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Aula 1 - Constituição e democracia OFICIAL (1)

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Rodrigo Canalli
Introdução ao 
direito constitucional 
e ao controle de 
constitucionalidade
SGP - Educação a Distância
EaD
sumário
Aula 1 
 Constituição e democracia
 
I. Apresentação do curso.....................................................................................3
II. Objetivos.............................................................................................................3
1. Introdução...........................................................................................................4
2. Democracia.........................................................................................................7
3. Constituição e constitucionalismo..................................................................9
4. Poder Constituinte............................................................................................11
5. Relação entre Constituição e democracia...................................................12
6. Considerações finais.......................................................................................14
Sugestões de leitura............................................................................................15
Imagens..................................................................................................................15
Glossário................................................................................................................16
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal - Todos os direitos reservados ©
3
Introdução ao direito constitucional
 e ao controle de constitucionalidade
Aula 1 — Constituição e democracia
I. Apresentação do curso
Seja bem-vindo ao curso Introdução ao direito constitucional e ao controle de
constitucionalidade!
Para participar deste curso introdutório, destinado a todos os servidores interessados 
em conhecer mais sobre a Constituição e o papel do Supremo Tribunal no controle da 
constitucionalidade das normas, nenhum conhecimento jurídico prévio é exigido. No 
decorrer do curso, iremos apresentar de modo amplo e contextualizar alguns conceitos 
constitucionais básicos e verificar como têm sido desenvolvidos na jurisprudência do 
Tribunal.
II — Objetivos
Ao final deste curso, você deverá ter incorporado 
conhecimentos técnicos e hermenêuticos para 
compreender e avaliar, com objetividade, o processo 
de controle de constitucionalidade desempenhado pelo 
Supremo Tribunal Federal.
Após a primeira aula, nosso primeiro passo em 
direção a esse objetivo, espero que você seja capaz de 
responder à seguinte pergunta: por que uma democracia 
precisa de uma Constituição? 
Vamos lá!
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal - Todos os direitos reservados ©
4
1. Introdução
Caro aluno, como servidor do Supremo Tribunal Federal (STF), sem dúvida você já tem 
ciência sobre o papel desse órgão como guardião da Constituição. Mas o que isso significa na 
prática? Significa que, como Corte Constitucional e órgão de cúpula do Poder Judiciário, 
o Supremo Tribunal Federal exerce o controle de constitucionalidade das leis e dos atos 
normativos.
Embora compartilhem muitos pontos em comum, os conceitos de Corte Constitucional 
e de órgão de cúpula do Poder Judiciário são um pouco diferentes.
Corte Constitucional ou Tribunal 
Constitucional designa um órgão especializado 
cuja tarefa precípua é decidir sobre a 
constitucionalidade das leis. Uma Corte 
Constitucional pode integrar a estrutura 
ordinária do Poder Judiciário ou funcionar 
paralelamente a este. Esse modelo, bastante 
adotado na Europa, é chamado de modelo 
austríaco.
Órgão de cúpula do Poder Judiciário ou Suprema Corte ou Supremo Tribunal refere- 
-se, em geral, à última instância recursal, especialmente nos regimes em que todos os juízes 
e tribunais têm competência para decidir sobre a constitucionalidade das leis ao examinar 
sua aplicação nos casos que julgam. Nesse modelo, identificado como modelo norte-
americano, o órgão de cúpula não é uma Corte especializada; é simplesmente aquele que 
tem a última palavra na decisão dos casos judiciais.
Edifício-sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
Sede do Bundesverfassungsgericht, o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha.
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal - Todos os direitos reservados ©
O Brasil adota um sistema misto, no qual o Supremo Tribunal Federal reúne 
características tanto de tribunal constitucional quanto de corte suprema.
Essa estrutura tem importância, como veremos, para a definição dos diferentes 
caminhos pelos quais uma questão constitucional chega a ser apreciada e decidida pelo 
Supremo Tribunal Federal — ora de modo direto (a que chamamos competência originária), 
ora por meio de um recurso contra decisões de outros tribunais (a que chamamos 
competência recursal).
Além das competências estritamente relacionadas ao controle de constitucionalidade 
das leis, o Supremo Tribunal Federal acumula outras competências, também originárias, 
que não serão abordadas neste curso por não estarem diretamente relacionadas ao controle 
de constitucionalidade. A ação penal originária contra detentores de foro por prerrogativa 
de função é exemplo dessas outras competências. A competência originária que nos 
interessa neste curso é a que diz respeito a uma tarefa específica: o controle concentrado 
de constitucionalidade.
