Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Julia Paris Malaco – UCT14 SP2 – Infecções virais O vírus é classificado de acordo com: Genoma de ácido nucleico (DNA ou RNA) Formato do capsídeo (icosaédrico ou helicoidal) Presença ou ausência de um envelope lipídico Modo de replicação Tipo celular preferido para replicação (tropismo) Tipo de condição patológica Vírus podem causar Infecções agudas transitórias: infecção cuja resposta imune montada contra o vírus é eficaz na eliminação do vírus. Pode-se ou não adquirir memoria imunológica. Infecções crônicas produtivas: quando o vírus se replica e o sistema imune não é efetivo em eliminar esse vírus, então a longo prazo leva a um quadro de inflamação crônica e pode ocorrer danos no tecido tanto pela degradação das células infectadas quanto pela própria ação das células imunes que tentam eliminar esse vírus mas não conseguem. Infecções crônicas latentes: vírus se replica, causa a doença, sistema imune age, consegue controlar a replicação e o quadro de infecção diminui, mas o vírus não é eliminado, apenas controlado, portanto esse vírus permanece dentro do corpo de forma latente, e então quando o sistema imune se altera de alguma forma ou ocorre uma mudança no perfil replicativo do vírus ele se reativa e volta a agir. Infecções transformantes: causada principalmente por vírus de DNA que precisam implantar seu material genético dentro do núcleo da célula hospedeira para começar a replicar, e nesse momento, o vírus acaba incorporando algumas porções de DNA da célula hospedeira modificando seu próprio DNA, o que pode levar a formação de oncogênes virais na célula do hospedeiro e isso se prolifera. Mecanismos de injuria viral Vírus é um microrganismo intracelular obrigatório. O mecanismo de injuria viral se dá pela penetração do vírus na célula e pela replicação viral. A predileção dos vírus em infectar determinadas células e não outras é denominada tropismo, e é determinada por diversos fatores Expressão de receptores para o vírus nas células do hospedeiro. Presença de fatores de transcrição celulares que reconhecem sequências virais amplificadoras e promotoras. Barreiras anatômicas. Temperatura, pH e defesas locais do hospedeiro. Mecanismos que direcionam o tropismo: Um grande determinante de tropismo tecidual é a presença de receptores virais nas células hospedeiras. Os vírus possuem proteínas de superfície celular específicas que se ligam a proteínas de superfície celular particulares das células hospedeiras. Determinado vírus possui proteínas expressas na sua membrana/envelope, que vão interagir com receptores específicos de células do hospedeiro, direcionando o tropismo desse determinado vírus. Quando o vírus entra na célula são necessários vetores de transcrição que vão reconhecer e iniciar tanto a amplificação do material genético, quanto promover a montagem de novas proteínas virais e novas partículas virais. Alguns vírus se utilizam de barreiras anatômicas encontradas no organismo para conseguirem se ancorarem. Quando se ancoram na célula, geralmente fazem a infusão do seu envelope na membrana plasmática da célula hospedeira e liberam seu capsídeo no citoplasma. Quando o capsídeo entra, ele se desencapsula para liberar o material genético e quando esse genoma viral é liberado, inicia uma síntese de novas proteínas virais. Essas proteínas virais são as principais responsáveis pela injuria viral. A injuria viral pode acontecer de algumas maneiras: Alguns vírus destroem as células por impedir a síntese de macromoléculas/proteínas pelo G Julia Paris Malaco – UCT14 hospedeiro através da produção de enzimas degradativas e proteínas tóxicas, ou pela indução da apoptose. O vírus consegue fazer com que a célula hospedeira pare de produzir o que é necessário pra ela, e passe a produzir somente o que é necessário para o próprio vírus, isso acaba desestabilizando a célula podendo levar a célula hospedeira a morte. Para montar uma nova partícula viral, alguns vírus precisam do reticulo endoplasmático que tem como função “empacotar” tudo e formar o envelope. Se tem muita coisa sendo feita pelo reticulo endoplasmático e ele não consegue dar conta de tudo, e isso acaba levando a um estado de stress do mesmo, causando liberação de proteínas