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Erros Inatos Do Metabolismo

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Joana D’arc S. Menezes | @embrevemedica_ | Medicina | 2º Período 
(EIM) 
P R O B L EM A 05 | M Ó D U L O 0 3: M E TA B O L I S M O | T U T O R I A 1 0 | 2º S EM E S T R E | P R O F . ED L E NE R I B E I R O 
E NT E ND ER OS ER R OS INA T OS DO ME TABOLISM O 
COM PRE E ND ER O T ES TE D O P EZI NHO E C ONH EC ER AS PR I NCIPAIS D OE NÇAS DIAG NOS TICA DAS NO T EST E PE LO S US. 
COM PRE E ND ER A F IS I OPA T OLOGIA , S INAIS E S I NT OMAS, D IAG N ÓSTI C O E TRA TAM E NT O (Q UALI DADE D E VID A E NEC ESS IDAD ES NU TRICI ONAIS ) DA 
FE NILC ET ONÚRIA. 
GENÉTICA BIOQUÍMICA: Estudo dos distúrbios genéticos relacionados com alterações em 
reações bioquímicas, os quais são denominados erros inatos do metabolismo. 
Além disso, conforme o seu efeito, as substituições podem ser classificadas nos seguintes tipos 
(Figura 9): 
Diretas: quando a substituição de uma base resulta na troca de um aminoácido por outro 
(exemplo: UUU – fenilalanina → UUA – leucina). 
Reversas: são responsáveis pelo processo inverso, quando ocorrem no mesmo ponto (exemplo: 
UUA – leucina → UUU – fenilalanina). 
Silenciosas: quando a alteração gera um códon que será traduzido para o mesmo aminoácido (exemplo: UUU – fenilalanina → 
UUC – fenilalanina). 
Neutras: quando a substituição de base resulta em troca de aminoácido, mas isso não afeta a atividade da proteína (BORGES-
OSÓRIO; ROBINSON, 2013). 
 
ERROS INATOS DO METABOLISMO: Doenças causadas por erros genéticos que afetam o funcionamento normal de proteínas 
envolvidas em reações químicas que ocorrem como parte de um processo contínuo de degradação e renovação de moléculas 
necessárias ao funcionamento do organismo. as pessoas nascem com falhas em reações químicas importantes para o organismo 
devido a formas alélicas dos genes que, neste caso, não vão condicionar enzimas que participam dessas reações. Distúrbios de 
natureza genética que geralmente correspondem a um 
defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma 
via metabólica (ocasionando, portanto, alguma falha de 
síntese, degradação, armazenamento ou transporte de 
moléculas no organismo). “Um gene, uma enzima”. Todos os 
processos bioquímicos no organismo se submetem ao 
controle gênico. Portanto, mutações gênicas, ocasionam rotas 
bioquímicas diferentes. Genes controlam o metabolismo das 
células por meio de enzimas. Existem cerca de 5 mil doenças 
genéticas e os Erros Inatos são cerca de apenas 10% dessas 
doenças (500) (são heterogêneos), sendo 200 delas tratáveis. 
No grupo dos EIM está a maior parte das doenças genéticas 
para as quais há algum tratamento. 
Categoria 1: Alterações afetam um único sistema ou órgão. 
Categoria 2: O defeito comprometerá uma rota bioquímica 
que será comum a diversas partes do seu corpo. Como, por 
exemplo, quebra da glicose. 
Grupo 1: Distúrbios na síntese ou quebra de moléculas complexas; Ex: Adrenoleucodistrofia 
Grupo 2: erros no metabolismo intermediário. Uma via terá algum passo prejudicado por uma enzima defeituosa. Ex: Intoxicação 
aguda ou crônica. Acidemias orgânicas, doenças do ciclo da uréia; intolerância aos açúcares. 
Grupo 3: Deficiência na produção ou uso de moléculas defeituosas. Ex: Acúmulo de glicogênio e doenças mitocondriais. 
O Erros inatos podem ocorrer em qualquer área do metabolismo: 
• EIM dos Aminoácidos 
• EIM dos ácidos orgânicos 
• EIM do Ciclo da Uréia 
• EIM dos carboidratos 
• EIM da Beta Oxidação de Ácidos Graxos 
• EIM dos Lisossomos 
• EIM dos Peroxissomas 
• EIM das Mitocôndrias 
• Outros 
Raridade Individual: 
Fenilcetonúria – 1:12000 
Mucopolissacaridoses – 1: 25000 
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Deficiência de Biotinidase – 1:90000 
Tirosinemia Hereditária – 1:500000 
 
Heterogeneidade Clínica dos EIM 
- Os EIM se manifestam com apresentação clínica variada, conforme o defeito específico, podendo ter manifestações típicas ou 
atípicas. 
