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Obrigação, é a relação jurídica que, unindo dois ou mais sujeitos, faz com que um tenha o dever de adimplir, cumprir com uma prestação em benefício do outro. Essa obrigação se trata: • Da entrega ou restituição de bens (dar) • Na realização de uma atividade ou serviço (fazer) • Ou ainda na abstenção de uma conduta, que em tese, seria lícita ao devedor de realizar (não fazer) A relação jurídica nasce a partir da manifestação de vontade de dois ou mais sujeitos. Os deveres de prestar e receber serão aqueles especificamente caracterizam tal relação. De dois momentos pode-se extrair o conceito de uma obrigação, são eles: • Schuld (débito): é o dever jurídico do devedor, de cumprir a prestação por ele assumida quando do momento do início da relação. O não cumprimento dessa prestação, desse dever específico, gera o inadimplemento, momento a partir do qual o devedor pode ser responsabilizado. • Haftung (responsabilidade): a responsabilidade trata dos efeitos que são imputados ao devedor que não cumpriu sua obrigação. Ao se descumprir uma obrigação que foi ajustada previamente, nascem os efeitos em razão do inadimplemento voluntário, quais sejam: perdas e danos, correção monetária, juros, honorários advocatícios, etc. essa responsabilidade, via de regra, recairá sobre o patrimônio do sujeito, onde ele responderá pelo não cumprimento do débito, conforme o Código Civil. Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. • Obrigação perfeita: o débito e a responsabilidade estão presentes na obrigação, recaindo ambos sobre a pessoa do devedor. • Obrigação imperfeita: quando na obrigação, apenas um dos fatores recai sobre o devedor. O Direito Civil entende que a obrigação é um processo, composto de vários atos, cuja finalidade é a busca pelo adimplemento dessa obrigação. Ou seja, essa relação tem começo, meio e fim. 1. Modalidades das Obrigações (Classificação) A classificação das obrigações serve para que se possa identificar a natureza do pacto celebrado, com seus respectivos direitos específicos previstos pelas partes, com base na autonomia negocial. São modalidades de obrigações: Obrigação Natural: também conhecidas como obrigações judicialmente inexigíveis, tendo em vista que o dever de pagamento não é jurídico, sendo apenas moral, como por exemplo, nas dívidas prescritas ou provenientes de jogos ou apostas. Se as dívidas naturais forem pagas voluntariamente, não há que se falar em pretensão de repetição, uma vez que a quantia era devida, ainda que juridicamente inexigível. (art. 882, CC). a) Obrigação de dar A obrigação de dar consiste no COMPROMISSO DO DEVEDOR DE ENTREGAR OU RESTITUIR COISAS PARA O CREDOR. Esse compromisso se divide em: • Dar coisa certa (ou obrigação específica): a prestação será definida pelo gênero, quantidade e qualidade da coisa a ser entregue. Quando no momento da Obrigação de restituir, não há transmissão do direito de propriedade, há apenas uma devolução da posse direta, obtida a partir de um contrato ou direito real sobre coisa alheia. EX: contrato de locação, comodato, arrendamento, direito de superfície, etc. Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos. Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos. As obrigações de dar quantia certa, assim como a obrigação de restituir, são subespécies da obrigação de dar coisa certa. Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o disposto no art. 239. Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé. >> PERDA DO OBJETO NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: a análise da perda do objeto na obrigação de dar coisa certa, será feita a partir da ocorrência ou não da tradição da coisa, ou seja, da entrega do bem. ANTES DA TRADIÇÃO DEPOIS DA TRADIÇÃO PERDA TOTAL (OU PERECIMENTO) . Sem culpa do devedor: O contrato se resolve para ambas as partes. Devolve- se o que já foi pago, pelo credor e as partes voltam para o seu status quo ante (art. 234, 1ª parte, CC). . Com culpa do devedor: a obrigação se resolve, devolve-se o que já foi pago + perdas e danos (pelo culpado). (art. 234, 2ª parte, CC) PERDA PARCIAL (OU DETERIORAÇÃO) . Sem culpa do devedor: O credor tem o direito potestativo de escolher se fica com o bem, abatido o valor que se perdeu, ou se resolve a obrigação. (art. 235, CC). . Com culpa do devedor: o mesmo direito potestativo + qualquer escolha das devidas perdas e danos. (art. 236, CC) . Se já houve a tradição: a coisa pertence ao dono, ou seja, ao proprietário (res perit domino) (art. 238, CC). Pode-se perceber que essa regra, protege o devedor, pois impede que o credor o cobre por um acontecimento que não foi causado com culpa, evitando, desse modo o enriquecimento sem causa do credor. A presença ou não de culpa muda todo o curso da obrigação, pois se observada culpa do devedor, este deve além de restituir o equivalente, arcar ainda com as perdas e danos ao credor, se forem comprovadas. São exceções a esse princípio: . Vícios ocultos (redibitórios) >> (art. 441, CC) . Vícios jurídicos (evicção) >> (art. 447, CC) • Dar coisa incerta (ou obrigação genérica, ou de gênero): nessa espécie de obrigação, falta o objeto designado (qualidade). A obrigação será definida apenas pelo gênero e pela quantidade. O adimplemento dessa obrigação se dará a partir do momento em que as partes definirem a qualidade do objeto a ser prestado. Ela nasce incerta e para ser cumprida, precisa ser especificada. Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor. >> PERDA DO OBJETO NA OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA: analisada a partir da concentração (escolha da qualidade do objeto) e também da ocorrência da tradição.ANTES DA TRADIÇÃO DEPOIS DA TRADIÇÃO . Genus non perit: o gênero não perece. Mesmo em casos de caso fortuito ou força maior, o devedor não poderá alegar a perda do bem, já que o gênero não irá perecer, de forma que não se pode pensar em perda por completo (art. 246, CC). EX: devedor se compromete em entregar 10 cães para o credor. Não pode alegar a perda completa do objeto, porque o gênero não se extinguiu. . Após a escolha da qualidade e a respectiva tradição da coisa, o tratamento será o mesmo dado ao da obrigação de dar coisa certa. Ou seja, perece para o dono. Pode-se perceber que essa regra, protege o devedor, pois impede que o credor o cobre por um acontecimento que não foi causado com culpa, evitando, desse modo o enriquecimento sem causa do credor. A presença ou não de culpa muda todo o curso da obrigação, pois se observada culpa do devedor, este deve além de restituir o A escolha da qualidade na obrigação genérica