sinalizadoras do stress, essas proteínas culminam na clivagem de caspase - enzima que atua ativando a via de morte por apoptose. Pode também ocorrer um acumulo de partículas virais dentro do citoplasma que não conseguem sair de maneira efetiva até que chega um momento que se tem lise da célula. Caso contrário, se houver muita saída de partículas virais ao mesmo tempo através da membrana plasmática pode causar lise celular por conta de um excesso de fusão da membrana. O sistema imune contribui através do linfócito T citotóxico que leva a morte da célula. Proteínas virais na superfície das células hospedeiras podem ser reconhecidas pelo sistema imune, e os linfócitos do hospedeiro podem atacar as células infectadas pelo vírus. Os linfócitos T citotóxicos (CTL) são importantes para a defesa contra infecções virais, mas os CTL também podem ser responsáveis pela injúria tecidual. Pode acontecer uma transformação de células infectadas em células tumorais benignas ou malignas. Diferentes vírus oncogênicos podem estimular o crescimento e a sobrevivência celulares por uma variedade de mecanismos, incluindo a expressão de oncogênes codificados por vírus, estratégias antiapoptóticas, ou mutagêneses insercionais (nas quais a função dos genes do hospedeiro é alterada por genes virais inseridos no genoma do hospedeiro). Rubéola Caso clinico Criança de 4 anos de idade, gênero masculino, apresentando febre, exantema maculopapular generalizado, acompanhado de linfadenopatia occipital e retroauricular há 3 dias. História de vacina completa. Diante deste caso, responda: 1. Qual a hipótese diagnóstica e quais características clínicas sugerem essa hipótese? Rubéola, por conta do exantema e da linfadenopatia occipital e retroauricular 2. Qual a diferença clínica com o Sarampo? As principais diferenças são que o sarampo apresenta sinal de koplik, tosse e fotofobia 3. Qual meio de tratamento e medidas de prevenção? Tratamento aplicado conforme os sintomas Prevenção: vacina tríplice viral Sobre a rubéola A rubéola é causada pelo vírus da rubéola – RNA vírus. É uma infecção aguda. Clinica Fase prodômica Dura de 2 a 3 dias Febre baixa Conjuntivite discreta, Julia Paris Malaco – UCT14 Coriza Enantema discreto Linfadenopatia retroauricular, cervical posterior e occipital (importante) Fase exantemática Dura em torno de 3 dias Exantema maculopapular rubeoliforme o Por ser rubeoliforme é mais claro, mais rosado, pápulas são mais isoladas, não formam placas o Progressão rápida crânio caudal o Descamação é mínima ou ausente 2/3 dos casos de rubéola são subclinicos Pode causar artralgia e artrite, principalmente em meninas Complicações Purpura trombocitopênica: reação autoimune com destruição de plaquetas (1/3000 pacientes) Encefalite (1/6000) Síndrome da rubéola congênita o Caracterizada pela tríade: catarata, surdez e cardiomiopatia congênita (maior incidência é PCA e estenose da artéria pulmonar) Tratamento Sintomático Prevenção Vacina tríplice viral o Em relação a vacinação: segundo o ministério da saúde “caso suspeito de rubéola é todo paciente que apresente febre e exantema maculopapular,acompanhado de linfadenopatia retroauricular occipital e cervical, independentemente da idade e situação vacinal” – nesses casos dar a vacina novamente. Sarampo Causado por paramixovirus RNA, é da mesma família do vírus sincicial respiratório. É uma infecção aguda. Pico de incidência: 5 a 10 anos de idade Agente etiológico: Measles morbillivirus Transmissão: gotículas respiratórias/aerossóis Gênero: Morbillivirus o Vírus de RNA com capsídeo helicoidal, ancorado ao capsídeo encontra-se a RNA polimerase – que faz a amplificação/cópia da sequência de nucleotídeos. o Além disso também encontram-se algumas proteínas de superfície (M, H, F) Patogenia A proteína H (presente na superfície do virus) interage com dois receptores de membrana específicos CD46: envolvido no sistema complemento, é expresso em todas as células do corpo SLAM: proteína que atua na via de ativação do linfócito T, é expresso em células imunes (preferência do vírus) Quando a proteína H se liga na molécula receptora, tem-se a ancoragem da proteína F (proteína de fusão) na membrana plasmática para que ocorra a fusão do envelope viral com a membrana plasmática