- É comum os EIM terem um espectro amplo de gravidade e, conforme situação, o quadro clínico pode iniciar-se na fase neonatal, 
infantil, juvenil ou adulta. 
- A evolução é geralmente aguda (moléculas pequenas) ou geralmente subaguda/crônica (moléculas complexas). 
 
Alguns dados que podem sugerir um EIM: 
- História de morte precoce em crianças na família, sem que uma causa tivesse sido definida 
- Consaguinidade entre os pais (pelo fato de serem doenças recessivas) 
- Encefalopatia inexplicável (muitas vezes são intoxicações) 
- Que pode ocorrer em qualquer idade e de forma recorrente (algumas vezes pode ser intermitente) 
- Episódios de hipoglicemia, acidose metabólica e desequilíbrio hidro-eletrolítico 
- Regressão neurológica ou retardo mental 
- Hepatomegalia e/ou esplenomegalia 
- Déficit de crescimento e/ou alterações ósteo-articulares. 
 
Investigação de Erros Inatos do Metabolismo: 
- Suspeita Clínica 
- Testes de Triagem (testes geralmente de alta sensibilidade mas de baixa 
especificidade; Geralmente realizados em baterias que incluem diversos 
testes em sangue e urina; Servem para dirigir a investigação para uma área 
mais específica do metabolismo; Um resultado positivo deve ser seguido de 
investigações complementares; Um resultado negativo deve ser 
interpretado considerando as limitações do teste e o quadro clínico do 
paciente.) 
- Análises Qualitativas (Entender o que estava alterado; por exemplo, 
fazendo uma análise de mucopolissacarídeos na urina – que são 3 amostras 
diferentes com padrões diferentes – dando uma pista mais elaborada) 
- Análises Quantitativas: análise de aminoácidos no sangue. Observar 
quantidade de tirosina no sangue, por exemplo. 
- Ensaios Enzimáticos: observar qual é a atividade da enzima 
na qual se suspeita que está em deficiência. Geralmente, 
quando se trata de EIM, pode-se chegar ao diagnóstico 
através de um ensaio enzimático. 
- Análises Moleculares: analisar o DNA; podendo dar uma ideia 
da gravidade. Fazendo uma análise do Sequenciamento 
Genético, analisando as bases do DNA, para chegar a uma 
comparação ao que seria normal, analisando desse modo a 
alteração definitiva do que pode estar causando determinado 
quadro ao paciente. 
- Diagnóstico: Pode ser feito antes de todo esse passo a passo. Classificação do EIM: 
Grupo 1: Doenças que causam Intoxicação: Ex: Doença da urina do xarope do bordo (DXB) – Letargia, sucção débil, hipotonia de 
tronco, hipertonia de membros, odor característico (acúmulo de aminoácido). Tratamento – retirar os aminoácidos da dieta. 
Grupo 2: Doenças que envolvem o metabolismo energético: Defeito de oxidação de ácidos graxos com falta de energia para muitos 
processos (déficit de crescimento, hipotonia, cardiomiopatia, aumento de enzimas musculares, falta de força muscular, falta de 
energia, síndrome da morte súbita). 
Grupo 3: Doenças envolvendo o acúmulo de moléculas complexas (Mucopolissacaridose). 
Para que serve o diagnóstico? 
Abordagem da família, com vistas a: detecção mais precoce de novos casos; detecção de portadores (especialmente em doenças 
ligadas ao X); Aconselhamento genético; Diagnóstico Pré-natal (pode ser feito no líquido amniótico ou nas vilosidades coriônicas). 
Serve principalmente para o tratamento. 
 
DOENÇAS METABÓLICAS HEREDITÁRIAS RARAS 
Tecnologia do DNA Recombinante e Projeto Genoma Humano, permitiram avanços no tratamento e diagnóstico dessas doenças. 
Um desses avanços é a Terapia Gênica (substituição do gene defeituoso por um gene sadio, codificando tudo normalmente). 
Portaria 199 2014: Política de Atenção Integral às Pessoas com Doenças Raras. No caso de Erros Inatos do Metabolismo, entra em 
doenças Raras tratáveis. 
