1 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA AS PAISAGENS DA CIDADE: arqueologia da área central da Porto Alegre do século XIX. Beatriz Valladão Thiesen Trabalho apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre no Curso de Pós-Graduação em História, área de concentração em Arqueologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, sob a orientação do Pro. Dr. Arno Alvarez Kern. Porto Alegre, setembro de 1999. 2 Para Waldemar Thiesen, meu avô (em memória daquelas manhãs quando andávamos pela cidade do Rio Grande e eu, ainda menina, podia ouvir as histórias que ele contava sobre as construções antigas, as lápides do cemitério ou as bancas do mercado. Mais tarde, no seu escritório, aprendia que os objetos – o barômetro, o tinteiro, o relógio de parede, as moedas e os selos das coleções – contavam sobre gentes que haviam feito tantas coisas) e, também, para Fernando Lopes Thiesen, meu pai e Zoah Valladão Thiesen, minha mãe. Porque me ensinaram o prazer e a importância de conhecer o que passou. E porque me mostraram, com o exemplo de suas vidas, que é preciso abrir os próprios caminhos, romper os próprios limites ...e tantas vezes recomeçar. (“Quando abrir a porta e assomar à escada, saberei que lá embaixo começa a rua; não a norma já aceita, não as casas já conhecidas, não o hotel em frente; a rua, a floresta viva onde cada instante pode jogar-se sobre mim como uma magnólia, onde os rostos vão nascer quando eu os olhar, quando avançar mais um pouco, quando me arrebentar todo com os cotovelos e as pestanas e as unhas contra a pasta de tijolo de cristal, e arriscar minha vida enquanto avanço passo a passo para ir comprar o jornal na esquina.” Julio Cortázar) Aos meus filhos Guilherme (“A mim ele ensinou-me tudo. Ele me ensinou a olhar para as coisas. Ele me aponta todas as cousas que há nas flores E me mostra como as pedras são engraçadas Quando a gente as tem na mão E olha devagar para elas.” Fernando Pessoa) & Vitória (“Obrigada, meninazinha, por esse olhar confiante Belo teu beijo como uma estrelinha... Há muito que eu não me sentia assim, tão bem comigo...” (Mário Quintana) ...que me ensinaram a ser feliz. 3 AGRADECIMENTOS A todas as pessoas que foram envolvidas por mim neste trabalho, sou grata. Embora seja um tanto injusto não mencionar todas, gostaria de expressar meu particular reconhecimento a algumas. Minha gratidão é especial para com a arqueóloga Me. Fernanda Tocchetto, com quem me encontrei, depois de muitos anos, num domingo de primavera de 1996 no Brique da Redenção. Foi ela quem me incentivou a voltar para a Arqueologia, foi ela quem primeiro me mostrou como poderia ser interessante fazer um estudo de Arqueologia Histórica Urbana. Os primeiros textos e as primeiras idéias desenvolvidas neste trabalho foram discutidos com ela. E nossas discussões duraram o tempo que durou esta pesquisa (e há de durar muito mais). Trabalhamos, percorremos muitas ruas, tomamos muito café (ela chá) juntas. Ela apresentou- me pessoas, abriu espaços, facilitou todas as coisas. Agradeço por tudo isto, e, acima de tudo, pela sua grande generosidade e amizade: aquela, para todas as horas. Muitas pessoas deram-me boas idéias e me forneceram excelente bibliografia, em especial o arqueólogo Luiz Cláudio Symanski, a quem sou muito grata. Algumas outras, além de me conseguirem textos excelentes, discutiram os capítulos comigo e, muito mais que colegas, foram grandes amigos: aos arqueólogos José Alberione Reis, Martial Pouguet, Maria Farias, Cristiane Oliveira da Costa e Sérgio Ozório, agradeço críticas e sugestões mas, sobretudo, a amizade traduzida no interesse, disponibilidade e nos “bons conselhos”. 4 Houve aquelas que supriram minha falta de conhecimento ou agilidade em alguns ramos: agradeço à fotógrafa Daniela Terra Vasquez pelas fotos das casas e a Pedro Ramos pelas da Planta Cadastral de 1895, à Mirian Carle pela digitação de grande parte do texto e montagem final deste trabalho, a Cesar Kieling pela finalização gráfica dos mapas e ao Diogo Menezes da Costa pelas tabelas e gráficos. Sou muito grata ao Professor Dr. Klaus Hilbert, não só pela bibliografia, pelas dicas e boas idéias, mas também por ter me encorajado a vencer uma certa fobia em relação aos computadores, o que favoreceu a obtenção de informações que não teriam sido possível obter de outra forma, de maneira tão rápida. Um reconhecimento especial deve ser dado ao meu orientador, Professor Dr. Arno Alvarez Kern, responsável pela organização dos primeiros cursos de extensão em Arqueologia na PUCRS, na década de 1980 e, subseqüentemente, pela organização desta área de concentração dentro do curso de Pós-Graduação nesta Universidade, que forneceram, em um, as primeiras noções do nosso ofício e, em outro, a necessária qualificação para exercê-lo. Agradeço, ainda, a orientação dada a esta pesquisa e a sua confiança em mim como pesquisadora, depois de tantas idas e vindas. Meu reconhecimento estende-se às secretárias do curso e do CEPA, Rosana Sanches, Carla Carvalho Pereira e Márcia Lara da Costa, sempre prontas a quebrar algum galho. Ao Museu Joaquim José Felizardo, agradeço todo apoio institucional e aos seus funcionários, as informações, a disponibilidade e toda ajuda que me concederam. Essas pessoas fizeram com que o trabalho de pesquisa se tornasse mais ameno e mais interessante. 5 Sou muito grata, ainda, ao pessoal da EPAHC, pelas informações que me forneceram e aos funcionários do Arquivo Público Municipal e do Arquivo Histórico Moisés Velhinho, pela paciência que tiverem em explicar “n” vezes o funcionamento e organização das coisas. Agradeço a CAPES, pela bolsa que me concedeu, viabilizando, o curso e a pesquisa. Seria extremamente injusto deixar de reconhecer o trabalho e a dedicação de Eliane Luft: por seu carinho e atenção para com os meus filhos durante as minhas ausências, por algum café quentinho no meio de uma tarde fria e, até, por ter se prontificado a copiar um documento, quando eu não podia faze-lo, minha gratidão. Quero agradecer, finalmente, aos meus pais, pelo esforço que realizaram para segurar a barra do dia a dia, com apoio material e emocional, pela confiança e pelo incentivo. Sem eles, certamente, este trabalho teria sido impossível. 6 ABREVIATURAS: AHMV – Arquivo Histórico Moisés Velhinho APM – Arquivo Público Municipal CPM – Código de Posturas Municipais FSB – Fototeca Sioma Breitman MCSHJC – Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa MJJF- Museu Joaquim José Felizardo SMOV – Secretaria Municipal de Obras e Viação 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 10 1. A CONSTITUIÇÃO E EXPANSÃO DA PAISAGEM URBANA DE PORTO ALEGRE........................................................................................................................ 43 2. OS LUGARES............................................................................................................