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Ferramentas BIM na Gestão de Projetos

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AULA 3 
FERRAMENTAS BIM NA 
GESTÃO DE PROJETOS 
Prof. Norimar Ferraro 
 
 
2 
INTRODUÇÃO 
Esta aula irá abordar alguns aspectos relativos aos benefícios e 
funcionalidades do BIM. Já vimos que a tecnologia BIM se insere em todo o ciclo 
de vida da edificação, sendo importante desde a fase de concepção, construção 
e uso do edifício. Existem algumas dificuldades e barreiras, principalmente 
culturais, a serem enfrentadas para a implementação BIM, e isso também será 
tema desta aula. 
TEMA 1 – O BIM NO TRABALHO PROJETUAL 
A arte de projetar sempre foi caracterizada pelo trabalho de desenho da 
edificação. O desenho de arquitetura é uma representação gráfica bidimensional 
da geometria do edifício, em uma determinada escala em relação ao real, 
contendo informações, principalmente sobre suas dimensões, de tal forma a ser 
possível sua construção. Em linhas gerais, a concepção do projeto consiste no 
desenvolvimento dos elementos construtivos que compõem a edificação, segundo 
princípios conceituais, formais, estruturais e funcionais. 
O modelo tradicional de desenvolvimento de projetos tem como 
desvantagem que a representação bidimensional não facilita a compreensão do 
edifício, mas apenas de partes dele, que são montadas na imaginação do 
projetista. A capacidade de visualização tridimensional varia de pessoa para 
pessoa, e isso acarreta diferenças de interpretações e eventuais erros. 
O modelo BIM, por outro lado, baseia seu desenvolvimento projetual em 
um modelo virtual tridimensional, elaborado dentro de uma ferramenta digital. Sua 
vantagem inicial é justamente a visualização tridimensional (3D) do que está 
sendo projetado. Diferentemente dos modelos físicos, os modelos virtuais contêm 
informações que podem ser analisadas de diversas formas, como simulações e 
verificação de inconsistências ou interferências. A análise estética, fundamental 
nas fases de concepção, é grandemente facilitada, por permitir a rápida 
elaboração de alternativas formais no modelo, em contraposição aos modelos 
físicos. 
 
 
 
 
 
 
3 
 
Figura 1 – A visualização tridimensional nos sistemas BIM permite uma rápida 
avaliação estética e funcional do objeto arquitetônico, bem como as interferências 
dos sistemas prediais e estruturais 
 
Fonte: Svjatoslav Andreich/Shutterstock. 
Na fase de projetos, a produção do modelo virtual BIM pode requerer um 
esforço e tempo inicialmente maiores que os modelos tradicionais em CAD, 
porém, como se vê no Gráfico 1, devido à sua capacidade e facilidade de se alterar 
o modelo e produzir documentação, impacta menos nas fases em que o custo das 
alterações é maior. Nos modelos em CAD, as mudanças realizadas nas fases 
posteriores do projeto requerem maior esforço e têm um custo maior de alteração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Gráfico 1 – As curvas de esforço de mudanças no projeto e seu impacto no custo, 
no processo tradicional (linha 3) e BIM (linha 4) 
 
 
Fonte: Curt, 2007 
 
Além disso, a documentação gerada a partir do modelo virtual nos sistemas 
BIM é mais íntegra e menos sujeita a erros. A atualização automática dos 
desenhos gerados, quando são feitas alterações de projeto, reduz 
consideravelmente o tempo de revisão e retrabalho, com envios de arquivos e 
documentação mais ágeis, tanto para outros profissionais como para o canteiro 
de obras. Outro ponto de vista interessante é que as regras definidas nos 
elementos construtivos podem gerar uma documentação mais rápida, no que se 
refere à integração de todos os projetos e a construção. Por exemplo, um vaso 
sanitário fornecido como biblioteca pela empresa Deca, já vem com 
especificações do dimensionamento da entrada de água e saída de esgoto, que 
será lida pelo software e facilitará o projeto hidráulico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Figura 2 – Informações em um componente de uma família de objetos hidráulicos 
(como o vaso sanitário) orientam o projeto complementar 
 
