Buscar

APOSTILA METOFOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 76 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2 
 
 
 
 
A complexidade dos problemas de segurança pública exige buscar alternativas que melhorem a 
prestação do serviço. A produção de conhecimento científico constitui-se em uma variável estratégica das 
transformações necessárias para enfrentar os novos desafios da segurança pública e de proteção dos 
direitos dos cidadãos. 
Este curso de Metodologia é um guia prático sobre a pesquisa científica. O pesquisador iniciante 
encontrará aqui uma disciplina metodológica, prática e objetiva que o auxiliará na elaboração de projetos de 
pesquisa, monografias e artigos científicos relevantes para sua área de atuação. 
Bom estudo! 
 
Objetivo do curso 
 
Ao final do estudo deste curso, você será capaz de: 
• Reconhecer a importância da pesquisa científica para produção do conhecimento; 
• Compreender os procedimentos metodológicos da pesquisa científica; 
• Elaborar projeto de pesquisa, monografia e artigos científicos. 
 
 
Estrutura do curso 
 
Este curso compreende os seguintes módulos: 
 
• Módulo 1 – Aspectos introdutórios 
• Módulo 2 – Elaboração do projeto de pesquisa: o que pesquisar e como planejar a pesquisa 
• Módulo 3 – Procedimentos metodológicos 
• Módulo 4 – Tipos de pesquisa, técnicas de coleta e de análise dos dados 
• Módulo 5 - Elaboração de trabalhos científicos 
 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Neste módulo você estudará a natureza da prática científica, mais especificamente sobre a diferença 
entre o conhecimento científico e o conhecimento vulgar) ou senso comum). Estudará também as características 
dos principais métodos científicos e o problema da subjetividade e da objetividade na construção do 
conhecimento. 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de: 
 
• Diferenciar o conhecimento científico do conhecimento vulgar ou de senso comum; 
• Caracterizar o método científico; e 
• Compreender o problema da objetividade e subjetividade na produção do conhecimento 
científico. 
 
Estrutura do Módulo 
 
Esse módulo compreende as seguintes aulas: 
 
• Aula 1- Conhecimento vulgar ou de senso comum; 
• Aula 2 - Método científico e conhecimento científico; 
• Aula 3 - Subjetividade e objetividade científica. 
 
 
Aula 1 – Conhecimento vulgar ou de senso comum 
 
Nesta aula você estudará a natureza do conhecimento vulgar ou de senso comum, suas principais 
fontes e sua relação com o conhecimento científico. 
 
MÓDULO 
1 
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS 
 
 4 
Antes de iniciar a leitura da aula, assista ao filme franco-canadense “A Guerra do Fogo” (Disponível 
em http://www.ustream.tv/recorded/5564454), de Jean-Jacques Annaud, produzido no ano de 1981. 
 
Após assistir ao filme, reflita sobre as seguintes questões: 
• Como o homem pré-histórico construía seu saber? 
• Para que servia esse saber? 
• Qual relação se apresenta no filme entre a experiência e o saber? 
 
 
1.1 O conhecimento baseado no saber-fazer 
Os seres humanos procuraram o conhecimento da natureza e dos objetos próximos, pois disso dependia 
a sua sobrevivência. Esse conhecimento é, antes de tudo, um saber-fazer produzido na experiência diária. 
 
1.2 As fontes do conhecimento vulgar ou de senso comum 
Laville e Dione (1999) consideram saberes espontâneos à: 
Intuição: Saber espontâneo. 
Tradição: Se constitui compartilhando saberes espontâneos considerados adequados pela sociedade. 
Autoridade: Transmitem saberes que são socialmente aceitos, pelo comum sem muitos 
questionamentos. 
 
1.2.1 O saber baseado na intuição 
 
Da observação que o sol nasce todos os dias de um lado da terra e se põe do outro, 
o homem pensou, por muito tempo, que o sol girava em torno da terra. Essa 
compreensão do fenômeno pareceu satisfatória durante séculos, sem mais provas 
do que a simples observação (LAVILLE e DIONE, 1999, p.18). 
 
1.2.2 O saber baseado na tradição 
 
Na família, na comunidade em diversas escalas, a tradição lega saber que parece útil 
a todos e que se julga adequado conhecer para conduzir sua vida. Esse saber é 
mantido por ser presumidamente verdadeiro hoje em dia, e é hoje porque o era no 
passado e deveria assim permanecer no futuro. A tradição dita o que se deve 
conhecer, compreender, e indica, por consequência, como se comportar (LAVILLE e 
DIONE, 1999, p.19). 
 
 
 
 
http://www.ustream.tv/recorded/5564454
 5 
1.2.3 O saber baseado na autoridade 
 
Com frequência, sem provas metodicamente elaboradas, autoridades se encarregam 
da transmissão da tradição. Desse modo, a igreja católica decidiu, muito cedo, regras 
para o casamento (uniões proibidas entre primos, proclamas, declarações de 
impedimentos conhecidos) tendo como objetivo prevenir relações incestuosas e 
inclusive consanguíneas. Impõe sua autoridade aos fiéis por meio dos preceitos 
ensinados pelo clero. Todas as religiões transmitem, portanto, sua autoridade 
através de saberes que guiam a vida de seus fiéis sem que seu sentido ou origem 
sejam sempre evidentes (LAVILLE e DIONE, 1999, p. 20). 
 
1.3 A visão de Emile Durkheim sobre o problema do conhecimento vulgar ou de senso comum e 
a ciência sociológica 
O conhecimento espontâneo do mundo que nos rodeia e as pré-noções que esse saber pode acarretar 
na compreensão do social preocuparam os primeiros sociólogos, interessados na constituição da Sociologia 
como ciência. 
Emile Durkheim (1858-1917), sociólogo francês fundador da Sociologia como ciência no século XIX foi 
um grande defensor da construção de uma Sociologia independente e autônoma de outros campos do 
conhecimento. 
 
1.3.1 Sociologia independente e autônoma de outros campos do conhecimento. 
Durkheim (2007) utiliza argumentos filosóficos e metodológicos na fundamentação da Sociologia e 
aborda o problema clássico da Sociologia do Conhecimento: 
A definição do objeto a ser estudado e a relação entre o sujeito que conhece - objeto de 
conhecimento 
No livro “As Regras do Método Sociológico”, Durkheim (2007) afirma, criticamente, que o conhecimento 
de senso comum é produto de nossas experiências sociais cotidianas e, por isso, tendemos a utilizar essa 
compreensão espontânea para entender os mais diversos aspectos da vida social. É nesse sentido que ele afirma: 
 
O homem não pode viver em meio às coisas sem formar a respeito delas ideias, de 
acordo com as quais regula sua conduta. Acontece que, como essas noções estão 
mais próximas de nós e mais ao nosso alcance do que as realidades a que 
correspondem, tendemos naturalmente a substituir estas últimas por elas e a fazer 
delas a matéria mesma de nossas especulações (DURKHEIM, 2007, p.12). 
 
Observe a seguir que Durkheim (2007) alerta para o uso incorreto que podemos fazer de nossas ideias 
sobre os fatos sociais. Essas ideias também são fruto da experiência, mas elas não devem preceder aos fatos 
observados cientificamente. 
 
Em vez de observar as coisas, de descrevê-las, de compará-las, contentamo-nos 
então em tomar consciência de nossas ideais, em analisá-las, em combiná-las. Em 
 
 6 
vez de uma ciência de realidades, não fazemos mais que uma análise ideológica. Por 
certo essa análise não exclui necessariamente toda observação. Pode se recorrer aos 
fatos para confirmar as noções ou as conclusões que se tiram. Mas os fatos só 
intervêm secundariamente (DURKHEIM, 2007, p. 12). 
 
Por fim, Durkheim (2007) enfatiza que as ideias sobre as coisas não podem substituir a observação 
sistemática, isso é, planejada dos fatos sociais. 
 
Com efeito, essas noções ou conceitos, não importa o nome que se queira dar-lhes 
não são os substitutos legítimos das coisas. Produtos da experiência vulgar, eles tem 
por objeto, antes de tudo, colocar nossas ações em harmonia com o mundo que nos 
cerca; são formados pela prática e para ela (DURKHEIM, 2007, p. 16). 
 
 
Sintetizando... 
Durkheim (2007) alerta para a necessidade de afastar,na prática científica, as ideias sobre as coisas que 
nos rodeiam e que adquirimos a partir de nosso nascimento, na família, na escola, no trabalho, pela mídia, nas 
redes sociais etc. 
Por exemplo, têm pessoas que acreditam que a droga é um ente externo à sociedade, que infeta o 
corpo social sano. Esta crença pode justificar a ação de “guerra às drogas”. Mas, tanto o consumo quanto a 
venda de drogas constituem processos sociais complexos que precisam ser compreendidos cientificamente para 
serem enfrentados de forma adequada. 
 
A ciência rompe com a experiência cotidiana colocando os objetos dessa experiência a luz de novos 
conceitos, que revelam propriedades e relações não disponíveis para a percepção de senso comum. Nesse 
sentido, é possível afirmar que o enfoque científico alarga e torna mais complexa a realidade. 
 
Saiba Mais... 
Você tem interesse em saber como uma cientista social desmistifica a pré-noção que afirma o 
encarceramento como fator de diminuição da criminalidade? 
Então, leia o texto de: LEMGRUBER, Julita. Controle da criminalidade: mitos e fatos. Revista Think 
Tank, Instituto Liberal de Rio de Janeiro, 2001. 
 
 
 
 
 7 
Aula 2 – Método científico e conhecimento científico 
 
Nesta aula você vai estudar o surgimento do método científico e do conhecimento científico no 
Ocidente. 
 
2.1 O que é método científico? 
 
O método como o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior 
segurança e economia, permite alcançar o objetivo-conhecimentos válidos e 
verdadeiros-, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as 
decisões do cientista (LAKATOS e MARCONI, 1991, p.83). 
 
