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RESENHA Obra: O que é uma emoção? Clínica & Cultura v.II, n.I, jan-jun 2013, 95-113. (tradução Raphael Silva Nascimento) Autor: JAMES, William No artigo de William James “O que é uma emoção?”, com a tradução de Raphael Silva Nascimento, são apresentadas teorias acerca da resposta à pergunta expressa no título. Teorias estas que podem ser resumidas em um ponto principal: a emoção é nada mais do que a expressão corporal de seus sintomas. De cunho polêmico, James se faz firme à sua teoria de que sem corporeidade não há emoção, através de uma dissertação impecável. No entanto, apesar de sua persuasão, sua teoria não apresenta comprovação. Em primeiro lugar, James critica a negligência científica acerca do estudo das emoções, defendendo a necessidade de compreender o processo emocional e sua conexão com os processos motores e sensoriais que, para ele, apresentam-se com uma amplitude nunca considerada. Sobre essa questão, ele conclui afirmando que as emoções são a combinação dos processos supracitados de formas diversas. Além disso, ele propõe considerar que, ao invés do que é comumente pensado, não são as emoções que causam as mudanças corporais, mas sim o contrário. Desse modo, a emoção é justamente a percepção das expressões corporais oriundas de um fato excitante. Sendo assim, ele defende que qualquer que seja a emoção, por menor que possa ser, afeta unicamente o organismo e, por isso, têm-se a ideia de personalidade. Nesse momento, é possível compreender o que James diz quando afirma que não há emoção sem mudança corporal. Sobre isso, ele pontua: “Que tipo de emoção de medo restaria sem os sentimentos de coração acelerado ou de respiração superficial, sem os lábios trêmulos, ou os membros enfraquecidos, sem o arrepio ou a agitação das vísceras?” (JAMES, 2013). Percebe-se então a ideia principal de sua tese: as mudanças corporais compõem as emoções. No entanto, em se tratando dessa natureza inata das mudanças corporais produzindo emoções, questiona-se a motivação de emoções quando, dado seu teor evolutivo e adaptativo, promovem sensações criticadas pela civilização. E, para isso, James afirma se tratar de concepções socialmente aprendidas, tais como vergonha e remorso. Ele também pontua o papel da autoconsciência e influência de terceiros em incitarem a maior parte das sensações que engatilham alterações corporais e, portanto, emoções. Por outro lado, é apresentada uma parte muito interessante de sua tese: a de que o objeto excitatório não necessita estar presente para que a emoção seja incitada, como ocorre com a ideia de saudade, por exemplo. Portanto, há o controle da emoção, podendo tanto incitá-la quando recusá-la. Desse modo, William James defende que há a possibilidade de dominação das tendências emocionais através da produção de gestos corporais contrários aos que a emoção costuma representar, salvo as exceções patológicas em que essa questão não se aplica. Entre outras questões abordadas no artigo, esses são os principais levantamentos do autor. Conclui-se, portanto, que sua teoria representa uma visão não antes discutida e, por isso, uma revolução no modo de se pensar a emoção. Através de um texto extremamente didático, William James apresenta seu ponto sem dificuldade e com apontamentos imprescindíveis para o acompanhamento de suas ideias. Ao trazer, no fim do texto, exemplos de sua teoria, através de depoimentos, seu texto se faz ainda mais interessante e instiga a reflexão acerca do tema. Por fim, fica claro a resposta que o autor dá ao seu questionamento inicial: “O que é uma emoção?”. Sendo, portanto, um texto rico em detalhes e que cumpre com sua proposta revolucionária, ainda que polêmica. O autor do texto, William James, criador do primeiro laboratório de psicologia experimental dos Estados Unidos, é considerado o pai da psicologia americana. Reconhecido por, além de suas teorias, seu papel revolucionário e incentivador da transformação da psicologia em ciência. Isabela Ventura Rodrigues Acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Federal Fluminense isabelaventura@id.uff.br REFERÊNCIAS JAMES, WILLIAM. O que é uma emoção? Clínica & Cultura v.II, n.I, jan-jun 2013, 95-113. (tradução Raphael Silva Nascimento).
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