No exercício do controle concentrado ou controle abstrato de constitucionalidade, 
o Supremo Tribunal Federal julga a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo em 
tese ou, como o nome diz, em abstrato. Isso quer dizer que o que está em julgamento é a 
validade da própria lei, e não necessariamente a sua aplicação a um caso concreto. O texto 
da lei é comparado com o texto da Constituição e, caso ele contrarie algum dispositivo 
da Constituição, a lei é tida como inválida. Esse tipo de controle também é chamado de 
concentrado porque, ao invés de ser realizado simultaneamente por todos os órgãos do 
Poder Judiciário, é concentrado em um único órgão, o STF.
A rigor, controle concentrado e controle abstrato de constitucionalidade não significam 
exatamente a mesma coisa. Contudo, existe uma sobreposição suficiente para permitir o 
uso intercambiável dessas expressões para se referir às seguintes modalidades de controle 
de constitucionalidade, que examinaremos mais detidamente no decorrer do curso:
5
Sede da Suprema Corte dos Estados Unidos.
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal - Todos os direitos reservados ©
6
 a ação direta de inconstitucionalidade (ADI);
 a ação direta de inconstitucionalidade por omissão (ADO);
 a ação declaratória de constitucionalidade (ADC); e
 a arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF).
Por sua vez, a reclamação constitucional seria um exemplo de ação que serve como 
modalidade de controle de constitucionalidade concentrado, mas não abstrato. Embora seja 
da competência originária do STF e se preste a viabilizar o exame da constitucionalidade, 
supõe sempre uma situação concreta.
Quanto à competência recursal do Supremo Tribunal Federal, o controle de 
constitucionalidade se faz primordialmente pela via do recurso extraordinário. Nesse caso, 
uma questão constitucional é levada ao STF após ter sido levantada no curso do julgamento 
de uma demanda concreta pelos demais tribunais estaduais e federais. Essa modalidade 
é chamada de controle de constitucionalidade concreto ou difuso. Concreto porque 
é realizado no curso de uma demanda judicial qualquer, um caso concreto no qual uma 
questão constitucional foi suscitada. É difuso porque a apreciação da questão constitucional, 
no exame do caso concreto, não é exclusiva do Supremo Tribunal Federal, mas distribuídapor todos os juízes e tribunais pelos quais o processo passou antes de chegar ao Supremo. Se, 
no caso, não houver recurso para o STF, ou se este não for admitido, a decisão constitucional 
que valerá será a que foi tomada por outro órgão do Poder Judiciário, e não pelo STF.
Mais recentemente, o instituto da 
repercussão geral, como veremos adiante, tem 
levado ao que o Ministro Gilmar Mendes chamou 
de “abstrativização do controle difuso”. Esse 
nome feio nada mais quer dizer que o controle 
de constitucionalidade realizado por meio do 
recurso extraordinário, sem deixar de pressupor 
um caso concreto, adquiriu, com a repercussão 
geral, algumas características do controle 
abstrato. Veremos mais sobre a repercussão 
geral na Aula 6.
Mas, afinal, para que serve esse tal de controle de constitucionalidade? Por que é 
que ele é exercido por um órgão do Poder Judiciário? Se a Constituição já estabeleceu o 
procedimento para o funcionamento do Congresso Nacional e do Poder Executivo, ao Poder 
Judiciário não cabe simplesmente aplicar as leis aprovadas? Ao invalidar uma lei aprovada 
pelo Congresso Nacional, o Poder Judiciário não age de forma antidemocrática? Ou será isso, 
paradoxalmente, uma necessidade da própria democracia?
a
b
c
d
Nomeado 
Ministro do Supremo 
Tribunal Federal em 2002, 
exerceu a Presidência da Corte 
no biênio 2008-2010. É 
professor de direito 
constitucional da graduação e 
pós-graduação da Faculdade de 
Direito da Universidade de 
Brasília (UnB) e autor de 
diversas obras e artigos 
acadêmicos.
https://goo.gl/6H7kzh
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
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7
Sem nenhuma pretensão de portar verdades absolutas, vamos verificar algumas 
respostas que a história do constitucionalismo e das instituições democráticas modernas se 
encarregou de elaborar para essas perguntas.