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ERROS NO METABOLISMO DA FENILALANINA: 
- Fenilalanina: aminoácido essencial; seu excedente é transformado em Tirosina. 
- Tirosina: aminoácido não essencial; utilizado para produção de proteínas, hormônios, melanina. Seu excedente é transformado 
no Ác. Para-hidróxi-fenil-pirúvico, que é transformadona Alcaptona que é transformada no Ác. Maleil aceto-acético. 
 
Fenilcetonúria: As pessoas não conseguem transformar a fenilalanina em Tirosina. Essa transformação acontece graças a “enzima 
f”, que é condicionada por um gene na sua forma alélica dominante F; As pessoas afetadas são homozigotas recessivas ff; havendo 
um acúmulo de fenilalanina no sangue, que se transformará em substâncias tóxicas que poderão causar lesões no cérebros que, 
sem tratamento, causará retardo mental. No Brasil, descobre-se por meio do Teste do Pezinho. 
 
Alcaptonúria: As pessoas não conseguem transformar alcaptona em ácido maleil acético. Essa transformação acontece devido à 
enzima B que é condicionada por um gene na forma alélica dominante B. Pessoas afetadas são bb, não produzindo a enzima, 
havendo um acúmulo de Alcaptona no sangue, que em contato com o ar, torna-se escura. 
 
Albinismo: Refere-se a várias condições hereditárias que levam as pessoas a ter pouca ou nenhuma pigmentação nos tecidos 
epidérmicos. No albinismo tipo 1, as pessoas não conseguem transformar a tirosina em melanina, reação condicionada por um 
gene em forma alélica dominantes A. Pessoas afetadas são homozigotas recessivas, não produzindo a enzima. Uma vez que a 
melanina não é produzida, pessoas albinas não possuem pigmentação nos olhos, pele e pelos, 
- Folling, 1934: Deficiência Mental x Ácido fenilpirúvico na Urina 
(aminoácido Fenilalanina que levava ao aumento desse ácido). 
- Jervis, 1947: Descobriu o que problema se dava no bloqueio da 
enzima fenilalanina hidroxilase. 
- Bickel, 1953: Descobriu que uma dieta pobre em fenilalanina 
reduziria os problemas causados pelo acúmulo desse ácido. 
Criou “Lofenalac”, que não está mais no mercado. Espécie de 
leite em pó com redução do quadro clínico, levando a um 
quadro bem mais leve. 
Quadro comum: convulsões, microcefalia, retardo mental. 
Normalmente, era descoberto por volta de 1 ano e meio de vida 
do paciente, quando não é possível mais retroceder o retardo 
mental ocorrido, podendo, apenas, melhorar a qualidade de 
vida a partir dali. É necessário que a identificação seja feita 
precocemente para que haja uma melhora significativa na 
qualidade de vida do paciente, reduzindo o avanço do retardo 
mental o quanto antes. 
- Guthrie, 1963:Coleta de sangue em papel filtro e o teste em placas para identificação de fenilalanina. Propôs fazer isso em todos 
os recém nascidos para ser possível identificar problemas no período neonatal, sendo possível intervir e prevenir a instalação do 
quadro clínico nos pacientes. 
EXAMES GENÉTICOS PARA AVISO PRÉVIO 
Os exames genéticos e o aconselhamento genético, frequentemente andam lado a lado. O profissional do aconselhamento 
genético trabalha para identificar quais anomalias ocorrem na família e, então os testes genéticos examinam o DNA diretamente 
para determinar se o gene causador da anomalia está presente. A pessoa pode ser encaminhada para a realização de exames 
genéticos principalmente se: for uma pessoa saudável preocupada com certas anomalias hereditárias no seu grupo étnico ou na 
sua família; for uma pessoa saudável com um histórico familiar de uma anomalia recessiva e estiver pensando em ter um filho; 
for uma mulher grávida acima de 35 anos; for uma pessoa acometida e precisar confirmar o diagnóstico; tiver um bebê que esteja 
em risco (porque os pais são portadores ou suspeitos de serem). 
