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Apgar e Triagem Neonatal

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Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
 
PROBLEMA 1: A MENINA “AMARELOU” | TUTORIA 06 | TUTOR: MARCOS ELY 
CASO CLÍNICO 
Carla, 16 anos, morava com seus avós numa pequena cidade do interior. Foi lá que conheceu Antônio, 30 anos, um rapaz que trabalhava 
no campo e, de noite, depois de se encontrar com Carla, frequentava o prostíbulo daquele lugar. Os avós não viam problema algum 
nesse namoro, até o dia em que levaram Carla ao médico da UBS, por reclamar de dor no baixo ventre, quando descobriram que sua 
neta estava grávida de aproximadamente sete meses. O médico solicitou alguns exames e pediu-lhe repouso. Os pais de Carla, que 
moravam na capital, foram informados quanto à gravidez inesperada de sua filha. Depois desta notícia, resolveram trazer sua filha de 
volta para a casa. Nesse dia, após uma discussão, Carla sentiu piora das dores abdominais, com a necessidade de atendimento médico. 
No atendimento do pronto socorro da capital, percebeu-se que ela estava em trabalho de parto, e logo deu à luz a Fernanda, P: 1380g, 
E: 44 cm, PC: 27 cm; Capurro somático: 34 semanas de idade gestacional, e na curva de crescimento intrauterino ficava abaixo do peso 
esperado para idade gestacional, portanto era PIG. No momento do nascimento, Fernanda fez apneia com cianose central, necessidade 
de ventilação com pressão positiva com ambu e máscara, Apgar 5 e 7. Em seguida ficou gemente, apresentando batimento da asa do 
nariz e taquidispneia – desconforto respiratório. Foi para UTI neonatal e iniciou-se antibióticos para pneumonia. Já nas primeiras 24h 
apresentou também icterícia na face, na parte superior do tórax e abdômen até o umbigo, Zona III de Krammer, ++/4. Foram colhidos 
exames laboratoriais: Hemoglobina=12 mg/dL; Ht 38%; reticulócitos > 6%; Bilirrubina Total=14,5 mg/dL; Bilirrubina Direta=1,2 mg/dL, 
Bilirrubina Indireta=13,3 mg/dL. Tipagem sanguínea: recém-nascido (RN): O/Rh; Coombs direto: positivo e VDRL do RN reagente 1/8. 
Foram solicitados também exames para TORCHS. Porém, os resultados só foram entregues na alta. Tipagem sanguínea: mãe O/Rh- . A 
criança foi submetida a fototerapia, CPAP nasal e ao tratamento para Sífilis congênita. Vinte dias depois, tendo melhorado 
completamente da condição respiratória, recebeu alta da UTI, onde foi submetida ao teste da orelhinha que mostrou ausência de 
resposta bilateral. A fonoaudióloga Adriana orientou Carla a repetir o exame após 3 meses. Realizou também testes do olhinho e do 
coraçãozinho. O teste do pezinho foi realizado na primeira semana de vida, porém necessitará ser repetido com 1 mês de vida. Na alta 
hospitalar, Fernanda foi encaminhada para acompanhamento no ambulatório de prematuros. Carla promete que seguirá todas as 
recomendações médicas. Sua filha é agora seu maior bem. 
OBJETIVOS PARA DIRECIONAMENTO DOS ESTUDOS 
COMPREENDER O MÉTODO APGAR, CURVA DE CRESCIMENTO INTRAUTERINO E CAPURRO SOMÁTICO (PARÂMETROS ANTROPOMÉTRICOS 
NEONATAIS) . 
ENTENDER O TESTE DO PEZINHO, O TESTE DA ORELHINHA, O TESTE DO CORAÇÃOZINHO, O TESTE DO OLHINHO E O TESTE DA LINGUINHA 
(TRIAGEM NEONATAL) . 
EXPLICAR A ICTERÍCIA , SUAS CAUSAS CONSEQUÊNCIAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO (ZONAS DE KRAMMER. HEMOGLOBINA, 
RETICULÓCITOS, HT) . 
COMPREENDER O COOMBS DIRETO E INDIRETO E TORCHS, E AS CONSEQUÊNCIAS DAS DOENÇAS NO RN. 
 