No espírito de liberdade de pensamento e crítica que acredito ser fundamental a 
qualquer aprendizado, sinta-se livre para, nos fóruns, discordar, questionar e apresentar 
seus pontos de vista sobre essas e outras questões. Longe de serem verdades matemáticas, 
instituições jurídico-políticas como Estado, Democracia e Constituição são construções do 
espírito humano que dependem, para existir, de ser reconhecidas por uma comunidade de 
pessoas. Não à toa, por muito tempo, despertaram, e ainda despertam, inúmeros debates.
Nosso ponto de partida é o regime estabelecido pela Constituição da República 
Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Trata-se de um Estado Democrático de Direito, 
que também pode ser chamado de Estado Democrático Constitucional. Democrático e 
constitucional, podemos dizer, são opostos complementares.
2. Democracia
Um dos maiores líderes do século XX, 
Winston Churchill, descreveu a democracia 
como “a pior forma de governo, salvo todas as 
demais formas que têm sido experimentadas de 
tempos em tempos”.
Em linhas bem gerais, um Estado é 
democrático quando as normas que o governam 
são determinadas pelo povo, diretamente 
(democracia direta) ou por meio de representantes 
eleitos (democracia indireta ou parlamentar). Em outras palavras, quando o povo é o autor 
das leis, os governados são, em última análise, os próprios governantes.
Tradicionalmente, portanto, a democracia 
é definida, a teor do célebre pronunciamento 
de Abraham Lincoln, como o “governo do povo 
e para o povo”. Embutidos nessa definição, 
aparentemente singela, estão séculos de estudos 
teóricos e experiências práticas em torno da 
ideia de soberania popular.
Winston Churchill 
(1874-1965), Primeiro-Ministro 
do Reino Unido durante a 
Segunda Guerra Mundial, foi um 
notável orador e estadista, forte 
crítico do nazismo e defensor da 
democracia parlamentar.
Décimo sexto 
Presidente dos Estados 
Unidos, Abraham Lincoln 
liderou aquele país durante sua 
maior crise, a Guerra Civil 
Americana, da qual saiu vitorioso 
com a preservação da União e a 
abolição da escravidão. Foi 
assassinado, ainda no exercício 
da Presidência, enquanto 
assistia a uma peça de 
teatro.
https://goo.gl/n2QwF2
https://goo.gl/4VA6F9
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8
Do lado teórico, a partir do século XVIII, a ideia de que é a vontade do povo que constitui 
a comunidade política e determina os limites do poder político passou a ganhar espaço, pelo 
menos no mundo ocidental, em detrimento das formas de legitimação do poder político até 
então estabelecidas, tais como o poder divino e a tradição. Alguns dos mais importantes 
pensadores que contribuíram para isso foram Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques 
Rousseau.
Como aspecto prático da difusão 
dessas ideias, o fim do século XVIII foi 
marcado por duas revoluções que viraram 
o mundo de cabeça para baixo. Revolução 
Francesa e a Revolução Americana 
consagraram definitivamente a viabilidade 
prática, na experiência moderna, do 
governo do povo pelo próprio povo.
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 mais Mas, como assim? A democracia não nasceu em Atenas, como eu 
aprendi? Sim e não. De fato, existiram, na Antiguidade, práticas e instituições 
políticas com importantes características democráticas, especialmente em 
algumas das polis gregas (é célebre o exemplo da democracia ateniense) e 
na República Romana. Na prática, porém, houve pouca ou nenhuma relação 
direta entre elas e o nascimento da democracia nos Estados modernos. No 
plano teórico, vale destacar que o filósofo grego Aristóteles já classificava 
o “governo de muitos” entre as formas de governo, chamando-o, porém, de 
“República”. A palavra “Democracia” era usada por ele para designar a forma 
corrompida da República, quando esta se degenerava em tirania da maioria.
Thomas Hobbes 
(1588-1679): filósofo e 
teórico político inglês. Na 
clássica obra O Leviatã, 
justificou o estabelecimento de 
um Estado soberano em um pacto 
social para a imposição da ordem, 
que permitiria aos homens sair do 
estado de natureza, em que 
haveria constante guerra de 
todos contra todos, e viver 
em paz e segurança.
John Locke 
(1632-1704): filósofo 
inglês tido como um dos 
principais teóricos do 
liberalismo e do contrato social. 
Além de ter sido um dos 
desenvolvedores das doutrinas 
do direito natural e da 
separação dos poderes, 
também se destacou pela 
defesa da tolerância 
religiosa.
Jean-Jacques 
Rousseau (1712-1778): 
filósofo e teórico político 
suíço. Sua principal obra, Do 
Contrato Social, em que discute 
a legitimidade do Estado como 
derivada da vontade do povo, é 
considerada uma das grandes 
influências políticas da 
Revolução Francesa.
