Buscar

Aula 05 - Imunidades

Prévia do material em texto

Direito Aplicado II
5º Aula
Imunidades
Bom dia caríssimos alunos, retomando a 
matéria de Legislação Tributária, nesta aula vamos 
abordar o tema Imunidades.
Boa aula!
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, o aluno será capaz de:
• compreender o que é imunidade tributária;
• identificar a diferença entre imunidade e isenção;
• definir quais os contribuintes que possuem imunidade.
27
Seções de estudo
1 - Conceitos
3 - Principais espécies
2 - Regras e sujeitos
1 – Conceitos
2 – Regras e sujeitos
3 – Principais espécies
As imunidades tributárias são regras de não incidência 
constitucionalmente qualificadas.
“Imunidades” é um tipo de competência negativa. Isto 
se deve ao fato que a Constituição Federal determinar, fixar, 
competência tributária de maneira positiva, prevendo os 
tributos que cada ente federado poderá instituir e, de maneira 
negativa, afastando a possibilidade de estes mesmos entes 
tributarem em determinadas situações.
Não podemos confundir imunidade que é uma regra 
constitucional, com isenção, que é um benefício fiscal dado 
pelo próprio ente tributante, por meio sempre de lei. Assim, a 
imunidade encontra morada na CF, enquanto as demais dispensas: 
isenção, anistia e remissão dependem como regra, de lei.
 Note que as Imunidades e os Princípios são limitações 
constitucionais ao poder de tributar, ganhando ambos o status 
de cláusulas pétrias, segundo o STF.
As regras imunizantes demarcam “campos”, na CF, 
dentro dos quais não poderá haver a incidência de tributos. São 
áreas de intributabilidade.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias 
asseguradas ao contribuinte, é vedado à 
União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios:
(...)
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos 
outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos 
políticos, inclusive suas fundações, das 
entidades sindicais dos trabalhadores, das 
instituições de educação e de assistência social, 
sem fi ns lucrativos, atendidos os requisitos da 
lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado 
a sua impressão.
“§ 2º A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias 
e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no 
que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados 
a suas finalidades essenciais ou às leis decorrentes.
§ 3º As vedações do inciso VI, a, e do parágrafo anterior não 
se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados 
com exploração de atividades econômicas regidas pelas 
normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que 
haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo 
usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de 
pagar imposto relativamente ao bem imóvel.
§ 4º As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, 
compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, 
relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas 
mencionadas.”
Imunidade recíproca: de acordo com o art. 150, VI, a, 
da CF a imunidade prevista veda a tributação entre pessoas 
políticas, e é conhecida como imunidade recíproca, decorrente 
do princípio federativo da não interferência entre os entes 
federados que são autônomos. 
Imunidade recíproca: alínea “a”. União, Estados, 
Municípios e Distrito Federal não poderão cobrar impostos 
uns dos outros.
Imunidade Recíproca
UNIÃO
DIST. FEDERAL
ESTADOS
MUNICÍPIOS
O STF tem dado interpretação ampliativa do rol classificatório 
constante na alínea “a”, isto é, “impostos sobre o patrimônio, 
rendas ou serviços”. Assim, para o STF, não devem incidir o II, o 
ICMS e outros, não constantes daquele rol mencionado.
Estende-se a imunidade recíproca as autarquias e 
fundações públicas desde que elas mantenham-se fiéis ao 
cumprimento da atividade precípua.
Assim, empresa pública e sociedade de economia mista 
pagam impostos.
Agora, esta imunidade recíproca não existe conforme disposto no 
§3º do art. 150 da CF em casos que haja a exploração de atividade 
econômica regida pelas regras de mercado, em consonância com o 
art. 173, §2º, da CF, ou quando haja contra prestação ou pagamento 
de preços ou tarifas pelo usuário.
Entretanto, para o STF, se elas desempenharem atividade com 
estatalidade serão equiparadas às autarquias, merecendo a imunidade 
recíproca. Caso famoso: Correio.
A parte final deste §3º esclarece que o compromissário 
comprador de imóvel não se aproveita da imunidade do 
compromissário vendedor, para se eximir de pagar IPTU e ITBI.
Imunidades para templos para qualquer culto: no caso 
do art.150, VI, b, da CF., que diz ser imune os templos de 
qualquer culto, deriva do princípio da liberdade ao culto 
religioso previsto no art. 5º., inciso VI da CF, não cabendo a 
administração tributária a avaliação no reconhecimento de tal 
imunidade, o mérito social, nem mesmo religioso de um ou 
outro templo.
Elemento teleológico: liberdade de crença, culto religioso. 
Pois o Brasil é um Estado laico. Note que o imposto quando 
incidente sobre o templo, poderia prejudicar a liberdade de culto, 
razão pela qual o legislador optou por afastá-lo dos templos.
Culto: é a manifestação religiosa que difunde valores 
consentâneos com aqueles previstos no texto constitucional, 
Direito Aplicado II 28
dignidade da pessoa humana, igualdade, entre outros.
Templo: há grandes divergências no conceito de templo, 
que evoluiu conforme se vê abaixo.
a) Templo= local destinado ao culto
b) Templo= local do culto + anexos ( “universitas juris”)
c) Templo= entidade
Trata-se da teoria moderna, que parece responder as 
questões mais indicadas e atuais, afetas a igreja.
A leitura do art. 150, parág. 4º da CF ratifica esta teoria 
moderna quando associa templo a entidade, na realização das 