ESCORE DE APGAR 
O escore de Apgar é uma forma de avaliação clínica do recém-nascido (RN), proposta pela anestesista Virginia Apgar, na 
década de 1950, mas muito utilizada até os dias atuais, devido à facilidade de aplicá-la. É utilizado para demonstrar as 
condições do nascimento, e consiste na avaliação da respiração, frequência cardíaca, cor, resposta a estímulos e tônus ao 
nascimento. Esse escore não definirá a necessidade ou não de manobras de reanimação neonatal, mas também será 
importante para avaliação da resposta e da eficácia dessas manobras, caso tenham sido utilizadas. 
Como é calculado o Apgar: é calculado no 1º e 5º minutos de vida. Cada parâmetro clínico recebe uma pontuação de 0, 1 ou 
2 e, com isso, a pontuação mínima é 0 e a pontuação máxima é 10. A tabela abaixo mostra como devemos atribuir essa 
pontuação à condição clínica do recém nascido: 
Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
 
MAS COMO INTERPRETAR O ESCORE DE APGAR? 
Um escore baixo indica a presença de asfixia neonatal, e um 
escore alto (que é o normal), indica a ausência dessa asfixia. 
Mas é possível que o resultado da escala apresente falso-
positivos e falso-negativos. 
A pontuação do primeiro minuto está relacionada ao pH do 
cordão umbilical, sendo um índice de depressão intraparto. Se 
a pontuação do 1º minuto for baixa, e permanecer baixa após o 
5º minuto, isso poderá acarretar complicações deletérias a 
longo prazo. Há um consenso de que um escore de Apgar de 7 
a 10 significa uma criança sadia e, quando menor que 7, é um 
sinal de alerta para atenção especial. Se o escore for menor 
ou igual a 6, deverá continuar a ser calculado com intervalos 
de 5 minutos, até o 20º minuto de vida (logo, aos 10º, 15º, e 20º 
minutos após o nascimento). Um Apgar baixo no 20º minuto é 
compatível com mau prognóstico, como mortalidade ou alguma 
disfunção neurológica. 
 
 
 
 
 
 
CURVA DE CRESCIMENTO INTRA-UTERINO 
 
MÉTODO CAPURRO SOMÁTICO 
A avaliação precisa da idade gestacional (IG) é fundamental para a obstetrícia e para a neonatologia. Com a observação de 
sinais físicos e características neurológicas do recém-nascido é possível estimar a IG, pois muitos deles variam de acordo 
com a idade fetal. O somatório desses elementos é capaz de estimar a IG, tendo uma margem de erro de duas semanas. O 
método de Capurro consiste em uma das técnicas utilizadas para essa finalidade. 
 
Como funciona o método de Capurro? 
Realizado após o nascimento da criança, o método ou escore de Capurro avalia o desenvolvimento de cinco fatores para 
determinar a idade gestacional do recém-nascido, são eles: textura da pele, pregas plantares, glândulas mamárias, 
formação do mamilo e formação da orelha. Cada um dos itens possui um nível de desenvolvimento de acordo com a IG, 
como vocês podem ver na tabela abaixo: 
Como calcular o escore de Capurro? 
Para determinar a IG com base neste método somático, é necessário avaliar cada um dos itens com cuidado, assinalando a 
pontuação correspondente a eles. A pontuação (P) somada dos fatores deve ser acrescida de 204. O resultado desse cálculo 
será dividido por 7, obtendo assim o número de semanas da idade gestacional. IG = (P + 204)/7 
 
Quando utilizar esse método? 
O escore de Capurro é utilizado para determinar a IG quando as mães desconhecem a data da última menstruação (DUM) e 
não realizaram a ultrassonografia gestacional precoce (até 14 semanas). Os métodos citados acima (DUM e USG 
transvaginal precoce) possuem uma precisão maior, sendo preferíveis para essa análise. 
 