A Liberdade Guiando o Povo, pintura de Eugene Delacroix (1830).
https://goo.gl/jJNTs0
https://goo.gl/a2Vchz
https://goo.gl/rizo5
https://goo.gl/rizo5
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9
O princípio democrático é um 
princípio cuja dimensão mais aparente é 
a procedimental, que diz respeito à forma 
como as regras são feitas, à sua fonte. 
Nesse contexto, o princípio da maioria 
tem grande relevância. Em tese, uma 
decisão normativa é democrática quando 
é aprovada pela maioria do povo (ou seus 
representantes). O princípio da maioria 
está presente nas eleições, assim como nas 
votações das leis pelos parlamentares.
3. Constituição e constitucionalismo
No século XVIII, a partir da Revolução Francesa e da Revolução Americana, surgiu o 
sentido moderno de constituição. Esse conceito passou a traduzir uma norma jurídica 
hierarquicamente superior às demais, que é, ao mesmo tempo, a pedra fundamental do 
Estado e o critério interno de validação do direito. Essa ideia decorre do que chamamos de 
constitucionalismo, doutrina segundo a qual a atividade do Estado deve ser pautada por 
limites emanados de uma Constituição, que pode ser escritaou não.
Uma Constituição escrita pode ser facilmente identificada porque assume a forma 
de um texto corporificado em um documento. A Constituição da República Federativa do 
Brasil, promulgada em 1988, é um exemplo de Constituição escrita.
Quando, porém, o conjunto dos preceitos fundamentais sobre a organização, o 
funcionamento e os limites ao exercício do poder de um Estado não está reunido em um 
texto escrito delimitado, mas pode ser inferido das práticas institucionais, de precedentes 
judiciais, usos e costumes, além de textos esparsos considerados fundamentais, tem-se uma 
Constituição não escrita. O Reino Unido é o exemplo mais conhecido. Outros exemplos 
contemporâneos são Israel e Nova Zelândia.
Vale ressaltar que o sentido moderno de Constituição, resultado do constitucionalismo, 
é bem diferente do uso pré-moderno da expressão “Constituição”, que significava apenas 
regime ou forma de governo, o modo como uma comunidade se organizava politicamente e 
o seu funcionamento, sem nenhuma alusão à ideia de limites ao exercício do poder.
Um Estado é constitucional, portanto, no sentido moderno, quando sua atuação é 
subordinada às regras preestabelecidas em uma Constituição e, consequentemente, limitada 
por ela. O Estado constitucional nasce como antítese ao Estado absolutista, em que não 
existem critérios limitando ou vinculando as condutas e as decisões dos governantes.
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
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Classicamente, esses limites ao exercício do poder são a separação de poderes e 
o federalismo (divide-se o poder para que o poder controle o poder, os diferentes ramos 
tenham interesse em controlar uns aos outros, e nenhum dos ramos tenha o poder absoluto), 
bem como a existência de uma carta de direitos (direitos fundamentais, que não podem ser 
violados pelas instituições do Estado, inclusive as leis).
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lementar Leia trecho de O Federalista, coletânea de artigos escritos no século XVIII em 
defesa da ratificação da Constituição dos Estados Unidos. No trecho selecionado, James 
Madison, que mais tarde viria a se tornar o quarto Presidente daquele país, expõe 
argumentos justificando a separação de poderes e o sistema do federalismo.
A que expediente devemos, então, recorrer, a fim de assegurar na prática a necessária repartição 
de atribuições entre os diferentes poderes, conforme prescreve a Constituição? A única resposta 
que pode ser dada é que, se todas as medidas externas se mostraram inadequadas, o defeito deve 
ser corrigido alterando-se a estrutura interna do governo, de modo que as suas diferentes partes 
constituintes possam, através das suas relações mútuas, constituir os meios de manter umas às 
outras nos devidos lugares. (...)
A fim de criar os devidos fundamentos para a atuação separada e distinta dos diferentes poderes 
do governo — o que, em certo grau é admitido por todos como essencial à preservação da liberdade 
— é evidente que cada um deve ter uma vontade própria e, consequentemente, ser de tal maneira 
constituído que os membros de um tenha a menor ingerência possível na escolha dos membros 
dos outros. (...)