EXAMES GERAIS 
Cada pessoa ao redor do mundo carregam um ou mais alelos que causam doenças genéticas. A maioria de nós nunca sabe quais 
ou quantos carrega. Se você tiver um membro na família afetado por uma anomalia genética rara, particularmente uma anomalia 
autossômica dominante com penetrância incompleta ou de início tardio, você pode estar vitalmente preocupado sobre qual(is) 
alelo(s) você carrega. Pessoas não afetadas até o presente momento por certas anomalias podem realizar exames genéticos para 
saber se elas são portadoras. A maioria dos exames envolve uma amostra de sangue, mas alguns são feitos com uma haste flexível 
de algodão esfregada contra a parte de dentro das bochechas para obter algumas células cutâneas. Os exames genéticos tem 
muitas implicações éticas. 
EXAME PRÉ-NATAL 
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O diagnóstico pré-natal é comumente usado para crianças que ainda não nasceram e cujas mães estejam acima dos 35 anos 
porque tais mulheres são muito mais propensas do que mulheres mais jovens a terem crianças com anomalias cromossômicas. O 
exame pré-natal é realizado para permitir aos casais terem tempo de decidir sobre os tratamentos a serem administrados tanto 
durante a gravidez quanto depois do parto de uma criança afetada. 
BIÓPSIA DE VILO CORIAL E AMNIONCENTESE 
Para um diagnóstico definitivo de uma anomalia genética, o exame necessita de um tecido da pessoa afetada. Dois testes pré-
natais comuns usados para se obter um tecido fetal são: a biópsia do vilo corial (BVC) e a amniocentese. Ambos os testes requerem 
USG para guiar os instrumentos usados para se obter as amostras. 
▪ O BVC geralmente é feito no final do primeiro trimestre de gravidez (décima à décima segunda semana). Um cateter é 
inserido pela vagina e guiado à camada externa da placenta, chamada córion. Uma suave sucção é usada para coletar 
uma pequena amostra do tecido corial. O tecido da placenta surge a partir do feto, não da mãe, então as células coletadas 
permitem estabelecer o número preciso de cromossomos e o perfil genético do feto. As ventagens do BVC são que: pode 
ser feito mais cedo que a maioria dos exames genéticos pré-natais; é extremamente preciso e, uma vez que uma amostra 
relativamente grande é obtida, os resultados são rapidamente produzidos. É associado à uma taxa de abordo espontâneo 
ligeiramente mais alta. 
▪ A Amniocentese geralmente é feita no início do segundo trimestre de gravidez (a partir da décima quinta semana). A 
amniocentese é usada para obter uma amostra do fluido amniótico que cerca o feto em crescimento por que o fluido 
amniótico contém células fetais (células cutâneas que se desprenderam) que podem ser examinadas no teste pré-natal. 
O fluido é retirado diretamente do útero usando-se uma agulha inserida através do abdome. Uma vez que as células 
fetais no fluido estão em uma concentração muito baixa, as células precisam ser cultivadas em laboratório a fim de 
fornecer tecido suficiente para o exame, o que faz com que os resultados demorem mais (cerca de 1-2 semana). Mas, os 
resultados são preciosos e são raras as complicações (como o aborto). 
ULTRASSOM 
Permite aos médicos examinem visualmente o feto em crescimento, juntamente com a medula espinhal, cérebro e todos os seus 
órgãos. O USG pode ser feito muito mais cedo na gravidez de uma mulher do que o BVC e a amniocentese. O USg emite ondas 
sonoras de frequencia extremamente altas através da parede abdominal da mulher. As ondas sonoras batem no feto e voltam 
para o receptor que, então, converte a “foto” de ondas sonoras em uma imagem visual. Novas tecnologias de USG incluem 
computadores poderosos que montam uma imagem 3D, dando imagens surpreendentemente precisas de características faciais 
e parte do corpo. O USG geralmente é usado para detectar anomalias genéticas associadas a características físicas e deformidades. 
O USG pode ser usado a qualquer momento durante a gravidez e é totalmente não invasivo, com muito pouco ou nenhum risco à 
mãe e ao bebê. 
TRIAGEM DE RECÉM-NASCIDOS 
Algumas anomalias genéticas são altamente tratáveis usando-se restrições alimentícias. Portanto, todos os recém0nascidos nos 
EUA são testados para duas anomalias genéticas comuns e altamente tratáveis: Fenilcetonúria e Galactosemia. Ambas as 
anomalias são autossômicas recessivas. 
▪ A fenilcetonúria causa retardo mental devido ao acúmulo de fenilalanina (um aminoácido que é parte de uma dieta 
normal) no cérebro das pessoas afetadas. Uma dieta baixa em fenilalanina permite a essas pessoas viverem suas vidas 
livres dossintomas (essa anomalia e o potencial de controla-la são as razões pelas quais certos refrigerantes dietéticos 
têm avisos no rótulo quanto à presença de fenilalanina). 