 
Fonte: Elaborado pelo autor. 
Nas fases de estudo preliminar e anteprojeto, muitas decisões relacionadas 
a custo e tipo de produto a ser construído são facilitadas devido à rapidez com 
que as ferramentas BIM podem realizar o feedback. Alguns programas, como o 
Affinity da Trelligence, são capazes de gerar plantas baixas em ferramentas BIM 
com base no programa de necessidades. Como analisamos no Gráfico 1, as 
decisões tomadas nessas fases de projeto podem impactar consideravelmente 
nos custos de construção, porém com baixos custos de alterações de soluções 
de projeto. 
O uso do BIM tem uma grande vantagem quando se trata da integração do 
projeto arquitetônico com os sistemas prediais e as análises e simulações dela 
decorrentes. Geralmente essas análises são feitas por uma equipe de 
profissionais, e o BIM permite o trabalho simultâneo no modelo. Elas envolvem 
questões como o desempenho estrutural, iluminação e consumo de energia, 
acústica etc. que podem ser realizadas mesmo nas fases preliminares. A 
interoperabilidade garante o intercâmbio e a troca de informações entre diferentes 
softwares, que são necessários muitas vezes para as diferentes análises. 
TEMA 2 – O BIM NO CANTEIRO DE OBRAS 
O atual modelo de contratação e construção, que se baseia na sequência 
projeto/licitação/construção, limita, quase sempre, a participação do construtor 
apenas após a fase de licitação ou contratação. O conhecimento que o construtor 
 
 
6 
pode agregar ao processo de projeto é, de certa forma, desperdiçado e só é 
utilizado em fases em que normalmente as mudanças tendem a ter um custo 
considerável. 
O BIM pode contribuir significativamente no planejamento dos processos 
construtivos, reduzir o tempo de obra e economizar recursos. Porém, para isso, é 
necessário que o construtor participe do processo antecipadamente, na fase de 
projetos. 
Com isso, pode trazer os seguintes benefícios: 
• Detecção de interferências; 
• Levantamento de quantitativos e estimativa de custos; 
• Análise e planejamento da construção; 
• Integração com controle de custos e cronogramas e outras funções de 
administração; 
• Pré-fabricação externa; 
• Verificação, direção e rastreamento de atividades de construção. 
Mesmo no estágio atual de modelagem BIM, os modelos virtuais gerados 
com base no projeto arquitetônico e complementares não entregam todas as 
informações necessárias de que os construtores precisam. Dentre elas, podemos 
citar informações detalhadas da edificação, componentes temporários, 
especificações, análises de desempenho ou relatórios do andamento do projeto 
ou construção. Os construtores precisarão inserir essas informações no modelo 
virtual ou gerar seus próprios modelos. 
A grande vantagem para o construtor é o planejamento 4D, que diz respeito 
à sequência planejada da construção. Assim, ele pode acompanhar passo a 
passo o desenvolvimento da obra e repartir as informações entre os membros da 
equipe. Esse modelo permite, além de tudo, a descoberta de interferências entre 
os elementos construtivos, principalmente no que se refere aos sistemas prediais. 
A compatibilização nos processos tradicionais 2D ou 3D são demorados e 
requerem a atualização dos desenhos. Já nos processos BIM, as interferências 
são identificadas pelo próprio software, por meio das regras e atributos próprios 
dos objetos. Não obstante, para que isso aconteça, há a necessidade de que o 
modelo virtual seja construído corretamente. 
A detecção de interferências pode ser realizada dentro de uma única 
ferramenta BIM, no entanto pode ser limitada. Convém a integração com 
 