Todavia, a grande segurança contra uma gradual concentração de vários poderes no mesmo ramo do 
governo consiste em dar aos que administram cada um deles os necessários meios constitucionais 
e motivações pessoais para que resistam às intromissões dos outros. (...) A ambição deverá ser 
contraposta à ambição. Os interesses pessoais devem estar ligados aos direitos constitucionais do 
cargo. Talvez seja um reflexo da natureza humana que tais expedientes sejam necessários para 
controlar os abusos do governo. Mas afinal, o que é o próprio governo senão o maior de todos os 
reflexos da natureza humana? Se os homens fossem anjos nenhuma espécie de governo seria 
necessária. Se os homens fossem governados por anjos, não seriam necessários controles externos 
nem internos sobre o governo. Ao constituir-se um governo de homens sobre outros homens, a 
maior dificuldade reside nisto: primeiro é preciso habilitar o governo a controlar os governados; 
e, em seguida, obrigar o governo a controlar-se a si próprio. A dependência do povo é, sem dúvida, 
o controlo primário sobre o governo; mas a experiência ensinou à humanidade a necessidade de 
precauções auxiliares.
Em uma república unitária, todo o poder outorgado pelo povo é entregue a um único governo, e 
as usurpações são prevenidas por uma divisão do governo em ramos distintos e independentes. 
Na república composta da América, o poder outorgado pelo povo é primeiramente repartido entre 
dois governos distintos, e, depois, a porção atribuída a cada um é subdividida entre ramos distintos 
e separados. Surge, assim, uma dupla segurança para os direitos do povo. Os diferentes governos 
controlar-se-ão mutuamente e ao mesmo tempo cada um deles será controlado por si próprio.
HAMILTON, Alexander; MADISON, James; JAY, John. O federalista. Brasília: Universidade de 
Brasilia, 1984. 
https://perguntasaopo.files.wordpress.com/2010/06/fed51.pdf
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4. Poder Constituinte
Poder Constituinte é o poder invocado para a promulgação de uma norma 
constitucional. Trata-se de um dos conceitos mais controversos da teoria política, e, por isso, 
não é nosso propósito nos estendermos muito sobre ele.
Poder Constituinte originário é o poder que funda a ordem constitucional. Podemos 
dizer que é um poder de fato, já que a ordem jurídica constitucional nasce a partir dele, e 
com ela todas as regras de distribuição de poder político. Em tese, é ilimitado.
A atual Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada, em 1988, 
pela Assembleia Nacional Constituinte instalada entre 1987 e 1988, com a finalidade de, 
no exercício do poder constituinte originário, elaborar, no fim do regime militar, uma 
Constituição democrática para o país.
Poder Constituinte derivado é o poder de revisão ou alteração de normas da 
Constituição. Não é mais um poder ilimitado, porque está vinculado à forma prevista na 
própria Constituição.
Na Constituição brasileira, 
o poder constituinte derivado 
é exercido pelo procedimento 
da proposta de emenda à 
Constituição, previsto no art. 60. A 
proposta de emenda à Constituição 
precisa ser aprovada na Câmara 
dos Deputados e no Senado, em 
dois turnos, por pelo menos três 
quintos dos membros de cada 
Casa. Além disso, nem todas as 
normas da Constituição podem ser 
objeto de deliberação pelo Poder 
Constituinte derivado. Às normas 
constitucionais que não podem ser 
alteradas, nem mesmo por emenda 
à Constituição, dá-se o nome de 
cláusulas pétreas.
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
I — de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou 
do Senado Federal;
II — do Presidente da República;
III — de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da 
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de 
seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção 
federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em 
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara 
dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir:
I — a forma federativa de Estado;
II — o voto direto, secreto, universal e periódico;
III — a separação dos Poderes;
IV — os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida 
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessãolegislativa.
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
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12
Alguns autores falam, ainda, no conceito de momento constituinte, para aludir 
aos momentos históricos em que, por uma especial conjuntura política e social, o Poder 
Constituinte originário se manifesta. São os momentos especialmente simbólicos de 
transição política, revoluções, declarações de independência etc.
5. Relação entre Constituição e democracia
Como acabamos de ver, os dois pilares do Estado Democrático de Direito são o regime 
democrático (o poder político pertence ao povo) e a submissão a uma Constituição (a atividade 
do Estado é pautada, e os seus poderes limitados, por uma Constituição).
Neste ponto, talvez você já tenha percebido que parece haver uma relação paradoxal 
entre constitucionalismo e democracia.
