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Apostila Studium Legis por: @estudadireitosofia 2021.1 1 Bases Constitucionais O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor foi instituído pela Lei 8.078/1990 por determinação do Art. 48 da ADCT de 1988, afim de constituir uma norma típica que protegesse os mais vulneráveis. Tendo como base o direito constitucional, pois as relações de consumo não são equivalentes entre consumidor x fornecedor de serviço. É um direito fundamental previsto no Art. 5º da CF/88. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Vale ressaltar dentro do Direito do Consumidor na visão da Constituição Brasileira: • Desigualdade nas relações; • Direito do Consumidor como direito fundamental; • Eficácia horizontal dos direitos fundamentais. CF/88: “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) V – defesa do consumidor. ADCT: “Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor”. Características do Código de Defesa do Consumidor Microssistema multidisciplinar Código de Defesa do Consumidor Constitucional Dignidade da Pessoa Humana Administrativo Sanções administrativas Civil Responsabilidade civil Penal Crimes Processo Civil Inversão do ônus da prova O CDC é considerado um microssistema multidisciplinar porque trás regras de diversos outros códigos do nosso regimento afim de complementar-se e ser mais eficaz. A exemplo exposto acima o CDC bebe de normas legais inseridas em outros códigos como: sobre crimes do Código Penal e da responsabilidade civil do Código Civil. Além disso o CDC é uma lei principiológica, seus princípios buscam harmonizar as relações de consumo, esses são: 1. Princípio do protecionismo do consumidor: está presente no Art. 1º da Lei 8.078/1990, segundo qual o CDC estabelece normas de ordem pública e interesse social. 2. Princípio da vulnerabilidade do consumidor: pela leitura do Art. 4º, inc. I, do CDC é possível perceber a clara intenção do legislador em dotar o consumidor, em todas as situações, da condições de vulnerável na relação jurídica de consumo e diante disso surgiu a necessidade de uma lei protetiva própria, no nosso caso a Lei 8.078/1990. 3. Princípio da hipossuficiência do consumidor: presente no Art. 6º, inc. VIII, do CDC. Ao contrário do que ocorre com a vulnerabilidade, a hipossuficiência é um conceito fático e não jurídico, 2 fundado em uma disparidade ou discrepância notada no caso concreto. Assim sendo, todo consumidor é vulnerável, mas nem todo consumidor é hipossuficiente. 4. Princípio da boa-fé objetiva: lê-se no Art. 4º, inc. III, do CDC. Sendo um regramento vital do mesmo, nesse contexto nas relações consumeristas deve estar presente o justo equilíbrio, em uma correta harmonia entre as partes, em todos os momentos relacionados com a prestação e o fornecimento. 5. Princípio da transparência ou da confiança: presente em dois artigos, no Art. 4º, caput e no Art. 6º, inc. III, do CDC. É a tutela da informação. No âmbito jurídico a informação tem duas faces: o dever de informar e o direito de ser informado, sendo o primeiro relacionado com quem oferece o seu produto ou serviço ao mercado, e o segundo, com o consumidor vulnerável. 6. Princípio da função social do contrato: o CDC traz como princípio fundamental, embora implícito, a função social dos contratos, conceito básico para a própria concepção do negócio de consumo. O objetivo principal da função social dos contratos é tentar equilibrar uma situação que sempre foi díspar, em que o consumidor sempre foi vítima das abusividades da outra parte da relação de consumo. 7. Princípio da equivalência negocial: exposto no Art. 6º, inc. II, do CDC tendo em vista garantir a igualdade de condições no momento da contratação ou de aperfeiçoamento da relação jurídica patrimonial. De acordo com o inciso citado acima fica estabelecido o compromisso de tratamento igual a todos os consumidores, consagrando a igualdade nas contratações. 8. Princípio da reparação integral de danos: presente no Art. 6º, inc. VI, do CDC. Vem a tratar dos danos reparáveis nas relações de consumo. No que concerne à responsabilidade civil na ótica consumerista o regramento fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura aos consumidores as efetivas prevenções e reparações de todos os danos suportados, sejam eles materiais ou morais, individuais, coletivos ou difusos. Embora já tenha sido apresentado acima nos princípios é valido ressaltar que o CDC é uma norma de ordem pública e de interesse social e o artigo 1º é quem trata disso, vejamos: Art. 1º O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5º, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. • As decisões decorrentes das relações de consumo se limitam às partes envolvidas em litígio? Não, pois o CDC estabelece que as normas de proteção e defesa do consumidor são de ordem PÚBLICA e de INTERESSE SOCIAL, logo não se limitam exclusivamente às partes envolvidas, uma decisão pode ser usufruída de maneira coletiva. • As partes poderão derrogar os direitos do consumidor? Admitem derrogação por vontade dos interessados em determinada relação de consumo, sofrendo para tanto a intervenção do Estado na sua regulamentação, sendo regra a inderrogabilidade das partes, admitindo, no entanto, algumas exceções expressamente autorizadas no texto legal. • O juiz pode reconhecer de ofício direitos do consumidor? O juiz pode e DEVE agir de ofício no âmbito do direito consumerista, salvo em relações contratuais bancárias como previsto na súmula n. 381, onde lê-se “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas”. 3 A relação jurídica de consumo De acordo com Maria Helena Diniz, usando uma citação de Del Vecchio, afirma: “a relação jurídica consiste num vínculo entre pessoas, em razão do qual uma pode pretender um bem a que outra é obrigada. Tal relação só existirá quando certas ações dos sujeitos, que constituem o âmbito pessoal de determinadas normas, forem relevantes no que atina ao caráter deôntico das normas aplicáveis à situação. Só haverá relação jurídica se o vínculo entre pessoas estiver normado, isto é, regulado por norma jurídica, que tem por escopo protege-lo”. A existência de uma relação entre sujeitos jurídicos, geralmente entre um sujeito ativo (titular de um direito e um sujeito passivo) que tem um dever jurídico. Na relação de consumo, tais elementos são o fornecedor e o prestador de serviço, de um lado, e o consumidor, do outro lado. Em grande parte dessas relações as partes são credoras e devedoras entre si. Para compreender as relações de consumo é preciso ter claro os 4 conceitos pilares da matéria, tais conceitos caso não se encaixem não há relações consumo, logo os 4 precisam coexistir nas relações consumeristas. Esses são: 1. Conceito de Consumidor: O consumidor pode ser definido como o destinatário final do produto, esse elemento causa muita confusão, por isso existem teorias sobre tal questão. Vejamos: • Teoria Maximalista: a teoria maximalista ou objetiva procura ampliar o conceito de consumidore de como se constrói a relação jurídica de consumo afirmando que o consumidor é aquele que adquiriu o produto ou serviço. Ex.: Stefani Germanotta compra um novo carro, logo ela é consumidora, não importando a finalidade da compra. • Teoria Finalista: na essência essa foi a teoria adotada expressamente pelo art. 2º do CDC, o seu principal elemento é a destinação final do produto ou serviço. Nesse caso o consumidor seria aquele que adquire produto ou serviço para ser o destinatário final. Art. 2. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Ex.: O mesmo carro que Stefani comprou, se for utilizado para serviços pessoais, ela será a destinatária final (consumidora). Já se ela utilizar o carro para fins comerciais, por exemplo, aluguel ou uber, ela já não é mais a destinatária final. • Teoria Finalista Aprofundada ou Mitigada: aquela onde o consumidor adquire produto ou serviço é o destinatário final, mas em alguns casos mesmo não sendo o destinatário final (pois utiliza o bem para fins econômicos, por exemplo compra caminhão para transportar carga) vai estar acobertado pelo CDC e não só pelo CC. É adotada por jurisprudência do STJ: Resp 1.010.834, Min. Nancy Andrighi. “Se admite a aplicação das normas do CDC a determinados consumidores profissionais, desde que seja demonstrada a vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica.” • Consumidor equiparado ou bystander: A coletividade de pessoas, ainda que indeter- mináveis, que haja intervindo nas relações de consumo (art. 2º, § único) Todas as vítimas de danos ocasionados pelo fornecimento de produto ou serviço defeituoso (art. 17) Todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas comerciais ou contratuais abusivas (art. 29) 4 2. Conceito de Fornecedor: A definição legal de fornecedor está prevista no art. 3º do CDC, vejamos: Art. 3°. CDC. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. Em suma podemos concluir que o fornecedor é todo aquele que coloca produto ou presta serviço no mercado de consumo. O doutrinador Bruno Miragem ressalta: “com relação ao elemento dinâmico da definição (desenvolvimento de atividade), o CDC buscou relacionar ampla gama de ações, com relação ao fornecimento de produtos e à prestação de serviços. Neste sentido, é correto indicar que são fornecedores, para os efeitos do CDC, todos os membros da cadeia de fornecimento, o que será relevante ao definir-se a extensão de seus deveres jurídicos, sobretudo em matéria de responsabilidade civil”. Para distinção entre pessoa física e pessoa jurídica fornecedora é preciso se atentar a habitualidade da atividade da pessoa física, por exemplo, um aluno que vende trufas na escola para pagar as mensalidades. Já a pessoa jurídica foi especificada pelo CDC como: pj privada, pública, nacional, estrangeira e ainda entes despersonalizados. Teoria do Fornecedor Equiparado: De acordo com Roscoe Bessa o “CDC ao lado do conceito genérico de fornecedor (caput, art. 3º), indica e detalha, em outras passagens, atividades que estão sujeitas ao CDC. Talvez, o melhor exemplo seja o relativo aos bancos de dados e cadastros de consumidores (art. 43, CDC)”. Sobre isso o doutrinador entende que: “até a edição da Lei n. 8.078/90, as atividades desenvolvidas pelos bancos de dados de proteção ao crédito (SPC, SERASA, CCF), não possuíam qualquer disciplina legal. A regulamentação integral de tais atividades surgiu justamente com o Código de Defesa do Consumidor, considerando sua vinculação direta com a crescente oferta e concessão de crédito no mercado. Portanto, não há como sustentar, ainda que se verifique que a entidade arquivista não atenda a todos os pressupostos do conceito de fornecedor do caput do art. 3º, que não se aplica o CDC”. Relação de consumo tradicional Relação com fornecedor por equiparação 3. Conceito de Produto: Art. 3º, § 1°. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. A definição legal de produto e seu enquadramento como objeto da relação de consumo foram alvo de algumas críticas doutrinárias. Para alguns autores a melhor definição para produtos, na verdade, seria “bens”. Apesar do conceito de produto previsto no CDC ter sido sucinto e objetivo, a doutrina entende pela necessidade de interpretar o dispositivo da maneira mais ampla possível, com objetivo de abranger a qualquer objeto colocado à venda no mercado de consumo. Consumidor Fornecedor Fornecedor Consumidor Cadastro Inadimplentes 5 • Na visão de Filomeno, “produto (entende-se bens) é qualquer objeto de interesse em dada relação de consumo, e destinado a satisfazer uma necessidade do adquirente, como destinatário final”. • Para Claudia Lima Marques produto se define como “qualquer bem, consumível fisicamente ou não, móvel ou imóvel, novo ou usado, material ou imaterial, fungível ou infungível, principal ou acessório”. Destaca-se ainda a possibilidade de ser protegido o consumidor que adquire um produto usado no mercado de consumo, desde que os demais elementos dessa relação jurídica estejam presentes, isto é, desde que o vendedor se enquadre no conceito de fornecedor. Por exemplo, a compra de um carro usado numa concessionária de veículos. 4. Conceito de Serviço: Art. 3º, § 2°. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Para que o serviço seja objeto da relação jurídica de consumo, deverá ser prestado por alguém que se enquadre no conceito de fornecedor e contratado por um consumidor (destinatário final ou por equiparação). A definição legal de serviço nos chama atenção ainda sobre três aspectos: • Exigência de remuneração: essa podendo ser direta (contraprestação imediata feita pelo consumidor) ou indireta (ex.: estacionamento “gratuito” de shopping, onde o valor já está embutido nos diversos produtos vendidos no local); • Exclusão das relações trabalhistas: são três os fundamentos para a exclusão das relações trabalhistas: 1. existência de lei específica regulatória das relações empregatícias, consolidação da CLT; 2. a posição constitucional em que se encontram os direitos dos trabalhadores, direitos fundamentais sociais art. 6º e 7º CF; 3. uma justiça especializada para dirimir os conflitos de interesses decorrentes das relações de empregos, justiça do trabalho. • Rol exemplificativo de serviços, com destaque para a inclusão dos serviços bancários: pela visão da doutrina clássica a inserção das atividades bancárias na definição de serviços se deu por: 1. Serem remunerados; 2. Por serem oferecidos de modo amplo e geral, portanto despersonalizado; 3. Por serem vulneráveis os tomadores de tais serviços, na nomenclatura própria do CDC (não apenas no aspecto econômico, mas também técnico, jurídico-científico e informacional). • • Condomínio: não; • Relações advocatícias: não; • Serviços notariais: não; • Crédito educativo: não; • Contrato de locação: não; • Contrato de franquia: não; Nunca é demais relembrar: a relação jurídica de consumo é composta de elementos subjetivos (consumidor e fornecedor), bem como de elementos objetivos (produto e serviço). 