▪ A Galactosemia é uma anomalia similar à fenilcetonúria que resulta de uma incapacidade de digerir um dos produtos da 
lactose (açúcar do leite). Uma dieta livre de lactose permite às pessoas afetadas viverem suas vidas livres dos sintomas. 
Se não for tratada, a galactosemia resulta em um dano cerebral, falha renal e hepática e, frequentemente, morte. A 
galactosemia ocorre em uma a cada 45 mil crianças. 
O exame que detecta essas duas anomalias não é de fato um exame genético. Ao invés disso, os testes são concebidos para 
procurar pela presença de quantidades anormais de fenilalanina ou galactose – os fenótipos das anomalias. Conforme as 
tecnologias avançam, esses testes podem ser substituídos por exames diretos do DNA por microarranjos. 
PROGRAMA NACIONAL EM TRIAGEM NEONATAL 
O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o acompanhamento médico de algumas doenças podem evita r a morte, 
deficiências e proporcionar melhor qualidade de vida aos recém-nascidos. Conforme PORTARIA Nº 187, DE 3 DE FEVEREIRO DE 
2020 que institui a Base de Dados do Programa Nacional de Triagem Neonatal, em seu Art. 150 B, § 3º “Os dados a serem 
enviados pelos estabelecimentos de saúde públicos e privados e pelas Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal 
deverão conter campos de informação padronizados, conforme instruções a serem disponibilizadas pelo Ministério da Saúde ”, 
informamos que os serviços deverão entrar em contato com a Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados para receber 
as orientações necessárias para o processo de envio de dados ao SISNEO Centralizador. O Programa Nacional de Triagem 
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Neonatal é uma agenda transversal às políticas, coordenações e áreas técnicas (Sangue e Hemoderivados, Saúde da Criança, e 
Saúde da Pessoa com Deficiência e) e às Redes Temáticas do SUS (Rede Cegonha e Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência). 
Missão: "Promover, implantar e implementar as ações de Triagem Neonatal no âmbito do SUS, visando o acesso universal, 
integral e equânime, com foco na prevenção, na intervenção precoce e no acompanhamento permanente das pessoas com as 
doenças incluídas no Programa". A Triagem Neonatal é composta por: Triagem Neonatal Biológica (Teste do Pezinho), Teste 
do Reflexo Vermelho (Teste do Olhinho), Triagem Auditiva neonatal (teste da Orelhinha), e Triagem da Cardiopatia Congênita 
(Teste do Coraçãozinho), Teste do frênulo lingual (Teste da Linguinha)*. 
Sabemos que a triagem neonatal, conhecida como “teste do pezinho”, 
aplicado no Brasil a partir de 2001, já é socialmente reconhecida como uma 
efetiva ferramenta de prevenção a saúde, e tem a Atenção Básica como porta 
de entrada no Sistema de Saúde. A triagem neonatal a partir da matriz 
biológica, “teste do pezinho”, é um conjunto de ações preventivas, 
responsável por identificar precocemente indivíduos com doenças 
metabólicas, genéticas, enzimáticas e endocrinológicas, para que estes 
possam ser tratados em tempo oportuno, evitando as sequelas e até mesmo 
a morte. Além disso, propõe o gerenciamento dos casos positivos por meio 
de monitoramento e acompanhamento da criança durante o processo de 
tratamento. A triagem neonatal contempla o diagnóstico presuntivo, o 
diagnóstico de certeza, o tratamento, o acompanhamento dos casos 
diagnosticados e a incorporação e uso de tecnologias voltadas para a 
promoção, prevenção e cuidado integral. ► O diagnóstico presuntivo em 
triagem neonatal refere-se à interpretação de correlações clínicas e/ou 
clínico-laboratoriais, indicando impressão, suspeita ou probabilidade, obtidas 
por utilização unicamente dos testes de triagem conforme protocolos 
técnicos estabelecidos para os distúrbios ou doenças específicas; ► O 
diagnóstico definitivo ou de certeza refere-se à constatação da presença do 
distúrbio ou doença, nos casos previamente suspeitos à triagem, por meio de 