O método é o caminho traçado pelo pesquisador para alcançar os objetivos da pesquisa científica. O 
método científico tem uma história. 
 Nessa aula você vai estudar os métodos científicos na ordem em que foram surgindo ao longo da 
história da humanidade: 
 
 
 
 
2.1.1 Método hipotético-dedutivo 
Na Grécia Antiga tem lugar a transição entre duas formas de explicar o mundo: a mitológica e a 
racional. A partir da transição, os mitos e as religiões foram substituídos pela reflexão filosófica. 
Na Grécia, a ciência era episteme, isso é, conhecimento superior oposto à “opinião ou doxa”, segundo 
o filósofo Platão. 
A episteme era o conhecimento próprio do mundo inteligível, eterno, imutável tal e como eram 
imutáveis as ideias a que esse saber fazia referencia. O filósofo Aristóteles a concebia como um tipo de 
conhecimento universal e necessário, produzido por dedução, isso é, a partir de princípios, e por isso não 
afetado pelas imperfeições do conhecimento sensorial, limitado e contingente. 
Na hierarquia de conhecimentos, a episteme era prévio ao nível supremo de conhecimento ou 
sabedoria (sofia). Tanto o conhecimento científico quanto o conhecimento filosófico tinham pretensões de 
universalidade, necessidade, imutabilidade e eternidade. 
 
Importante! 
Da Filosofia se depreenderam outras formas de pensar e os métodos que, mais tarde, se especializaram 
e se tornaram independentes, hoje conhecidos como ciências. 
Método 
dedutivo
Método 
indutivo
Método 
hipotético-
dedutivo
 
 8 
2.1.2 A Idade Média 
Depois de um intervalo de ausência de progresso na concepção da ciência e das modalidades de 
construção do saber, na Idade Média se reencontra a reflexão filosófica e progressos nas artes e na cultura 
(LAVILLE e DIONNE, 1999). 
Vale ressaltar que as ciências em si, pouco se desenvolveram por causa da dominação do teocentrismo. 
O mundo medieval foi considerado como passivo e simbólico, ou seja, via nas formas da natureza à 
vontade de Deus. A igreja católica era a principal autoridade espiritual, política e científica e a grande referência 
filosófica era Aristóteles. 
 
2.1.2 A Revolução científica no Renascimento 
Segundo Laville e Dione (1999), superstições, magia e bruxaria concorrem para explicar o “real” durante 
o Renascimento, muito embora exista uma inclinação à rejeição da tradição. 
O Renascimento acena com importante revolução nas artes e nas letras. Muitos redescobrem as artes 
e os estudos da Grécia Antiga e de Roma, desenvolvendo novas ideias sobre a realidade circundante. Mas 
também, as coisas são observadas criticamente e a observação e a experimentação tornam-se mais importantes 
em diversas áreas (LAVILLE e DIONE, 1999). 
A ciência experimental começa a ser definida com o trabalho conjunto da razão e da experiência para 
compreender a realidade. Ciências da natureza como a física e a astronomia se organizam, determinam suas 
características específicas e adquirem autonomia desenhando seu próprio método, o método científico 
(LAVILLE e DIONE, 1999). 
Veja, a seguir, representantes da referida época. 
 
Galileu (1564-1642) 
O método empírico preconizado por Galileu Galilei (1564-1642) é considerado uma ruptura em relação 
ao conhecimento especulativo. O objetivo da ciência deve ser o conhecimento das leis gerais que constituem 
as condições dos fenômenos, e não a essência íntima desses. 
Galileu sugeriu partir do particular para o geral, isso é, da indução ou observação dos fatos e da 
experimentação. Esse método é denominado Indução Experimental. 
 
Bacon (1561- 1626) 
Francis Bacon (1561- 1626) autor do Novum Organum (que significa “Novo Instrumento”), sua obra 
máxima publicada no ano de 1620 contestou a afirmação medieval de que a busca da verdade demandava 
pouca observação e muito raciocínio. 
Bacon (1973, p. 79) afirmava: “Os homens, até agora, pouco e muito superficialmente se têm dedicado 
à experiência, mas têm consagrado um tempo infinito a meditações e divagações engenhosas”. 
Bacon rompe com a tradição da especulação, senta as bases do método indutivo e coloca no centro da 
atividade científica a observação dos fatos, a experimentação e a generalização ou formulação de leis 
gerais. 
 9 
Outra contribuição de Bacon foi a de apontar para a necessidade do pensamento crítico na produção 
do conhecimento científico. O autor indicou que existe em nossa mente uma série de obstáculos que nos inclina 
a escolher o erro e o caminho mais fácil. 
Esses obstáculos são as imagens falsas que se apoderam da mente. Em razão disso, e antes de iniciar o 
método de interpretação da natureza é necessário proceder a eliminar os prejuízos, isto é, os ídolos da mente. 
 A grande contribuição de Bacon para a ciência foi a criação de seu método científico que visava à 
indução, à experimentação e à formulação de generalizações e de leis gerais. Esse método se conhece como 
método das coincidências constantes. 
 
Descartes (1596-1650) 
Descartes propõe um método baseado na inferência dedutiva, isso é, o raciocínio que vai do geral 
para o particular. A razão é que permite alcançar a verdade e não apenas a observação dos fatos. 
 
2.1.3 A Ciência Moderna 
O século das luzes 
Os princípios da ciência experimental de Bacon têm diversas aplicações durante o século XVIII. A Física 
é a disciplina científica hegemônica. Nas ciências humanas predominam as filosofias sociais da sociedade 
capitalista em desenvolvimento. 
O século XVIII é o “século das luzes” devido a filosofia iluminista, movimento 
cultural da elite intelectual europeia do século XVIII que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar 
a sociedade e o conhecimento herdado da tradição medieval. 
Essa filosofia impacta no plano científico pela sua fé no poder da razão, como força capaz de libertar 
os homens e mulheres dos grilhões dos preconceitos e das superstições vinculadas à religião, levar à 
perfectibilidade humana e ao progresso econômico e social. A filosofia iluminista se apoia em menor peso no 
Discurso do Método de Descartes e em maior nas Regulae Philosophandi de Newton para resolver o problema 
central do método científico (CASSIRER, 1994). 
 
Veja a seguir os representantes da referida época. 
 
Newton (1642-1727)A via newtoniana não é a da dedução pura, e sim a da análise. Para Newton, os fenômenos são os 
dados; os princípios, o que é preciso descobrir, usando a experiência e a observação. 
Para Newton, não há oposição entre experiência e pensamento. Os fatos não são um material 
simples, uma massa incoerente de detalhes, mas, se pode demonstrar nos fatos e pelos fatos, a existência de 
uma forma que os penetra e os une matematicamente. 
 
A ordem, a legalidade, a razão não é uma regra anterior aos fenômenos, concebível 
e exprimível a priori: que se demonstre a razão nos próprios fenômenos como a 
forma de sua ligação interna e de seu encadeamento imanente (CASSIRER, 1994, p. 
26). 
 
 10 
Segundo Newton, para explicar um fenômeno natural não é necessário apresentá-lo em seu ser e em 
sua maneira de ser, mas sim fazer ver de que condições particulares esse fenômeno depende e que tipo de 
dependência tem dessas condições. Para isso, é necessário decompor a imagem sintética do fenômeno para 
resolvê-la em seus momentos constitutivos (CASSIRER, 1994). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1.Divisão das disciplinas científicas 
Fonte: LAKATOS& MARCONI (1991:81). 
 
Foi possível perceber também que as ciências são separadas em disciplinas. O pesquisador deve estar 
distanciado de seu objeto, o experimento implica em separar o objeto de seu meio natural, a ciência corresponde 
às certezas do mundo empírico e é separada da filosofia, a razão obedece a princípios clássicos: indução, 
dedução, contradição, identidade, etc.. Se a teoria obedece a estas regras, ela obedece à razão (MORIN, 1999, 
p.22). 
É importante que você saiba que esta concepção do método científico e da ciência tem sido 
questionada, e que a partir do início do século passado aconteceram coisas revolucionárias no campo científico, 
que levaram alguns pensadores a problematizar essa percepção tradicional das ciências. 
 
 
Aula 3 – Subjetividade e objetividade científica 
 
Que relação existe entre o sujeito que conhece (o pesquisador) e seu objeto de conhecimento 
(fenômeno a ser estudado)? 
 Nesta aula você vai estudar o problema da objetividade e da subjetividade na produção do 
conhecimento científico. 
 
3.1 O sujeito e o objeto da pesquisa 
Da resposta à pergunta inicial depende a concepção do problema da objetividade nas ciências. Você 
estudou na Aula 2 que, tradicionalmente, o conceito de objetividade dizia respeito à conservação das 
características do objeto a ser analisado, e pressupunha o distanciamento entre o pesquisador e seu objeto de 
conhecimento, na realização da pesquisa científica. 
CIÊNCIAS 
Formais: Lógica e Matemática 
Factuais 
Naturais: Física, Química, Biologia, etc 
Sociais: Antropologia, Direito, Economia, 
Política, Sociologia, Psicologia, etc. 
 11 
Exigia-se do pesquisador, a observação o mais isenta possível do fenômeno natural ou social estudado, 
de modo tal a não interferir nas propriedades do objeto. Nesse caso, o objeto de estudo é concebido como 
exterior ao pesquisador e constitui a fonte de suas sensações. 
 
Importante! 
“Durante muito tempo no domínio das ciências pensava-se que o conhecimento era o espelho 
da realidade e o espelho do mundo” (MORIN, 1999, p.22). 
 
 
3.2 O papel ativo do pesquisador 
Essa concepção da objetividade muda, na medida em que o pesquisador se conscientiza de seu papel 
ativo nas observações que realiza. 
 
Um exemplo esclarecedor! 
Felix Shuster, meu querido professor de Metodologia chamava a atenção para o fato do pesquisador 
afetar a medição da temperatura da água, no momento de submergir o termômetro escolhido para medir essa 
temperatura. Assim os instrumentos utilizados pelo pesquisador para medir afetam suas observações e, 
portanto, o conhecimento do que se estuda. 
 