6 • Serviços públicos: é possível aplicar o código de acordo com o art. 22 do CDC. Caso o serviço público seja danificado por tarifa, não por tributo.Direitos básicos do Consumidor Princípios no CDC: 1. Princípio da Vulnerabilidade: disposto no artigo 4º, inciso I, do CD diz “reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo”. Assim entende-se que o consumidor é a parte mais frágil na relação de consumo. Para pessoa física há presunção absoluta da vulnerabilidade, já para pessoa jurídica é preciso analisar o caso concreto. Importante ressaltar que a Vulnerabilidade se difere de Hipossuficiência, conceituando: a vulnerabilidade é fenômeno de direito material (com presunção absoluta) e a hipossuficiência é fenômeno de direito processual (com presunção relativa). Não confundir! Das espécies de vulnerabilidade: • A vulnerabilidade técnica consiste na fragilidade do consumidor no que se trata à ausência de conhecimentos técnicos sobre o produto ou serviço adquirido/contratado no mercado de consumo. • Já a vulnerabilidade jurídica ou científica envolve a debilidade do consumidor em relação à falta do conhecimento sobre a matéria jurídica ou a respeito de outros ramos científicos como da economia ou da contabilidade. • Em relação a vulnerabilidade fática ou socioeconômica é onde nos deparamos com a fragilidade do consumidor no aspecto econômico. É abrangente, aberta e alcança situações também no caso concreto. • A vulnerabilidade informacional refere- se à importância das informações a respeito dos bens de consumo e sobre sua influência cada vez maior no poder de persuadir o consumidor no momento de escolher o que comprar ou contratar no mercado consumidor. 2. Princípio da Informação e Transparência: disposto no artigo 6º, inciso III, do CD diz “a informação adequada Vulnerabilidade Jurídica/científica Informacional Fática/econômica Técnica Vulnerabilidade técnica: consumidor é frágil nos conhecimentos técnicos do produto/serviço. Vulnerabilidade jurídica ou científica: consumidor é frágil nos conhecimentos jurídicos e dos demais ramos científicos. Vulnerabilidade informacional: consumidor é frágil em relação às informações veiculadas do produto/serviço. Vulnerabilidade fática ou socioeconômica: consumidor é frágil no aspecto econômico e demais situações fáticas. 7 e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem”. Ex.: .só falar o preço por direct seria uma violação desse princípio. 3. Princípio da boa-fé: é um dos princípios basilares do direito do consumidor. Se subdivide em dois tipos: • A boa-fé objetiva: que tem seu foco nas regras de conduta, ou seja, analisa a relação no plano dos fatos, de forma objetiva, para então concluir se os sujeitos da relação atuaram ou não com boa-fé. Ela deve estar presente em todos os momentos da relação de consumo com o dever de cuidar e respeitar as transações. **Na boa-fé objetiva é como se existisse um modelo de conduta moral, quando foge disso há a quebra, assim, ferindo a boa-fé. • Já a boa-fé subjetiva: tem seus holofotes voltados para questões internas, psicológicas do sujeito de direito. Busca saber se o titular de um direito tinha ciência ou não da existência do vício que estada por trás da prática de determinado ato jurídico. Direitos no CDC: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I. a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II. a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III. a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV. a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V. a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI. a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII. o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII. a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX. (Vetado); X. a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. 1. Direito à libertade de escolha e igualdade nas contratações: disposto no artigo 6º, inciso II, do CDC, diz “a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações”. Ex.: numa cidade só ter internet oi velox seria a quebra desse princípio em partes, a liberdade seria contratar ou não o servido, mas não teria a liberdade de escolha entre outros serviços. Ex2.: se o vendedor se recusar a fornecer ou favorecer um consumidor em detrimento ao outro, também seria uma quebra desse princípio. 8 2. Direito ao acesso à justiça: disposto no artigo 6º, inciso VII, do CDC, diz “o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados”. É direito básico do consumidor cumprindo papel de uma atuação mais efetiva do Poder Público na defesa da parte mais fraca da relação de consumo, com o propósito específico de reequilibrar uma relação jurídica desigual. No tocante ao acesso do vulnerável às vias judiciais, destaca-se o exposto no art. 5º do CDC, onde é elencado os instrumentos para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, dentre os quais cita-se: Manutenção de assistência jurídica gratuita; Instituição de Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor; Criação de delegacias de polícia especializadas nas infrações penais de consumo; Criação de Juizados Especiais e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo. • • Furto de veículo em estacionamento: Súmula 130/STJ: “A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. • Instituições financeiras: Súmula nº 297/STJ: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras” • Transporte aéreo internacional: STF – Tema 210 (Repercussão geral): “Nos termos do artigo 178, da CF/88, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor”. 3. Proteção contra práticas abusivas: disposto no artigo 6º, inciso IV, do CDC “a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços”. As práticas abusivas previstas pelo CDC se subdividem em três, essassão: Publicidade enganosa: acontece, por exemplo, quando alguém quer vender “gato por lebre”. Onde o fornecedor mente sobre o produto para fazer com que o comprador efetue a compra. Publicidade abusiva: é quando existe uma produção publicitaria pejorativa, por exemplo, comercial que perpetua uma situação racista ou propagandas coercitivas para menores, os influenciando diretamente a compra. Métodos coercitivos e desleais: a situação se exemplifica como quando um comprador vai a uma farmácia e essa afirma que é possível realizar o pagamento com desconto se ele cadastrar o seu CPF. Onde o medicamento que, com desconto, custa R$60, em outro estabelecimento custa o mesmo valor de qualquer forma. A farmácia aumentou o preço para forçar que o comprador ofereça suas informações. Cláusulas abusivas (teoria da base objetiva): Art. 6º, inc. V “a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas”. Ex.: Carlos financiou um carro em dez/19 e devido a pandemia que se iniciou em 2020 ficou impossibilitado de continuar cumprindo com a obrigação do pagamento das parcelas do financiamento, pois seu restaurante fechou durante o lockdown, assim Carlos se tornou oneroso ao banco fiador. Logo pediu para que fossem aumentadas o número de parcelas e reduzido o seu valor. 