testes confirmatórios e/ou avaliação clínica; ► A melhoria da efetividade do 
acesso ao tratamento e acompanhamento dos casos diagnosticados, obtidos 
com as ações operacionais de monitoramento e acompanhamento das 
pessoas com diagnóstico positivo, incluem a busca ativa para a recoleta, 
reteste, reavaliação, agendamento de consultas e acompanhamento de 
comparecimento; ► A incorporação e uso de tecnologias voltadas para a 
promoção, prevenção e cuidado integral nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), incluindo tratamento medicamentoso e fórmulas 
nutricionais quando indicados no âmbito do SUS, devem ser resultado das recomendações formuladas por órgãos 
governamentais, a partir do processo de avaliação e aprovação pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS 
(CONITEC) e Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde. Deve ser considerada como uma 
condição de exceção toda coleta realizada após o 28º dia de vida, mesmo que não recomendada, por se tratar de um exame fora 
do período neonatal. Consideram-se excepcionalidades as dificuldades de acesso de algumas aldeias indígenas e populações de 
campo e da floresta, bem como questões culturais e casos de negligência. Crianças que não tenham realizado o “teste do pezinho” 
no período neonatal, devem ser avaliadas pelo serviço médico, para orientação e investigação diagnóstica específica, se 
necessário. Essa investigação será considerada com a finalidade de um diagnóstico tardio e, nessas condições, a criança detectada 
se beneficiará com o acesso ao tratamento/acompanhamento especializado e, consequentemente, a uma melhor qualidade de 
vida. 
 
Este programa tem como objetivo geral identificar distúrbios e doenças no recém-nascido em tempo oportuno para 
intervenção adequada, garantindo tratamento e acompanhamento contínuo às pessoas com diagnóstico positivo, conforme 
estabelecido nas Linhas de Cuidado, com vistas a reduzir a morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida das pessoas com 
doenças previstas na política. É realizada através de testes capazes de detectar precocemente um grupo de doenças e 
alterações, geralmente assintomáticas no período neonatal, porém, potencialmente causadoras de danos durante o 
crescimento e desenvolvimento das crianças acometidas. Na maioria dos estados brasileiros a coleta do teste de triagem 
neonatal biológica, popularmente conhecida no Brasil por “teste do pezinho”, acontece nos pontos de coleta da Atenção Básica 
em Saúde. Em alguns estados esta coleta também é realizada em maternidades, casas de parto, comunidades indígenas entre 
outros locais. A data ideal para a coleta pode variar de acordo com a maior 
sensibilidade das tecnologias diagnósticas e necessidades inerentes às 
doenças do escopo do Programa. Recomenda-se que o período ideal de coleta 
da primeira amostra esteja compreendido entre o 3º e o 5º dia de vida do 
bebê devido às especificidades das doenças diagnosticadas atualmente. 
Crianças que não tenham realizado o “teste do pezinho” no período neonatal, 
mais oportunamente na idade ideal, devem ser avaliadas pelo serviço médico, 
para orientação e investigação diagnóstica específica, se necessário. Esta 
investigação será considerada diagnóstico tardio e, nestas condições, a criança 
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detectada se beneficiará com o acesso ao tratamento/acompanhamento especializado e consequentemente a uma melh or 
qualidade de vida. 
O Programa Nacional de Triagem Neonatal tem em seu escopo SEIS DOENÇAS: 
▪ Fenilcetonúria (PKU) 
▪ Hipotireoidismo Congênito (HC) 
▪ Doenças Falciformes (DF) e outras hemoglobinopatias. 
▪ Fibrose Cística (FC) 
▪ Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC) ou Hiperplasia Congênita da Supra-renal 
▪ Deficiência de Biotinidase (DB) 
 
É importante que o acompanhamento e tratamento dos pacientes detectados sejam baseados nos ProtocolosClínicos e 
Diretrizes Terapêuticas publicados pelo Ministério da Saúde, para cada uma das doenças. 