da célula hospedeira. Após a fusão, é liberado o núcleo capsídeo dentro do citoplasma contendo o genoma viral. Esse núcleo capsídeo se desfaz, e então os RNA mensageiros começam a ser amplificados e traduzidos gerando a formação de proteínas de membrana, proteínas genômicas e proteínas do capsídeo. Quando se fala em sarampo, as proteínas de membrana se ligam na membrana plasmática da própria célula, o núcleo capsídeo se ancora nessa membrana plasmática e sai levando parte da membrana, levando a formação de um novo vírus Curso da doença Nos primeiros dias após infecção observa-se a presença de vírus nos linfonodos A partir do 5º dia, saem do linfonodo e alcançam a corrente sanguínea podendo acometer vários órgãos e tecidos A partir do 10 ao 15º dia de infecção, a pele começa a ser infectada, é a partir daí que o sistema imune começa a montar uma resposta efetiva contra esse virus No 20º dia geralmente, o quadro é resolvido Julia Paris Malaco – UCT14 Em casos de pacientes imunossuprimidos, a infecção do sarampo pode levar a um quadro de: o Crupe (IVAS o Pneumonia o Diarreia o Diarreia com enteropatia perdedora de proteína o Ceratite com cicatrização e cegueira o Encefalite o Exantemas hemorrágicos (“sarampo negro”). Sistema imune Resposta imune adaptativa – começa depois da primeira semana de infecção A partir do 9º dia observa-se: o Uma imunossupressão transitória, que pode levar ao surgimento de uma infecção bacteriana oportunista. o Aumento de linfócitos TCD4, que são responsáveis por estimular a produção de anticorpos A partir do 12º, 13º dia: o Aumento de linfócito TCD8 – citotóxico (principal para a destruição do vírus) o Começam a aparecer as erupções na pele o IgM começa a ser produzido, neutralizando as partículas virais Depois do 15º dia: o Aumento abrupto De IgG, que contribui para a memória imunológica a longo prazo. Clinica Fase prodômica Fase pré exantemática: criança está doente mas ainda não apresenta exantema – dura de 3 a 5 dias Febre alta Tosse Coriza Conjuntivite (com característica de fotofobia), Enantema – manifestação da doença na mucosa - sinal de koplik o Sinal de koplik: é patognômico de sarampo. São manchas esbranquiçadas no revestimento interno da bochecha - geralmente aparece nas últimas 24 horas da fase prodômica o Se dá por necrose, exsudato neutrofílico e neovascularização - vírus leva a abertura do ducto da glândula parótida, esse ducto de abre na frente dos pré molares. Como ocorre morte das células naquele local, forma-se um centro de necrose que leva a formação de manchas e de inflamação que resultam nesse sinal Fase exantemática Dura em torno de 3 a 5 dias Exantema maculopapular morbiliforme o Maculopapular – manchas com pequenas elevações (pápula é menor que 5 mm) o Morbiliforme – coloração mais escura, avermelhada, acastanhada. o Esse exantema tem um lenta progressão crânio caudal - geralmente começa na região posterior do pescoço, face retroauricular tórax, abdome, raízes da coxa restante do corpo, extremidades o Pápulas se concluem e começam a formar placas o No final da doença, as placas começam a descamar, como se a pele esfarelasse Não existe sarampo subclínico Alterações morfológicas O exantema macular marrom-avermelhado da infecção pelo vírus do sarampo na face, tronco e extremidades proximais é produzido por vasos dilatados da pele, edema, e um infiltrado perivascular mononuclear não especifico e moderado. Lesões mucosas ulceradas na cavidade oral, próximas a abertura dos ductos de Stensen (os pontos patognomônicos de Koplik), são marcadas por necrose, exsudato neutrofílico e neovascularização. Julia Paris Malaco – UCT14 Os órgãos linfoides tipicamente possuem marcada hiperplasia folicular, grandes centros germinativos, e células gigantes multinucleadas randomicamente distribuídas, denominadas de células Warthin-Finkeldey, as quais possuem corpos de inclusão eosinofílicos nucleares e citoplasmáticos. Linfonodos aumentados, causando hiperplasia folicular Células Warthin-Finkeldey Complicações Otite media aguda (mais comum) Pneumonia (mais grave) Encefalite (1 a 3 casos/1000) Tratamento Sintomáticos: hidratação, analgésicos, antipiréticos Vitamina A: fundamental para a integridade da mucosa, importante na melhora do prognostico da