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Questão Formação Histórica do Brasil

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O golpe militar de 1964 foi uma consequência inevitável da conjuntura política da época ou havia alternativas? Discuta.
Embora as explicações estruturalistas baseadas em fatores econômicos e políticos tragam uma perspectiva de inevitabilidade do golpe militar de 1964 tal qual este se configurou, Argelina Figueiredo traz outras alternativas ao realizar um revisionismo histórico do período. Em suas palavras:
"A estrutura do conflito político e os limites impostos pela situação econômica certamente dificultavam muito a resolução de conflitos substantivos dentro do quadro institucional vigente. Ainda assim, não era impossível, desde o início, uma solução negociada" (FIGUEIREDO, 1993, 187)
Partindo desse pressuposto, a autora apresenta três alternativas que convergiriam para a coexistência de democracia e reformas, ao contrário da completa ausência de ambas, como se deu. São estas:
1. "Alguma democracia" e reformas radicais: no caso de João Goulart dispondo de apoio nacionalista advindo da classe militar e confiança proveniente da esquerda política para com suas reformas propostas (agrária, urbana, eleitoral etc.)
2. "Alguma democracia e alguma reforma": mais próximo do que foi de fato buscado pelo presidente, neste cenário teria havido a implementação de reformas moderadas - alinhadas com manifestações e greves sendo reprimidas -, ganhando-se assim apoio do espectro da centro-direita. Também havia a alternativa de Jango trocar sua proximidade de bases sindicais por uma dos militares e do próprio Congresso Nacional. 
3. Reformas moderadas e democracia vigente: aqui, Argelina argumenta duas possibilidades. A primeira conjuntura seria enquanto o parlamentarismo se apresentava, no qual reformas graduais poderiam ter sido aprovadas. E a segunda no momento pós-plebiscito, no qual havia uma janela de oportunidade para que reformas mais amplas fossem de fato aprovadas. 
Cumpre sinalizar, também, uma conclusão apresentada pela própria autora e que contribuiu para que nenhum destes cenários se concretizassem de fato: a disposição em apoiar soluções antidemocráticas por parte dos dois espectros políticos, interessados sobretudo nas reformas que atendiam aos seus próprios interesses. 
Assim, embora a própria natureza do desafio historiográfico nos deixe a mercê de cometer situações como o anacronismo, parece-nos que de fato haviam alternativas e que um golpe não era estritamente a única solução possível no momento, embora tenha sido a mais conveniente. Cabe a reflexão de que a que custo um desenvolvimento econômico pode ser justificado, visto que a economia deveria desenvolver para atender a demandas tais quais a instituição de direitos sociais, cercear direitos políticos, civis e estes próprios não deveria ser uma alternativa considerada plausível em situação alguma. 
Referência: 
· Democracia ou Reformas? Alternativas democráticas à crise política: 1961-1964, Argelina Cheibub Figueiredo. Editora Paz e Terra, 1993.

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