9 Atenção: é importante NÃO confundir a teoria da base objetiva (CDC) com a teoria da imprevisão (CC). Teoria da Imprevisão (CC) Teoria da Base Objetiva do Negócio Jurídico (CDC) Art. 478. Art. 6º, inc. V. Fato superveniente im- previsível e extraordinário. Apenas fato super- veniente. Extrema vantagem para o credor. Não exige. Implica resolução (revisão somente com a anuência do credor). Implica revisão (resolução somente quando não houver possibilidade de revisão). 4. Prevenção e reparação de danos: disposto no artigo 6º, inciso VI, do CDC “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. O Estado tem obrigação de prevenir danos ao consumidor, essa afirmação tem previsão legal, por exemplo, no artigo 8 do Código do Consumidor. Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. • Por exemplo, um creme de depilação, que não é danoso, mas algum consumidor pode ser alergia a algum elemento da composição, por isso deve estar claro na embalagem certas informações. Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. • Ex.: produto estético com ácido. Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. • De NENHUMA maneira poderá o fornecedor colocar a comércio produto que apresente um grau muito alto de nocividade. 5. Prevenção e reparação de danos: disposto no artigo 6º, inciso X, do CDC “a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral”. PU. “A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento”. Aplica-se a serviços públicos??? É preciso analisar o caso concreto, se a remuneração do serviço público for feita mediante tarifa é possível aplicar o artigo do CDC exposto acima, já se a remuneração for por meio de tributo não é aplicável. Sobre Recall: CDC. Art. 10. (...) §1° O fornecedor de produtos e serviços que posteriormente à sua introdução no mercado de consumo, tiver conhecimento da periculosidade que apresentem, deverá comunicar o fato imediatamente às autoridades competentes e aos consumidores, mediante anúncios publicitários. O recall é o procedimento onde o consumidor é chamado de volta ao fornecedor para algum reparo no produto. Ex.: defeito nos bancos de carro que ao ser baixado ricocheteia e acaba por decepar parte do dedo de quem realizava a ação, depois do defeito ser constatado (e algumas ações ajuizadas) os 10 consumidores são chamados de volta a concessionária para o reparo. Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade competente e aos consumidores a nocividade ou periculosidade de produtos cujo conhecimento seja posterior à sua colocação no mercado: Pena – Detenção de seis meses a dois anos e multa. • E se houver recusa do consumidor ao recall? Nesse caso se vier a acontecer um acidente por conta do defeito, apesar do consumidor ter assumido o risco recusando-se ao recall, ele pode ingressar com ação contra o fornecedor, pois este não fica isento de culpa (princípio da boa-fé OBJETIVA). O consumidor também é culpado, pois não fez o reparo, assume junto com o fornecedor. Da responsabilidade civil O Código do Consumidor nos apresenta em seus artigos 12 ao 25 as possibilidades da autuação de responsabilidade civil ao serviço e ao produto, essas podendo ser por vício ou por fato. Vejamos a seguir alguns conceitos importantes e logo a pois destrincharemos cada uma das responsabilidades previstas pelo CDC. Vício x Defeito No vício, independentemente de ser um produto ou serviço, o problema fica limitado ao bem de consumo, sem outras repercussões. Ou seja, o vício é, por exemplo, o mau funcionamento intrínseco ao produto (ou serviço), como o pisca alerta sem funcionar ou uma máquina de cortar cabelo também sem funcionar. • Prejuízo intrínseco. Já no defeito (ou fato, como também é chamado) há outras decorrências, como é o caso de outros danos materiais, de danos morais e de danos estéticos. Em suma o defeito é um vício acrescido de uma situação que possa gerar risco ao consumidor, por exemplo, a máquina de cortar cabelo que não funcionava passa a vazar corrente ou o carro que além de sem funcionar o pisca alerta, fica sem freio. • Prejuízo extrínsecos; • Defeito também pode ser chamado de fato; • No defeito a responsabilidade direta é do fabricante. Classificações do Defeito: a) Defeito de concepção: é o defeito na criação, ou seja, no projeto, na fórmula do produto. Sendo assim um defeito inevitável e universal; b) Defeito de Fabricação: é aquele que se verifica no processo de fabricação do bem. É um defeito inevitável e pontual, pois só afeta alguns produtos; c) Defeito de Comercialização (ou defeito de informação): se manifestam na apresentação do produto, ou seja, na falta de informação. Ex.: não colocar na embalagem que o produto tem glúten. • Súmula 387 STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral”. Súmula 402 STJ: “O contrato de seguro por danos pessoais compreende os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão”. Solidariedade x Subsidiariedade Na solidariedade é possível acionar apenas uma dar partes da obrigação ou, se desejar, pode acionar todas. Numa relação obrigacional existe o polo passivo A, B e C (fornecedores) e o consumidor, ele 11 (consumidor) poderá acionar apenas o A ou B ou B, bem como poderá acionar A, B e C de uma só vez. Ex.: da compra de um celular decorre um defeito o consumidor poderá acionar a loja (A), a assistência (B) ou a marca (C). Já na subsidiariedade só é possível acionar os ajuizados pela ordem, no caso se o consumidor quer acionar diretamente B ele não pode, pois naordem o chamado seria A. Ex.: da compra de um celular decorre um defeito, o consumidor quer acionar diretamente a marca (C), mas pela ordem ele deveria acionar a assistência primeiro (B). • A responsabilidade subsidiária refere-se ao comerciante, pois a responsabilidade inicial é do fabricante. Pressupostos da Responsabilidade • Conduta: o consumidor deve PROVAR que o fornecedor colocou o produto no mercado de consumo. Ex.: provar que o óculos que você comprou na 25 de Março é realmente da Ray Ban. • Dano: precisa ser um dano extrínseco ao produto, ou seja, o dano deve extrapolar os limites do produto e ocasionar dano no patrimônio do consumidor, podendo ser dano material, estético ou moral. Ex.: celular explode causando danos estéticos ao consumidor. Aqui é adotada o Princípio da reparação integral dos danos, deve ser reparado da forma mais completa possível. • Nexo Casual: precisa provar a relação de causa e efeito, ou seja, que a ação do fornecedor causou um dano ao consumidor. • Defeito: falha na segurança do produto, mas vale lembrar que todo produto possui uma potencialidade danosa normal e a responsabilidade só irá ocorrer se o defeito vier de forma inesperada. Prazo prescricional por fato do produto/serviço: O prazo de prescrição de um fato de produto ou serviço é de 05 anos! • Observe: Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. O Código do consumidor trabalha com 4 hipóteses de Responsabilidade, vejamos casa uma delas: Pontua o autor Daniel Amorim: o fato do produto, também conhecido como defeito do produto, está presente para assegurar que o consumidor possa pleitear responsabilidade civil objetiva direta e imediata contra o fabricante. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, o fornecedor de produtos ou serviços possui responsabilidade objetiva (artigos 12 e 14), ou seja, deve responder por prejuízos causados a terceiros independentemente da existência de culpa. Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 12 § 1° O produto é DEFEITUOSO quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I. sua apresentação; II. o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III. a época em que foi colocado em circulação. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I. que não colocou o produto no mercado; II. que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III. a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Para melhor entendimentos é necessário a revisão de alguns conceitos, vejamos: a) Fabricante: aquele que participa de forma ativa da fabricação do produto ou aquele que produz um componente ou peça do produto, bem como o montador do produto também é considerado fabricante para o CDC. Fornecedor real: aquele que de fato fabrica o produto e o coloca no mercado de consumo; Fornecedor presumido: aquele que não participa efetivamente no processo de fabricação, mas funciona como intermediário entre o fornecedor real e o consumidor, por exemplo o importador; Fornecedor Aparente: aquele que coloca o marca no produto e gera uma confiança em tal produto, por exemplo, o franqueador. b) Produtor: aquela pessoa que coloca no mercado de consumo produtos NÃO industrializados, ou seja, produtos de origem animal ou vegetal. Ex.: agricultor que fornece verduras e legumes para o atacadão. c) Importador: aquele que coloca no mercado de consumo nacional um produto importado; d) Construtor: aquele que coloca no mercado de consumo bens imóveis, por exemplo, casas e prédios. Esses serão os possíveis responsabilizados pelas condutas no Código do Consumidor. Técnica de Responsabilização de Fornecedores NO Código do Consumidor: Caso o CDC utilize a expressão “Fornecedor” ele estará responsabilizando TODA a cadeia de fornecimento, ou seja, vai responsabilizar desde o fabricante até o comerciante. Já se o CDC utilizar uma nomenclatura específica como “Importador”, “Comerciante”, “Fabricante”, etc. Ele já estará apontando a quem irá responsabilizar, é uma nomenclatura específica, será atribuída responsabilidade APENAS a pessoa nominada. Ex.: “O produtor responde pelo advento...” só o produtor será responsabilizado. Relembrando: • Os pressupostos são: existência de uma conduta, da confirmação do dano e de um nexo casual entre eles; • O fato de existir outro produto de melhor qualidade no mercado não é suficiente para caracterizar um defeito; • O prazo de prescrição de um fato de produto ou serviço é de 05 anos! 13 O art. 12 trata das hipóteses de responsabilidade pelo produto, quando o fabricante, o consumidor, o produtor ou importador puder comprovar sua inocência. É válido ressaltar que o art. 13 trata sobre as responsabilidades do comerciante, que também pode ser responsabilizado nos termos do art. 12, vejamos: Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I. o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; Produto anônimo. II. o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; Produto mal identificado. III. não conservar adequadamente os produtos perecíveis. Má conservação. Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. • Existe uma divergência doutrinaria acerca da natureza da responsabilidade do comerciante, para a doutrina majoritária a responsabilidade seria subsidiária, ou seja, ele só seria responsabilizado caso os sujeitos previstos no artigo 12 não pudessem ser responsabilizados. Além disso a resp. do consumidor só poderá existir nas hipóteses do artigo 13. Excludentes de Responsabilidade (Na modalidade de Fato do Produto) A lei 8.078/1990 tipifica certas excludentes próprias de responsabilidade civil em seus artigos 12, § 3º e 14, § 3º. Para serem efetivas e afastar o dever de indenizar devem ter sido provocadas pelos fornecedores e prestadores. Excludente de Responsabilidade defeito: Art. 12, § 3º. O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I. que não colocou o produto no mercado; II. que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III. a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 14, § 3º. O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I. que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II. a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Já o dispositivo (art. 14) trata das hipóteses de excludente do dever de reparar que decorre de serviço. Vejamos as principais hipóteses separadamente: 1. Não colocação do produto no mercado: Nesse caso os fornecedores e prestadores não vão ter o dever de indenizar se não houver dano reparável. Em suma, ausente do dano,está ausente da responsabilidade. Ex.: um celular falsificado foi comprado e ao ser colocado para carregar explode, a marca responsável provando que aquele celular não foi fabricado ali e que não faz parte do seu catálogo de produtos, será excluído da responsabilidade. 2. Colocação do direito no mercado, mas o defeito inexiste: Bem como na possibilidade ascendente o fornecedor e/ou prestadores vão ser isentos da responsabilidade caso comprovem que o defeito apontado pelo consumidor não exista. Ex.: o consumidor diz que o celular está vazando corrente 14 e a fabricante alega, após perícia (testes) realizada, que o produto não apresenta defeito, na verdade o está fazendo o celular vazar corrente é a tomada da casa do cliente e não o aparelho em si. 3. Culpa exclusiva do consumidor ou terceiro: A culpa ou fato exclusivo de terceiro é um fator do nexo de causalidade (ligação entre a conduta do agente e o resultado danoso). Em suma, entende-se que a culpa exclusiva da vítima rompe o nexo casual e afasta qualquer obrigação que o fornecedor do produto ou serviço teria de indenizar. Se o dano foi adveio, exclusivamente, de uma conduta do consumidor, não haverá responsabilidade do fornecedor. Ex.: o consumidor derrubou o celular e ele começou a apresentar defeitos, a culpa veio exclusivamente dele, que tomou a conduta de onde adveio o defeito. O nexo casual é NECESSÁRIO tanto na responsabilidade subjetiva como na objetiva, logo se não tiver nexo casual, o fornecedor não será responsabilizado. Pontua o autor Daniel Amorim: fato do serviço ou defeito está tratado pelo artigo 14 do Código do Consumidor, gerando responsabilidade civil objetiva e solidária entre todos os envolvidos com a prestação, pela presença de outros danos, além do próprio serviço como bem de consumo. O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais o modo de seu fornecimento; o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam e a época em que foi fornecido. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é DEFEITUOSO quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I. o modo de seu fornecimento; II. o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III. a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. • Aqui não se considera defeituoso se for adotada novas técnicas. Dessa forma, se uma empresa passa a utilizar uma nova técnica para desentupimento, isso não quer dizer que há o reconhecimento de que as medidas anteriores eram ruins ou defeituosas. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I. que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II. a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de CULPA. • Deve ficar claro que, no fato do serviço, a responsabilidade civil dos profissionais liberais somente existe se houver culpa de sua parte (responsabilidade subjetiva), conforme 15 preconiza o art. 14, §4ª, da Lei 8.078/1990. A responsabilidade civil pelo fato do serviço gera responsabilidade é solidária, ou seja, é uma responsabilidade objetiva, não depende da análise de culpa (com exceção do §4º); Além de adotar a teoria do risco da atividade, onde não há adoção do risco integral, o que significa a possibilidade de excludentes da responsabilidade; Relembrando: • Os pressupostos são: existência de uma conduta, da confirmação do dano e de um nexo casual entre eles; • O prazo de prescrição de um fato de produto ou serviço é de 05 anos! Tipos de defeito: a) Defeito de concepção: que é a falha no projeto. Ex.: Júnior desenvolveu um sistema bancário e esse sistema apresenta algumas falhas que possibilitam que os hackers acessem os dados dos usuários, esse é um defeito de concepção, pois a falha vem desde o projeto. O sistema foi concebido sendo defeituoso. b) Defeito na prestação: esse defeito se manifesta no momento em que o serviço é prestado. Só se tem conhecimento que o serviço é defeituoso quando ele já está sendo prestado. Ex.: Giovanna, enfermeira do RHP, aplica em Sérgio, paciente do local, a medicação errada. Ela deveria aplicar ibuprofeno, mas confunde e aplica dipirona. Não havia como saber que o serviço prestado seria defeituoso antes de sua efetiva prestação (aplicação do medicamento). c) Defeito de informação: esse defeito é curioso, pois o serviço em si não contém defeito, a falha está na informação repassada e não no serviço propriamente dito. O serviço se torna defeituoso por causa da falha na informação. Ex.: No clube Águas Claras, uma das piscinas está sem a marcação de profundidade, o que pode ocasionar acidentes. Ou seja, o serviço em si (piscina do clube) não apresenta defeitos, mas a falta de informação (marcação de profundidade) a torna defeituosa. Defeitos expostos no artigo 14, §1, CDC. Excludentes de Responsabilidade (Na modalidade de Fato de Serviço) Para tal tipo estudado só há duas excludentes, vejamos: 1. Inexistência do defeito; 2. Culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; OBS.: O CDC não adotou a teoria do risco integral, pois se admite a existência de excludentes de responsabilidade. No caso do fortuito apenas se aplica o EXTERNO, ou seja, só o fortuito externo exclui a responsabilidade. Ei, se liga!!! Da responsabilidade dos profissionais liberais: previsto no parágrafo 4 do artigo 14 do CDC. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. O profissional liberal é aquele que desempenha atividade profissional com especialidade, autonomia, sem subordinação e de forma pessoal. É um caso de responsabilidade pessoal E subjetiva (aquela que depende da comprovação de culpa). 16 A resp. subjetiva é caracterizada por atendimento personalizado, ou seja, o profissional PRECISA estar prestando um serviço personalizado. Ex.: Patrícia conhece pelas redes sociais Fabio, médico dermatologista de grande nome que realiza procedimentos estéticos, e deseja fazer um com ELE, então ela marca uma consulta com ELE, no dia e hora marcado vai até a clínica DELE, tudo isso porque quer ser atendida por esse médico específico. Eventualmente, se Fabio vier a ser responsabilizado por alguma coisa ocorrida com Patrícia, será uma responsabilidade subjetiva. Porque houve um atendimento personalizado. **Mas caso Patrícia fosse atendida por uma sociedade de médicos perderia o caráter pessoal, logo não haveria mais responsabilidade subjetiva, voltando a ser objetiva. Da responsabilidade do médico por cirurgia prática estética: nesse sentido há duas hipóteses a serem estudadas, pois tudo depende da análise da obrigação (contrato) de meio ou de resultado, assim vejamos: Vale ressaltar que caso seja celebrado um contrato de meio entre o consumidor e o profissional liberal, onde o fornecedor (nesse caso profissional liberal) se compromete a empregar todo o seu conhecimento e esforço para produzir um resultado, embora esse resultado não possa ser garantido. Ex.: Chega ao escritório de Sérgio um cliente que o diz “doutor que o senhor me defenda numa causa onde me acusam de ter causado um acidente”, assim celebram contrato de meio, isso representa que Sérgio vai empregartodo seu conhecimento e esforço para obter a absolvição de seu cliente, mas não pode garantir o resultado. Então, nesse caso de celebração de contrato de meio, o profissional liberal só poderá ser responsabilizado com a demonstração de CULPA. Ex.: O cliente comprova que Sérgio agiu com negligência durante o curso da ação, por exemplo, perdeu prazo, não foi a audiências. Assim Sérgio poderá ser responsabilizado. Por outro lado, há o contrato de resultado, aquele em que o fornecedor da a garantia do resultado desejado pelo cliente. Ex.: Dr. Rodrigo, cirurgião plástico renomado celebra contrato de resultado com sua paciente Vitória, dando a garantia (assegurando!) de que irá (por meio de intervenção cirúrgica) deixá-la igual a Barbie. Algum tempo depois da cirurgia Vitória percebe que não obteve o resultado desejado, ela não está nada parecida com a boneca como almejava, ela NÃO obteve o resultado. Assim ela poderá responsabilizar Dr. Rodrigo por não ter obtido o resultado prometido. **Aqui NÃO haverá analise de culpa, será uma responsabilidade objetiva. Pontua o autor Daniel Amorim: “O vício do PRODUTO se da quando existe um problema oculto ou aparente no bem de consumo, que o torna impróprio para uso ou diminui o seu valor, tido como um vício por inadequação. Em casos como esse vale frisar que Bizu: Cirurgia reparadora – obrigação de meio/subjetiva/necessário comprovar a culpa; Cirurgia embelezadora – obrigação de resultado/objetiva/não precisa provar culpa. 