cabe ao devedor, porque facilita o adimplemento da obrigação. As partes podem acordar de outra forma, estabelecendo, que o credor pode escolher, se assim for de sua vontade, por exemplo. equivalente, arcar ainda com as perdas e danos ao credor, se forem comprovadas. São exceções a esse princípio: . Vícios ocultos (redibitórios) >> (art. 441, CC) . Vícios jurídicos (evicção) >> (art. 447, CC) >> OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR: é uma subespécie da obrigação de dar, porém, tem regramento próprio quanto à perda da coisa. Nesse tipo de obrigação, não haverá transmissão da propriedade, mas somente a devolução da posse direta sobre o bem. Antes ou depois da restituição, será o credor, sempre a perder, tendo em vista que ele nunca deixou de ser proprietário da coisa (res perit domino). ANTES DA RESTITUIÇÃO DEPOIS DA RESTITUIÇÃO PERDA TOTAL . Sem culpa do devedor: o credor sofrerá a perda e a obrigação se resolve (art. 238, CC). . Com culpa do devedor: o credor sofrerá a perda, mas o devedor responde por perdas e danos (art. 239, CC) . Após a devolução da coisa ao credor, o tratamento será idêntico ao fornecido à obrigação de dar coisa certa. PERDA PARCIAL (art. 240, CC) . Sem culpa do devedor: o credor recebe a coisa tal qual ela se ache, sem direito à indenização. . Com culpa do devedor: o devedor responde pelo valor equivalente à coisa + perdas e danos. b) Obrigação de fazer A obrigação de fazer se fundamenta no COMPROMISSO QUE O DEVEDOR TEM DE REALIZAR UMA ATIVIDADE OU SERVIÇO, EM PROL DO CREDOR. Ex: contrato de prestação de serviço (pedreiro, pintor, marceneiro, etc..) As obrigações de fazer se dividem em: OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL . Atividade ou serviço que pode ser realizado por qualquer devedor. . Não exige qualidade especial do devedor. . É possível o adimplemento da obrigação por terceiro; sua contratação fica a cardo do devedor inadimplente. . Também chamada de intuitu personae, ou personalíssima, tendo em vista que há exigência de qualidade especial do devedor. . A infungibilidade pode decorrer da natureza do devedor (EX: cantor famoso) ou de uma disposição . Obrigação de fazer fungível . Obrigação de fazer infungível contratual (EX: contrato de advogado que proíbe substabelecimento) . Não pode haver adimplemento da obrigação, através de terceiro. >> RECONHECIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÕES DE FAZER: Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. § 1º Para atender ao disposto no caput , o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. § 2º O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto no art. 846, §§ 1º a 4º , se houver necessidade de arrombamento. § 3º O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua responsabilização por crime de desobediência. § 4º No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525 , no que couber. § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art846%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art525 Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. § 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I - se tornou insuficiente ou excessiva; II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento. § 2º O valor da multa será devido ao exequente. § 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte. § 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado. § 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não fazer de natureza não obrigacional. c) Obrigação de não fazer Consiste no compromisso de ABSTENÇÃO POR PARTE DO DEVEDOR, DE REALIZAR ALGUMA ATIVIDADE, que em tese, é lícito para ele realizar. A inércia do devedor é justamente o adimplemento da obrigação. Também chamada de obrigação negativa. As obrigações de não fazer serão sempre infungíveis, tendo em vista que seria lícito ao devedor realizar a atividade, portanto, somente dele poderá se exigir a conduta de abstenção. Essa conduta negativa, será objeto de contrato, fruto da manifestação de vontade do devedor, manifestada em contrato. Em relação ao inadimplemento, a obrigação de não fazer não comporta a figura da mora. Isso porque esse cumprimento imperfeito da obrigação não combinaria com a conduta abstensiva que deveria ter o devedor. Ou o devedor permanece inerte, logo adimplindo com a obrigação, ou age minimamente, culminando na inadimplência. Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. >> DEMAIS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES: essa classificação influenciará as demais modalidades de obrigações. • Obrigações simples: é a obrigação que tem um sujeito ativo, um sujeito passivo e um objeto. Há unicidade entre os elementos objetivos e subjetivos da obrigação. • Obrigação Composta (plúrima, múltipla ou complexa): há multiplicidade de sujeitos ou de objetos, podendo ser subjetivamente complexa (vários sujeitos) ou objetivamente complexa (vários objetos). • Objetivamente compostas: obrigação alternativa (art. 252 a 256) x obrigação cumulativa x obrigação facultativa • Subjetivamente compostas: obrigações divisíveis ou fracionárias (art. 257) x obrigações indivisíveis (art. 258 a 263) x obrigações solidárias (art. 264 a 285) O devedor se tornainadimplente desde o dia em que realizou o ato pelo qual se deveria abster. d) Obrigação alternativa Também chamadas de DISJUNTIVAS, caracterizam-se pela conjunção “OU”, pois prevê duas ou mais prestações. O devedor restará adimplente com a obrigação, quando cumprir qualquer das prestações acordadas. Para facilitar seu cumprimento, a escolha de qual prestação cumprir, cabe ao devedor, se a parte contrária não de dispuser contra, conforme o Código Civil. Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1 o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2 o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4 o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. >> PERDA DO OBJETO NA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA: analisa-se a culpa do devedor e também a quem cabia a escolha das prestações previstas alternativamente. Existem quatro regras para essa análise: As partes podem designar um terceiro para efetuar essa escolha. Se o terceiro não quiser ou não puder escolher, a decisão volta para as partes. Não havendo acordo entre elas, o juiz é quem decide, conforme o §4°. Conforme o §3°, a lei civil prevê que essa designação da escolha da prestação, pode ser realizada por um colegiado, que deverá ser unanime. Caso não o seja, o juiz determinará um prazo para que as partes cheguem a um acordo. • Ocorrendo a perda de um dos objetos: a obrigação se concentra no objeto restante: Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra • Se ambas as prestações se perderem sem culpa do devedor: a obrigação se extingue. Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação. • Se a escolha cabe ao devedor: e somente uma das prestações é impossibilitada por sua culpa, concentra-se a obrigação no objeto restante, conforme art. 253, CC. Se ambas as prestações se perderem por sua culpa, cabendo a ele a escolha, deve-se observar a prestação que se perdeu por último e o devedor deve arcar com o pagamento por perdas e danos quanto a ela. Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar. • Se a escolha for do credor: e uma das prestações se perder por culpa do devedor, o credor poderá escolher entre as prestações restantes ou entre o pagamento de perdas e danos em relação àquela que se perdeu. Se ambas se perderem por culpa do devedor, o credor poderá escolher qualquer delas + perdas e danos. Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos. e) Obrigação cumulativa O devedor será obrigado a PAGAR TODOS OS OBJETOS DETERMINADOS e SÓ DEIXARÁ DE ESTAR OBRIGADO, QUANDO ADIMPLIR TODAS AS PRESTAÇÕES QUE FORAM PACTUADAS. Essas obrigações se caracterizam pela conjunção “E”. Portanto, se o devedor realizar uma das prestações e não realizar a outra, restará configurada a inadimplência parcial. >> PERDA DO OBJETO NA PRESTAÇÃO CUMULATIVA: • Se uma das prestações se perder, sem culpa do devedor: a obrigação se extinguirá parcialmente e esta se transformará numa obrigação simples. Caso ambos os objetos se percam, sem a culpa do devedor, a obrigação se extingue para ambas as partes. • Se um dos objetos se perder, com a culpa do devedor: este deve pagar o equivalente a perdas e danos, em relação ao objeto que se perdeu e, ainda adimplir com o restante da obrigação. Se ambos os objetos se perderem com culpa do devedor, este deverá pagar o equivalente a perdas e danos, em relação a todos os objetos que se perderam. f) Obrigação facultativa Também conhecida como OBRIGAÇÃO COM FACULDADE ALTERNATIVA DE CUMPRIMENTO. Nesse tipo de obrigação haverá a fixação de duas prestações, sendo elas: UMA PRINCIPAL e UMA SUBSIDIÁRIA. O devedor pode se valer da obrigação secundária para adimplir a obrigação principal, tendo em vista que com isso, pode se liberar da obrigação. O devedor se desobriga, quando cumpre qualquer uma das obrigações, porém, o credor só tem direito à obrigação principal, assim, o devedor é titular de um direito potestativo e suo obrigação será composta. Para o credor, a obrigação será simples, e ele nunca terá direito à obrigação secundária. >> PERDA DO OBJETO NA OBRIGAÇÃO FACULTATIVA: • Se o objeto secundário se perder com culpa ou sem culpa do devedor, só haverá extinção do seu direito potestativo de optar entre as prestações, já que ele não terá interesse em adimplir a obrigação e nem poderá ser constrangido a fazê-lo. • Se o objeto principal se perder, é necessária a apuração da responsabilidade do devedor, por tal evento. Se ele for culpado pela perda, poderá escolher entre pagar o equivalente a perdas e danos em relação a ele ou entregar o objeto subsidiário. Nesse caso, o credor não terá direito ao objeto secundário, podendo somente exigir perdas e danos em relação ao objeto principal. g) Obrigações divisíveis ou fracionárias Também chamada de FRACIONÁRIA, tendo em vista que seu objeto é dividido de acordo com o número de credores ou devedores que se fizerem presentes (cada qual responsável pela sua quota parte). Tendo em vista sua natureza, trata-se de uma obrigação considerada como EXCEÇÃO. Não há como presumir indivisibilidade ou solidariedade. Faz-se necessária a clareza quanto a causa da solidariedade, caso contrário, aplicam-se as regras da divisibilidade da obrigação. h) Obrigações indivisíveis Nessa modalidade, a prestação PODERÁ SER EXIGIDA NA SUA INTEGRALIDADE, PELA IMPOSSIBILIDADE DE FRACIONAMENTO DO OBJETO. A obrigação terá sempre um objeto indivisível. Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado pela dívida toda. Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub- roga-se no direito do credor em relação aos outros coobrigados. Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão, pagando: I - a todos conjuntamente; II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores. Art. 261. Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte que lhe caiba no total. Art. 262. Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não ficará extinta para com os outros; mas estes só a poderão exigir, descontada a quota do credor remitente. Parágrafo único. O mesmo critério se observará no caso de transação, novação, compensação ou confusão. Art. 263. Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver em perdas e danos. § 1 o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os devedores, responderão todos por partesiguais. § 2 o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos. A indivisibilidade é um fenômeno jurídico que leva em conta quatro fatores: • A natureza do bem – um animal, um veículo novo • Contrato – decidindo que a relação não comporta divisão (indivisibilidade) • Lei • Razões econômicas – uma vez fracionado, o bem perde o valor. A obrigação indivisível tem de ser observada em dois momentos: PLURALIDADE DE DEVEDORES NA OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL PLURALIDADE DE CREDORES NA OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL . art. 259, c/c art. 346 e 263, CC . Quando presentes vários devedores numa obrigação indivisível, qualquer um deles pode ser demandado a pagar a dívida por inteiro, já que o objeto não admite fracionamento. . art. 260 a 262, CC . Se a pluralidade na obrigação for de credores, poderá cada um deles, exigir a dívida inteira. . O devedor pode se desobrigar pagando os credores conjuntamente ou . O devedor da obrigação indivisível que paga se sub-rogará no direito de crédito, ocupando o lugar do credor originários no direito de crédito, em relação aos outros devedores. . A sub-rogação será parcial, podendo o devedor que pagou cobrar dos outros codevedores a quota da dívida que lhes cabe, conforme art. 259, CC. . Se o objeto da obrigação indivisível se perder sem culpa do devedor, a obrigação se extingue. . Se o objeto se perder com culpa do devedor, esse deve pagar perda e danos, porém, ao se converter em perdas e danos, a obrigação se converte em divisível. . Havendo mais de um devedor, apenas o culpado parará o equivalente às perdas e danos. somente a um deles, exigindo uma quitação especial como garantia, quanto ao credor. Essa quitação especial recebe o nome de caução de