atividades direta ou indiretamente ligadas às essenciais.
Nesse passo, nada obsta a que a Igreja exerça uma 
atividade estranha a difusão da fé, entretanto, para a fruição 
da imunidade, deverá cumprir requisitos:
1) Prova da aplicação integral das rendas nos objetivos 
institucionais;
2) Prova de inexistência de prejuízo a livre concorrência.
Assim, se o templo é utilizado para fins comerciais estranhos 
à religião, ou, por exemplo, parte de sua construção é alugado a 
terceiro, incidirá sobre estes os impostos devidos, sem imunidade.
 Com relação à imunidade dos partidos políticos, 
entidades sindicais, instituições de assistência social e educação 
sem fins lucrativos, pronunciou-se o STF por meio de sumula 
724, onde também abarca o IPTU de imóveis alugados a 
terceiros, desde que o valor dos aluguéis seja revertido na 
própria atividade destas entidades. 
Reparem que neste caso acima é necessário que os valores 
obtidos sejam revertidos em prol dos partidos políticos, 
entidades sindicais e instituições.
Súmula nº 591. “A imunidade ou a isenção tributária do comprador 
não se estende ao produtor, contribuinte do imposto sobre produtos 
industrializados”.
Signifi ca dizer que a imunidade não benefi cia os fornecedores de bens 
e serviços para entidades imunes, e foi sumulado por falta de clareza 
na constituição no tocante a tal assunto.
Chegamos, assim, ao fi nal de mais uma aula. Espera-se que agora tenha 
fi cado mais claro o entendimento de vocês sobre imunidades. Vamos, 
então, recordar: 
A imunidade recíproca, a dos templos e a dos partidos 
políticos, sindicatos, e instituições de assistência social e 
educação sem fins lucrativos (CF, art. 150, VI, a,b e c) não 
afasta a responsabilidade por retenção na fonte e as obrigações 
acessórias (CTN, art. 9º.,§1º).
A imunidade prevista do art. 150, VI, d, da CF serve de 
incentivo a difusão de informações culturais, abrangendo os 
filmes e papeis fotográficos, necessários a publicação de jornais e 
periódicos, como determinado na súmula nº 657, “A imunidade 
prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis 
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos”.
Lembrando ainda que:
- Não incide IPI sobre produtos destinadosao exterior 
(art. 153, §3º, III).
- Não incide ainda, ITR sobre determinadas propriedades 
rurais de menor extensão (art. 153, §4º.). 
Também não incide ICMS sobre produtos 
industrializados em operações ao exterior, sobre petróleos e 
derivados e energia elétrica em operações a outros Estados e 
sobre o ouro como ativo financeiro ou instrumento cambial 
(art. 155, §2º., X).
Quanto à imunidade do patrimônio, da renda e dos 
serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, 
das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de 
educação e de assistência social, sem fins lucrativos (CF, art. 
150, VI, c), o CTN traz os termos em que ela será reconhecida:
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV 
do artigo 9º é subordinado à observância 
dos seguintes requisitos pelas entidades nele 
referidas: 
I - não distribuírem qualquer parcela de seu 
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; 
II - aplicarem integralmente, no País, os seus 
recursos na manutenção dos seus objetivos 
institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e 
despesas em livros revestidos de formalidades 
capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste 
artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade 
competente pode suspender a aplicação do 
benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do 
inciso IV do artigo 9º são exclusivamente os 
diretamente relacionados com os objetivos 
institucionais das entidades de que trata este 
artigo, previsto nos respectivos estatutos ou 
atos constitutivos.
Cabe esclarecer ainda, que no tocando a imunidade aos 
partidos políticos o elemento teleológico é liberdade política 
combinado com pluralismo político.
A não incidência alcança apenas os partidos políticos com registro no 
TSE, devendo prevalecer a tributabilidade sobre os partidos políticos 
clandestinos. Tal regra, conforme a CF, estende-se às fundações 
atreladas aos partidos políticos.
 Espero que todos tenham aprendido muito nesta aula! 
Caso alguém tenha ficado com alguma dúvida, tenha alguma 
pergunta, choro ou lamentação, poderá entrar em contato 
através da plataforma no quadro de aviso/mensagens ou 
através da ferramenta fórum.
Um grande abraço e até a próxima aula, lembrando que se não 
tiverem dúvidas terão dívidas, pois a matéria será cobrada na prova!
As imunidades tributárias são regras de não incidência 
constitucionalmente qualificadas.
“Imunidades” é um tipo de competência negativa. Isto 
se deve ao fato que a Constituição Federal determinar, fixar, 
competência tributária de maneira positiva, prevendo os 
tributos que cada ente federado poderá instituir e, de maneira 
negativa, afastando a possibilidade de estes mesmos entes 
tributarem em determinadas situações.
Não podemos confundir imunidade que é uma regra 
constitucional, com isenção, que é um benefício fiscal dado 
pelo próprio ente tributante, por meio sempre de lei. Assim, 
a imunidade encontra morada na CF, enquanto as demais 
dispensas: isenção, anistia e remissão dependem como regra, 
29
de lei. As regras imunizantes demarcam “campos”, na CF, 
dentro dos quais não poderá haver a incidência de tributos. São 
áreas de intributabilidade.
Há também a chamada Imunidade recíproca, onde a 
União, Estados, Municípios e Distrito Federal não poderão 
cobrar impostos uns dos outros.
Não podemos esquecer, que no caso dos templos, se 
utilizado para fins comerciais estranhos à religião, ou, por 
exemplo, parte de sua construção é alugado a terceiro, incidirá 
sobre estes os impostos devidos, sem imunidade.
Minhas anotações

Outros materiais