BARBIER (1985, p.106) considera que as ciências humanas são mais vulneráveis que as naturais à ação 
subterrânea da subjetividade, na elaboração e desenvolvimento de uma pesquisa. Nessas ciências, o 
pesquisador utiliza técnicas ou instrumentos de pesquisa que produzem as informações necessárias para 
resolver seu problema. A aplicação dessas técnicas se dá em contextos de interação social, que afetam a 
informação produzida. 
Esses efeitos precisam ser controlados pelo pesquisador, reduzindo ao máximo a violência simbólica, 
isso é, a interferência na relação social da pesquisa, das influências derivadas da procedência de classe, raça-
etnia, profissão etc. do pesquisador e aspectos que podem provocar sentimentos de inferioridade nos 
pesquisados. 
O pesquisador, ao escolher seu objeto de investigação, já traz consigo seus interesses: possui uma 
formação acadêmica e experiências sócio-culturais e históricas específicas, suas concepções de mundo e 
preferências políticas, isso é, tem sua subjetividade. 
Dessa maneira, a objetividade não depende do objeto em si que o pesquisador pretende estudar, já 
que esse constitui um recorte do mundo da vida apreendido pelo saber de natureza espontânea, mas da correta 
utilização dos procedimentos por parte do pesquisador, legitimados pelo campo científico e da vigilância 
epistemológica. 
 
 
 
 
 
 12 
3.3 Objetivação da subjetividade 
Para pesquisar cientificamente, o pesquisador deve querer tornar objetiva sua própria subjetividade, 
quer dizer, reconhecer e dar visibilidade a suas preferências, valores, crenças, preconceitos, entre outros aspectos 
subjetivos que influenciam na compreensão do seu objeto. 
A pesquisa científica constitui um processo reflexivo do pesquisador sobre si mesmo, seus valores e 
preferências, suas crenças e sobre os procedimentos de pesquisa que utiliza. 
 
Para os cientistas, reclamamos o direito para desviar por um instante a ciência de 
seu trabalho positivo, de sua vontade de objetividade para descobrir o que há de 
subjetivo nos métodos mais severos (BACHELARD, 1971:27). 
 
Finalizando... 
 
Neste módulo, você estudou que ... 
• Os seres humanos procuraram o conhecimento da natureza e dos objetos próximos, pois disso 
dependia a sua sobrevivência. Esse conhecimento é, antes de tudo, um saber-fazer produzido na experiência 
diária. 
• A ciência rompe com a experiência cotidiana colocando os objetos dessa experiência a luz de 
novos conceitos, que revelam propriedades e relações não disponíveis para a percepção de senso comum. 
Nesse sentido, é possível afirmar que o enfoque científico alarga e torna mais complexa a realidade. 
• O método é o caminho traçado pelo pesquisador para alcançar os objetivos da pesquisa científica. 
O método científico tem uma história. 
• O raciocínio indutivo se complementa com o raciocínio dedutivo, no contexto da hipótese, isto 
é, da resposta antecipada ao problema de pesquisa. Importa também descobrir as leis que governam os 
fenômenos, isso é, as leis da natureza. É o método hipotético- dedutivo. 
• As ciências são separadas em disciplinas. O pesquisador deve estar distanciado de seu objeto. O 
experimento implica em separar o objeto de seu meio natural. A ciência corresponde às certezas do mundo 
empírico e é separada da filosofia. A razão obedece a princípios clássicos: indução, dedução, contradição, 
identidade, etc.. 
• Para pesquisar cientificamente, o pesquisador deve pretender tornar objetiva sua própria 
subjetividade, quer dizer, reconhecer e dar visibilidade a suas preferências, valores, crenças, preconceitos, entre 
outros aspectos subjetivos que influenciam na compreensão do seu objeto. 
• A pesquisa científica constitui um processo reflexivo do pesquisador sobre si mesmo, seus valores 
e preferências, suas crenças e sobre os procedimentos de pesquisa que utiliza. 
 
 
 
 13 
Exercícios 
 
1. Quais são as fontes do conhecimento vulgar ou senso comum? 
 
a. Intuição, Contato e Cultura. 
b. Sociologia, Autonomia e Autoridade. 
c. Intuição, Tradição e Autoridade. 
d. Cultura, Tradição e Sociedade. 
 
2. Considerando o métodocientífico, assinale a opção correta: 
 
a. O método científico é utilizado só em matérias com foco na ciência como química e física. 
b. O método científico é o conhecimento passado por geração e cultura. 
c. O método científico é moldado pela humanidade a muito tempo, tendo varias mudanças no decorrer 
da historia, transformação mais positiva foi na idade média. 
d. O método é o caminho traçado pelo pesquisador para alcançar os objetivos da pesquisa científica. 
 
3. Nesse módulo você aprendeu o que é conhecimento vulgar ou de senso comum. Na aula 1, 
você leu a seguinte afirmação sobre esse tipo de conhecimento: 
 
“Produtos da experiência vulgar, eles (esses conhecimentos) tem por objeto, antes de tudo, colocar 
nossas ações em harmonia com o mundo que nos cerca; são formados pela prática e para ela” (DURKHEIM , 
2007, p. 16). 
 
a) Dê um exemplo de conhecimento vulgar ou de senso comum na sua área de atuação profissional, e 
use o conhecimento científico disponível sobre o tema para criticar esse conhecimento vulgar. 
b) Durante muito tempo, no domínio das ciências pensava-se que o conhecimento era o espelho da 
realidade e o espelho do mundo (MORIN, 1999, p. 22 ). 
• Explicite a compreensão da relação entre o pesquisador e seu objeto de estudo nessa afirmação. 
• Explicite a compreensão atual sobre o problema da subjetividade e da objetividade na ciência. 
 
 
 
 
 
 
 14 
Gabarito 
 
1. Resposta Correta: Letra C 
2. Resposta Correta: Letra D 
3. Orientação de Resposta: 
a. Para orientá-lo na elaboração de sua resposta segue um exemplo de conhecimento de senso comum, 
e um trecho de um artigo de uma pesquisadora da violência que questiona sua cientificidade: 
Conhecimento de senso comum: “A violência na sociedade contemporânea tem crescido 
consideravelmente”. 
Sobre essa afirmação de senso comum Grossi (2004) assinala que: 
 
Assim expressa, a afirmação não tem sustentação empírica mais substantiva, a não 
ser a que recorre às constantes remissões aos noticiários, os quais não se cansam de 
atestar tal crescimento. O crescimento de um fenômeno plural e polissêmico como 
o da violência é algo sobre o que não se pode decidir se não se distingue com clareza 
e exatidão que parâmetros estão sendo utilizados, e a partir de que critérios, para se 
definir violência (GROSSI PORTO, 2004, p.133) 
 
GROSSI PORTO, Maria Stela. Polícia e violência: representações sociais de elites policiais do Distrito 
Federal. São Paulo Perspec. vol.18 no.1 São Paulo Jan./Mar. 2004. 
 
b. Para responder a estas questões revise as aulas 1, 2 e 3 desse módulo. Observe que a afirmação 
de MORIN diz respeito a concepção tradicional da ciência. 
 
 
 
 
 
 15 
 
 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Talvez você nunca tenha elaborado um projeto de pesquisa científica. Este módulo vai ajudá-lo a 
enfrentar esse desafio discutindo detalhadamente cada um dos elementos que constituem um projeto de 
pesquisa científica, e indicando exemplos recolhidos na docência da disciplina metodologia da pesquisa 
científica. 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: 
 
• Compreender a lógica do projeto de pesquisa científica; 
• Escolher um tema de pesquisa pertinente à sua área de atuação profissional; 
• Formular o problema de pesquisa; 
• Discutir teoricamente seu objeto – problema de pesquisa; 
• Formular hipóteses; 
• Explicitar o modelo de análise; 
• Definir os objetivos da pesquisa; 
• Elaborar a justificação da pesquisa; 
• Escolher os procedimentos metodológicos adequados a seus objetivos de pesquisa; e 
• Elaborar o cronograma da pesquisa. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo compreende as seguintes aulas: 
 
• Aula 1 - O projeto de pesquisa, o tema e o problema de pesquisa 
• Aula 2 - A discussão teórica do problema de pesquisa 
• Aula 3 - A formulação da hipótese e o modelo de análise 
• Aula 4 - As variáveis e a operacionalização das variáveis 
• Aula 5 - Os objetivos e a justificativa da pesquisa 
MÓDULO 
2 
A ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: O 
QUE PESQUISAR E COMO PLANEJAR A PESQUISA 
 
 16 
• Aula 6 - O cronograma da pesquisa 
 
Aula 1 – O projeto de pesquisa, o tema e o problema de pesquisa 
 
Nesta aula você estudará o que é o projeto de pesquisa, a diferença entre tema e problema de pesquisa 
e as resistências que você terá que superar para ter sucesso na formulação de seu problema de 
pesquisa. 
 
1.1 O que é um projeto de pesquisa? 
O projeto de pesquisa constitui-se em uma ferramenta indispensável à atividade de investigação, 
devendo servir para orientar seu estudo e poder comunicar às outras pessoas (orientador, membros de uma 
banca, membros de outras instituições, entre outros) o que você pretende fazer. 
A realização da pesquisa subsidia a elaboração da monografia. 
 
O que é monografia? 
Monografia é um estudo sobre um tema específico ou particular com suficiente valor 
representativo e que obedece à rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em 
profundidade, mas também em todos seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina 
(LAKATOS e MARCONI, 1991, p.235). 
 
Se você deseja pesquisar, seu primeiro passo é elaborar o projeto de pesquisa, isto é, planejar seu 
estudo. 
Para elaborar esse projeto você precisa de esforço intelectual considerável. 
Você deve responder às seguintes questões: 
 
 Qual tema tenho interesse em pesquisar 
 Qual problema de pesquisa pretendo resolver 
 Quais abordagens teóricas e conceituais deverão ser utilizadas para construir cientificamente meu 
problema 
 Quais são os autores que discutem meu problema? Qual é a minha hipótese 
 Quais objetivos minha pesquisa tem 
 Quais procedimentos metodológicos devo escolher para alcançar esses objetivos 
 Quanto tempo tenho para desenvolver minha pesquisa 
 
 
 
 
 17 
1.2 O primeiro desafio: a diferença entre o tema e o problema de pesquisa 
A elaboração do projeto de pesquisa inicia-se com o primeiro desafio: a escolha do tema e do problema 
de pesquisa. Para enfrentar esse desafio é importante que você conheça a diferença entre eles. 
 