Escore de Capurro e New Ballard 
Por avaliar um número maior de características neurológicas, o método de New Ballard é a alternativa mais indicada para 
avaliação de recém-nascidos prematuros. Isso acontece porque o escore de Capurro baseia-se principalmente em fatores 
físicos e, em prematuros, a avaliação neurológica garante maior precisão da identificação da IG. 
 
Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
TRIAGEM NEONATAL 
No Brasil, há 4 triagens obrigatórias: 
• Triagem Neonatal biológica – Teste do pezinho 
• Teste do reflexo vermelho – Teste do olhinho 
• Triagem auditiva neonatal – Teste da orelhinha 
• Triagem da cardiopatia congênita – Teste do coraçãozinho 
Em 2014 foi sancionada uma lei que obrigada a realização de um teste que ainda não ocorre em todo o Brasil: 
• Teste do frênulo lingual – Teste da Linguinha 
TESTE DO PEZINHO 
Início em 2001. Fases de Implantação: Fase 1 – Fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito; Fase 2 – Anemia falciforme; Fase 3: Fibrose 
Cística; Fase 4: Hiperplasia adrenalcongênita e deficiência de biotinidase. A coleta é feita com a punção das faces laterais do calcanhar 
em papel filtro, nos cinco círculos adequadamente. Período ideal de coleta: 3º e 5 dias de vida ou após 48h da primeira amamentação. 
Teste do pezinho deve ser realizado até 28 dias após o nascimento. Em recém-nascidos prematuros a coleta não ocorre no calcanhar 
e sim de sangue venoso periférico em três amostras em tempos diferentes devido a maior chance de falso positivo e falso negativo. 1ª 
amostra: ao nascimento à admissão na UTI neonatal; 2ª amosra: entre 48-72h de vida; 3ª amostra: à alta hospitalar ou aos 28 dias de 
vida. 
TESTE DO OLHINHO 
Reflexo da superfície retiniana ao incidir um feixe de luz. Objetivo do exame é verificar se o eixo óptico é livre avaliando a qualidade 
dos meios transparentes do olho. Técnica: deve ser realizado nas primeiras 24 horas de vida; deve ser feito em sala em penumbra, 
posicionando o bebê com eixo visual alinhado no oftalmoscópio. 
• Feixe de luz a 40-50 cm dos olhos 
• Incidindo ao mesmo tempo ambos os olhos 
• Observar o reflexo obtido 
• Reflexo vermelho Alterado: leucocoria obstruindo o eixo 
óptico, podendo ser uma Catarata, um Glaucoma 
Congênito, uma Retinocoroidite ou Retinoblastoma. 
• Com tratamento precoce, evita ambliopia. 
• O teste do reflexo vermelho deve se repetir em toda consulta de puericultura até os 2-3 anos; 
• Exame duvidoso: encaminhar ao oftalmologista. 
TESTE DA ORELHINHA 
A incidência de perda auditiva na população infantil é de 1-6 para cada 1000 nascidos vivos e de 1-4 para cada 100 RN em UTI Neonatal. 
Detecção precoce: correto desenvolvimento neuronal com melhore rendimento escolar, autoestima e adaptação psicossocial. Qual a 
justificativa para que haja uma triagem para todos os bebês? Devido a 50% das perdas auditivas serem idiopáticas, sem riscos 
identificáveis. Foi instituída no Brasil em 2010. 
1) Indicadores de alto risco de perda auditiva: 
• História familiar de surdez congênita 
• Anomalias craniofaciais 
• Espinha bífida 
• Síndromes genéticas: Sd. Waadenburg, Alport e Pendred. 
• Intercorrências neonatais: muito baixo peso ao nascer (< 1500g); anóxia neonatal grave, apgar <4 e <6; uso de ventilação 
mecânica assistida; permanência em UTI >5 dias; sepse/meningite neonatal; infecções congênitas (TORCHS), uso de drogas 
ototóxidas; hiperbilirrubinemia importante (BT à termo >15; BT pré-termo > 12); 
2) Métodos: 
• Emissões otoacusticas evocadas (EOAE) – RN sem fatores de risco. Registo da energia sonora gerada pelas células da cóclea 
em respostas aos sons emitidos no conduto auditivo externo; teste objetivo, rápido e barato; não requer sedação; falso positivo: 