doença o É prescrita para pacientes com menos de 2 anos ou com casos graves da doença Prevenção Vacina tríplice viral Caxumba É uma infecção aguda, caracterizada por edema autolimitado e doloroso unilateral ou bilateral das glândulas parótidas ou de outras glândulas salivares que dura pelo menos dois dias e que não tem outra causa aparente. Agente etiológico: Mumps rubulavirus Família: Paramixovírus Gênero: Rubulavirus Vírus de RNA com capsídeo helicoidal, envelope e proteínas de membrana (M, HN, F, SH) Patogenia Infecta a mucosa oral pela ligação da proteína HN na célula, proteína H se liga ao receptor, ocorre a fusão da membrana e entrada de material genético do vírus dentro da célula infectada. Depois da mucosa oral, observa-se o vírus nos linfonodos acometendo tonsilas palatinas, linguais e faríngeas. Depois de passar pelas tonsilas o vírus consegue chegar a corrente sanguínea a vai fazer um tropismo para as glândulas salivares – principalmente a parótida – chegando na parótida começa a fazer lise das células causando descamação e inflamação no local. Tempo de incubação até o aparecimento na parotidea é de mais ou menos 19 dias Paciente apresenta edema, inchado e dor no local de acometimento. Além da glândula salivar, esse vírus pode infectar qualquer célula epitelial: Pode acometer os testículos, levando a orquite por caxumba – pode cursar com a parada de irrigação sanguiena do local causando esterilidade Pode acometer o pâncreas que causa pancreatite Pode acometer o tecido encefálico levando a encefalite Julia Paris Malaco – UCT14 Morfologia Na parotite por caxumba, que é bilateral em 70% dos casos, as glândulas afetadas estão aumentadas, possuem uma consistência pastosa, e são úmidas, brilhosas, e marrom- avermelhadas em cortes transversais. Ao exame microscópico,o interstício da glândula se encontra edematoso e difusamente infiltrado por macrófagos, linfócitos e plasmócitos, o que comprime os ácinos e ductos. Neutrófilos e debris necróticos podem preencher o lúmen ductal e causar dano focal ao epitélio ductal. Na orquite por caxumba, o inchaço testicular pode ser evidente, causado por edema, infiltrado de células mononucleares e hemorragias focais. Devido ao testículo ser firmemente contido pela túnica albugínea, o edema parenquimatoso pode comprometer o suprimento sanguíneo e causar áreas de infarto. A esterilidade, quando ocorre, é causada por cicatrizes e atrofia do testículo após resolução da infecção viral. No pâncreas rico em enzimas, as lesões podem ser destrutivas, causando necrose parenquimatosa e gordurosa e inflamação rica em neutrófilos. A encefalite por caxumba causa desmielinização perivenosa e formação de uma borda circundante mononuclear perivascular. Herpes vírus Caso clinico Mulher de 21 anos, da entrada no pronto socorro, com queixa, há 2 dias, de feridas dolorosas na vulva, com dificuldade para sentar, referiu também queimação e ardência nos grandes lábios. Data da última menstruarão há 15 dias, método anticoncepcional: contraceptivo oral; Antecedentes obstétricos: nuligesta. Ao exame dos órgãos genitais externos, são identificadas pequenas úlceras rasas, presença de vesículas, agrupadas, na face interna do pequeno lábio direito, dolorosas. 1. Qual a principal hipótese diagnóstica? Herpes tipo 2 2. Qual são os sorotipos? Ginecológico mais comum: tipo 2 Labial: tipo 1 3. Quais as características das lesões? Vesículas doloridas, com ardência, sem exsudato 4. Tratamento? Aciclovir Sobre o herpes vírus Vírus de DNA de fita dupla encapsulados por núcleo capsídeo icosaédrico, com envelope e proteínas de envelope. É uma infecção crônica latente Divididos em 3 grupos Grupo alfa o HSV-1 e HSV-2 – responsáveis pela formação de vesículas nas mucosas da boca e das genitália. o Vírus varicela zoster (VZV) – herpes zoster Grupo beta o Citomegalovírus, herpes humano 6 e 7 – infecção principalmente em linfócitos Grupo gama o Epstein-barr Herpes simples HSV-1 e HSV-2 diferem sorologicamente mas são geneticamente semelhantes e causam um quadro semelhante de infecções primárias e recorrentes. Esses vírus produzem infecções agudas e latentes. Ambos os vírus se replicam na pele e membranas mucosas no local de entrada do vírus (normalmente orofaringe ou genitália), onde