quitação. Não tem forma especial, somente exigindo-se que esteja escrita no documento de quitação (art. 260, CC). . O credor que nada recebeu do devedor, exigirá do cocredor a quota que lhe caiba no total. . se houver vários credores, apenas um deles, isoladamente, pode perdoar a dívida, porém, isso não impedirá que os outros credores exijam do devedor, a prestação. O devedor pode exercer o direito de retenção e somente entregar a prestação ao outro credor se for descontada a quota parte do remitente. i) Obrigações solidárias Nesse tipo de obrigação, há uma ampliação da regra geral. No polo passivo da obrigação, aquele que seria responsável por pagar sua quota parte, poderá ser compelido a pagar a dívida na totalidade. No polo ativo, aquele que deveria receber a sua quota parte, pode exigir a dívida na totalidade. São regras COMUNS para a solidariedade ativa (credores) e passiva (devedores): • A solidariedade é um fenômeno que se manifesta em relações externas, de um polo em relação ao outro. Internamente, a obrigação solidária continua indivisível. Logo, quem pagar a divida inteira, ou receber a dívida inteira, terá de se ajustar com os demais cocredores e codevedores. • A relação jurídica que se forma na obrigação solidária é única, independentemente do número de devedores ou credores, logo, qualquer deles que receber ou pagar acarretará a extinção da obrigação. • A solidariedade não se presume, já que as exceções não podem ser presumidas. Somente a regra geral pode ser presumida. Assim sendo, a solidariedade sempre decorrerá de lei ou da vontade das partes. • A morte de um dos devedores ou credores solidários extinguem a obrigação em relação aos herdeiros do falecido, logo, só se poderá cobrar o herdeiro ou este só poderá cobrar sua quota parte na dívida. Porém, se além de solidária a obrigação for indivisível, os herdeiros podem cobrar a dívida por inteiro ou assumir a responsabilidade da dívida por inteiro. >> REGRAS RELATIVAS À SOLIDARIEDADE ATIVA São vários credores, com o direito de exigir a dívida por inteiro. São as regras: • Na data do vencimento, qualquer dos credores pode cobrar a dívida na sua integralidade. O devedor poderá pagar a qualquer dos credores solidários, porém, ele perde essa possibilidade quando um dos credores, especificá-lo para o pagamento. Art. 268. Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar. • Existe a possibilidade de um dos credores promover a remissão (perdão) da dívida inteira. Recebendo a dívida ou perdoando a dívida, no todo, o credor deve se ajustar com os demais cocredores. Art. 272. O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba. • Quanto às exceções, há uma divisão entre exceção pessoal (aquela em que o devedor pode opor a exceção apenas contra um credor especifico) e exceção comum (aquela defesa oponível contra qualquer credor). O devedor não pode opor a outros credores uma exceção pessoal que, porventura, tiver contra um credor específico. Art. 273. A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros. • Em se tratando de uma demanda proposta por um credor solidário contra um devedor comum, poderá haver a coisa julgada secundum eventum litis (segundo o resultado da demanda). Se o credor sair vitorioso, os outros credores poderão aproveitar a procedência do pedido e cobrar do autor as suas respectivas quotas partes na dívida (coisa julgada ultra partes, pois beneficia terceiros que não fazem parte da lide). Se o credor perder, os cocredores solidários nada sofrerão e a coisa julgada será inter partes. Art. 274. O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo Exceção é a defesa oposta pelo devedor, mediante a pretensão de cobrança pelo credor. de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles. >> REGRAS RELATIVAS À SOLIDARIEDADE PASSIVA São vários credores obrigados a pagar a dívida por inteiro. • Quando houver exoneração ou renúncia da solidariedade do devedor solidário, pelo credor, o devedor continuará como sujeito passivo, porém, apenas como devedor da sua quota parte. Quando houver remissão da dívida, de um dos devedores solidários, este deixará se ser devedor e estará completamente livre do vínculo obrigacional. Mantendo-se a solidariedade com os demais, a quota parte do remido deve ser abatida. Art. 388. A remissão concedida a um dos co- devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. • Se um dos devedores for declarado insolvente, a sua quota parte será repartida entre os demais codevedores. O exonerado se exonera apenas da condição de solidário, não de devedor. Já o remitido, está automaticamente liberado da obrigação e não tem responsabilidade nem pelo rateio a quota do insolvente. Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente. • O devedor solidário, demandado integralmente pela dívida, poderá chamar ao processo os outros devedores solidários, para exercer seus direitos de credor sub- rogado. Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. 2. Transmissão das obrigações A transmissão das obrigações é um ato FACULTATIVO, que pode ocorrer em algumas relações obrigacionais,gerando a SUBSTITUIÇÃO DOS PERSONAGENS ORIGINAIS. Através de um negócio jurídico, o credor ou devedor por de transferir sua posição de sujeito ativo ou passivo, para um terceiro estranho à relação original. Existem duas espécies de transmissão de uma obrigação: . Cessão de crédito - art. 286 a 298 . Assunção da dívida – art. 299 a 303 a) Cessão de crédito Negócio jurídico que admite a forma onerosa ou gratuita. O negócio é celebrado entre dois personagens: Via de regra, todo crédito pode ser objeto de cessão de crédito. Com apenas três exceções: • Pela natureza do crédito: crédito alimentar, trabalhista (personalíssimos) • Por proibição legal: a lei proíbe a cessão do crédito que já tiver sido penhorado, combatendo-se assim, a fraude à execução. O credor insolvente não pode fazer cessão de crédito gratuita, sob pena de configurar fraude contra credores. • Em virtude de disposição expressa no contrato originário: nada impede que as partes incluam cláusulas no contrato, que impeçam a cessão de crédito. Segundo o Código civil, o devedor pode arguir exceções comuns ou pessoais contra o credor cedente ou cessionário, a fim de que evitar a simulação de negócio jurídico. Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, . Credor originário – cedente . Novo credor - cessionário O devedor não participa da cessão do crédito! Porém, por ter de saber para quem deve pagar a dívida, ele tem de ser notificado da cessão. Não havendo a notificação do devedor, a cessão de crédito não terá eficácia perante ele, logo, será inoponível. no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Para preservar a boa-fé, o devedor poderá arguir a exceção, desde que notifique o novo credor, no momento em que tiver ciência da cessão. Nessa notificação, as exceções devem ser especificadas. A cessão de crédito pode ainda acontecer de duas formas: • Cessão pro soluto (regra geral): o cedente deve garantir ao cessionário (novo credor) ao menos a existência do crédito cedido. Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé. • Cessão pro solvendo (exceção): aquela em que o cedente, além da existência do crédito, deve garantir também, a solvência do devedor. Ao se voltar contra o cedente, o cessionário só poderá cobrar o valor que houver pago pelo crédito, + juros moratórios e eventuais despesas que houver tido com a cobrança. Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor. Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança b) Assunção da dívida (cessão de crédito) Através desse negócio jurídico, um terceiro estranho ao contrato, assume o lugar do devedor originário, seja exonerando-o da obrigação ou atuando conjuntamente com ele. Quem assume a dívida é o chamado assuntor. São espécies de assunção: • Assunção liberatória: o assuntor substitui o devedor originário, que por sua vez, ficará isento de responsabilidade, após preencher alguns requisitos. São eles: Art. 299. É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa. Art. 300. Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor. Art. 301. Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação. Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. Art. 303. O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar O silencio implica em recusa, já que a lei exige manifestação expressa. O silêncio pode valer como aceitação quando a dívida for garantida por uma hipoteca (credor estaria minimamente resguardado por uma garantia real) O negócio jurídico deve passar pelo exame de sua validade. Uma vez que a assunção seja invalidada, as garantias retornam para o devedor, bem como a sua responsabilidade. As garantias prestadas por terceiros em trinta dias a transferência do débito, entender- se-á dado o assentimento. (fiança) não retornam com a invalidação da assunção. Se comprovado que o terceiro tinha ciência da invalidade, este passará a ter responsabilidade juntamente com o devedor. Se o assuntor era insolvente ao tempo da assunção, o devedor não estará liberado, tendo em vista que isso frustraria os interesses do credor que consentiu com sua saída. OBS: >> A assunção de dívida libera o fiador, via de regra. >> A assunção de dívida pode ocorrer sem a participação de um devedor primário. É a chamada ASSUNÇÃO POR DÍVIDA POR EXPROMISSÃO, pois ocorre sem a participação do devedor originário. >> O assuntor não pode arguir, em face do credor, as exceções pessoais que competiam ao devedor originário, tendo em vista que viola o art. 302: Art. 302. O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo. >> Novação subjetiva é a criação de uma obrigação substancialmente nova, com personagens diversos, com a finalidade de substituir e extinguir uma obrigação anterior que não seja nula. Cria-se uma nova obrigação, extinguindo a anterior (EX: negociação de dívidas bancárias). Cessão de crédito e assunção de dívida não são formas de extinção da obrigação e sim, de transmissão da obrigação com substituição dos personagens dentro de uma mesma relação jurídica. • Assunção Cumulativa: admitida pela doutrina com base na autonomia da vontade. Como não possui previsão legal, entende-se que haverá solidariedade entre os devedores, desde que haja cláusula contratual estabelecendo essa solidariedade, posto que ela não pode ser presumida. O assuntor ingressará na relação obrigacional para se tornar um codevedor, não havendo exoneração do devedor originário. 3. Adimplemento e Extinção das obrigações O adimplemento e a extinção das obrigações pode se dar em três grandes momentos: a) Pagamento direto É a forma de extinção da obrigação com a satisfação imediata dos interesses do credor, sendo a maneira mais eficaz de extinguir uma obrigação. Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: I - No caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; II - Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes. Nessas regras, inclui-se a análise dos sujeitos do pagamento, objeto,prova, local e tempo do pagamento. b) Pagamento indireto É a forma de extinção das obrigações com a satisfação imediata dos interesses do credor. Ele receberá o pagamento da dívida, porém, haverá um ato intermediário antes de sua efetivação. Existem quatro institutos vinculados ao pagamento indireto, são eles: • Consignação em pagamento: diante da recusa do credor em receber o pagamento, de forma injustificada, ou da dúvida do devedor com relação a quem se deve pagar, ou da dificuldade em realizar o pagamento, a lei possibilita o sujeito passivo utilizar desse instituto para realizar o pagamento, mediante consignação em juízo. Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às Ver art. 539 a 549, do CPC pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito. Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co-devedores e fiadores que não tenham anuído. Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada. Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente. Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor. Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento. Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. • Sub-rogação: o pagamento que satisfaz o credor é realizado. Contudo, aquele que pagou a dívida, será o credor originário, que passa a exercer seu poder potestativo (direito de sub-rogado) contra o devedor que não pagou a dívida. Nessa modalidade, há uma transmissão da qualidade de credor para aquele que efetua o adimplemento da prestação. Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dívida do devedor comum; II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III - do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Art. 347. A sub-rogação é convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. Art. 348. Na hipótese do inciso I do artigo antecedente, vigorará o disposto quanto à cessão do crédito. Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores. Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor. Art. 351. O credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever. • Imputação: quando houver mais de uma dívida, da mesma natureza, entre os mesmos credores e devedores, será necessário que o devedor indique qual dívida está saldando. Se assim ele não fizer, esse direito passará para o credor, que deverá declarar na quitação, qual divida será saldada. Art. 352. A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos. Art. 353. Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo. Art. 354. Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital. Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. • Dação em pagamento: o credor não é obrigado a receber em pagamento, objeto diferente daquele que foi acordado. Porém, se concordar em recebe-lo, restará configurada a dação em pagamento. Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da que lhe é devida. Art. 357. Determinado o preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se- ão pelas normas do contrato de compra e venda. Art. 358. Se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão. Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros. c) Formas especiais de extinção São formas de extinção da dívida, em que pese, não haver satisfação do interesse do credor. • Novação: a partir da criação de uma nova dívida, substancialmente diferente da anterior, com a finalidade de extingui-la, tem-se a novação. As obrigações nulas não são passiveis de novação. Ainda que a novação passiva possa ocorrer com a expromissão – extinção da obrigação anterior, com a substituição do devedor, sem que este consista na sua própria saída. Art. 360. Dá-se a novação: I - quando o devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir e substituir a anterior; II - quando novo devedor sucede ao antigo, ficando este quite com o credor; III - quando, em virtude de obrigação nova, outro credor é substituído ao antigo, ficando o devedor quite com este. Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso ou tácito mas inequívoco, a segunda obrigação confirma simplesmente a primeira.Art. 362. A novação por substituição do devedor pode ser efetuada independentemente de consentimento deste. Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não tem o credor, que o aceitou, ação regressiva contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé a substituição. Art. 364. A novação extingue os acessórios e garantias da dívida, sempre que não houver estipulação em contrário. Não aproveitará, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que não foi parte na novação. Art. 365. Operada a novação entre o credor e um dos devedores solidários, somente sobre os bens do que contrair a nova obrigação subsistem as preferências e garantias do crédito novado. Os outros devedores solidários ficam por esse fato exonerados. Art. 366. Importa exoneração do fiador a novação feita sem seu consenso com o devedor principal. Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente anuláveis, não podem ser objeto de novação obrigações nulas ou extintas • Compensação: Nessa modalidade, há a extinção da obrigação, por que o credor e o devedor, têm, ao mesmo tempo, créditos e débitos um para com o outro. Logo, se as dívidas forem da mesma natureza, haverá a compensação como forma de extinção. Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguem-se, até onde se compensarem. Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no contrato. Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado. Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a compensação. Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto: I - se provier de esbulho, furto ou roubo; II - se uma se originar de comodato, depósito ou alimentos; III - se uma for de coisa não suscetível de penhora. Art. 374. (Revogado pela Lei nº 10.677, de 22.5.2003) Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no caso de renúncia prévia de uma delas. Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que o credor dele lhe dever. Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão teria podido opor ao cedente. Se, porém, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor ao cessionário http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.677.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.677.htm#art1 compensação do crédito que antes tinha contra o cedente. Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem compensar sem dedução das despesas necessárias à operação. Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento. Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito deste, não pode opor ao exeqüente a compensação, de que contra o próprio credor disporia • Confusão: seja por ato inter vivos, seja por causa mortis, a confusão se dá quando há uma reunião, na mesma pessoa, das figuras de credor e devedor, sendo impossível a cobrança, a obrigação será extinta. Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor. Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito de toda a dívida, ou só de parte dela. Art. 383. A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao mais a solidariedade. Art. 384. Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios, a obrigação anterior. • Remissão: a remissão é a renúncia ao crédito, pelo ato de perdão da dívida que o credor concede ao devedor, que precisa aceita-la, para eu a remissão produza efeito. Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro. Art. 386. A devolução voluntária do título da obrigação, quando por escrito particular, prova desoneração do devedor e seus co-obrigados, se o credor for capaz de alienar, e o devedor capaz de adquirir. Art. 387. A restituição voluntária do objeto empenhado prova a renúncia do credor à garantia real, não a extinção da dívida. Art. 388. A remissão concedida a um dos co- devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida. >> TEORIA DO PAGAMENTO • Quanto aos sujeitos: analisa-se quem paga e quem deve. Aquele que adimple com a obrigação é o chamado solvens (devedor). Excepcionalmente, terceiros podem assumir a figura do solvens. Assim sendo, faz-se necessário analisar que conduta foi adotada pelo terceiro, no momento em que realizou o pagamento, com base em interesse jurídico ou não ao fazê-lo. ≠ remição = resgatar. Nos processos executivos, quando se efetiva o resgate dos bens, que estejam submetidos a um ato constritivo como a penhora, por exemplo. TERCEIRO INTERESSADO TERCEIRO NÃO INTERESSADO . Tem interesse jurídico: se o devedor principal não pagar, o terceiro pode vir a sofrer responsabilização patrimonial (EX: fiador, analista, etc..) . Tem interesse moral: se o devedor principal não pagar, o terceiro não sofrerá responsabilidade patrimonial. Logo, esse terceiro não é interessado do ponto de vista jurídico. (EX: pai que paga dívida do filho). . Efeito: o terceiro interessado que paga, irá se sub-rogar no direito do