FENILCETONÚRIA 
A sigla PKU vem do nome da doença em inglês “phenylketonuria”. A Fenilcetonúria é um dos erros inatos do metabolismo, com 
padrão de herança autossômico recessivo. O defeito metabólico, gerado geralmente da enzima hepática Fenilalanina 
Hidroxilase, leva ao acúmulo do aminoácido Fenilalanina (FAL) no sangue e ao aumento da Fenilalanina e da excreção urinária 
de Ácido Fenilpirúvico. Foi a primeira doença genética a ter tratamento estabelecido com terapêutica dietética específica. Sem 
a instituição, por meio de programas de Triagem Neonatal, do diagnóstico precoce e do tratamento antes dos 3 meses de vida, 
a criança afetada pela Fenilcetonúria apresenta um quadro clínico clássico, caracterizado por atraso global do desenvolvimento 
neuropsicomotor (DNPM), deficiência mental, comportamento agitado ou padrão autista, convulsões, alterações 
eletroencefalográficas e odor característico na urina. O diagnóstico estabelecido pelos programas de Triagem Neonatal é o 
ideal, pois permitirá o tratamento precoce, com introdução de terapia dietética adequada, que evitará o desenvolvimento do 
quadro clínico. A Triagem Neonatal é realizada a partir da dosagem quantitativa da Fenilalanina (FAL) sang uínea em amostras 
colhidas em papel-filtro. Recomenda-se que a coleta seja feita somente após 48 horas do nascimento, pois, para que o aumento 
da FAL possa ser detectado, é fundamental que a criança tenha ingerido uma quantidade suficiente de proteína. Nesse 
momento, mesmo as crianças de risco, que ainda não tiveram contato com leite materno, podem ter o sangue colhido, desde 
que estejam sob dieta parenteral (rica em aminoácidos essenciais). O tratamento consiste basicamente em uma dieta com 
baixo teor de FAL, mantendo-se o monitoramento em níveis adequados deste aminoácido para permitir o crescimento e 
desenvolvimento normais do indivíduo. A instituição de uma dieta isenta de FAL causaria um dano ainda maior do que a 
Fenilcetonúria propriamente dita, ou seja, a Síndrome da Deficiência de Fenilalanina, que é caracterizada por eczema grave, 
prostração, ganho de peso insuficiente, desnutrição, além de deficiência mental e crises convulsivas. O tratamento preconizado 
por equipe de especialistas deverá ser mantido por toda a vida. Estudos realizados em todo o mundo sugerem que a suspensão 
da dieta pode resultar em deterioração intelectual e comportamental, sendo, portanto aconselhável a manutenção da dieta 
por toda a vida. A dieta utilizada é hipoproteica, suplementada por uma fórmula de aminoácidos isenta de Fenilalanina (FAL), 
fornecida aos pacientes pelos Estados e Distrito Federal. Como os alimentos que são fontes importantes de proteína 
(principalmente os ricos em FAL) são eliminados da dieta, as quantidades de aminoácidos essenciais (com exceção da FAL) 
passam a ser controladas por meio do fornecimento dessa fórmula especial. Essa reposição permitirá que o paciente tenha 
desenvolvimento, tanto somático quanto neurológico, adequado apesar da importante restrição dietética que lhe será 
imposta. É uma doença metabólica rara, com prevalência global média estimada de 1: 10.000 recém-nascidos. A incidência 
varia entre as diferentes nações do mundo e os diferentes grupos étnicos. As maiores taxas são encontradas na I rlanda (1: 
4.500) e na Turquia (1: 2.600), e as menores, na Finlândia, no Japão e na Tailândia (1:200.000, 1: 143.000 e 1: 212.000, 
respectivamente). No Brasil, tem sido encontrada uma prevalência variando de 1: 15.000 a 1: 25.000. É importante que a família 
fique atenta e verifique a presença e a quantidade de fenilalanina no rótulo de medicamentos e alimentos industrializados. São 
proibidos alimentos que contenham o adoçante aspartame na sua formulação. Com esta preocupação, a ANVISA fez um 
trabalho com a indústria alimentícia e publicou uma Tabela de Composição de Fenilalanina em Alimentos 
(https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMzJmZTMzMmQtM2MzMS00Yjk3LTg2MTMtZDlkN2Q0OGI0MWMxIiwidCI6ImI2N2Fm
MjNmLWMzZjMtNGQzNS04MGM3LWI3MDg1ZjVlZGQ4MSJ9), com mais de 600 itens, possibilitando ampliar a variedade de 
alimentos consumidos e melhorar a qualidade de vida dos fenilcetonúricos. 
São conhecidas três formas de apresentação metabólica, que são classificadas de acordo com o percentual de atividade enzimática 
encontrado: ► Fenilcetonúria Clássica – atividade da enzima fenilalanina hidroxilase praticamente inexistente, menor que 1% e, 
consequentemente, níveis de fenilalanina plasmática superiores a 20 mg/dL; ► Fenilcetonúria Leve – atividade da enzima entre 
1% e 3%, resultando em níveis plasmáticos de fenilalanina entre 10 mg/dL e 20 mg/dL; ► Hiperfenilalaninemia Transitória ou 
Permanente – atividade enzimática superior a 3%, levando a níveis de fenilalanina entre 4 mg/dL e 10 mg/ dL. Nesse caso, não 
deve ser instituída qualquer terapia, pois essa é considerada uma condição benigna que não resulta em sintomatologia clínica. 