vérnix ou secreções no canal auditivo; avalia apenas sistema auditivo pré-neural. 
• Potencial evocado auditivo do tronco encefálico (PEATE) – RN com fatores de risco. Registra as ondas eletrofisiológicas 
geradas em resposta a um som; avalia a integridade neural das vias auditivas até tronco cerebral; teste mais complexo e 
dispendioso; necessita de sedação. 
• Falso positivo: imaturidade do SNC (até os 4 meses) 
3) Protocolo a Triagem: 
• RN sem fatores de risco – EOAE 
1ª falha – Repetir EOAE antes da alta 
2ª falha – PEATE antes da alta 
1ª falha PEATE – Repetir em 1 mês 
2ª falha PEATE – avaliação clínica audiológica 
Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
• RN com fatores de risco – PEATE 
1ª falha – repetir em um mês 
2ª falha – avaliação clínica e audiológica 
• RN com fatores de risco com triagem auditiva satisfatória 
Monitoramento clínico mensal do desenvolvimento da audição e da linguagem no 1º ano de vida. 
TESTE DO CORAÇÃOZINHO 
Cardiopatia congênita ocorre entre 1-2 para cada 1000 nascidos vivos; 2 deste tem cardiopatias graves com necessidade de intervenção 
urgente; 30% dos pacientes recebem alta sem diagnóstico. Ocorre por meio de oximetria de pulso entre 24-48h de vida; em todo RN 
com idade gestacional > 34 semanas; Pré-ductal: MSD; Pós-ductal: MI. Normal: SatO2 > ou = 95%. Anormal: SatO2 < 95% em qualquer 
medida. Conduta em anormalidade no primeiro teste: nova oximetria em 1 hora. 2º teste anormal: ecodopplercardiograma em até 24 
horas. 
TESTE DA LINGUINHA 
Visa a detecção da anguiloglossia. Em casos graves compromete na sucção, deglutição, mastigação e fala. Aplicação do protocolo de 
avaliação do frênulo lingual com escores para o bebê. Tratamento precoce: frenectomia. 
ICTERÍCIA NEONATAL 
DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA 
A icterícia neonatal consiste na manifestação clínica da hiperbilirrubinemia, definida como a concentração sérica de bilirrubina indireta 
(BI) maior que 1,5mg/dL ou de bilirrubina direta (BD) maior que 1,5mg/dL, desde que esta represente mais que 10% do valor de bilirrubina 
total (BT) (1). No entanto, a icterícia manifesta-se apenas quando os níveis séricos de bilirrubina são superiores a 5 mg/dL e é resultante 
do acúmulo de pigmento bilirrubínico na pele e nas mucosas. Ela ocorre em cerca de 60% dos recém-nascidos (RN) a termo e 80% dos 
RN pré-termo e permanece por 30 dias ou mais em cerca de 10% dos bebês em aleitamento materno(2,3). Na prática, 98% dos RN possuem 
níveis sanguíneos de bilirrubina total superiores a 1 mg/dL na primeira semana de vida, sendo que cerca de dois terços ou mais 
desenvolvem icterícia com valores acima de 5 mg/dL(4). Na maior parte das vezes, essa icterícia é fisiológica e reflete uma adaptação 
neonatal ao metabolismo da bilirrubina. Já em alguns casos, ela pode ser resultante de um processo patológico, com concentrações 
elevadas de bilirrubina, que podem ser lesivas ao cérebro, resultando no quadro de encefalopatia bilirrubínica aguda, a qual pode ser 
reversível ou evoluir para kernicterus ou para óbito(2). 
FISIOPATOLOGIA 
A icterícia fisiológica ocorre pelo RN possuir menor capacidade de captação, conjugação e excreção hepática da bilirrubina. Além disso, 
ele produz maior quantidade dessa substância, uma vez que possui mais hemoglobina e hemácias com menor meia vida, além de ter 
uma circulação êntero-hepática elevada de bilirrubina devido à escassa flora intestinal e da maior atividade da enzima beta-
glicorunidase na mucosa intestinal (3,4). Já a icterícia patológica pode ocorrer por diversos fatores, divididos em 3 grupos: aumento na 