Ao mesmo tempo em que o princípio democrático coloca o poder político nas mãos do 
povo (ou pelo menos dos seus representantes eleitos), o princípio constitucional limita esse 
poder. De um lado, ao impor limites ao exercício do poder, a Constituição impõe restrições à 
democracia. Nem todas as leis, ainda que atendam ao princípio majoritário, serão válidas se 
não forem compatíveis com a Constituição (se violarem direitos fundamentais, por exemplo).
Na prática, a função da Constituição é justamente remover certas decisões do processo 
democrático. Como, então, podem ser conciliados a democracia e o constitucionalismo? 
O que pode justificar um sistema em que a vontade do Poder Constituinte se sobrepõe à 
vontade da maioria?
Eis o que dizem alguns autores que tentaram resolver esse quebra-cabeça.
Para Robert Jackson, juiz da Suprema Corte 
Americana entre 1941 e 1954, certos princípios 
jurídicos, como o direito à vida, à propriedade, 
à liberdade de expressão e de imprensa, à 
liberdade religiosa, não podem se sujeitar ao 
sabor das maiorias políticas eventuais. Devem 
ser consagrados na Constituição e ser aplicados 
diretamente pelos Tribunais.
Brasil: A Assembleia Nacional Constituinte 
funcionou entre 1987 e 1988, no Congresso 
Nacional, em Brasília.
EUA: A Convenção Constitucional de 1787 ficou 
conhecida como Convenção da Filadélfia, cidade 
onde se reuniu.
Robert Houghwout 
Jackson (1892-1954) foi, 
quando juiz da Suprema Corte 
dos EUA, um dos grandes 
defensores das liberdades 
individuais e do devido processo 
legal. Também tornou-se célebre pela 
sua atuação como promotor de 
acusação nos julgamentos de 
Nuremberg, em que foram julgados 
por crimes de guerra, ao final da 
Segunda Guerra Mundial, os 
líderes do regime 
nazista.
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
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13
Já para o economista e filósofo Friedrich Hayek, a 
democracia sem limites constitucionais acaba destruindo a si 
mesma e se torna uma tirania.
Na mesma linha, o professor John Hart Ely não vê as 
restrições constitucionais como antidemocráticas, e, sim, 
como reforços da democracia. Isso porque esses limites 
asseguram a manutenção das condições para o exercício da 
democracia. O Tribunal constitucional, assim, é o guardião 
não só da Constituição, mas também da própria democracia.
São as limitações constitucionais ao poder político que permitem que a democracia 
funcione, supere o princípio majoritário e seja o governo não só da maioria, mas de todos. 
É o princípio do constitucionalismo que, ao inserir uma carta de direitos fundamentais na 
base da ordem jurídica, assegura que maiorias de conveniência não subjuguem as minorias. 
É a função contramajoritária da Constituição que, ao limitar a democracia, permite que 
a democracia exista, sem se degenerar em despotismo. A Constituição tem esse papel de 
incluir no processo democrático consideração pelos interesses minoritários, de índios, 
homossexuais, quilombolas, minorias étnicas e religiosas etc.
Há uma permanente tensão entre o princípio democrático e o constitucional.
Economista e filósofo austríaco, 
Friedrich Hayek (1899-1992) deixou 
importantes contribuições para a 
teoria do direito em obras como 
Direito, Legislação e Liberdade e A 
Constituição da Liberdade.
Figurando entre os quatro mais 
citados juristas da história dos 
Estados Unidos, o professor John 
Hart Ely (1938-2003) viu sua principal 
obra, Democracia e Desconfiança, 
tornar-se, em pouco tempo, uma das 
obras mais influentes sobre 
controle de constitucionalidade.
Introdução ao Direito Constitucional e ao Controle de Constitucionalidade
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6. Considerações finais
A nota diferenciadora do chamado Estado Democrático de Direito é a própria 
legitimidade de o direito depender de mecanismos que preservem a autonomia e a 
responsabilidade dos cidadãos/indivíduos, de tal modo que eles se reconheçam como 
coautores do direito. As diferentes modalidades de participação político- jurídica dos 
cidadãos nada mais são do que expressões dessa ideia.
Nesta aula, apresentamos, em linhas gerais, o que é uma Constituição. Abordamos 
os conceitos básicos do constitucionalismo, em especial o de Poder Constituinte, e a ideia 
de controle de constitucionalidade. Além disso, discutimos a relação entre a Constituição 
e a democracia. Para aprofundar o estudo desses temas, sugiro, a seguir, algumas leituras 
adicionais.