 
7 
ferramentas BIM específicas para essa tarefa, porém mesmo assim sujeitas à 
correta construção do modelo virtual. 
Em relação aos orçamentos, os sistemas BIM podem auxiliar de maneira 
considerável a tarefa do orçamentista. De forma alguma substitui essa função, 
porém o orçamentista, com o auxílio dos sistemas BIM, pode obter resultados demaneira mais rápida, visualizar, quantificar e mesmo otimizar os custos relativos 
aos serviços. 
Por meio da interoperabilidade, é possível a exportação para softwares 
específicos de orçamentação ou levantamento de quantitativos. Entretanto, essa 
é uma tarefa que necessita ser iniciada aos poucos, primeiramente por meio de 
algumas contagens e dentro do próprio software BIM. Assim, evitam-se erros nas 
exportações, e, à medida que o orçamentista vá tomando confiança, ele pode 
executar tarefas mais complexas. 
Para a análise e planejamento da obra e do seu canteiro, os processos 
tradicionais não conseguem fornecer uma visualização temporal e espacial mais 
próxima da realidade. Os gráficos Gantt, por exemplo, apenas demonstram a 
sequência dos serviços em um cronograma, por vezes aliados a custos, mas não 
fornecem as implicações espaciais no canteiro de obras. O modelo BIM 4D 
possibilita a compreensão da logística do canteiro de obras, a coordenação de 
todas as disciplinas, bem como uma melhor comparação do planejado e o que 
está efetivamente executado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Figura 3 – Gráficos Gantt tradicionais fornecem uma visão parcial da sequência 
das tarefas no canteiro de obras, não possibilitando uma visão espacial dos 
serviços e os equipamentos necessários 
 
Fonte: Kemal Taner/Shutterstock. 
TEMA 3 – O BIM PARA PROPRIETÁRIOS E GERENTES DE INSTALAÇÕES 
Devemos entender, nesse tema, quem são os proprietários e os gerentes 
de instalações. Proprietários são os agentes ou organizações que iniciam ou 
financiam os projetos. São eles que movimentam a construção civil e deles 
depende parte do sucesso do empreendimento. Os gerentes de instalações, por 
sua vez, irão administrar a vida do edifício, de sua operação e sua manutenção. 
Uma das primeiras razões pelas quais os proprietários podem tirar grande 
vantagem dos processos BIM é a confiabilidade dos custos e quantitativos. 
Algumas pesquisas americanas informam que até dois terços dos construtores 
reportam custos acima do previsto (Eastman; Sacks, 2011) e que se aplica entre 
5 e 50% sobre o custo em relação às estimativas, dependendo do tipo de projeto, 
para que não haja risco. 
Com o uso das ferramentas BIM, tanto no projeto quanto na elaboração de 
planilhas de custos, desde as fases iniciais, podem-se obter estimativas mais 
precisas de custos. Além disso, as alterações rápidas e a comunicação mais 
dinâmica entre os projetistas e orçamentistas contribuem para a precisão das 
estimativas. 
A redução do prazo para o lançamento ou conclusão do edifício também 
são fatores vantajosos para os proprietários. Em geral, as obras são financiadas 
e também podem, por excesso de prazo de construção, chegar ao mercado em 
 
 
9 
épocas de recessão, não possibilitando o retorno do investimento de forma 
adequada. Empreendimentos que fazem uso do BIM, por meio da elaboração de 
um modelo virtual paramétrico, da coordenação 3D e da pré-fabricação dos 
elementos construtivos, reduzem esses prazos e, quando coordenados em forma 
4D (planejamento da obra), lidam melhor com as condições imprevistas do 
canteiro de obras. 
A complexidade das edificações, quer no campo das regulamentações, 
quer nos sistemas prediais de infraestrutura, cresceu em complexidade. Em 
relação à manutenção da edificação, a reposição de equipamentos e instalações 
ou mesmo o planejamento do espaço necessário para essa finalidade podem vir 
a ser problemas. O modelo virtual 3D, integrando e coordenando todas as 
disciplinas, facilita esse trabalho e possibilita a edificação estar de acordo com as 
normas e requisitos vigentes. 
Figura 4 – A manutenção e a renovação de tecnologias em uma edificação 
hospital são fundamentais. O modelo BIM pode facilitar a reposição de 
equipamentos e instalações, ou mesmo a substituição por tecnologias mais novas 
 
Fonte: Samunella/Shutterstock. 
As questões relacionadas à sustentabilidade e os edifícios “verdes” têm 
influenciado muitos proprietários a investir no sentido de reduzir o impacto 
ambiental. Não apenas pela redução do impacto energético dos custos 
operacionais da edificação, mas também pelo aumento da produtividade nos 
ambientes de trabalho. O aproveitamento da luz natural e o correto aquecimento 
dos ambientes, por exemplo, contribuem de forma considerável na produtividade 
das pessoas, ou mesmo do seu bem-estar. Assim, as análises e simulações com 
 