produção de bilirrubina, diminuição da clearance e aumento da circulação êntero-hepática. O aumento da produção ocorre, por exemplo, 
em doenças hemolíticas e policitemia. A diminuição da clearence ocorre na Síndrome Crigler-Najar tipo I e II, síndrome de Gilbert, 
diabetes materna, hipotiroidismo congênito e galactosemia. Já o aumento da circulação êntero-hepática pode ocorrer em alterações 
da motilidade intestinal provocadas por obstrução funcional ou anatômica(5). 
QUADRO CLÍNICO 
A icterícia apresenta progressão craniocaudal e pode ser detectada visualmente por meio da digitopressão na pele do RN. É classificada 
de acordo com cinco zonas de Kramer (zonas dérmicas), a saber: presença de icterícia na cabeça e pescoço (zona 1), da cabeça até a 
cicatriz umbilical (zona 2), até os joelhos e cotovelos (zona 3), nos braços, antebraços e pernas (zona 4) e nas mãos e pés (zona 5). 
Quanto maior o número de áreas atingidas, maiores os níveis séricos de bilirrubina(1,3). Ademais, a icterícia fisiológica caracteriza-se 
por início tardio (após 24 horas) com pico entre o 3º e 4º dias de vida e declínio em 1 semana. Já a icterícia patológica é sugerida por 
icterícia precoce (antes de 24h de vida), associação com outras manifestações clínicas ou doenças do RN como anemia, plaquetopenia, 
letargia e perda de peso e icterícia prolongada (maior que 8 dias no a termo e superior a 14 dias no pré-termo)(2,3,4). No quadro de 
encefalopatia bilirrubínica aguda, ocorre letargia, hipotonia e sucção débil nos primeiros dias de vida. Caso não haja uma intervenção 
terapêutica imediata e agressiva, pode evoluir para Kernicterus, que consiste na forma crônica da doença com sequelas neurológicaspermanentes(1,2). 
DIAGNÓSTICO 
Em um primeiro momento, é necessário fazer o diagnóstico da icterícia propriamente dita. Esse diagnóstico pode ser feito pelo exame 
físico, pela mensuração da bilirrubina transcutânea e pela mensuração da bilirrubina sérica. No exame físico, a icterícia pode ser 
visualmente detectada por meio da digitopressão da pele do RN, sendo que a alteração passa a ser percebida com níveis de bilirrubina 
maiores que 4-8mg/dL. No entanto, impressão visual não apresenta relação direta com o nível sérico de bilirrubina. A mensuração da 
bilirrubina transcutânea é uma maneira não invasiva de estimar os níveis séricos de bilirrubina através do bilirrubinômetro e deve ser 
feita na face e no esterno do RN. Esse método ainda é considerado uma ferramenta de triagem, a partir do qual se define quais RN 
terãos seus níveis séricos de bilirrubina dosados. É considerado importante, pois, por meio dele, diminui-se o número de bebês 
puncionados. Já a mensuração da bilirrubina sérica é feita para confirmar o aumento dos níveis de bilirrubina evidenciados através do 
Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
exame percutaneo ou da avaliação clínica. A hiperbilirrubinemia pode ser classificada como indireta, quando apresenta níveis de 
bilirrubina indireta maior que 1,5 mg/dl, ou direta, quando há valores da bilirrubina direta maior que 1,5 mg/dl, sendo que ela deve 
representar mais que 10% do valor da bilirrubina total. Posteriormente, em um segundo momento, em determinado grupo de RN, é 
necessário fazer um diagnóstico etiológico, para um diagnóstico da causa da icterícia. Ela deve ser feita nos RN que apresentam icterícia 
nas primeiras 24 horas de vida ou valores de BT maiores que 15 mg/dl, independentemente da idade. É feito por meio de exames 
laboratoriais, sendo esses: a) Hemoglobina, hematócrito, reticulócitos; b) Tipagem sanguínea da mãe e do RN – sistema ABO e Rh 
(antígeno D); c) Coombs direto no sangue do cordão ou do RN; d) Coombs indireto se mãe Rh negativo; e) Teste de função hepática – 