eles produzem vírions infecciosos e causam lesões vesiculares da epiderme. Os vírus se disseminam para os neurônios sensoriais que inervam estes locais primários de replicação. Nucleocapsídeos virais são transportados ao longo de axônios para os corpos celulares neuronais, onde os vírus estabelecem infecções latentes. Durante a latência, o DNA viral permanece no interior do núcleo do neurônio, e apenas os produtos da transcrição do RNA viral associados à latência (LAT) são sintetizados. A reativação do HSV-1 e HSV-2 pode ocorrer repetidamente com ou sem sintomas, e resulta na disseminação do vírus dos neurônios para a pele ou membranas mucosas. Quadros de infecção aguda: lesão do tipo vesicular na epiderme, Quadros de infecção latente: infecta neurônios sensoriais e permanece dormente dentro do corpo celular do neurônio sensorial. Grande quantidade de proteínas que conferem viremia ao vírus Julia Paris Malaco – UCT14 Glicoproteínas C e B: ligam-se a receptores semelhantes a heparan sulfato nas células endoteliais, auxiliando na ancoragem Glicoproteína D: se liga a correceptores da família de proteínas do TNFR ou da família da nectina, auxiliando na fusão das membranas Glicoproteínas B, H, I, e L: abrem a membrana da célula, para que o núcleo capsídeo possa ser inserido. Nucleocapsídeo: penetra no citoplasma e diversas proteínas virais são liberadas do virion. Capsídeo: se liga ao núcleo da célula, injetando o DNA do vírus no núcleo. Replicação viral/ síntese de proteínas virais/ montagem do nucleocapsídeo Patogenia Algumas proteínas virais interrompem a síntese de proteínas do hospedeiro, levando a um acumulo de liquido dentro da célula causando lesões vesiculares. O sistema imune não consegue eliminar o vírus, então ele sai da célula infectada e passa a infectar neurônios sensoriais. No neurônio sensorial, ele migra e fica guardado no núcleo do corpo celular do neurônio sensorial. Quando o vírus entra no núcleo do neurônio sensorial, observa-se grande quantidade de RNA viral associado a latência e é ele que é responsável pela manutenção desse vírus em estado de latência. Herpes vírus tipo 1: ficam em estado de latência nos gânglios do nervo trigêmeo ou nos gânglios cervicais inferior e superior do sistema parassimpático Herpes vírus tipo 2: ficam em estado de latência nas raízes dos nervos sacrais (S2 a S5). Herpes genital: causada por herpes vírus tipo 2, é caracterizada por vesículas nas membranas mucosas genitais, assim como na genitália externa, que são rapidamente convertidas em ulcerações superficiais, margeadas por um infiltrado inflamatório. Até que o sistema imune consegue, ele contém esses vírus, quando ocorre alguma falha, as lesões aparecem novamente – vesículas cheias de liquido que tendem a se romper e formar crostas Complicações Pacientes imunocomprometidos pode apresentar: Gengivoestomatite Paroníquia herpética Ceratite herpética Herpes ocular Erupção variceliforme de kaposi Eczema herpético. Morfologia As células infectadas pelo HSV contêm inclusões intranucleares (Cowdry tipo A) grandes e rosa a arroxeadas, que consistem em vírions intactos e rompidos com a cromatina da célula do hospedeiro corada e empurrada para as margens do núcleo. Devido a fusão celular, o HSV também produz sincícios multinucleados contendo inclusões. Diagnostico diferencial Herpes Cancro mole Múltiplas ulceras Múltiplas ulceras Doloroso Doloroso Vesículas X Fundo limpo Fundo sujo, exsudato, amarelado Adenopatia – sem fistula Adenopatia – com fistula X Pode ter mal cheiro Cancro mole é tratado com antibiótico - pode ser: o Azitromicina 1g o Ciprofloxacina 12 em 12h por dois dias o Ceftriaxona intramuscular Herpes zoster Causada pelo vírus varicela zoster Disseminação hematogênica do vírus O paciente tem varicela (catapora), o sistema imune contem a replicação parando os sintomas mas não consegue eliminar o vírus do corpo, deixando o vírus em estado de latência no gânglio da raiz dorsal dos neurônios sensoriais. Quando acontece uma reativação da infecção viral leva a um quadro de herpes zoster. São erupções vesiculosas geralmente acometendo os queratinócitos presentes em um dermatomo especifico do neurônio sensorial onde o vírus ficou latente, também pode ter mais locais acometido. São