 
10 
base nos modelos BIM podem contribuir com os proprietários na melhoria das 
condições de sustentabilidade das edificações. 
TEMA 4 – O BIM PARA A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL 
Quando se fala em indústria da construção civil, temos, de um lado, os 
subempreiteiros, fabricantes de elementos construtivos para as obras, que 
necessitam ser adaptados aos projetos, como no caso de estruturas pré-
fabricadas, esquadrias etc. Por outro lado, também temos a indústria, que fornece 
outros elementos construtivos padrão, em produção industrial, por exemplo, 
luminárias, fechaduras, portas, metais etc. 
Para os primeiros, a tecnologia BIM traz como benefícios a redução do 
tempo entre detalhamento e produção, por se poder intercambiar os dados do 
projeto com a interoperabilidade de softwares. Também se consegue reduzir os 
erros de compatibilização, visto que o modelo BIM já traz todas as referências de 
dimensões, o que não ocorria nos sistemas 2D (CAD). Nos sistemas 2D, havia 
uma necessidade constante de atualização da documentação (desenhos), 
necessários ao detalhamento das partes construtivas, o que poderia levar a 
incorrer em erros na fabricação. 
Muitas vezes as construtoras possuem também seus próprios prazos de 
entrega, que podem ser curtos, mas a redução do tempo de detalhamento por 
meio dos sistemas BIM com certeza pode criar alternativas construtivas favoráveis 
em relação à pré-fabricação e pré-construção. A integração entre os projetistas, 
decorrentes da tecnologia BIM, tende a reduzir os erros de compatibilização nos 
sistemas prediais, onde normalmente ocorrem grandes conflitos e o custo de 
qualquer alteração, em fase de obra, é com certeza alto e exige retrabalho. Se 
não há coordenação e compatibilização de projetos em obras, situação comum 
no Brasil, com certeza há conflitos de trabalho e instalação entre os diversos 
subempreiteiros. Softwares BIM, como o Naviswoks, facilitam a coordenação de 
projeto e a detecção de possíveis interferências e incompatibilidades entre os 
sistemas prediais. 
 
Figura 5 – Software BIM Naviswork da Autodesk auxilia na compatibilização de 
projetos 
 
 
11 
 
Fonte: Autodesk, 2019. 
Outro aspecto importante a se frisar é a redução da necessidade de 
documentação em papel do detalhamento para a produção dos elementos 
construtivos. O envio dos projetos pode ser feito por meio de documentação digital 
e eletrônica, e com isso quebram-se as barreiras de distância quando se fala em 
terceirização dos serviços. Mesmo na produção técnica de detalhamento 
construtivo, hoje existem excelentes profissionais freelancers que trabalham 
globalmente para a indústria da construção. 
Segundo Eastman e Sacks (2011), uma das grandes vantagens para 
subempreiteiros é a redução de custos de engenharia e detalhamento. Os autores 
nos apresentam três principais razões pelas quais isso ocorre: 
• por meio do aumento da utilização de automação no projeto e software 
de análise; 
• produção quase totalmente automatizada de desenhos e levantamentos 
de material; 
• retrabalho reduzido devido ao controle de qualidade e à coordenação 
de projeto. 
Isso se deve ao fato de que os sistemas BIM já possuem elementos ou 
objetos “inteligentes”, que automaticamente podem ser identificados e conectados 
entre si. As análises estruturais, por exemplo, podem ser feitas diretamente nos 
softwares BIM, que já identificam cargas, lajes, pilares, vigas etc. e podem 
apresentar resultados com o uso da inteligência artificial.Em muitos casos, as rotinas incorporadas aos sistemas BIM permitem que 
os projetos possam ser realizados num nível mais geral, sendo o detalhamento 
 
 
12 
realizado pelo próprio software. No caso das estruturas de aço pesado, os 
sistemas de conexões entre as peças podem ser detalhados de forma automática, 
por meio de rotinas preexistentes nos softwares, dispensando a produção de 
desenhos executivos, que podem consumir muitas horas de trabalho. 
Ainda em relação à pré-fabricação, devido à automação e à redução da 
necessidade do desenho de detalhes construtivos, as ferramentas BIM podem 
permitir uma maior variedade na produção de diferentes peças, adaptadas às 
necessidades do projeto. A alteração de uma peça padrão requer, com a utilização 
do BIM, pouco esforço de trabalho, diferentemente dos sistemas CAD. Isso 
acontece também porque se reduz o risco de as peças novas não se encaixarem 
perfeitamente. 
Figura 6 – Com os sistemas BIM, a fabricação de elementos pré-fabricados 
diferenciados pode produzir soluções construtivas mais flexíveis e com menos 
riscos de problemas de encaixes e construção 
 