TGO, TGP; f) Sorologias para STORCH; g) Avaliação para sepse; h) Dosagem sanguínea quantitativa de glicose-6-fosfato desidrogenase; 
i) Dosagem sanguínea de hormônio tireoidiano e TSH (teste do pezinho). Dentro das possíveis etiologias patológicas, as 
hiperbilirrubinemia indireta pode ser devido sobrecarga de bilirrubina ao hepatócito (doenças hemolíticas, coleções sanguíneas 
extravasculares, policitemia), deficiência ou inibição da conjugação de bilirrubina. Já a hiperbilirrubinemia direta, poderia ser hepatite 
neonatal, atresia biliar, infecções congênitas e erros inatos do metabolismo. 
TRATAMENTO 
O tratamento da icterícia será determinado de acordo com qual hiperbilirrubinemia é predominante na icterícia do RN. O tratamento da 
hiperbilirrubinemia indireta pode ser a fototerapia ou exsanguineotransfusão. A fototerapia é o tratamento mais prescrito na primeira 
semana de vida e é prescrita, em RN a termo ou pré-termo tardio (> 35 semanas), baseando-se na dosagem da bilirrubina total sérica. 
Nos RN pré-termo, se o peso do RN for menor que 1000g, inicia-se a fototerapia se a bilirrubina total for maior que 5mg/dL; se o RN 
tiver entre 1000-1500g, à fototerapia está indicada quando a BT está entre 7-9mg/dL; se o RN tiver entre 1500-2000g, inicia-se 
fototerapia quando o RN apresenta BT entre 10-12mg/dL; se 2000-2500g, inicia-se a fototerapia com BT entre 12-14mg/dL. A 
exsanguineotransfusão é reservada para as situações onde há risco maior de neurotoxicidade e é capaz de remover até 40% da 
bilirrubina pré-existente. Está indicada quando há falha da fototerapia, para interromper hemólise, RN prematuro, com menos de 1500g, 
com bilirrubina com valor maior ou igual aos 2 primeiros dígitos do peso, entre outras. 
Já o tratamento da hiperbilirrubinemia direta dependerá da etiologia causadora. 
INFECÇÕES CONGÊNITAS E PERINATAIS 
As infecções adquiridas intraútero ou durante o trabalho de parto são 
causas de significativa morbidade e mortalidade neonatal. Sob o 
acrônimo TORCH, foram agrupadas as cinco infecções congênitas 
mais prevalentes: T = toxoplasmose, O = outras (sífilis), R = rubéola, C 
= citomegalovírus (CMV) e H = herpes simples vírus (HSV). O 
diagnóstico precoce das infecções congênitas e adquiridas no período 
perinatal é de fundamental importância para o início da terapia 
adequada e determinação do prognóstico. No Brasil, o Ministério da 
Saúde recomenda o rastreamento de rotina para sífilis, toxoplasmose 
e HIV desde a primeira consulta pré-natal, enquanto o rastreamento 
para rubéola apenas se a gestante apresentar sinais sugestivos da 
doença. As discussões geradas em torno do rastreamento das 
infecções perinatais são devidas, principalmente, à variabilidade da 
prevalência destas doenças nas populações estudadas. Em regiões 
de baixa prevalência da afeccção, o rastreamento apresenta elevado 
custo e pouca eficiência. As evidências a favor e contra o 
rastreamento das TORCHS variam muito quando são consideradas as 
condições de saúde pública e os dados epidemiológicos da população. 
A definição de uma política de rastreamento para o Brasil tem como 
limitação o fato de que muitos dos artigos publicados, sugerindo ou 
não essa prática, não são nacionais, dificultando a decisão acerca de 
quais doenças devem ser rastreadas. Dessa forma, mais estudos a 
respeito da incidência e prevalência das doenças, bem como do 
custo-benefício dos testes laboratoriais usados em nosso meio, são 
necessários para que se possa adotar, no Brasil, uma conduta para o 
rastreamento de todas as doenças infecciosas passíveis de serem 
transmitidas verticalmente. 
 
