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Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre INTRODUÇÃO O termo “desenvolvimento” tem sido o mais utilizado para abranger os vários aspectos interligados que caracterizam a evolução dinâmica do ser humano a partir da sua concepção, ou seja, é o processo de construção da identidade humana, resultante da interação entre as influencias biológicas, a história de vida e seu contexto cultural e social. A genética é um fator determinante para o desenvolvimento humano, porém, o meio ambiente – interação com os fatores ambientais – é crucial para alcançar sua potencialidade, logo, é fundamental que ocorra ampla e adequada variação de estímulos e experiências, para favorecer todo o seu potencial. ▪ O sucesso depende da integridade dos vários órgãos e sistemas (principalmente do sistema nervoso que participa de toda ordenação funcional); o O tecido nervoso cresce e amadurece, tendo o desenvolvimento das sinapses nos primeiros anos de vida (2-3 anos); o Nesse período é mais vulnerável a agravos de natureza diversa (ex. meningite, trauma) que interfiram no desenvolvimento, mas também é nesse período que a criança melhor responde aos estímulos e intervenções devido a sua grande plasticidade. O desenvolvimento compreende alguns domínios de função interligado: ▪ Sensorial; ▪ Motor (grosseiro e fino); ▪ Linguagem (corporal também); ▪ Social (dissociar da família); ▪ Emocional; ▪ Cognitivo; ▪ Adaptativo. PREVALÊNCIA ▪ Estima-se que 1 em cada 8 crianças tenha alterações do desenvolvimento; ▪ Segundo a OMS, 200 milhões de crianças abaixo de 5 anos tem desenvolvimento abaixo do seu potencial; Obs.: Ainda ocorre atraso no diagnóstico, mesmo nas crianças regularmente acompanhadas. Crescimento (físico, é o aumento do tamanho) e desenvolvimento (capacidade funcional) ocorrem de forma mútua. A evolução se dá em uma sequência fixa, mas em ritmo variável. A direção da evolução é céfalo-caudal, crânio-caudal (cima para baixo), e próximo-distal (dentro para fora). AVALIAÇÃO Processo contínuo – rotineiro e sistemático que devem acontecer em todas as visitas de puericultura – de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de crianças para detecção precoce de desvios e atrasos. A avaliação é feita de forma individualizada e compartilhada com a família, ou seja, é necessário respeitar a particularidade de cada criança, até porque não existem limites fixos de desenvolvimento, além de levar em conta o contexto psicossocial que a criança está inserida. A meta da avaliação é verificar se a criança acompanha o potencial adequado para a idade, ou, caso não tenha atingido, identificar precocemente crianças em risco e intervir. ▪ Fatores de risco para distúrbios do desenvolvimento: Ausência de pré-natal, problemas na gestação, prematuridade, baixo peso ao nascer, icterícia grave, hospitalização no período neonatal, doenças graves (ex.: meningite, traumatismo craniano e convulsões), parentesco entre os pais, casos de deficiências ou doença mental na família (principalmente na mãe durante a gestação), fatores de riscos ambientais (ex.: violência doméstica, drogas e álcool), além de alterações físicas (ex.: perímetro cefálico e presença de alterações fenotípicas). O momento da avaliação também serve para estimular e ensinar aos pais ou responsáveis. ▪ Caderneta de saúde da criança: Disponibiliza uma sistematização para vigilância do desenvolvimento e isso permite acompanhar aquisição dos principais marcos do desenvolvimento, tanto os médicos como os pais. Pediatria Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre MARCOS DO DESENVOLVIMENTO São referências usada para acompanhar o desenvolvimento. Idade/tempo que são analisados os marcos do desenvolvimento. ▪ Recém-nascido; ▪ Lactente: 3, 6, 9, 12, 18 e 24 meses; ▪ Dos 3 aos 7 anos; ▪ Após: Avaliação das funções corticais superiores e desempenho escolar. Tabela disponível na caderneta da criança sobre os marcos de desenvolvimento, como analisar, classificar e a conduta que deve tomar: NEURODESENVOLVIMENTO MOTOR A primeira musculatura a ser controlada é a ocular, depois há o controle progressivo da musculatura para sustentação da cabeça e depois do tronco. Por volta do 3º trimestre, a criança adquire a posição ortostática, garantindo as primeiras tentativas de engatinhar. Algumas crianças andam sem ter engatinhado, e isso não indica anormalidade. ▪ Grosseiro: Pega um objeto com a mão inteira; ▪ Fino (dependente da visão): Quando objeto é pego com a mão, como se fosse uma pinça. COGNITIVO ▪ Aprendizagem; ▪ Linguagem (dependente da audição): Oral e corporal: o Pelos 2-3 meses, há gritos (vogais); o Pelos 6 meses, há lalalismos (ex. lala, papa, mama); o Fala: Só quando o bebê tem a intenção de falar. PSICOLÓGICO ▪ Comportamento. REFLEXOS ▪ Marcha reflexa: Até 2° mês; ▪ Reflexo de Galant (encurvamento do tronco ao apoiar a mão no tronco do bebê): Até 2° mês; ▪ Reflexo de Busca: Até o 3° mês; ▪ Sucção reflexa: Até o 4° mês; ▪ Preensão palmar: Até o 4° mês; ▪ Reflexo de Moro: Até o 6° mês; ▪ Reflexo tônico-cervical assimétrico: Até o 6° mês; ▪ Reflexo extensor cutâneo plantar: Até o 10° mês; ▪ Preensão plantar: Até o 12° mês. RECÉM-NASCIDO O que esperar do recém-nascido? ▪ Reflexos profundos (tono): o Hipertonia flexora dos 4 membros; o Hipotonia axial (de cabeça para baixo, com os braços e pés soltos); o Hiper-reflexia profunda. Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ Reflexos primitivos: Todos presentes no RN a termo, já os bebês prematuros podem não ter desenvolvido ainda; ▪ Funções cerebrais superiores: Pode seguir objetos com os olhos, iniciando a corticalização. 3 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Iniciando hipotonia fisiológica; ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Sucção, Moro, mão-boca, preensão palmar, preensão plantar, cutâneo-plantar extensor; o Desapareceram: Marcha reflexa, apoio plantar, tônico- cervical assimétrico/esgrimista; ▪ Equilíbrio estático: Firma o pescoço; ▪ Equilíbrio dinâmico: Movimenta a cabeça; ▪ Coordenação: Junta as duas mãos na linha média (centro do corpo); ▪ Funções corticais superiores: Fixa o olhar, sorri socialmente, atende ao som com procura da fonte emissora, além de reconhecer a voz dos cuidadores, e usa vogais (gorjeio, ex.: aa). 6 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Hipotonia fisiológica importante e reflexos profundos semelhantes ao adulto (ex. cubital, patelar); ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Preensão plantar e cutâneo plantar extensor; o Desaparecem: Sucção, preensão palmar, moro e mão- boca; ▪ Equilíbrio estático: Senta com apoio, iniciando sem apoio; ▪ Equilíbrio dinâmico: Muda de decúbito (rodar); ▪ Coordenação: Retira pano do rosto e preensão voluntária (pegar de forma grosseira); ▪ Funções cerebrais superiores: Atende pelo nome, demonstra estranheza diante de desconhecidos, localiza o som lateralmente e usa vogais associadas a consoantes. 9 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Hipotonia fisiológica em declínio; ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Preensão plantar e desaparecendo o cutâneo plantar extensor; ▪ Equilíbrio estático: Senta sem apoio e fica na posição de engatinhar; ▪ Equilíbrio dinâmico: Engatinhar (nem todas as crianças) e pode andar com apoio; ▪ Coordenação: Pega objetos em cada mão e troca, preensão manual de (pinça superior em escada); ▪ Funções cerebrais superiores: Localiza o som de forma indireta para cima e para baixo – Palavras de sílabas repetidas com significado (primeiras palavras) palavras-frase. 12 MESES ▪ Reflexos profundos (tono): Semelhantes ao do adulto; ▪ Reflexos primitivos: o Presentes: Preensão plantar e em desaparecimento cutâneo-plantar extensor; ▪ Equilíbrio estático: Em pé com apoio;▪ Equilíbrio dinâmico: Iniciando a marcha sem apoio; ▪ Coordenação apendicular: Pinça superior individualizada (dedão com dedão); ▪ Funções cerebrais superiores: Localiza a fonte sonora direto para baixo e indireto para cima, usa palavras corretamente e produz jargão. 2 ANOS ▪ Aprimoramento dos movimentos e equilíbrio; ▪ Sobe e desce escada; ▪ Fala mais de 10 palavras; ▪ Começa a correr; ▪ Pula com 2 pés; ▪ Inicia controle de esfíncteres. TREINAMENTO ESFINCTERIANO Deve ser feito com 36-39 meses (limite de 42 meses – 3 anos e meio), quando a criança se conscientiza sobre sua própria necessidade de eliminar urina e fezes (sinais de prontidão), estando apta a ser “treinada”, e não forçada. ▪ Recomenda-se que as crianças não sejam forçadas a iniciar o processo de treinamento até que apresentem sinais de prontidão, ex.: o Obedecer a sinais simples; o Reconhecer o sinal de fazer xixi (Obs.: o controle da evacuação, em geral, precede o controle da micção); Anna Beatriz Fonseca | MED UNIFTC 2020.2 – 3º semestre ▪ É recomendado somente o uso de elogios para reforços, e desencoraja o uso de recompensas de doces e bem materiais, além disso, não deve brigar com a criança quando ela não fizer no lugar correto (ex. pinico); Motivos de insucesso do treinamento: ▪ Aproximadamente 2% a 3% das crianças apresentam problemas durante o processo do treinamento esfincteriano e isso acontece, em geral, quando iniciado na ausência de sinais de prontidão ou quando falta de homogeneidade na orientação por parte de um dos pais; ▪ O treinamento deve ser feito no ambiente em que a criança convive, e não em vários lugares (ex.: casa + casa do avô). Passos para o sucesso do treinamento esfincteriano: 1. Procurar por sinais de prontidão; 2. Falar sobre o banheiro com a criança; 3. Escolher o pinico ou o vaso sanitário com redutor de assento e apoio dos pés adequado a criança; 4. Escolher o momento certo; 5. Demonstrar o método; 6. Realizar o reforço positivo; 7. Lidar com naturalidade e paciência; 8. Ensinar higiene adequada. AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ▪ Anamnese; ▪ Exame neurológico; ▪ Escalas. INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ▪ Teste de Gesell; ▪ Teste de triagem Denver II (muita utilizada pelos neurologistas); ▪ Escala de desenvolvimento infantil de Bayley; ▪ Albert Infant Motor Scale; ➢ Caderneta da criança: De acordo com esses testes foi montado a caderneta, onde tem o nome do marco do desenvolvimento, quais são eles e com quantos anos a criança deve atingi-lo, deve ser marcado da seguinte maneira: o P: Marco presente; o A: Marco ausente; o NV: Marco não verificado. Ex.: Marcos de desenvolvimento do 0-6 meses na caderneta da criança: Apresentação dos marcos + a maneira que os pais ou responsáveis devem analisar/estimular os marcos + a idade esperada para atingi-lo. QR Code: Caderneta da criança – 2020 Brasil: Respectivamente, da menina e do menino.
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