frequentemente associadas a prurido intenso, queimação, ou dor aguda devido a radiculoneurite simultânea Julia Paris Malaco – UCT14 Herpes zoster é acompanhada de muita dor por uma estimulação que ocorre dentro do neurônio sensorial que é capaz de ativar as vias de dor a partir daquele neurônio. Essa dor é especialmente intensa quando os nervos trigêmeos são envolvidos; raramente, o núcleo geniculado está envolvido, causando paralisia facial (síndrome de Ramsay Hunt). Os gânglios sensoriais contêm um infiltrado denso, predominantemente mononuclear, com inclusões intranucleares herpéticas no interior dos neurônios e suas células de suporte O VZV também pode causar pneumonia intersticial, encefalite, mielitetransversa e lesões viscerais necrosantes, particularmente em pessoas imunossuprimidas. Varicela Herpes zoster Citomegalovírus Pode induzir defeitos congênitos graves Provoca amplo espectro de distúrbios em crianças maiores e adultos, variando desde infecção subclínica e assintomática, ou síndrome de mononucleose em indivíduos sadios, até doença disseminada em pacientes imunocomprometidos. Vírus de DNA, com nucleocapsídeo, envelope e proteínas de membrana Infecta uma variedade de células. Fica Latente nos monócitos e seus progenitores na medula óssea. Formas de transmissão: Transplacentária; Neonatal; Saliva; Contato sexual; Iatrogênica (transfusão de sangue ou transplante de órgãos contaminados) Patogenia Citomegalovírus infecta várias células imunes levando a uma imunossupressão transitória. Quando o vírus entra na célula, ele a manipula para que ela diminua sua expressão de MHC de classe 1 e 2 na superfície, para que essa célula não recrute outras células imunes fazendo com que não seja possível eliminar aquele vírus que está ali. Além disso produz homólogos dos receptores de TNF e de IL-10 que atuam como citocinas anti- inflamatórias impedindo a montagem de uma resposta citotóxica contra a célula infectada. Também produz moléculas homologas ao MHC de classe 1, porque se a célula não expressa MHC de classe 1 na membrana, a célula natural killer entende que ela esta infectada e alguém esta fazendo com que ela não expresse isso, então o próprio vírus induz a produção de uma molécula falsa de MHC de classe 1, para que a célula natural killer veja que esta tudo bem com a célula infectada e não interfira na atuação do vírus. Células afetadas Macrófagos e células dendriticas Glândulas: células epiteliais parenquimatosas Cérebro: neurônios Pulmões: macrófagos alveolares e as células epiteliais e endoteliais Rins: células epiteliais tubulares e endoteliais glomerulares. Morfologia Inclusões basofílicas intranucleares normalmente iniciadas da membrana nuclear por um halo claro. No interior do citoplasma há inclusões basofílicas menores também podem ser vistas. O CMV disseminado causa necrose focal com inflamação mínima em virtualmente qualquer órgão. Infecção congênita: 95% dos casos são assintomáticos porque o sistema imune da mãe age. Julia Paris Malaco – UCT14 Mãe com infecção primária (outros 5%): Inclusão citomegálica, nesses casos pode ocorrer o Retardo no crescimento intrauterino o Icterícia o Hepatoesplenomegalia o Anemia o Sangramento devido a trombocitopenia o Encefalite. o Em casos fatais: microcefalia e pode apresentar focos de calcificação. Infecções Perinatais: assintomática na maioria dos casos. Bebês podem desenvolver: Pneumonite intersticial Falha no desenvolvimento Exantema cutâneo Hepatite Mononucleose por Citomegalovírus Febre Linfocitose atípica Linfadenopatia Hepatomegalia (anormalidade nos resultados de testes de função hepática). Indivíduos Imunossuprimidos Pulmões (pneumonite) o Caracterizada por: um infiltrado intersticial mononuclear com focos de necrose. o Progressão: síndrome da angústia respiratória aguda. Observa-se extravasamento de liquido e fribrina pro espaço alveolar, dificuldade na troca gasosa Trato gastrointestinal (colite) o Necrose e ulceração intestinais podem ser extensas, levando a formação de pseudomembranas e diarreia debilitante. Hepatite B Agente etiológico: HBV Família: hepadnavírus o vírus de DNA fita dupla, com capsídeo, envelopado, no núcleo encontra-se DNA polimerase e vários antígenos do envelope, dentre eles o HBSAG que é o antígeno