 
Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 
O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório que afeta cerca de 1/3 da população mundial, mais comum em países 
tropicais. A infecção aguda em imunocompetentes é assintomática, mas pode atingir o feto quando a mulher adquire na gravidez. Cerca 
de 40% das gestantes infectadas transmitirão a doença para o feto se não forem tratadas adequadamente, e o risco de transmissão 
aumenta com o avanço da gravidez. O grau de comprometimento do concepto é maior no início da gestação. Risco de transmissão: • 
primeiro trimestre: 15% – apresenta repercussões graves no concepto, óbito fetal ou neonatal, sequelas importantes; • segundo 
trimestre: 25% – o recém-nascido apresentará manifestações subclínicas; • terceiro trimestre: 65% – com manifestações subclínicas e 
mais raramente um quadro grave de parasitemia. A transmissão da toxoplasmose ocorre com a ingestão de cistos do parasita, presentes 
na carne animal, ou de oocistos eliminados nas fezes de gatos, que podem estar presentes em alimentos, água ou outros materiais. 
Condições socioeconômicas, hábitos alimentares e culturais determinam as chances de exposição. O quadro pode caracterizar-se por 
coriorretinite, convulsão, micro ou hidrocefalia, calcificações cranianas, icterícia, anemia, hiperproteinorraquia, febre, hipotermia, 
hepatoesplenomegalia, icterícia, vômitos, diarreia, linfoadenomegalia, pneumonite, apneia, taquipneia, diátese hemorrágica, rash 
cutâneo, catarata, glaucoma e microftalmia. O diagnóstico de toxoplasmose aguda ou congênita pode ser comprovado por meio de 
testes sorológicos, e o padrão-ouro é o teste do corante (dye test), mas realizado em poucos laboratórios. 
SÍFILIS CONGÊNITA 
A sífilis congênita é adquirida por meio da disseminação do Treponema pallidum da mãe para o feto, principalmente por via 
transplacentária. O leite materno não transmite sífilis. O treponema provoca um processo inflamatório, comprometendo todos 
os órgãos do recém-nascido, com lesões viscerais, ósseas, pele e mucosas, e sistema nervoso central. A sífilis congênita precose 
ocorre em menores de 2 anos, resultante de infecção ativa. Além da prematuridade e do baixo peso ao nascimento, as principaismanifestações clínicas são hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, lesões cutâneas (pênfigo palmoplantar, condiloma plano), 
periostite, osteíte ou osteocondrite, pseudoparalisia dos membros (pseudoparalisia de Parrot), sofrimento respiratório com ou 
sem pneumonia, rinite serossanguinolenta, icterícia, anemia e linfadenopatia generalizada (principalmente epitroclear). Também 
podem ocorrer petéquias, púrpura, fissura peribucal, síndrome nefrótica, hidropsia, edema, convulsão e meningoencefalite 
(hiperproteinorraquia, pleiocitose, VDRL positivo no LCR), hidrocefalia, paralisia de pares cranianos, coriorretinite (lesão em “sal 
e pimenta”), glaucoma e catarata. As alterações laboratoriais mais frequentes são anemia, trombocitopenia, leucocitose (podem 