Antes de concluir, gostaria de dizer que não hesitem em manifestar qualquer dúvida ou 
dificuldade que apareça durante nossa caminhada. Espero que a experiência de aprendizado 
nesta plataforma seja, durante todo o curso, um verdadeiro prazer.
Esta aula fica por aqui. Despeço-me com um abraço e votos de enriquecimento 
intelectual para todos os participantes. 
Até a próxima aula!
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Sugestões de leitura
FIORAVANTI, Maurizio. Constitucion de la Antigüedad a nuestros días. Madrid: Trotta, 
2007.
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; GONET BRANCO, Paulo Gustavo. 
Hermenêutica constitucional e direitos fundamentais. Brasília: Brasília Jurídica, IDP, 
2000.
PAIXÃO, Cristiano; BIGLIAZZI, Renato. História constitucional inglesa e norte-americana: 
do surgimento à estabilização da forma constitucional. Brasília: Editora Universidade de 
Brasília, 2008.
WALDRON, Jeremy. A dignidade da legislação. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ZAGREBELSKY, Gustavo. Principios y votos: el Tribunal Constitucional y la política. Madrid: 
Minima Trotta, 2008.
Imagens
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pal%C3%A1cios_em_Bras%C3%ADlia
https://stanfordfreedomproject.com/what-is-freedom-new-essays-fall-2014/1601-2/
http://aktiventag2012.unitas.org/2012/03/21/vorstellung-der-stadt-karlsruhe/
http://www.crenshawlighting.com/projects/supreme-court-united-states/
http://connaissances.dk/tag/paris/page/2/
https://goo.gl/iK9R4L
https://goo.gl/pLOlTR
https://goo.gl/huFZqs
https://goo.gl/Dxo90D
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Glossário
Absolutismo — Doutrina política ou forma de governo em que o soberano (monarca) detém 
poder absoluto e irrestrito sobre o Estado e seus súditos. No mundo ocidental, teve seu auge 
nos séculos XVI e XII, com o declínio do feudalismo e a consolidação dos Estados nacionais 
europeus, que eram, de início, marcadamente absolutistas. Exemplos históricos célebres 
são a França sob Luis XIV (chamado de Rei Sol) e a Rússia dos Czares. Já a Arábia Saudita, o 
Brunei e o Vaticano são exemplos atuais de regimes tipicamente absolutistas.
Antítese — Antítese é uma ideia que se opõe a outra, apresentada anteriormente. Por 
exemplo: “limitado” em oposição a “absoluto”, “inferno” em oposição a “paraíso”, “paz” em 
oposiçãoa “guerra”.
Aristóteles — Considerado, ao lado de Platão, um dos dois filósofos mais importantes 
da Grécia Antiga, foi tutor de Alexandre, o Grande, quando este era jovem. Ainda hoje 
é considerado, por muitos, um dos mais influentes pensadores de todos os tempos. Sua 
extensa obra filosófica e científica abrange desde física, biologia e medicina a política, ética, 
estética, lógica e metafísica.
Atenas — Hoje a capital da República Helênica, mais conhecida como Grécia, a cidade de 
Atenas é uma das mais antigas do mundo com uma rica história que se estende por mais 
de 3.000 anos, pelo menos. No período conhecido como Antiguidade Clássica, Atenas foi 
uma das mais importantes cidades-estado (polis) — um conjunto de cidades politicamente 
independentes uma das outras, embora unidas pela língua e cultura em comum — 
integrantes do que chamamos de Grécia Antiga. Entre os séculos V e VI a.C., período que 
ficou conhecido como a Era de Ouro de Atenas ou o Século de Péricles, em referência ao 
líder político que promoveu a implementação da democracia, Atenas foi palco da primeira 
experiência democrática de que se tem registro.
Competência — Regra definidora da autoridade judicial ou administrativa responsável por 
apreciar determinado processo ou realizar determinado procedimento. Diz-se que um órgão 
tem competência originária sobre uma questão quando a ele cabe apreciá-la e decidi-la 
direta e primeiramente, e recursal quando a ele cabe revisar a decisão de outro órgão.
Constituição — Lei fundamental de uma determinada organização política (um Estado, uma 
Federação ou uma Comunidade de nações), na qual são definidos os limites do exercício do 
poder político. Funciona, assim, como parâmetro para a atividade executiva (como o poder 
de polícia), para a edição de leis e outros atos normativos e para a atuação dos juízes e dos 
tribunais.
Controle de constitucionalidade — Procedimento pelo qual é verificada a compatibilidade 
de uma lei ou ato normativo com a Constituição.