1.2.1 O tema da pesquisa 
É comum você pensar primeiro no tema da pesquisa, isto é, em assuntos que podem ser pesquisados. 
Os temas de pesquisa podem surgir das observações do seu ambiente de trabalho, da conversa com colegas, 
da leitura dos jornais e de artigos científicos de sua área de atuação profissional, disponíveis nas bases e 
bibliotecas virtuais, entre outros. 
 
Desafio... 
Desafio você a pensar em alguns temas de seu interesse, que considere relevantes para sua 
instituição e para a segurança pública, e a registrá-los. 
 
Veja alguns dos temas de monografia que um grupo de alunos de um curso de Especialização em 
Segurança Pública e Cidadania e Gestão da Segurança Pública escolheram nos últimos anos: 
 
• Homicídios; 
• Gestão e trabalho nas prisões; 
• Policiamento comunitário; 
• Reintegração social do detento; 
• Medidas socioeducativas; 
• Abordagem policial; 
• Programas comunitários da subsecretaria de segurança cidadã do DF; 
• Violência institucional e profissionais da segurança pública; 
• O crescimento do encarceramento no DF; 
• A saúde mental dos policiais; e 
• A construção do suspeito na identificação criminal, entre muitos outros. 
 
Observe que a característica dos temas apontados é a abrangência. 
Escolhido o tema, o passo seguinte é a delimitação do tema de pesquisa escolhendo uma das tantas 
possibilidades de recorte. Isto é, a formulação de seu problema de pesquisa. 
 
1.2.2 O problema de pesquisa 
Um problema de pesquisa é “um problema que se pode resolver com conhecimentos e dados já 
disponíveis ou com aqueles factíveis de serem produzidos” (LAVILLE e DIONNE, 1999, p.87). 
Observe os seguintes exemplos de formulação de perguntas-problemas sobre o tema homicídios.18 
a) O consumo de drogas ilícitas e de álcool está vinculado à ocorrência de homicídios no Brasil, na 
última década? 
b) Pode-se reduzir a taxa de homicídios legalizando o consumo de drogas no Brasil? 
 
Essas duas perguntas constituem-se em problemas de pesquisa que podem ser redigidos da seguinte 
forma, quando seu orientador olhar para você e perguntar: Qual é seu problema de pesquisa? 
• Meu problema de pesquisa é analisar a relação entre os homicídios e o consumo de drogas ilícitas e 
de álcool no Brasil. 
• Meu problema de pesquisa é analisar em que medida a legalização do consumo das drogas ilícitas 
pode contribuir para reduzir a taxa de homicídios no Brasil. 
 
Você percebeu que um tema pode permitir formular vários problemas de pesquisa. 
 
Veja, a seguir, alguns conselhos para conseguir formular seu problema de pesquisa de forma adequada. 
Mas considere que não existe uma receita para se chegar lá. 
 
AÇÕES ATIVIDADES 
AMPLIE SUAS LEITURAS Realize uma imersão sistemática no tema de seu interesse. Procure 
artigos em periódicos científicos publicados nos últimos cinco anos 
sobre o tema inicialmente escolhido, e observe quais são os problemas 
levantados pelos pesquisadores em torno do tema que lhe interessa. 
DIALOGUE COM SEU 
ORIENTADOR 
Converse com seu orientador para descobrir seu problema de pesquisa, 
pois ele acumula experiência concreta no campo de estudo. Informe seu 
orientador sobre suas motivações e interesses. 
PLANEJE UM TRABALHO DE 
CAMPO EXPLORATÓRIO 
Por último, se não conseguir delimitar claramente seu problema, realize 
um trabalho de campo preliminar flexível, assistemático, anotando em 
um caderno de campo suas principais observações, conversando 
informalmente com os possíveis sujeitos de sua pesquisa, coletando 
todas as informações e dados que achar pertinente. 
Quadro 2: Conselhos úteis para formular o problema de pesquisa. 
Fonte: Elaborado pela professora Dra. Analía Soria Batista (UNB). 
 
Para ter sucesso na formulação de seu problema de pesquisa, você também tem que considerar as 
seguintes questões: 
Você precisa superar suas resistências: Uma pesquisa realizada em um contexto acadêmico deve 
ater-se à compreensão científica do mundo social. O conhecimento sociológico, por exemplo, permite ir além 
das aparências da realidade, aprofundando a compreensão dos diversos aspectos da sociedade em que você 
19 
vive. É possível, inicialmente, que você resista à compreensão científica do social, em função de seus 
conhecimentos de senso comum, como foi discutido na Aula 1, do Módulo 1. 
A escolha de seu problema de pesquisa pode ser bastante lenta e complexa, pois lhe exigirá capacidade 
de proceder a rupturas com seu próprio mundo profissional, suas preferências políticas, seus valores, suas 
crenças e seus interesses. 
Você precisa avaliar questões práticas: A escolha de um problema de pesquisa lhe exigirá considerar 
elementos de ordem prática, tais como o tempo que tem disponível para realizar o estudo, os recursos 
intelectuais que possui para levar a cabo a empreitada, os recursos financeiros, entre outros. 
Você precisa saber que não vai ser possível pesquisar todo: A escolha de um problema de pesquisa 
lhe exigirá delimitar o tema de pesquisa, isto é, focar em algum aspecto desse tema. 
Na próxima aula você estudará sobre a necessidade de aprofundar a discussão teórica de seu problema 
de pesquisa, a formulação da hipótese do estudo e a explicitação do modelo analítico que utilizará na 
sua pesquisa. Até a próxima aula! 
Aula 2 – A discussão teórica do problema de pesquisa 
Nesta aula, você estudará a importância de discutir teoricamente seu problema de pesquisa, a 
formulação da hipótese e do modelo de análise de sua pesquisa. 
2.1 A importância da discussão teórica do objeto 
Na Aula 1 deste Módulo você aprendeu a formular um problema de pesquisa. Neste tópico, você vai 
compreender a importância de discutir teoricamente esse problema e algumas estratégias para ter sucesso no 
empreendimento. 
Os conceitos desenvolvidos pela teoria do processo de trabalho capitalista (controle e disciplina 
fabril, divisão capitalista do trabalho, expropriação, entre outros) permitiram observar novos e mais 
complexos aspectos da realidade social do trabalho que aconteciam, impossíveis de serem percebidos sem 
esses “óculos” teóricos. 
20 
O que é conceito? 
Conceitos são declarações generalizadas sobre classes inteiras de fenômenos (BECKER, 20071, p.45). 
Você compreendeu a necessidade de discutir teoricamente o que pretende estudar, em outras 
palavras, de discutir seu objeto - problema de pesquisa - utilizando teorias e conceitos característicos da 
área científica, que possibilitam a sua interpretação. 
Veja, a seguir, mais um desafio. 
2.2 O desafio de teorizar sobre seu objeto-problema de pesquisa 
Para enfrentar esse desafio, você tem que identificar e analisar as abordagens teóricas pertinentes 
ao seu problema de pesquisa, analisar pesquisas sobre seu problema, escolher uma das abordagens teóricas e 
escrever um texto que discuta as abordagens, as pesquisas já realizadas e seus resultados e que explicite as 
razões de sua escolha. 
2.2.1 Identificar as abordagens teóricas e as pesquisas realizadas pertinentes a seu problema 
Se seu problema de pesquisa é analisar a relação entre os homicídios e o consumo de drogas ilícitas e 
de álcool no Brasil (tema indicado na aula 1, deste Módulo) por exemplo, você deve identificar quais são as 
abordagens teóricas sobre esse problema de pesquisa, as pesquisas existentes e seus principais autores. 
Orientação 
Pode ser que você tenha cursado uma disciplina que abordou, seguindo o exemplo anterior, a relação 
entre o consumo de drogas ilícitas e de álcool e os homicídios. Nesse caso, seu problema está resolvido. Caso 
contrário, você tem dois caminhos para descobrir essas abordagens: 
- Consulte o seu orientador sobre os autores-chave. Supõe-se que ele sabe.
- Faça uma revisão bibliográfica (artigos, comunicações, dissertações, teses, entrevistas, entre outros) e
utilize buscadores acadêmicos na internet, diretórios, bases de dados, sites de expertos no problema, consulte 
pesquisas sobre seu problema e observe as abordagens teóricas, as pesquisas e seus autores. 
Seu problema de pesquisa deve ser uma decorrência lógica da discussão teórica que apresenta. Todas 
as obras importantes sobre seu problema de pesquisa devem ser consultadas, mas, é possível que a revisão seja 
exaustiva. 
2.2.2 Dicas simples para revisar a bibliografia 
Para revisar rapidamente a bibliografia e selecionar a que lhe interessa, proceda da seguinte forma: 
Livro: revise o índice e o índice analítico para obter um panorama dos temas abordados no livro. 
Artigos Científicos: revise primeiro o resumo para saber se é de seu interesse. 
 21 
 
Importante! 
Na revisão da bibliografia, você pode encontrar diversas situações com relação à teoria existente sobre 
seu problema de pesquisa. As situações mais comuns são as seguintes: 
a) Há uma teoria bem consolidada, que possui evidências empíricas abundantes e que você considera 
adequada para abordar seu problema de pesquisa; 
b) Há várias teorias para abordar seu problema de pesquisa e você deve escolher alguma delas; 
c) Não há teoria para abordar seu problema de pesquisa. 
 
 
2.3 Escolher uma das abordagens e escrever um texto 
Você revisou a bibliografia sobre seu problema e agora enfrenta o desafio de escolher uma entre as 
abordagens teóricas que existem, isto é, enfrenta o desafio de construir sua Problemática. A construção da 
Problemática diz respeito às escolhas teóricas e conceituais do pesquisador. 
Escolha a abordagem teórica que mais se ajusta à natureza de seu problema de pesquisa e, se achar 
necessário, também utilize elementos de outras teorias. 
Você vai escrever um texto que articule as ideias principais dos autores encontrados na revisãobibliográfica, no exemplo explicitado anteriormente, sobre a relação entre o consumo de drogas ilícitas e de 
álcool e a ocorrência dos homicídios no Brasil. 
 