utilizado para a detecção da infecção no paciente. Transmissão: Percutânea; Perinatal; Sexual Patogenia Esse vírus não leva a lise da célula e não consegue se esconder da reposta imune. O dano gerado por esse virus se dá mais pela resposta montada pelo linfócito T do que pela presença do vírus em si. O vírus se ancora na célula, entra e começa a se proliferar, se a resposta imune é leve e efetiva o quadro se resolve sem danos maiores. Se a reposta é exacerbada causa muitos danos na célula levando ao quadro de inflamação crônica e substituição da célula/tecido infectado por tecido conjuntivo fibroso. Nesse quadro, o fígado desenvolve uma hepatite crônica, com inflamação linfocítica, hepatócitos apoptóticos resultantes de morte mediada por linfócitos T citotóxicos, e destruição progressiva do parênquima hepático. O vírus infecta principalmente hepatócitos, que morrem por apoptose causando necrose, que vai levando a substituição dos cordões de hepatócitos por tecido fibroso e junto com isso um amplo infiltrado inflamatório de células mononucleares – linfócitos T citotóxicos – a longo prazo isso pode evoluir pra cirrose hepática e aumento do risco de carcinoma hepatocelular Epstein-barr O EBV causa a mononucleose infecciosa, uma desordem linfoproliferativa benigna e autolimitante. A mononucleose infecciosa é caracterizada por febre, linfadenopatia generalizada, esplenomegalia, dor de garganta, e o aparecimento no sangue de linfócitos T ativados atípicos (células da mononucleose). Algumas pessoas desenvolvem hepatite, meningoencefalite e pneumonite. A mononucleose infecciosa ocorre principalmente em adolescentes ou adultos Julia Paris Malaco – UCT14 jovens de classes socioeconômicas altas em nações desenvolvidas. No resto do mundo, a infecção primária por EBV ocorre na infância e é normalmente assintomática. Patogenia O EBV é transmitido por contato humano próximo, frequentemente pela saliva durante o beijo. Uma glicoproteína do envelope do EBV se liga ao CD21 (CR2), o receptor para o componente C3d do complemento, presente nas células B. A infecção viral se inicia nos tecidos linfoides nasofaríngeos e orofaríngeos, particularmente nas tonsilas. Tanto por meio de uma infecção transitória do epitélio como pela transcitose para a submucosa, o EBV ganha acesso aos tecidos linfoides submucosos. Aqui, a infecção das células B pode tomar uma de duas formas. Em uma minoria de células B existe infecção produtiva, com lise de células infectadas e liberação de vírions, os quais podem infectar outras células B. Na maioria das células B, o EBV estabelece uma infecção latente. Durante a infecção latente, um pequeno número de genes do EBV é expresso e eles estão envolvidos no estabelecimento da latência. Os produtos gênicos incluem EBNA1, o qual liga o genoma do EBV aos cromossomos, mediando a persistência e manutenção epissomais, e o EBNA2 e a proteína latente de membrana 1 (LMP1), os quais direcionam a ativação e proliferação de células B. A LMP1 parece atuar através da ligação a fatores associados ao receptor para TNF, e ativa as vias de sinalização que mimetizam a ativação de células B pelo CD40, o qual está envolvido em respostas normais de células B. O EBNA2 estimula a transcrição de muitos genes da célula do hospedeiro, incluindo genes que direcionam a entrada no ciclo celular. As células B ativadas então se disseminam na circulação e secretam anticorpos com diversas especificidades. Os anticorpos heterófilos se ligam a antígenos que diferem dos antígenos que os induziram. Os sintomas da mononucleose infecciosa aparecem no início da resposta imune do hospedeiro. A imunidade celular mediada por células T citotóxicas CD8+ e células NK é o componente mais importante dessa resposta. Os linfócitos atípicos encontrados no sangue, tão característicosdessa doença, são basicamente células T citotóxicas CD8+ específicas para o EBV, mas também incluem células NK CD16+. A proliferação reativa de células T está largamente centrada nos tecidos linfoides, os quais são responsáveis pela linfadenopatia e esplenomegalia. Precocemente no curso da infecção, são formados anticorpos IgM contra os antígenos do capsídeo viral; mais tarde, são formados anticorpos IgG que persistem por toda a vida. Em pessoas