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Democracia — Regime político caracterizado pela participação da população nas decisões 
políticas, seja diretamente, seja por meio de representantes eleitos. 
Direito constitucional — Ramo do direito que trata da formação, interpretação e aplicação 
das normas integrantes da Constituição do Estado, e que dizem respeito primordialmente 
à estruturação das instituições, à limitação do poder estatal e à garantia de direitos 
fundamentais.
Estado — Embora não exista consenso acadêmico sobre a definição de Estado, podemos 
dizer que se refere, de modo geral, à estrutura pela qual é organizado o exercício do domínio 
político em uma comunidade e sobre um território particular. Alguns elementos que 
costumam estar associados ou fazer parte da definição de Estado, a depender da teoria, 
são: monopólio do uso legítimo da força; sistema de governo definido; povo; existência 
de burocracias administrativas; existência de Forças Armadas; existência de um ou mais 
idiomas oficiais. A não ser quando especificado pelo contexto, a palavra Estado, neste curso, 
se refere indistintamente ao conjunto dos entes políticos da Federação (União, estados, 
Distrito Federal e municípios). 
Hermenêutica — Palavra derivada de Hermes, o nome dado, na mitologia grega, ao 
mensageiro dos deuses. Designa os métodos, técnicas ou conhecimentos que permitem 
ao intérprete extrair sentido e coerência de textos, especialmente os de caráter religioso, 
literário ou jurídico.
Jurisprudência — No sentido aqui empregado, refere-se ao conjunto das decisões tomadas 
por um órgão judicial, como um tribunal, em um intervalo de tempo, por meio das quais é 
assentada a interpretação do direito.
Objetividade — Qualidade de uma avaliação ou conclusão feita segundo critérios objetivos, 
isto é, desvinculada de fatores subjetivos do indivíduo, como vieses pessoais, envolvimento 
emocional e preferências políticas, por exemplo.
Polis — Em vez de se vincularem a um governo central, as cidades estabelecidas na Grécia 
antiga eram unidades políticas autônomas e independentes, sendo por isso chamadas 
de cidades-Estado (polis). Nelas, foram realizadas algumas das primeiras experiências de 
autogoverno da história, com destaque para a famosa democracia da cidade-estado de 
Atenas, que, apesar do nome, era bem diferente da democracia moderna. Mulheres, escravos 
e estrangeiros ficavam de fora, e alguns cargos eram escolhidos por sorteio! No mundo 
contemporâneo, Mônaco e Cingapura são verdadeiras e proeminentes cidades-estado.
Recurso extraordinário — É o nome do recurso, no direito brasileiro, que leva para o 
Supremo Tribunal Federal o exame de qualquer caso, do qual não caiba outro recurso para 
qualquer órgão do Poder Judiciário, quando exista uma questão constitucional relevante a 
ser resolvida.
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República Romana — Período da antiga civilização romana que sucedeu a Monarquia e 
antecedeu o Império. Instituições políticas então desenvolvidas, como o Plebiscito, o Senado 
e a Assembleia Legislativa, diferentes formas de participação política, continuam presentes 
na política e no direito das democracias contemporâneas, apesar de terem passado por 
profundas transformações. A esse período da civilização romana também se deve o 
amadurecimento do conceito de cidadania.
Revolução Americana — Cadeia de eventos que tem início com a insurgência dos habitantes 
de treze colônias britânicas na América do Norte contra a autoridade do Parlamento Britânico 
e cuja consequência foi a fundação dos Estados Unidos da América, com a adoção, em 4 de 
julho de 1776, da Declaração de Independência. Deu origem, assim, ao que é apontada como 
a primeira grande experiência de democracia moderna.
Revolução Francesa — Série de eventos que, nas ultimas décadas do século XVIII, levou, na 
França, ao fim da Monarquia Absolutista, à adoção da Declaração Universal dos Direitos do 
Homem e do Cidadão e ao estabelecimento de uma república, entre outros desdobramentos 
internos e externos. Influenciou movimentos revolucionários subsequentes pela Europa 
e pelo mundo, desencadeando transformações sociais e políticas radicais, inspiradas nas 
ideias de liberdade, igualdade e fraternidade.
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SGP - Educação a Distância
EaD
	I. Apresentação do curso
	 II — Objetivos
	1. Introdução
	2. Democracia
	3. Constituição e constitucionalismo
	4. Poder Constituinte
	5. Relação entre Constituição e democracia
	6. Considerações finais
	Sugestões de leitura
	Imagens
	Glossário

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