2.4. Como sistematizar o marco teórico ou de referência? 
O próximo passo é você sistematizar as abordagens teóricas escrevendo um texto. Mais um desafio 
que exigirá de você, resumir, citar textualmente, comentar, criticar, e ter muita paciência, pois precisa de 
leitura rigorosa. 
 
Veja, a seguir, alguns conselhos para ter sucesso na identificação da discussão teórica de seu problema 
de pesquisa. 
AÇÕES ATIVIDADES 
CONSULTE o seu orientador sobre quais são as obras mais importantes a respeito do tema para 
facilitar sua pesquisa bibliográfica. Também quais são os principais centros de 
documentação que deve pesquisar, e as principais obras, artigos, entre outros, bem 
como pesquisadores, autoridades e outros agentes que você talvez precise entrevistar. 
ORGANIZE sua discussão teórica focando nas principais ideias dos autores consultados sobre seu 
problema de pesquisa. Articule bem essas ideias. Prepare-se para mergulhar na leitura e 
na reflexão. 
APOIE as ideias apresentadas nas referências consultadas. 
Quadro 3: Conselhos úteis na hora de discutir teoricamente o objeto-problema de pesquisa. 
Fonte: Elaborado pela professora Dra. Analía Soria Batista. 
 
 22 
Na próxima aula você vai estudar a hipótese da pesquisa e a explicitação do modelo de análise de seu 
estudo, até lá! 
 
 
Aula 3 – A formulação de hipóteses e o modelo de análise 
 
Nesta aula você vai estudar o que é hipótese e sobre a explicitação do modelo de análise da pesquisa. 
 
 
3.1 O que é uma hipótese? Como formulá-la? 
Veja, a seguir, as definições sobre hipótese: 
 
Enunciado geral de relações entre variáveis (fatos, fenômenos). Formulado como 
solução provisória para um determinado problema, apresentando caráter preditivo 
ou explicativo; compatível com o conhecimento científico (coerência externa) e 
revelando consistência lógica (coerência interna); sendo passível de verificação 
empírica em suas consequências (LAKATOS e MARCONI , 1999, p. 126). 
 
Em termos simples, uma hipótese é uma resposta possível de ser testada e 
fundamentada para uma pergunta feita relativa ao fenômeno escolhido 
(RICHARDSON, 2011, p.27). 
 
A hipótese, que constitui uma resposta antecipada de seu problema de pesquisa, é uma conjetura 
afirmativa, plausível de ser verdadeira. 
Você deve formular uma hipótese que possa ser testada, isto é, que possa ser contrastada com os dados 
da realidade. A validade da hipótese depende de sua congruência com os fatos ou fenômenos da realidade. As 
hipóteses se fundamentam no conhecimento prévio e a sua verificação ou refutação permite novos e 
aprofundados conhecimentos (KERLINGER, 1996). 
Quiuy e Camenhoudt (1995, p. 149 apud Gerhardt 2009, p. 54) indicam duas formas de construção das 
hipóteses pelos pesquisadores: por meio do raciocínio indutivo ou por meio do raciocínio dedutivo. 
No método hipotético indutivo, isto é, o método de construção da hipótese por meio do 
raciocínio indutivo, a construção da hipótese se baseia na observação direta da realidade que se pretende 
estudar, e a partir dessas observações, o pesquisador constrói novos conceitos, novas hipóteses e o modelo que 
será posteriormente submetido à prova dos fatos. 
No método hipotético dedutivo, isto é, o método de construção da hipótese por meio do 
raciocínio dedutivo, o pesquisador parte de um postulado ou conceito que serve como modelo de 
interpretação da realidade que pretende analisar. Por meio de um trabalho lógico, o pesquisador deriva desse 
modelo as hipóteses e as variáveis (ou aspectos) da realidade que quer observar. 
 23 
 
Método hipotético indutivo Método hipotético dedutivo 
A construção parte da observação. 
O indicador é de natureza empírica. 
A partir dele, constroem-se novos conceitos, novas 
hipóteses e o modelo que será submetido à prova dos 
fatos. 
A construção parte de um postulado ou conceito como 
modelo de interpretação do objeto estudado. 
Esse modelo gera, através de um trabalho lógico, as 
hipóteses, os conceitos e os indicadores para os quais 
será necessário buscar correspondentes no real. 
Quadro 4: Métodos hipotético indutivo e hipotético dedutivo. 
Fonte: QUIVY & CAMPENHOUDT, 1995. 
 
Contudo, esses dois métodos de construção das hipóteses da pesquisa são articulados no trabalho 
científico: 
Quando iniciamos uma pesquisa pela primeira vez, a abordagem hipotético indutiva 
normalmente prevalece, ou seja, construímos nossas hipóteses e indicadores a partir 
da observação do campo empírico, derivando daí novos conceitos e novas hipóteses 
que serão submetidas à comprovação pelo modelo estabelecido. Na sequência, 
quando se possuem algumas ideias conceituais a respeito do tema trabalhado que 
possam explicar o objeto de estudo, a abordagem hipotético dedutiva passa a ter 
mais importância. Isso quer dizer que a construção das hipóteses parte de um 
postulado ou conceito como modelo de interpretação do objeto estudado. Na 
realidade, essas duas abordagens se articulam, pois todos os modelos elaborados 
por uma pesquisa científica comportam dedução e indução (GERHARDT, 2009, p. 
54). 
 
 
3.2 O modelo de análise 
A construção do modelo de análise da sua pesquisa implica na explicitação da hipótese ou dos 
interrogantes que você formulou para orientar a pesquisa, e dos conceitos derivados da problemática ou 
abordagem teórica que você escolheu para referenciá-la. 
Caso tenha preferido formular perguntas de pesquisa em vez da hipótese, precisa identificar os 
conceitos principais de sua abordagem teórica e definir os aspectos da realidade que você vai observar, a partir 
das interrogantes que formulou. 
 
 
Importante! 
Nem sempre os pesquisadores elaboram uma hipótese para orientar a realização da pesquisa. Podem 
formular apenas perguntas de pesquisa, que servem também para orientar a realização do estudo. 
 
 
 24 
O modelo de análise é composto pela hipótese e as variáveis e suas definições operacionais, ou pelas 
perguntas da pesquisa, e os conceitos operacionalizados, isto é, definidos de forma a possibilitar sua observação 
na realidade social. 
 
Na próxima aula você vai estudar o papel das variáveis na pesquisa científica. 
 
 
Aula 4 – As variáveis e a operacionalização das variáveis 
 
Nesta aula você vai conhecer, de forma introdutória, o papel das variáveis na construção do 
conhecimento científico. 
 
4.1 Definições de conceitos e variáveis 
As definições dos conceitos utilizados na pesquisa científica são gerais, ou seja, amplas, enquanto que 
as definições operacionais desses conceitos são restritas, voltadas para aspectos específicos do objeto de 
estudo, permitindo a observação e/ou mensuração das variáveis envolvidas no fenômeno que você pretende 
analisar. 
Richardson (2011, p. 117) aponta que o conceito de variável representa classes de objetos, como: sexo, 
escolaridade, renda mensal, participação política, violência psicológica etc. 
A variável “sexo” é fácil de operacionalizar, já que apresenta duas categorias: feminino e masculino. 
Mas, existem outras variáveis que são bem mais complexas, como participação política e violência psicológica, 
pois suas definições não são simples. 
 
4.1.1 Quais são as características das variáveis? 
As variáveis constituem-se de aspectos observáveis e mensuráveis de um fenômeno, que podem 
apresentar diferentes valores (variável quantitativa) ou ser agrupados em categorias (variável qualitativa). 
A variável idade tem diversos valores: 20 anos, 25 anos, 30 anos, etc. A variável estado civil pode ser 
agrupada nas seguintes categorias: solteiro, casado, viúvo, desquitado e divorciado. 
As variáveis devem apresentar variações ou diferenças em relação ao mesmo ou a outros fenômenos. 
Um exemplo bem simples pode contribuir paraesclarecer essa questão. 
 
Observe a tabela: 
Tabela 1: Distribuição de Policiais Militares, segundo o estado civil. 
ESTADO CIVIL FREQUÊNCIA 
Solteiros 140 
Casados 60 
Viúvos 20 
 25 
 
 
Neste caso, você pode analisar a tabela comparando as categorias, pois as variações internas da variável 
estado civil são significativas (RICHARDSON, 2011, p.118). 
Segundo Davis (1976 apud RICHARDSON, 2011, p. 120), no que diz respeito à importância das variações 
internas de uma variável, você pode considerar as seguintes regras: 
• Disponha de grande número de casos que difiram em sua classificação; 
• Se uma das categorias for exageradamente maior em frequência que as demais, use-a sozinha. Isto é, 
transforme-a em uma variável; 
• Se tiver um grande número de categorias com pequenas frequências, comece a agrupar em pares até 
obter categorias significativas; 
• Evite alternativas que concentrem mais de 70% dos casos, pois elas prejudicam a análise. 
 
Resta assinalar que existem casos em que as categorias não podem ser reagrupadas, ou a variável não 
pode ser reformulada. Nesses casos você precisa eliminar a variável, já que não serve como medida de avaliação 
(RICHARDSON, 2011, p. 120). 
 
4.2 Tipos de relações entre variáveis/fenômenos 
A variável é o aspecto observável de determinado fenômeno, ligado a outras variáveis numa situação 
determinada. Observe no quadro a seguir os tipos de relações entre variáveis, segundo Richardson (2011, p. 
121): 
Relação de 
covariação 
As variáveis mudam conjuntamente. Exemplo: relação entre o 
peso e a estatura. 
Relação de 
associação 
As variáveis podem mudar conjuntamente, mas, as mudanças em 
uma, não necessariamente produzem mudanças na outra. 
Exemplo: desempenho escolar em matemática e desempenho 
escolar em biologia. 
Relação de 
dependência 
Uma variável depende da outra. Exemplo: a variável posição 
social depende da variável renda pessoal. 
Relação de 
causalidade 
Mudanças em uma variável produzem mudanças na outra. 
Exemplo: entre o preço do produto e a procura por esse 
produto. 
Quadro 5: Tipos de relações entre variáveis. 
Fonte: Richardson (2011, p. 121). 
 