ocorrer reação leucemoide, linfocitose e monocitose) ou leucopenia e hiperbilirrubinemia. 
RUBÉOLA CONGÊNITA 
A infecção intrauterina causada pelo vírus da rubéola pode apresentar-se de duas formas: • infecção congênita da rubéola: 
engloba todos os eventos associados à infecção intrauterina pelo vírus da rubéola (abortos, natimortos, combinação de defeitos 
e também a infecção assintomática); • síndrome da rubéola congênita (SRC): refere-se à variedade de defeitos presentes em 
neonatos filhos de mães que apresentaram infecção pelo vírus da rubéola durante a gestação (deficiência auditiva, catarata, 
defeitos cardíacos, etc.). manifestações de infecção crônica, como morte fetal, parto prematuro e defeitos congênitos clássicos 
da SRC (perda auditiva, catarata e cardiopatia congênita). Outros achados, como meningoencefalite, pneumonia intersticial, lesões 
osteolíticas, retinopatia, glaucoma, hepatomegalia, icterícia, petéquias, adenopatia, anemia hemolítica e trombocitopenia, podem 
ser encontrados no período neonatal. As manifestações clínicas da infecção congênita da rubéola dependem do período em que 
ocorreu a infecção materna. A incidência de defeitos anatômicos é maior nos recém-nascidos de mães infectadas no primeiro 
trimestre da gestação. Crescimento intrauterino retardado pode ser a única sequela quando a infecção materna ocorrer no 
terceiro trimestre da gestação. Manifestações precoces • Perda auditiva: aproximadamente 2/3 dos neonatos apresentam algum 
grau de perda auditiva bilateral; • cardiopatias congênitas: cerca de 50% apresentam algum tipo de defeito cardíaco estrutura l, 
sendo mais comuns a persistência do canal arterial e a estenose de ramos da artéria pulmonar; • catarata: ocorre em 25% dos 
casos; • microcefalia: ocorre em 27% dos casos. 
HERPES SIMPLES VIRUS 
A infecção congênita pelo HSV, embora de baixa prevalência, é responsável por 0,2% de todas as internações no período neonatal 
e por 0,6% de todas as mortes nesse mesmo período nos Estados Unidos. O HSV é vírus DNA membro da família Herpesviridae. 
Infecta o ser humano através de inoculação oral, genital, mucosa conjuntival ou pele com solução de continuidade. Daí infecta os 
nervos terminais de onde é transportado, via axônios, até as raízes ganglionares dorsais, onde permanece latente durante toda a 
vida do hospedeiro. No estado de latência, esses vírus não são suscetíveis às drogas antivirais. Dois tipos de HSV de interesse 
humano são descritos: HSV1 e HSV2. Na infecção intrauterina: Na infecção transmitida por viremia materna predominam sinais 
de infecção placentária, como infarto, necrose, calcificações e sinais de envolvimento fetal grave como hidropsia. A morte do 
Joana D’arc Silveira Menezes | 3º Período 2020.2| Medicina | FITS 
 
concepto geralmente ocorre. Os sobreviventes exibem lesões de pele (vesículas, ulcerações ou cicatrizes), lesões oculares e graves 
anomalias no SNC, como microcefalia e hidranencefalia.

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