credor originário. . Efeito: necessário analisar se o terceiro interessado pagou em nome próprio ou no nome do devedor. Se em nome próprio, o terceiro tem direito a reembolso, mas não se sub-roga nos direitos do credor. Se realizou o pagamento em nome do devedor, considera-se que o terceiro fez uma doação indireta (e o devedor pode recusar a doação). Somente se pagar em nome do devedor e ele recusar é que o terceiro poderá entrar com a consignação em pagamento. . Possibilidade de consignar: o terceiro interessado, por ter interesse jurídico, é legitimado ativo para a consignação em pagamento. . Possibilidade de consignar: se o terceiro pagar em nome do devedor, terá legitimidade para eventual pretensão de consignar em pagamento. Já aquele que recebe, na teoria do pagamento, é denominado accipiens. Geralmente, se trata do credor, mas pode ser também um terceiro que venha a ser um representante do credor. Pode ser legal, contratual ou judicial. • No pagamento feito a credor putativo: tem-se o pagamento feito para aquele que aparenta ser o credor, porém, não é. Se o solvens (devedor) realizou o pagamento de boa-fé (ignorando se tratar de pessoa diferente do credor verdadeiro), então o ato é válido). Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor. • Quanto ao objeto: vigora a regra da especificidade, ou seja, o credor não é obrigado a receber objeto diferente daquele que foi pactuado, se o aceitar, configura-se a dação em pagamento. Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. Art. 356. O credor pode consentir em receber prestação diversa da quelhe é devida. O credor não tem a obrigação de receber pagamento parcial se não houve prévio acordo. Não haverá a possibilidade de consignação em pagamento parcial, se não estiver no contrato (indivisibilidade de pagamento). Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou. Via de regra, as obrigações estabelecidas no Brasil, tem de ser pagas em moeda corrente, que é o REAL, desde 1994. Qualquer cláusula contratual que estipule o pagamento em moeda estrangeira é nula, havendo possibilidade apenas quando, excepcionalmente, admitirem alguns contratos (EX: contratos internacionais). Há ainda a possibilidade de serem inseridos no contrato, indexadores, estabelecendo cláusulas de escala móvel (são utilizados para corrigir os valores monetários de um determinado ativo. No Brasil, os mais comuns são: o IPCA, a taxa Selic e o CDI). No dia do pagamento, haverá a conversão desse indexador em moeda corrente, conforme o CC/02: Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial. • Prova do pagamento: a prova do pagamento se dá com a quitação da dívida. Não existe forma específica, podendo sempre ser efetivada por instrumento particular. Na quitação, deve haver a identificação de quem paga, quem recebe, o objeto do pagamento e o local do pagamento. Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. o Código Civil estabelece algumas presunções relativas ao pagamento, todas elas admitindo prova em contrário. São elas: ➢ Prestações periódicas: quando o contrato comportar prestações periódicas, a quitação da última prestação presume a quitação das anteriores. Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores. ➢ Juros quitados: se o capital (principal da dívida) for quitado, presume-se que os juros que vencem sobre ele também foram (princípio da gravitação jurídica – a obrigação acessória, segue a principal). Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos. ➢ Título Representativo: se credor entrega o título representativo da obrigação do devedor (EX: uma nota promissória), presume-se que houve o pagamento da obrigação. Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento. • Lugar do pagamento: via de regra, para facilitar o adimplemento da obrigação, a lei estabelece que o local de pagamento deve ser o domicílio do devedor (quesíveis). Todavia, as partes podem acordar que a dívida seja paga no domicílio do credor (portável). Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles. É possível ainda, haver renúncia quanto ao local do pagamento. Se o credor é omisso ao exigir o cumprimento de uma cláusula contratual e a omissão é reiterada, essa abstenção pode conduzir à presunção do devedor, de que o credor jamais iria exigir que o pagamento fosse feito fora do seu domicílio. Com relação a esse fato, o devedor pode invocar o instituto da suppressio (quando a omissão reiterada enseja expectativas, essas devem ser respeitadas, como forma de preservar o princípio da boa-fé objetiva). • Tempo do pagamento: a regra geral é que o contrato é quem diz quando a dívida deve ser paga. Se nada constar do contrato, presume-se que a dívida será paga à vista, podendo o credor exigi-la imediatamente. Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente. Mesmo havendo ajuste quanto ao tempo do pagamento, o devedor pode quitar a dívida antes do prazo. Os prazos estipulados, são presumivelmente, para benefício do devedor, logo, ele poderá quitar a dívida antes do prazo, se desejar. Havendo quitação antecipada da dívida, o devedor tem direito a um abatimento proporcional de juros remuneratórios. Também há a possibilidade de vencimento antecipado da dívida, quando houver risco ao direito de crédito, permitindo-se ao credor, cobrar a dívida desde logo (EX: falência, insolvência, concurso de credores, etc). 4. Inadimplemento O não cumprimento de uma prestação deve derivar de culpa do devedor, ocasionando, assim, o inadimplemento da obrigação e, consequentemente, sua responsabilidade. Nesse sentido, ao falar de inadimplemento, deve-se observar se há culpa ou não do devedor, no não cumprimento da obrigação. Havendo culpa ou não do devedor, há que se falar que trata-se, nesse caso, de resolução da obrigação. No caso de não haver culpa do devedor, a resolução não produzirá efeitos. Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora. Havendo culpa do devedor, este poderá sofrer os efeitos, tais como: perdas e danos, juros moratórios, correção monetária e honorários advocatícios. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. A parte prejudicada pelo inadimplemento culposo, poderá exigir o cumprimento da obrigação de forma específica: Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. Art. 497. Sob pena de nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública: I - pelos tutores, curadores, testamenteiros e administradores, os bens confiados à sua guarda ou administração; II - pelos servidores públicos, em geral, os bens ou direitos da pessoa jurídica a que servirem, ou que estejam sob sua administração direta ou indireta; III - pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade; IV - pelos leiloeiros e seus prepostos, os bens de cuja venda estejam encarregados. Parágrafo único. As proibições deste artigo estendem-se à cessão de crédito. Art. 501. Decai do direito de propor as ações previstas no artigo antecedente o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título. Parágrafo único. Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência. O inadimplemento culposo é a fonte da chamada responsabilidade civil contratual. São espécies de inadimplemento: . mora . inadimplemento absoluto . violação positiva do contrato a) Mora É o cumprimento imperfeito da prestação, em razão do tempo, lugar e forma inicialmente acordados pelas partes, desde que aindaesteja presente a viabilidade e utilidade da prestação para o credor. Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer. A mora se configura como um atraso, mas não só isso. Se as partes acordam um local para o pagamento da prestação e ela é adimplida em local diverso, configura-se a mora. Se as partes ajustam uma forma, e o adimplemento se dá por outra forma, configura-se a mora. Resta claro que a mora se constrói em cima do tempo, lugar e forma. A prestação precisa ser útil para o credor. Não sendo, passa-se a ter inadimplemento absoluto. São espécies de mora: • Mora solvendi: é a mora do devedor. Caracteriza-se com base em dois requisitos: → OBJETIVO: cumprimento imperfeito da obrigação → SUBJETIVO: presença de culpa por parte do devedor. Se o devedor não for culpado, cabe a ele o ônus da prova, quanto à demonstração de inexistência de culpa. >> EFEITOS DA MORA DO DEVEDOR → RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL: o devedor deve reparar os prejuízos a que sua mora deu causa, além de juros remuneratórios, correção monetária e honorários advocatícios. (art. 395) → AMPLIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE: o devedor em mora responde até mesmo por caso fortuito ou força maior, caso esses eventos se deem no período da mora. → MORA PRESUMIDA: nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se como devedor em mora desde o momento em que se praticou o ato ilícito. Súmula 54, STJ: os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. • Mora accipiendi: é a mora do credor. Há apenas o requisito objetivo, qual seja, a recusa injustificada do credor em receber a prestação no tempo, lugar e forma estabelecidos. Cabe ao juiz verificar se a mora do credor foi motivada ou imotivada. >> EFEITOS DA MORA DO CREDOR: → A mora do credor isenta o devedor da responsabilidade pela conservação da coisa, desde que não haja dolo. → Obriga o credor a ressarcir o devedor pelas despesas empregadas na conservação do bem. → Sujeita o credor a receber a coisa pelo valor mais favorável. >>> DEMAIS CONSIDERAÇÕES EM RELAÇÃO À MORA → Purgação ou emenda da mora: o devedor purga sua mora (faz desaparecer a imperfeição da situação desencadeada pela mora), oferecendo uma prestação que não foi adimplida + mais efeitos patrimoniais (responsabilidade patrimonial e ampliação da responsabilidade). O credor purga a mora se oferecendo para receber a prestação e se submetendo aos efeitos: Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor isento de dolo à responsabilidade pela conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir as despesas empregadas em conservá-la, e sujeita-o a recebê-la pela estimação mais favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre o dia estabelecido para o pagamento e o da sua efetivação. → Cessação da mora: é a remissão dos efeitos provocados pela mora. b) Inadimplemento absoluto Decorre de três fatores: Ocorrendo qualquer dessas causas, haverá a resolução com o pagamento de perdas e danos, juros moratórios, correção monetária e honorários advocatícios. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. . Recusa voluntária do devedor em cumprir com a prestação . Perda total do objeto por culpa do devedor . Caráter transformista da mora (perda da utilidade) Na hipótese de não adimplemento por recusa voluntária, o credor pode se valer dos meios coercitivos existentes no Código de Processo Civil, para ver cumprida a obrigação. c) Violação Positiva do Contrato Além das prestações principais (dar, fazer e não fazer), as partes podem adimplir com os deveres anexos ou laterais que são criados pela lei a partir da incidência da boa-fé objetiva. Quando esses deveres não são cumpridos, causam a chamada violação positiva do contrato, ou ainda, adimplemento ruim. Ocorre quando a parte cumpre com os deveres principais, mas não os deveres anexos. Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. d) Outras formas de inadimplemento • Inadimplemento antecipado: se, mesmo antes da data prevista para o cumprimento da prestação, já havia uma grande probabilidade de inadimplemento, a lei permite ao credor prejudicado ingressar com uma ação de resolução antecipada do contrato, podendo cumular-se com perdas e danos. Utiliza-se a exceção de contrato não cumprido de maneira antecipada. • Inadimplemento mínimo: ou adimplemento substancial, em um contrato de trato sucessivo ou de execução diferida, a maior parte já houver sido adimplida pelo devedor. Dessa forma, resolver o contrato por um mínimo inadimplemento seria considerado como uma conduta abusiva por parte do credor. O que caberia ele, nesse caso, era cobrar as prestações faltantes, + os efeitos patrimoniais. e) Cláusula Penal e Arras (ou sinal) Têm por finalidade resguardar as partes quanto a eventual inadimplemento por parte da outra, seja mora ou mesmo inadimplemento absoluto. São cláusulas acessórias, só surtirão efeitos no momento em que ocorrer o inadimplemento. Podem ser de duas naturezas: • Moratória: para resguardar as partes de eventual ocorrência de mora, sendo calculada, normalmente, como um percentual da prestação adimplida. EX: multa de 2% de juros, pelo atraso. Essa multa tem natureza complementar à própria prestação principal, acrescida da cláusula penal moratória. • Compensatória: para resguardar as partes da ocorrência do inadimplemento absoluto. Será uma multa substitutiva da própria obrigação inadimplida, razão pela qual seu teto equivale ao valor da própria prestação. A função da cláusula penal é a de auxiliar as partes na prefixação do valor devido a título de perdas e danos. Não é necessário que o credor demonstre a presença de qualquer prejuízo efetivo. Porém, para exigir uma indenização complementar, o credor terá de contar com dois requisitos: . Previsão no próprio corpo do contrato . Prova do prejuízo excedente
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