Desquitados 40 
Divorciado 20 
Total 280 
 
 26 
4.3 Princípios para definir variáveis 
Segundo Richardson (2011, p. 121) dois princípios devem ser considerados na definição de todas as 
variáveis. 
 
Importante! 
A não observância desses princípios leva a perda de informação ou a inutilidade da medição realizada 
pelo pesquisador. 
 
O primeiro princípio que você precisa considerar na definição operacional das variáveis é o que 
estabelece que os valores de uma variável devem ser mutuamente excludentes. Veja a seguir o exemplo 
indicado pelo citado autor: 
Variável: Religião 
Categorias da variável Religião: 
• Católica 
• Protestante 
• Anglicana 
 
Você já percebeu qual é o problema com essa categorização? 
 
O problema é que um sujeito anglicano é também protestante. Isso significa que as categorias não são 
mutuamente excludentes. O correto seria: 
Variável: Religião 
Categorias da variável Religião: 
1. Católica 
2. Protestante 
 
Resta esclarecer ainda que as categorias devem estar adequadas à realidade local ou regional do estudo 
que você pretende fazer. 
 
- O segundo princípio que você precisa considerar na definição operacional das variáveis é o que 
estabelece que as categorias devem ser exaustivas. Isto é, todos os elementos da amostra devem ser 
classificados em algumas das categorias elaboradas pelo pesquisador. Seria inútil na categorização da variável 
Religião de um estudo no Brasil incluir a categoria muçulmana, por exemplo (RICHARDSON, 2011, p.123). 
 
4.4 Tipos de variáveis, segundo níveis de medição 
São considerados quatro tipos de variáveis segundo seus níveis de medição: 
Variável nominal ou categórica: Este é o tipo de variável mais simples e inferior em termos de 
informação. A variável é classificada em categorias distintas, como no exemplo já explicitado sobre a variável 
 27 
estado civil dos policiais militares (solteiro, casado, viúvo, desquitado, divorciado). Observe que não há nenhuma 
hierarquia entre as categorias da variável estado civil (RICHARDSON, 2011, p.126). 
 
Variável ordinal: A variável ordinal resulta da operação de ordenar por postos. Além de classificar os 
elementos de um conjunto, como no caso anterior da variável nominal ou categórica, estabelece uma ordem 
hierárquica entre as categorias. A ordem resulta da distinção dos elementos de acordo com o maior ou menor 
grau que determinada característica possui. Por exemplo, a variável nível socioeconômico pode ser 
hierarquizada como segue (RICHARDSON, 2011, p.26): 
Exemplo: 
- nível alto 
- nível médio 
- nível baixo 
Tem-se, assim, uma variável ordinal que implica numa ordem quantitativa numérica, só em termos de 
maior ou menor. Observe que não se estabelece quantos pontos mais alto ou mais baixo é o nível 
socioeconômico de uma ou outra categoria (RICHARDSON, 2011, p. 127). 
 
Variáveis de razão: Estas variáveis reúnem todas as propriedades dos números naturais: classificação, 
ordem, distância e origem. Supõem um zero absoluto, mesmo quando o referido valor não se dá, em nenhum 
caso, em certas variáveis. Por exemplo: número de habitantes de uma cidade: podem existir cidades sem 
habitantes, mas, é muito difícil. 
Variáveis intervalares: Estas variáveis possuem as características das escalas anteriores: nominal e 
ordinal. Além disso, as variáveis intervalares apresentam distâncias iguais entre os intervalos que se estabelecem 
sobre a propriedade medida. Isto é, requerem o estabelecimento de algum tipo de unidade física de medição 
que sirva como norma e que, portanto, possa aplicar-se sucessivamente com os mesmos resultados. 
 
4.5 Classificação das variáveis, segundo a posição na relação entre duas ou mais variáveis 
Segundo Richardson (2011, p. 129), é possível classificar as variáveis de acordo com a relação temporal 
que existe entre elas. 
 
Variáveis independentes: Afetam outras variáveis, mas, não precisam estar relacionadas com elas. Por 
exemplo, idade e sexo podem influir nos desejos dos policiais de abandonar a Corporação. Mas, a idade não 
depende do sexo, nem o sexo da idade. São variáveis independentes entre si, mas que afetam uma variável 
dependente específica. Nesse caso, o desejo de abandonar a Corporação. 
Variáveis dependentes: São aquelas variáveis afetadas ou explicadas pelas variáveis independentes. 
Variam de acordo com as mudanças nas variáveis independentes. No exemplo anterior, podemos supor que à 
medida que a idade aumenta, é menos provável o desejo dos profissionais de abandonar a Corporação. Assim, 
o desejo de abandonar a Corporação depende da idade. O desejo de abandonar a Corporação é a variável 
dependente, a idade, a variável independente. Resta esclarecer que devido à interação que existe entre as 
 
 28 
variáveis sociais, não se pode determinar, em termos absolutos, quais são as independentes e as dependentes 
(RICHARDSON, 2011, p. 129,130). 
Variáveis intervenientes: Estas variáveis estão entre as independentes e as dependentes. Elas intervêm 
nessa relação. 
 
Exemplificando... 
 
Para você compreender melhor a influência das variáveis intervenientes, observe o exemplo a seguir, 
segundo Richardson (2011, p. 131): 
Variável independente: sexo 
Variável dependente: aproveitamento escolar 
Nesse caso, o pesquisador supõe que existe relação entre o sexo feminino e o melhor aproveitamento 
escolar. Mas o pesquisador também supõe que o aproveitamento escolar é influenciado pelas habilidades do 
aluno e pelas suas expectativas profissionais, isto é, por duas variáveis intervenientes. 
 
De acordo com Richardson (2011, p. 131), os efeitos das variáveis intervenientes podem ser os 
seguintes: 
• Não existe efeito. A relação original entre o sexo e o aproveitamento escolarse mantém invariável. 
• As variáveis têm efeito significativo. A relação original desaparece. Também pode ser que apenas 
uma das variáveis intervenientes tenha efeito significativo. 
• As variáveis têm efeitos significativos, mas a relação original não desaparece, apenas enfraquece. 
 
 
5.6 Variáveis segundo as características de continuidade 
Segundo a característica de continuidade, as variáveis podem ser discretas e contínuas: 
 
Variáveis discretas ou nominais: São as variáveis constituídas de categorias separadas ou distintas. 
Variáveis contínuas ou ordinais, intervalares e de razão: São as variáveis que podem assumir um 
conjunto ordenado de valores dentro de determinados limites. Os valores de uma variável contínua pelo menos 
refletem uma ordem hierárquica (alto, médio, baixo). Além disso, os valores variam dentro de determinados 
limites e cada elemento recebe um escore entre esses limites. A variável aproveitamento escolar, essencialmente, 
varia entre zero e dez pontos (RICHARDSON, 2011, p. 133). 
 
Agora que já compreende bem o que são variáveis, na próxima aula, você vai estudar como elaborar os 
objetivos de seu projeto de pesquisa e a justificativa do estudo. 
 
 
 29 
Aula 5 - Os objetivos e a justificativa da pesquisa 
 
Nesta aula você vai estudar como redigir os objetivos e a justificativa de sua pesquisa. 
 
5.1 Formulação dos objetivos da pesquisa 
Você fez progressos importantes, superou os desafios de elaborar seu problema de pesquisa, de 
discutir teoricamente seu objeto – problema de pesquisa – formulou a hipótese do seu estudo e explicitou seu 
modelo de análise. 
Seu desafio agora é redigir os objetivos da pesquisa. Para isso, deve responder à seguinte pergunta: 
O que pretende com sua pesquisa? 
 
5.1.1 Os objetivos gerais e os objetivos específicos 
Os objetivos estão relacionados ao seu problema de pesquisa e a sua hipótese. Um projeto de pesquisa 
deve conter objetivos GERAIS e ESPECÍFICOS. 
Os objetivos gerais expressam os resultados mais abrangentes que se pretendem alcançar com a 
pesquisa. 
Os objetivos específicos expressam os passos necessários para se alcançar o objetivo geral, em outras 
palavras, constituem-se da desagregação, em ações, do objetivo geral. 
 
Os objetivos precisam ser factíveis e, durante sua pesquisa, você deve alcançá-los. Sua pesquisa é 
avaliada nesse sentido e, além do mais, você deve explicar em que medida e como conseguiu alcançar os 
objetivos explicitados. 
 
Veja, a seguir, alguns conselhos que o auxiliarão na elaboração dos objetivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 6: Conselhos para elaborar os objetivos da pesquisa. 
Fonte: Elaborado pela professora Dra. Analía Soria Batista (UNB). 
 
 
Lembre que os objetivos devem produzir conhecimentos para 
resolver seu problema de pesquisa. 
Elabore um objetivo geral e o desagregue em, no mínimo, 
três e, no máximo, seis objetivos específicos. 
Inicie a redação dos objetivos com um verbo: identificar, 
analisar, observar, relacionar, entre outros. 
Elabore os objetivos específicos, pensando nos 
procedimentos metodológicos para alcançá-los. 
 
 30 
Exemplificando... 
Redação dos objetivos da pesquisa 
Observe como foram redigidos os objetivos com este exemplo bem simples de proposta de pesquisa: 
Problema de Pesquisa: Como as mulheres presas percebem as atividades destinadas à reintegração 
social no presídio feminino do DF? 
Objetivo Geral: 
Compreender as percepções das mulheres presas sobre as atividades de ensino e trabalho no presídio. 
Objetivos específicos: 
- Analisar o perfil sociodemográfico das mulheres encarceradas no presídio feminino do DF. 
- Descrever as atividades de ensino e trabalho das mulheres encarceradas no presídio feminino do DF. 
- Identificar o papel da educação e do trabalho no presídio da perspectiva das mulheres presas. 
Fonte: Elaboração da professora Dra. Analía Soria Batista (UNB). 
 