Os objetivos a serem alcançados em relação ao tratamento são os seguintes: ► manter a normalização dos parâmetros 
neuropsicomotores nos pacientes com diagnóstico precoce e instituição do tratamento adequado antes dos 3 meses de vida; ► 
desenvolvimento pôndero-estatural adequado para a idade do paciente, apesar da restrição dietética imposta; ► melhoria 
http://www10.anvisa.gov.br/SATA/view/publico/consultaPublica/selecionarPesquisa.seam
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMzJmZTMzMmQtM2MzMS00Yjk3LTg2MTMtZDlkN2Q0OGI0MWMxIiwidCI6ImI2N2FmMjNmLWMzZjMtNGQzNS04MGM3LWI3MDg1ZjVlZGQ4MSJ9
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Joana D’arc S. Menezes | @embrevemedica_ | Medicina | 2º Período 
gradual das alterações neuropsicológicas observadas nos pacientes cujo tratamento inicia-se a partir de 3 meses de idade 
(pacientes não submetidos à Triagem Neonatal). 
HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO 
Defeito na formação da tireoide ou na síntese dos hormônios tireoidianos; os hormônios tireoidianos são essenciais para o 
desenvolvimento do SNC. Caso haja a situação de hipotireoidismo congênito, levam a uma lesão grave e irreversível no SNC, com 
retardo mental a partir da segunda semana de vida. Tratamento: Reposição hormonal com Levotiroxina. Triagem: dosagem de 
TSH e T4 livre (filtro); Confirmação: TSH e T4 livre (sangue0 – até 2-6 semanas de vida. Etiologia: USG ou cintilografia com captação 
de iodo radioativo. 
DOENÇA FALCIFORME E HEMOGLOBINOPATIAS 
Alterações estruturas na hemoglobina; Doença falciforme: autossômica recessiva. 
Defeito estrutural da cadeia Beta da Globina. Hemácias em foice na baixa tensão de O2. 
Levam a complicações como infecções, crise álgica, síndrome torácica aguda, sequestro 
esplênico, AVC. Tratamento: Hidroxiureia (eleva a hemoglobina fetal), penicilina oral 
(reduz infecções), transfusões sanguíneas profiláticas. Triagem: Eletroforese de 
hemoglobina. 
 
FIBROSE CÍSTICA 
Doença autossômica recessiva. Mutação de CFTR: Canal de cloro das células epiteliais (muco espesso nos brônquios e dentro de 
canalículos pancreáticos); Infecções de repetição; Insuficiência pancreática exócrina, distúrbio hidroeletrolítico. Tratamento: 
reposição de enzimas pancreáticas, medidas de clearance mucociliar, tratamento de exarcebações pulmonares. Triagem: dosagem 
do IRT (filtro); Aumento da IRT (tripsina imunorreativa). Se veio alterado, faz segunda coleta no filtro até 4 semanas de vida. 
Confirmação: teste de cloro no suor (padrão ouro). 
HIPERPLASIA ADRENAL CONGÊNITA 
Doença Autossômica recessiva; Deficiência enzimática na síntese dos esteroides adrenais; Mais comum: deficiência 21-hidroxilase; 
Deficiência de cortisol e elevação de hormônios andrógenos. Síndrome perdedora de sal; Virilização em meninas. Tratamento: 
corticoide e mineralocorticoide. Triagem: 17-hidroxiprogesterona que se acumula em deficiência da 21-hidroxilase.DEFICIÊNCIA DE BIOTINIDASE 
Doença autossômica recessiva. Distúrbio do metabolismo da biotina (necessária para o funcionamento das carboxilases 
mitocondriais, com depleção da biotina); Distúrbio neurológicos e cutâneos. Epilepsia, hipotonia, atraso DNPM, Alopécia, 
dermatite eczematoide. Diagnóstico tardio: Criança evolui com sequela auditiva, visual e cognitiva. Tratamento: reposição diária 
de biotina. Triagem: Biotina (filtro). Confirmação: atividade biotinidase.

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