Fonte: Bogdanhoda/Shutterstock. 
No que se refere à produção industrial, com o desenvolvimento do BIM, as 
experiências anteriores da indústria aeronáutica e automotiva trouxeram 
resultados e referências para a indústria da construção civil. 
Uma das vantagens da utilização do BIM na indústria é certamente o 
controle de qualidade. As informações geradas pelos modelos BIM servem de 
referência para a comparação com os produtos gerados, realizadas por meio de 
tecnologias como as varreduras a laser. Atualmente, boa parte da indústria 
 
 
13 
voltada à construção civil também disponibiliza modelos de sua linha de produção 
para download e utilização nas diversas ferramentas BIM existentes. Além de ser 
um poderoso meio para ampliar o marketing de seus produtos, visto que a 
facilidade de escolha nas bibliotecas se mostra agradável aos olhos dos 
projetistas, também contém informações essenciais no que se refere à 
especificação do produto. 
Figura 7 – Página da web do fabricante Docol, contendo toda a linha e plug-ins 
para download da sua linha de produção para diversos softwares BIM 
 
Fonte: Docol, 2019. 
TEMA 5 – ADOÇÃO E DIFICULDADES DO USO DO BIM 
Percebe-se pelo que foi exposto nos temas anteriores que o uso do BIM 
vai muito além da simples aquisição e uso de um software e treinamento de 
funcionários, pois envolve a adoção de uma nova metodologia de trabalho, que 
passa pela reestruturação da equipe, inclusive com a diminuição de funcionários, 
e se reflete em todos os processos de produção da empresa, quer seja ela na 
área de projetos, quer de construção. 
Para que não haja desmotivação, os funcionários devem ser realocados 
para outras atividades que possam tornar a adoção do sistema BIM mais 
produtiva. Entre essas atividades, podem estar inclusas as tarefas de 
gerenciamento dos projetos realizados na plataforma, ou a elaboração de uma 
biblioteca própria do escritório, que contenha objetos BIM e as informações 
pertinentes ao perfil da empresa. Isso trará mais produtividade ao longo do tempo. 
 
 
14 
Entretanto, algumas dificuldades para a adoção do BIM devem ser 
enfrentadas, tanto pelas características inerentes ao comportamento do ser 
humano quanto pelo perfil da empresa ou mesmo pela cultura do país. Podemos 
citar as seguintes barreiras: 
• Rejeição ao desconhecido e dificuldade em realizar mudanças: são 
aspectos inerentes ao ser humano. A maioria das pessoas tem dificuldade 
de alterar suas rotinas de vida, e, de fato, muitos não pretendem alterar. 
Isso se reflete no trabalho em suas empresas, quer sejam patrões, quer 
sejam empregados; 
• Dificuldade em se compreender a tecnologia BIM: por não se tratar 
apenas da aquisição de um software, mas sim da reestruturação de todo o 
processo projeto/construção, é natural que não se consiga inicialmente 
entender todos os benefícios e implicações que a adoção da nova 
tecnologia possa trazer; 
• Necessidade de se investirem recursos para a implementação BIM: 
levando-se em consideração a dificuldade em se compreenderem todos os 
benefícios da tecnologia BIM, a motivação para se investirem recursos, que 
não são baixos, para a adoção do BIM pode ser prejudicada. O BIM requer 
esforço, aprendizado e investimento. O retorno financeiro que ele pode 
trazer não pode ser facilmente calculado; 
• Remuneração baixa de projetistas: aliado aos fatores anteriores, no 
Brasil a remuneração de grande parte dos projetistas é baixa. Isso significa 
que a capacidade de investimento em TI e em treinamento das empresas 
de projeto, sejam de arquitetura ou complementares, é limitada. Os riscos 
devem ser bem calculados para que não haja perdas, desmotivação ou 
frustração; 
• Soluções rápidas e baratas na construção civil: esse é um perfil típico 
da construção no Brasil. Acredita-se que a adoção de novas metodologias 
e de tecnologias não traz necessariamente uma redução de custos e sim o 
contrário. Não se valoriza o planejamento e, em consequência disso, 
procura-se resolver erroneamente os problemas no canteiro de obras; 
• Falta de locais de capacitação BIM: comparativamente ao ensino do 
CAD, ainda há poucos locais em que se possa aprender de modo 
adequado a tecnologia BIM. Até mesmo nas universidades, onde o 
treinamento na ferramenta BIM deveria estar sendo implementado, há uma 
 