de outra forma saudáveis, as respostas humorais e celulares totalmente desenvolvidas ao EBV atuam como freios para a liberação viral, resultando na eliminação de células B expressando todo o complemento dos genes associados à latência do EBV. Entretanto, o EBV persiste ao longo da vida em uma pequena população de células B em repouso nas quais a expressão de genes do EBV é limitada ao EBNA1 e LMP2. Em hospedeiros com defeitos adquiridos da imunidade celular (p. ex., Aids, transplante de órgãos), essa proliferação pode progredir através de um processo de múltiplos passos para linfomas de células B associados ao EBV. O EBV também contribui para o desenvolvimento de alguns casos de linfoma de Burkitt, no qual uma translocação cromossômica (mais comumente uma translocação 8:14) envolvendo o oncogene c- myc é o evento oncogênico crítico Julia Paris Malaco – UCT14 Clinica Febre, dor de garganta, linfadenite e as outras características mencionadas anteriormente. Apresentações atípicas são comuns, e incluem mal-estar, fadiga e linfadenopatia, levantando o espectro de leucemia ou linfoma; uma febre de origem desconhecida sem linfadenopatia significativa ou outros achados localizados; hepatite assemelhando-se a uma das síndromes virais hepatotrópicas; ou um exantema febril se assemelhando a rubéola. Diagnóstico O diagnóstico depende dos seguintes achados (em ordem crescente de especificidade): Linfocitose com os linfócitos atípicos característicos no sangue periférico Uma reação de anticorpos heterófilos positiva (teste por monospot) Anticorpos específicos para antígenos de EBV (antígenos do capsídeo viral, antígenos precoces, ou antígeno nuclear do Epstein- Barr). Na maioria dos pacientes, a mononucleose infecciosa se resolve dentro de 4 a 6 semanas, mas às vezes a fadiga dura mais tempo. Morfologia O sangue periférico apresenta linfocitose absoluta; mais de 60% das células brancas são linfócitos. Entre 5% e 80% destes são linfócitos atípicos grandes, de 12 a 16 μm de diâmetro, caracterizados por um citoplasma abundante contendo múltiplas vacuolizações claras, um núcleo oval, entalhado ou dobrado, e grânulos citoplasmáticos azurofílicos dispersos. Esses linfócitos atípicos, a maioria dos quais expressa CD8, são suficientemente distintos para sugerir fortemente o diagnóstico. Linfócitos atípicos na mononucleose Os linfonodos estão tipicamente distintos e aumentados por todo o corpo, principalmente nas regiões cervical posterior, axilar, e da virilha. Ao exame histológico a característica mais notável é a expansão das áreas paracorticais por células T ativadas (imunoblastos). Ocasionalmente, podem ser encontradas células B infectadas pelo EBV, que se assemelham as células de Reed-Sternberg (as células malignas do linfoma de Hodgkin). A proliferação de células T é, algumas vezes, tão exuberante que é difícil de distinguir a morfologia nodular daquela vista nos linfomas malignos. O baço está aumentado na maioria dos casos, uma expansão dos folículos da polpa branca e dos sinusoides da polpa vermelha, devido a presença de numerosas células T ativadas. No fígado, tem-se hepatomegalia moderada Complicações Mais comum: disfunção hepática notável com icterícia, níveis elevados de enzimas hepáticas, distúrbio de apetite, e raramente até mesmo insuficiência hepática. Outras complicações envolvem o sistema nervoso, rins, medula óssea, pulmões, olhos, coração e baço. Em imunodeprimidos pode causar linfoma de células B. O EBV também causa uma outra forma distinta de linfoma, denominada de linfoma de Burkitt, particularmente em certas localizações geográficas. Consequências desafortunadas também ocorrem em indivíduos que sofrem de síndrome de linfoproliferação ligada ao X (também conhecida como doença de Duncan), uma desordem causada por um defeito em um gene, SH2D1A, que é expresso primariamente nas células T citotóxicas e células NK. O SH2D1A (também denominado de SAP) participa de uma via de sinalização crítica para uma resposta celular eficaz contra as células B infectadas pelo EBV. A falha em controlar a infecção pelo EBV variadamente leva a mononucleose infecciosa crônica, agamaglobulinemia, e linfoma de células B, cada um dos quais se mostra fatal em cerca de um terço dos pacientes.
Compartilhar