17 não há repercussões fora do produto, não se podendo falar em responsabilização por outros danos como materiais, morais ou estéticos, só será reparado o VALOR da coisa. Em suma lembre-se que no VÍCIO o problema PERMANECE NO PRODUTO, não rompendo seus limites O parágrafo 6º do artigo 18 ilustra algumas situações em que o vício do produto está presente, pois são bens impróprios para consumo. Deve ficar claro que o vício do produto NÃO se confunde com as deteriorações normais decorrentes do uso da coisa. Sendo assim, para a caracterização ou não do vício deve ser considerada a vida útil do produto que está sendo adquirido. Conforme extraído de trecho de publicação constante no Informativo n. 506 do STJ, “O fornecedor responde por vício oculto de produto durável decorrente da própria fabricação e não do desgaste natural gerado pela fruição ordinária, desde que haja reclamação dentro do prazo decadencial de noventa dias após evidenciado o defeito, ainda que o vício se manifeste somente após o término do prazo de garantia contratual, devendo ser observado como limite temporal para o surgimento do defeito o critério de vida útil do bem. O fornecedor não está, ad aeternum, responsável pelos produtos colocados em circulação, mas a sua responsabilidade não se limita pura e simplesmente ao prazo contratual de garantia, o qual é estipulado unilateralmente por ele próprio”. (STJ – Resp. 984.106/SC – Rel. Min. Luis Felipe Salomão – j. 04.10.2012) Exemplificando o exposto acima: não pode o comprador de um veículo alegar que o pneu está careca após cinco anos de uso, não havendo vício do produto em casos tais.” Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem SOLIDARIAMENTE pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, PODENDO o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I. a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II. a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III. o abatimento proporcional do preço. § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. 18 § 6° São impróprios ao uso e consumo: I. os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II. os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; III. os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Características do Vício no PRODUTO: • Se subdivide em vícios de qualidade, onde o produto pode apresentar uma qualidade abaixo da esperada e vícios de quantidade, que tem problemas em relação a sua quantidade; • Responsabilidade OBJETIVA, por tanto, em via de regra não irá se analisar culpa; **existem exceções. • Além de objetiva a responsabilidade é solidária, o que quer dizer que todos na cadeira de fornecimento vão responder a eventuais vícios do produto. É preciso se atendar, pois existem EXCLUDENTES DA SOLIDARIEDADE, essas são: Art. 18, §5º, CDC = Produtos “in natura”. Aqui será responsável perante ao consumidor o fornecedor imediato, salvo quando identificar o produtor; Art. 19, §2º, CDC = pesagem ou medição por instrumento não oficiais (ex.: balança adulterada). Aqui será EXCLUSIVAMENTE responsável o fornecedor imediato. Vício do Produto por QUALIDADE: Exposto no caput do artigo 18 do CDC, o vício de qualidade é aquele que gera uma impropriedade ou diminuição do preço, uma disparidade em relação às características do produto e a informação no produto. Se liga no exemplo: Manuel compra um carro zero, mas percebe que a porta está amassada, sendo esse um vício de qualidade que vai gerar a diminuição de preço do veículo. Ou ainda Fábia compra uma TV, mas está não emite som algum, aqui tem-se uma impropriedade do produto, ele não serve totalmente ao proposito a que ele se destina. Por último é possível expor a situação de Rogério que comprou um anel para namorada, acreditando que esse seria se ouro, mas houve impropriedade das informações e, na verdade, o anel comprado era apenas uma bijuteria OBS.: Em relação a pontas de estoque (promoções onde lojas vendem produtos com pequenas avarias), elas não são proibidas pelo CDC desde que o consumidor seja alertado sobre o que está comprando. Bem como o CDC não proíbe a venda de produtos usados desde que o consumidor seja avisado, ele precisa saber o que está adquirindo. Observações baseadas no princípio da informação e da boa-fé. • Prazo para sanar o Vício do Produto Exposto no §1º do art. 18 o prazo máximo de 30 dias para que o fornecedor venha a sanar o vício do produto. Esse prazo é relativizado (flexibilizado), onde vai tero mínimo 7 dias e máximo de 30 dias. OBS.: Nos contratos de adesão é preciso ter uma cláusula específica tratando sobre a flexibilização do prazo. • O que o consumidor fará após adquirir um produto com vício??? Seguindo a ordem abaixo o consumidor deve: 1. Fazer uma reclamação e essa não precisa ter nenhuma formalidade; 2. Assim serão dadas algumas opções para o consumidor, essas presentes no §1º do art. 18, essas são: 19 Substituição do produto por outro da mesma espécie, marca e modelo ou substituição por produto de outra espécie, marca ou modelo (se o produto for mais caro o consumidor paga a diferença, bem como se for mais barato o consumidor tem direito de receber a diferença); Restituição da quantia paga (sem prejuízo de eventuais perdas e danos); Abatimento proporcional do preço. No hipótese apresentada no §3º do artigo 18 é possível que o consumidor tenha validada alguma as opções acima imediatamente, não precisando aguardar o prazo de flexível de 30 dias, essa situação será possível em 3 casos: Substituição das partes viciadas comprometer o produto; Diminui o valor ao sanar o vício; Quando o produto por essencial (ex.: remédio). Obs.: Nessa hipótese não há direito a troca. Vício do Produto por QUANTIDADE : A inobservância da quantidade do produto colocado no mercado de consumo, fará com que seja possível a responsabilidade solidária dos fornecedores, conforme disciplina o Art. 19 do CDC: Art. 19. Os fornecedores respondem SOLIDARIAMENTE pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I. o abatimento proporcional do preço; II. complementação do peso ou medida; III. a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV. a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. Aqui o legislador não previu prazo para que o fornecedor sane vício do produto por quantidade, então, entende a doutrina que as alternativas podem ser imediatamente escolhidas pelo consumidor. Essas alternativas estão expostas nos incisos do art. 19. Ex.: Alexandre vai a uma lanchonete com sua namorada Cecília, chegando lá ambos pedem hamburgueres, uma porção de fritas, um copo de suco e um refrigerante de coca. Quando o pedido chega até a mesa Alexandre percebe que o seu copo de refri veio com um exagero de gelo, quase sem refrigerante, onde ele basicamente estaria pagando pelo gelo. Assim ele reclama, pedindo para que seja retirado um pouco do gelo e complementado com o refrigerante. Pontua o autor Daniel Amorim: “Aqui aplica-se a regra da solidariedade, entre todos os envolvidos com a prestação. Em outras palavras, se um serviço contratado tiver sido mal prestado, responderão todos os envolvidos. Nos termos do § 2º do art. 20 do CDC, são considerados como impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente dele se esperam, bem como, aquele que não atendam as normas regulamentares 20 de prestabilidade. Em casos tais, enuncia o caput do mesmo preceito legal que o prestador de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuíam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária”. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I. a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II. a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III. o abatimento proporcional do preço. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. § 2° São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as normas regulamentares de prestabilidade. Aqui o legislador não previu prazo para que o fornecedor sane vício do serviço. Mas expos alternativas reparatórias, essas se encontram nos incisos do artigo ascendente, vejamos de forma mais detalhada cada uma delas: • Reexecução do serviço: o fornecedor fará o serviço novamente sem custo adicional; Aqui é possível que a reexecução pode ser feita por um terceiro, por exemplo, após a instalação de uma piscina pela empresa Blue Space S.A, a contratante Viviane, reparou que havia uma rachadura no fundo da mesma. Assim ela pede a empresa que contrate uma empresa terceira para realizar a reparação, pois não gostou do serviço e se estressou muito com a primeira empresa contratada. • Restituição da quantia paga: é clara e direta, aqui a restituição deve ser atualizada, mas é difícil que aconteça na prática; • Abatimento proporcional do valor. O artigo 20 trata sobre os vícios de QUALIDADE em relação responsabilidade civil pelo vício do SERVIÇO, já sobre os vícios de quantidade o Código do Consumidor não previu hipóteses. Então, em casos que isso aconteçam será utilizada a analogia, nos levanto aos artigos 19 e 20 do CDC, sendo aplicadas as mesmas regas. Um exemplo de vício de quantidade de um serviço é um pintor, que foi contratado para realizar a pintura de toda casa (área externa e interna), só entrega a pintura da parte interna do imóvel. Nesse caso, como já falado, seriam utilizados os artigos 19 e 20 por analogia, assim vamos relembrar as alternativas apresentadas nesses artigos: 1. Complementação; 2. Restituição; 3. Abatimento no preço. Garantia Garantia – substantivo feminino, definido como: aquilo que assegura que algo vá ser cumprido. Quando adquirimos um serviço ou produto esperamos que o estipulado no acordo das partes se cumpra, por exemplo, quando compramos um celular é esperado que ele tenha um bom funcionamento, sem demais problemas e caso isso não venha a ocorrer é esperado que seja efetivada uma garantia, uma segurança sobre a compra realizada. 21 No código do consumidor estão especificadas duas modalidades de garantia, essas são: Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. § 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação. Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios APARENTES ou DE FÁCIL CONSTATAÇÃO caduca em: I. trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II. noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do PRAZO DECADENCIAL a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 2° Obstama decadência: I. a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II. (Vetado). III. a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. § 3° Tratando-se de VÍCIO OCULTO, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. Tipificada no art. 24 do CDC, essa modalidade independe de qualquer contrato, assim irá existir independentemente de qualquer coisa, a lei assegura e ponto. Se divide em dois tipos de bens: I. Duráveis: são aqueles bens de consumo que podem ser utilizados várias vezes durante um longo período de tempo, por exemplo, um carro ou uma máquina de lavar louça. Esse tipo tem prazo de 90 dias para que seja formalizada a reclamação afim de garantia; II. Não duráveis: já esses tipos de bens são aqueles feitos para serem consumidos de forma rápida, imediata. Por exemplo, chocolate, macarrão instantâneo e outros alimentos. Aqui o prazo para pleitear a reclamação sobre o produto será de 30 dias. O prazo, nas duas modalidades, é contado de forma DECADENCIAL. Começando a contar a partir do recebimento do produto, da entrega ou termino da execução. • Ressaltando que no caso do vício oculto (defeito que só aparecerá depois de um certo tempo de uso do produto) o prazo da garantia legal começa a contar a partir do momento em que esse defeito é constatado. Em suma: de acordo com o CDC, fornecedores e fabricantes têm até 30 dias a partir da reclamação para resolver o problema. O código prevê, ainda, prazo de 30 dias para o consumidor reclamar casos de bens não duráveis. Para bens duráveis, que são utilizáveis por mais tempo, como imóveis e eletrodomésticos, são 90 dias de prazo. Para os defeitos ocultos, aqueles que não são facilmente visíveis, o prazo começa a partir do momento em que ele ficar evidenciado. Maria Inês Dolci ressaltou que, nesses casos, é possível reclamar mesmo já expirada a garantia do bem. 22 Art. 50. A garantia contratual é COMPLEMENTAR à legal e será conferida mediante termo escrito. Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente deve ser padronizado e esclarecer, de maneira adequada em que consiste a mesma garantia, bem como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de manual de instrução, de instalação e uso do produto em linguagem didática, com ilustrações. A garantia contratual esta tipificada no art. 50, é aquela que o fabricante ou fornecedor acrescenta ao seu produto por vontade própria, sendo assim fica entendido que garantia legal TODOS os produtos ou serviços tem, já a garantia contratual só haverá quando o fabricante ou fornecedor quiser e sobre o produto que escolher. A vigência dessa modalidade se inicia a partir da data de emissão da nota fiscal, com o prazo e condições determinados pela empresa fornecedora. É complementar a garantia legal; Não existe um prazo fixo, pode ser de 9 meses a 1 ano ou até mais; Obtida por meio de contrato; TEM que ser dada por termo ESCRITO. Situação exemplo: Roberta adquiriu uma máquina de lavar e recebeu uma garantia contratual de 2 anos, seu produto vem a apresentar vício, mas já são 4 dias após o prazo de 2 anos. Nesse caso Roberta CONTINUA acobertada, pois a GARANTIA CONTRATUAL SE COMPLETA DA GARANTIA LEGAL, ou seja, a garantia do produto de Roberta, no total, seria de 2 anos e 90 dias. Ainda é possível falar sobre a garantia estendida que normalmente é oferecida pelas lojas e é contratada a parte, logo ela soma-se a garantia contratual (que já se complementa da garantia legal). Normalmente, esse tipo de garantia (estendida), é oferecida por uma empresa terceira e não tem relação com o fabricante, sendo mais como um seguro para o produto. Dentro desse tipo de garantia, há ainda três modalidades: I. Original: que é uma cobertura é igual ao seguro contratual realizado pelo fabricante, mas você tem algum benefício, por exemplo, a troca imediata do produto; II. Ampliada: que o tempo é somado à garantia original do fabricante; III. Diferenciada: na qual você também tem benefícios, mas o tempo de seguro é menor do que a estendida original.
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