 
15 
velocidade muito baixa de adoção. Isso ocorre não só devido à falta de 
visão dos benefícios, mas também à resistência de alguns professores, que 
têm muita inércia em aprender novas tecnologias e ensinar algo diferente 
do que aprenderam em sua formação; 
• Margens de lucros altas nas empresas de construção: historicamente 
isso ocorre muito pelos erros e desperdícios na construção civil, que já 
incorpora essas perdas em seus custos. Em consequência disso, não se 
vê grande interesse em adotar tecnologias que possam melhorar essas 
questões. Por essas razões, o trabalho de compatibilização de projetos é 
feito ou feita de modo parcial ou improvisado nas empresas; 
• Falta de interesse em trabalho colaborativo: as metodologias de 
trabalho atuais não incentivam o trabalho colaborativo. Cada profissional 
tem interesse em resolver a sua parte o mais rápido possível, e ter que 
trabalhar em equipe significa atualmente um tempo maior de elaboração do 
trabalho e também retrabalho de projetos; 
• Falta de incentivo e exigências do BIM por parte dos investidores, 
proprietários e governo: somente a partir do momento em que as fontes 
que alimentam a construção tomarem consciência dos benefícios trazidos 
pelo BIM é que poderemos ter uma mudança significativa de uso da 
tecnologia. O governo brasileiro assinou em 2017 um decreto de incentivo 
ao BIM, porém levará muito tempo até que a adoção chegue ao nível das 
licitações de obras públicas. Com relação aos investidores (e incluam-se 
também as instituições financeiras), somente com base no entendimento é 
que a tecnologia BIM poderá ser um processo mais transparente e eficaz 
para termos um grande estímulo à adoção do BIM. 
FINALIZANDO 
Pudemos compreender nesta aula a maneira como o BIM pode se inserir 
em todas as fases da vida da edificação e quais os benefícios e dificuldades da 
adoção da nova tecnologia. Em nossa próxima aula, poderemos entender com 
mais propriedade os objetos BIM e seus níveis de desenvolvimento, o trabalho 
colaborativo que a tecnologia permite, bem como aspectos dos softwares 
disponíveis e sua interoperabilidade. 
REFERÊNCIAS 
 
 
16 
AUTODESK. Navisworks – software de revisão de projetos para os profissionais 
AEC. Autodesk, 2019. Disponível em: 
<https://www.autodesk.com.br/products/navisworks/overview>. Acesso em: 31 
maio 2019. 
CAMPOS NETTO, C. Autodesk Revit Architecture 2016: conceitos e 
aplicações. São Paulo: Erica, 2016. 
CBIC – CâmaraBrasileira da Indústria da Construção. Coletânea 
Implementação do BIM. Partes 1 a 5: Implementação do BIM para construtoras 
e incorporadoras. Brasília: CBIC, 2016. 
DOCOL. Disponível em: <https://www.docol.com.br/pt/profissionais/downloads>. 
Acesso em: 31 maio 2019. 
EASTMAN, C; SACKS, R. A guide to building information modeling for 
owners, managers, engineers and contractors. Hoboken, N.J.: John Wiley and 
Sons Inc., 2011. 
MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão de 
processo de projeto colaborativo com o uso de BIM. Tese (doutorado em 
Engenharia) Universidade de São Paulo. São Paulo, 2013. Disponível em: 
<https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3146/tde-08072014-
124306/publico/TESE_LEONARDO_MANZIONE.pdf>. Acesso em: 31 maio 2019. 
THE FUTURE of BIM will not be BIM—and it's coming faster than you think. 
Autodesk University, 23 nov. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=xq6yKyauu-o>. Acesso em: 31 maio 2019.

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