Redigiu os objetivos do seu projeto? 
Se você já os redigiu, vai para o próximo desafio. 
 
5.2 Justificativa da pesquisa 
Você tem que justificar sua pesquisa, isto é, explicitar por que acha importante realizar seu estudo, por 
que você deseja fazer essa pesquisa. 
Observe a seguir alguns dos aspectos envolvidos na justificação da relevância de um projeto de 
pesquisa e inspire-se neles para justificar seu estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 7: Conselhos para identificar a relevância de seu projeto. 
Fonte: Elaborado pela professora Dra. Analía Soria Batista (UNB). 
 
 
Justificativa Teórica e Metodológica Justificativa pelas Consequências Sociais 
A relevância de seu projeto pode se justificar 
teórica e metodologicamente. Você propõe 
estudar um problema já abordado no campo 
científico, mas, adotando enfoques teórico-
metodológicos novos. 
A relevância de seu projeto pode se justificar 
devido às consequências sociais do 
problema que propõe. 
 
Justificativa em função das lacunas Justificativa pelos objetivos e interesses 
institucionais. 
A relevância de seu projeto pode se justificar 
em função das lacunas identificadas no 
conhecimento que está disponível sobre seu 
problema de pesquisa. 
A relevância de seu projeto pode se justificar 
em função dos objetivos e interesses de sua 
instituição de origem. 
 31 
Aula 6 - O cronograma da pesquisa 
 
Nesta aula, você vai aprender como elaborar o cronograma de sua pesquisa, identificando as atividades 
e o tempo necessário à sua execução. 
 
O cronograma da pesquisa é o planejamento das atividades que permitem o desenvolvimento do 
projeto de pesquisa em um tempo preestabelecido. O cronograma da pesquisa responde a perguntas, tais como: 
Quê? Quando? 
Para elaborar o cronograma de sua pesquisa você precisa considerar o tempo total de que dispõe para 
realizar seu estudo em meses, e todas as atividades envolvidas nessa empreitada, calculando para cada uma 
delas, o tempo necessário de sua execução. 
Você pode começar definindo as atividades que permitem desenvolver seu projeto de pesquisa, de 
forma sequencial. As atividades correspondem a ações e são definidas por um verbo (revisar, elaborar, 
sistematizar, analisar etc.). 
Uma vez definidas sequencialmente as atividades necessárias ao desenvolvimento do projeto de 
pesquisa, incluindo aí a versão final da monografia e sua defesa pública, você deve planejar um determinado 
tempo de realização de cada uma das atividades elencadas. 
 
Importante! 
O orientador de sua monografia pode aqui ajudar e muito! Se você não tiver experiência em pesquisa, 
discuta com seu orientador o tempo necessário a cada uma das atividades de pesquisa elencadas em 
seu cronograma. 
 
Considere que, a depender das características do trabalho de campo, este pode ser demorado. Por 
exemplo, entrevistas individuais e grupais podem eventualmente ser desmarcadas pelos sujeitos, gerando 
atrasos no cronograma. Visitas a instituições podem atrasar em função das dificuldades para conseguir 
autorização. Acesso a dados e informações secundárias pode não ser fácil, exigir autorizações especiais etc. 
Vale ressaltar que é comum a pesquisa iniciar com atividades de aprofundamento bibliográfico. Ela 
pode exigir também o levantamento de documentos oficiais, por exemplo. Os preparativos para o trabalho de 
campo merecem bastante atenção. Estes podem implicar em conseguir dados sobre determinado grupo social 
que se quer estudar, para aplicar técnicas de amostragem ou, ainda, podem exigir autorização para ingressar 
em determinados espaços institucionais e pesquisar junto às pessoas que trabalham no lugar. 
É necessário também construir os instrumentos da pesquisa, sejam estes questionários ou entrevistas 
individuais ou grupais etc. Os instrumentos precisam passar por pré-testes e reelaborações antes de sua 
aplicação definitiva. Há um tempo para realizar a coleta dos dados e um tempo para sistematizaresses dados 
e proceder a sua análise. 
Ainda, será necessário escrever uma versão preliminar da monografia, considerar um espaço de tempo 
para submetê-la ao veredicto do orientador e um espaço de tempo para realizar as correções do texto 
 
 32 
recomendadas e apresentar a versão definitiva do trabalho. Por último, deverá ser marcada a defesa pública do 
trabalho realizado. 
 
Exemplificando... 
 Um discente tem 12 meses para realizar a pesquisa e apresentar sua monografia. 
 
 
 
Finalizando... 
 
Neste módulo, você estudou que... 
• O projeto de pesquisa constitui-se em uma ferramenta indispensável à atividade de investigação, 
devendo servir para orientar seu estudo e poder comunicar às outras pessoas (orientador, membros de uma 
banca, membros de outras instituições, entre outros) o que você pretende fazer. 
• Na revisão da bibliografia, você pode encontrar diversas situações com relação à teoria existente sobre 
seu problema de pesquisa. As situações mais comuns são as seguintes: a) Há uma teoria bem consolidada, que 
possui evidências empíricas abundantes e que você considera adequada para abordar seu problema de 
pesquisa; b) Há várias teorias para abordar seu problema de pesquisa e você deve escolher alguma delas; e c) 
Não há teoria para abordar seu problema de pesquisa. 
• Você deve formular uma hipótese que possa ser testada, isto é, que possa ser contrastada com os 
dados da realidade. 
• As definições dos conceitos utilizados na pesquisa científica são gerais, ou seja, amplas, enquanto 
que as definições operacionais desses conceitos são restritas, voltadas para aspectos específicos do objeto 
 33 
de estudo permitindo a observação e/ou mensuração das variáveis envolvidas no fenômeno que você pretende 
analisar. 
• As variáveis constituem-se de aspectos observáveis e mensuráveis de um fenômeno, que podem 
apresentar diferentes valores (variável quantitativa) ou ser agrupados em categorias (variável qualitativa). 
• Os objetivos estão relacionados ao seu problema de pesquisa e a sua hipótese. Um projeto de 
pesquisa deve conter objetivos GERAIS e ESPECÍFICOS. Os objetivos gerais expressam os resultados mais 
abrangentes que se pretendem alcançar com a pesquisa. 
• Os objetivos específicos expressam os passos necessários para se alcançar o objetivo geral, em 
outras palavras, constituem-se da desagregação, em ações, do objetivo geral. 
• O cronograma da pesquisa é o planejamento das atividades que permitem o desenvolvimento do 
projeto de pesquisa em um tempo preestabelecido. 
 
 
Exercício 
 
1. Escolha um tema de pesquisa e formule 3 perguntas relativas a esse tema, escrevendo-as. 
Se não consegue fazer essas perguntas, proceda como indicado neste Módulo, leia artigos científicos 
sobre o tema, analise os problemas levantados pelos autores desses artigos e procure inspiração para 
conseguir elaborar seu próprio problema de pesquisa. Formule seu problema na forma de pergunta. 
 
2. Explique a seguinte afirmação: “Há necessidade de se discutir teoricamente o que se pretende 
estudar, em outras palavras, de discutir seu objeto de pesquisa utilizando teorias e conceitos característicos da 
área científica”. 
 
3. Escolha a sua problemática (abordagem teórica) e explicitação. 
 
a. Que autores-chave discutem seu problema de pesquisa? Explicite. 
b. Quais abordagens teóricas eles utilizam? Apresente as ideias centrais dos autores. 
c. Como as abordagens servem para compreender seu problema de pesquisa? Explicite. 
 
 
4. Explicite seu modelo de análise 
 
a. Qual é a sua hipótese? 
b. Quais são seus conceitos centrais? 
c. Operacionalize sua hipótese. 
d. Operacionalize seus conceitos. 
 
 
 34 
Gabarito 
 
1. Orientação de resposta: Para orientá-lo em sua resposta, segue um exemplo de tema e de 
problema de pesquisa. 
Tema de pesquisa: Metropolização e homicídios na região do Entorno de DF. 
Pergunta-problema de pesquisa: Que relação existe entre o processo de metropolização de Brasília 
e a ocorrência de altas taxas de homicídios em municípios do Entorno? 
2. Orientação de resposta: Para responder a esta pergunta, revise a Aula 2 deste módulo. Lembre-
se que o objeto de pesquisa pode ser assim redigido: “Estudo sobre a relação entre o processo de 
metropolização de Brasília e a ocorrência de altas taxas de homicídios nos municípios do Entorno do DF”. 
Nesse caso, seria necessário procurar estudos e pesquisas que interpretem essa relação, a partir de 
determinadas abordagens teóricas e utilizando determinados conceitos. Essas interpretações ampliam a 
realidade sob estudo, indicam aspectos que devem ser considerados pelo pesquisador, relações importantes 
entre os fenômenos, condições, etc. 
3. Orientação de resposta: Uma vez formulado seu problema de pesquisa, é necessário pesquisar 
bibliografia sobre o problema e analisar as interpretações teóricas e conceituais que os autores pesquisados 
utilizam para interpretar a questão que lhe interessa estudar. É preciso também analisar como esses autores lhe 
permitem compreender melhor seu problema, isto é, ampliá-lo e torná-lo mais rico e complexo. Para responder 
a esta questão, revise a Aula 2 deste módulo. 
4. Orientação de resposta: A explicitação do Modelo de Análise da pesquisa exige que você elabore 
sua hipótese ou as interrogantes que orientarão sua pesquisa. Também deve explicitar os conceitos que 
considera importantes para orientar seu trabalho. Para responder a estas questões, revise a Aula 3, deste 
módulo. 
 
 35 
 
 
 
 
Apresentação do módulo 
 
Você iniciará agora o terceiro módulo deste curso, nele você estudará sobre a elaboração dos 
procedimentos metodológicos de sua pesquisa. 
 
Objetivo do módulo 
 
Ao final do módulo, você será capaz de: 
 
• Identificar os elementos que fazem parte da metodologia; 
• Explicitar a estratégia de pesquisa; 
• Compreender o problema da amostragem; 
• Listar os alcances e limites de duas técnicas de coleta de dados: questionário e entrevista; 
• Listar os alcances e limites de duas técnicas de análise de dados: análise estatística e análise de 
conteúdo; 
• Descrever os pontos indispensáveis no conteúdo de uma conclusão. 
 
