dos pacientes. Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança →Palpação • Deve-se iniciar desde o segmento cefálico, incluindo cabeça e pescoço, até a palpação lateral do tórax com ambas as palmas, para avaliar a amplitude da expansibilidade de cada hemitórax; • Compressões ântero-posterior e láterolateral também podem detectar lesões ósseas através da detecção da dor ou presença de crepitação no caso de fratura de arcos costais; • Podemos observar anormalidades: o edema e deformidades; também podemos detectar linfonodos aumentados, posição da traquéia, transmissão torácica da voz; • Frêmito toracovocal: avalia-se melhor tocando-se com a palma da mão, logo abaixo da base dos dedos, as regiões torácicas direita e esquerda, enquanto o paciente pronuncia as palavras "trinta e três". Avalia-se a sensação vibratória da voz, simétrica e comparativamente a cada região, palpandose uma a uma. As alterações ocorrem devido à presença de líquido ou ar no espaço pleural, onde há diminuição do frêmito; porém, se houver colapso do brônquio (atelectasia), a ausência é total; • Traqueias: desvios da traquéia podem evidenciar atelectasias (para o lado da lesão) ou derrames pleurais volumosos (para o lado contrário da lesão), porém esses devem ser associados às alterações do frêmito e da ausculta. →Percussão • Técnica: digito-digital (falanges distais dos dedos médios); • Normal: som claro atimpânico; • Deve-se iniciar a percussão do tórax pela sua face posterior, de cima para baixo, ficando o examinador atrás e à esquerda do paciente. Utilizar manobra facilitatória. Percute-se separadamente cada hemitórax. Numa segunda etapa, percute comparativa e simetricamente várias regiões. Hiperestenda o dedo médio da mão esquerda, designado como o dedo plexímetro, e comprima a articulação interfalangeana distal sobre a superfície a ser percutida. Com os demais dedos ligeiramente separados, sem contato com a superfície torácica; • Observamos: − Som claro pulmonar: até o 4 espaçointercostal. − Som timpânico: espaço de traube. − Som submaciço: 4-5 espaço intercostais. − Som maciço: do 5 em diante. • Podemos encontrar: − Som normal: claro pulmonar; − Submacicez: área cardíaca e região superior do fígado; − Macicez: acumulo de liquido ou secreções ou atelectasias; − Timpânico: pneumotórax ou hiperinsuflação( corpo estranho/asma). →Ausculta • Deve ser realizada em ambiente silencioso e tranquilo; • A campânula do estetoscópio deve ser adequada ao tamanho do tórax, sempre que possível aquecida previamente para melhorar a aceitação do exame pela criança; • Posições: − Recém-natos e lactentes: decúbito; − Lactentes: auscultados no colo, principalmente quando ansiosos, situação na qual geralmente o examinador inicia pelo dorso para diminuir a ansiedade. Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança − Crianças maiores: auscultadas tanto sentadas quanto em pé, de acordo com a oportunidade de comodidade do paciente. • Normal: Múrmurio vesicular universalmente audível s/ ruídos adventicios (MVUA s/ RA); • Ruídos Adventícios: − Sibilos : ocorrem por broncoconstrição, o ar passa por esse estreitamento e apresenta som que lembra miado do gato- agudo e contínuo. Ex: Asma, edema − Estridor Obstrução parcial das vias respiratórias superiores; Apresenta-se como ruído inspiratório musical − Roncos : Presença de secreção nos pontos mais largos( traqueia e brônquios principais). O ar passa por essa secreção e acaba turbilhonando, apresentando-se como um ronco − Estertores: Obstruções por líquidos ou secreções em regiões mais inferiores( bronquíolos e brônquios). − Estertores Finos: Ruídos semelhantes aos grossos, porém se localizam no final da inspiração. Geralmente são provocados pela presença de líquido nos alvéolos ou pela sua súbita abertura quando atelectasiados. Ocorrem nos processos com atelectasia e pneumonias. − Estertores Grosso: Ruídos não-musicais, descontínuos. Representam movimento de líquido ou secreção através de bronquíolos. − Atrito pleural pode ser auscultado na fase inicialdos processos inflamatórios pleurais e se assemelha ao ruído produzido pelo atrito de duas superfícies de couro( rude, não- musical). − O gemido, comum em recém-natos, é produzido, pela oclusão parcial das cordas vocais na fase expiratória é musical, contínuo, de longa duração. − O estridor é um som inspiratório musical, de longa duração, geralmente causado por obstrução parcial das vias respiratórias superiores, como laringe, glote e traquéia, produzido por edema, constrição ou corpo estranho nessas áreas. →Síndromes Percussão Palpação Ausculta Derrame Pleural Maciço Diminuída M.V diminuído Pneumonia ou Maciço Aumentado M.V diminuído outras condensações Pneumotórax Timpânico Diminuída M.V diminuído Beatriz Marinelli, 8º termo Atenção Integral à Saúde da Criança Caso Clínico- Dr. Victor Paciente J.L.O, sexo masculino, 6 anos de idade. Queixa Principal: desconforto respiratório e tosse há 02 dias; História da moléstia atual: Paciente com história de tosse há 2 dias, de característica produtiva. Mãe referiu desconforto respiratório associado a febre medida de 38,5ºC. Negou vômito, diarreia, manchas na pele e outros sinais e sintomas. Diante do caso, avalie o paciente mostrando o passo a passo de um exame físico. • Hipótese Diagnóstica: pneumonia. • Inspeção: de modo geral não há alteração. Se a pneumonia for extensa a expansibilidade estará diminuída. A presença de tiragem vai depender o grau da pneumonia. • Palpação: frêmito toracovocal estará aumentado, por conta do processo de compensação; • Percussão: maciça no local do foco devido a condensação, isenta de ar; • Ausculta Característica: estertores (região pulmonar inferior) – líquidos ou secreção em bronquíolos. Bibliografia: RODRIGUES, P.P.B.; RODRIGUES, Y.T. Semiologia Pediátrica. 3a ed. Editora Guanabara Koogan (Grupo GEN), 2012. Obs.: estudar sobre outras doenças no anexo: alterações no derrame pleural, asma, pneumotórax e asma brônquica.
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