 
Estrutura do Módulo 
 
Este módulo contempla as seguintes aulas: 
 
Aula 1 – Elementos da metodologia 
Aula 2 – A amostra na pesquisa científica: conceitos e tipos de amostras 
Aula 3 – A coleta de dados: as técnicas do questionário e da entrevista 
Aula 4 – Análise dos dados e análise de conteúdo 
Aula 5 – As conclusões 
 
 
 
 
MÓDULO 
3 
OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA 
PESQUISA 
 
 36 
Aula 1 – Elementos da metodologia 
 
Nesta aula você estudará sobre os elementos que estão incluídos nos procedimentos metodológicos de 
uma pesquisa. 
 
1.1 Quais são os elementos da metodologia? 
 
A metodologia da pesquisa inclui vários elementos, como indica a definição a seguir: 
 
A metodologia inclui simultaneamente a teoria da abordagem (o método), os 
instrumentos de operacionalização do conhecimento (as técnicas) e a criatividade 
do pesquisador (sua experiência, sua capacidade pessoal e sua sensibilidade). A 
metodologia é muito mais que técnicas. Ela inclui as concepções teóricas da 
abordagem, articulando-se com a teoria, com a realidade empírica e com os 
pensamentos sobre a realidade. No entanto, nada substitui, a criatividade do 
pesquisador (MINAYO, 2010, s. p). 
 
Em outras palavras, a metodologia diz respeito à estratégia utilizada para abordar o problema de 
pesquisa. De forma geral, a estratégia pode ser quantitativa ou qualitativa. 
As técnicas de coleta são os instrumentos que você utiliza para coletar os dados (questionário, 
entrevista etc.). 
As técnicas de análise (estatísticas, análise de conteúdo etc.) são os instrumentos que você utiliza 
para analisar as informações coletadas, à luz de sua hipótese ou interrogantes de pesquisa edos objetivos de 
seu estudo. 
 
1.2 Decisões que você deve tomar 
 
1.2.1 Decidir se a pesquisa é quantitativa ou qualitativa 
Você deve decidir se sua pesquisa é qualitativa ou quantitativa. De forma sintética e simplificada, se 
você pretende conhecer de maneira aprofundada a subjetividade de certos grupos (pesquisa qualitativa) 
ou se vai responder a seu problema de pesquisa, quantificando informações (pesquisa quantitativa), ou se 
acha mais adequado responder a seu problema utilizando uma estratégia combinada de pesquisa (quanti-
qualitativa). 
 
Importante! 
Para tomar estas importantes decisões você vai precisar ler atentamente o Módulo 4 : Tipos de 
Pesquisa, técnicas de coleta e de análise de dados ou de informações. 
 
 
 37 
1.2.2 Decidir sobre os instrumentos de coleta de dados, sujeitos, locais e amostras. 
Você precisa coletar dados, orientado pelo seu modelo de análise e pelos objetivos de sua pesquisa. 
Posteriormente, a análise desses dados permitirá a você: testar sua hipótese ou responder as suas perguntas de 
pesquisa, isto é, a seu problema de pesquisa. 
Para organizar a coleta dos dados você precisará responder à seguinte pergunta: 
Quais as fontes de informações serão utilizadas: Primárias, secundárias, ambas? 
De forma sintética e simplificada, se coletará as informações utilizando um instrumento elaborado por 
você (dados primários), tais como o questionário, a entrevista etc., ou se utilizará dados coletados por outros 
(dados secundários), por exemplo, os dados sobre diversos temas produzidos pelo Fórum Brasileiro de 
Segurança Pública ou por outros organismos. 
 
Você também precisa responder às seguintes perguntas: 
- Que sujeitos serão observados? Isto é, explicitar quem são os sujeitos de sua pesquisa. 
- Quantos sujeitos serão observados? De acordo com o caso, você “poderá estudar a população total 
ou somente uma amostra representativa (quantitativamente) ou ilustrativa (qualitativamente) dessa população” 
(GERHARDT, 2009, p.56). 
 
Na próxima aula você estudará, de forma preliminar, a questão da amostra na pesquisa científica. 
 
Aula 2 – Amostra na pesquisa científica: conceitos e tipos de 
amostras 
 
Nesta aula você estudará o papel da amostra na pesquisa científica, os principais conceitos e os tipos 
de amostras. 
 
2.1 Amostras 
Já reparou que você usa a amostragem naturalmente na sua vida diária? 
 
Quando você quer verificar a qualidade do tempero de um alimento em preparação, prova uma 
porção desse alimento. Pronto! Você fez amostragem, isto é, extraiu do todo (população) uma parte (amostra) 
com o objetivo de ter uma ideia sobre a qualidade do tempero do alimento (BARBETTA, 2006, p.41). 
Na pesquisa científica, quando você deseja conhecer algumas características de uma população, 
também pode observar apenas uma amostra de seus elementos, e com base nessa amostra, obter valores 
aproximados para as características ou parâmetros de seu interesse (BARBETTA, 2006, p.41). 
 
Veja alguns conceitos importantes: 
 
 
 38 
População: é o conjunto de elementos para os quais você deseja que as conclusões da pesquisa 
sejam válidas, com a restrição de que esses elementos possam ser observados ou mensurados sob as mesmas 
condições. 
Parâmetro: é uma medida que descreve certa característica dos elementos da população. 
Amostra: parte dos elementos de uma população. 
Amostragem: processo de seleção da amostra. 
Estimativa: valor calculado com base na amostra, e usado com a finalidade de avaliar 
aproximadamente um parâmetro. 
 
Barbetta (2006), alerta que nem sempre a amostragem é interessante na pesquisa científica. 
Veja a seguir quando a amostragem não é interessante: 
 
- Quando a população que interessa estudar é pequena. 
- Quando a característica é de tão fácil mensuração que não compensa investir num plano de 
amostragem. 
 - Quando você necessita de alta precisão. 
 
 
2.1.1 Tipos de amostragem 
As amostragens podem ser: 
 
 Aleatórias; e 
 Não aleatórias. 
 
Nos quadros a seguir, você encontra explicações sucintas de alguns dos tipos de amostragem. 
 
 Amostragens aleatórias 
 O primeiro quadro apresenta amostragens aleatórias, segundo Barbetta (2006, p. 45, 47,49). 
 
Amostragem aleatória simples 
Você precisa ter a lista completa de elementos da população. 
Consiste em selecionar a amostra através de um sorteio sem 
restrição. As tabelas de números aleatórios facilitam esta tarefa. 
Amostragem aleatória 
sistemática 
Você pode, por exemplo, tirar uma amostra de 1000 fichas, 
dentre uma população de 5000 fichas, tirando sistematicamente, 
uma ficha a cada cinco. Para garantir que cada ficha da 
população tenha a mesma probabilidade de pertencer à amostra, 
você deve sortear a primeira ficha dentre as cinco primeiras. 
 39 
Amostragem estratificada 
Você pode dividir a população em subgrupos (estratos). Estes 
devem ser internamente mais homogêneos que a população 
toda, com respeito às principais variáveis em estudo. Para 
constituir cada estrato, são realizadas seleções aleatórias, de 
forma independente. 
Amostragem estratificada 
proporcional 
Você deve manter a proporcionalidade do tamanho de cada 
estrato da população, na amostra. Essa amostra garante que 
cada elemento da população tenha a mesma probabilidade de 
pertencer à amostra. 
Amostragem estratificada 
uniforme 
Você seleciona a mesma quantidade de elementos em cada 
estrato. Essa amostragem é usada quando há interesse em obter 
estimativas separadas para cada estrato, ou quando se deseja 
comparar os diversos estratos. 
Quadro 8 - Tipos de Amostragens aleatórias 
Fonte: Barbetta (2006, p. 45, 47,49). 
 
A seleção de uma amostra aleatória pode ser muito difícil, ou impossível. Pelo comum, isto se deve à 
impossibilidade de se obter uma lista completa dos elementos da população. 
 
 Amostragens não aleatórias 
 
As técnicas de amostragem não aleatórias procuram gerar amostras que, de alguma forma 
representam de modo razoável a população de onde foram extraídas. Veja no quadro, a seguir, as 
amostragens não aleatórias (BARBETTA, 2006, p.54, 55). 
 
Amostragem por cotas A população é vista de forma segregada, dividida em diversos grupos. 
Seleciona-se uma cota de cada subgrupo, proporcional a seu tamanho. 
A seleção não precisa ser aleatória. Para compensar a falta de 
aleatoriedade na seleção, costuma-se dividir a população num grande 
número de subgrupos. 
Amostragem por julgamento Os elementos escolhidos são os julgados como típicos da população 
que se deseja estudar. 
 
Quadro 9 – Tipos de Amostragens não aleatórias 
Fonte: Barbetta (2006, p. 45, 47,49). 
 
 
 
 
 40 
Importante! 
As decisões sobre amostragem quando necessárias devem ser discutidas com seu orientador. As 
definições aqui explicitadas têm por objetivo indicar as possibilidades de amostragem e não ensinar 
como você pode realizar os diferentes procedimentos. 
 
 
Aula 3 – A coleta de dados: as técnicas do questionário e da 
entrevista 
 
Nesta aula você vai estudar os alcances e limites de duas técnicas de coleta de dados: o questionário e 
a entrevista em profundidade. 
 
Você tem que coletar dados para resolver seu problema de pesquisa. Você pode ter que testar uma 
hipótese ou responder a interrogantes de pesquisa. Você formulou objetivos de pesquisa para alcançar esses 
resultados. Os objetivos precisam ser alcançados coletando dados e informações. Para isso você pode ter que 
consultar documentos, observar o fenômeno que lhe interessa ou perguntar a pessoas que possuem essa 
informação. 
 
Na coleta de dados, o importante não é somente coletar informações que deem 
conta dos conceitos (através dos indicadores), mas também obter essas informações 
de forma que se possa aplicar posteriormente o tratamento necessário para testar 
as hipóteses. Portanto, é necessário antecipar, ou seja, preocupar-se,

Outros materiais