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BCMOL I Citologia Lucas Silva ▪ As membranas são capazes de gerar potencial de ação (corrente elétrica/química) e de transmitir esse potencial ao longo de sua membrana. ▪ A bicamada lipídica é formada por fosfolipídios com proteínas integradas ▪ As proteínas podem ser: o Integral: proteínas em que a cadeia polipeptídica atravessa completamente a bicamada lipídica (unipasso ou multipasso). o Periféricas: proteínas que não atravessam a membrana e estão acopladas a membrana na região extracelular ou intracelular. ▪ Enzimática: catalisam reações na membrana plasmática, muitas das vezes para facilitar a entrada alguns metabolitos nas células. (ex. lactase) ▪ Identificação: Proteínas do complexo MHC (histocompatibilidade) que funcionam como a identidade das células. Ou seja, auxilia no reconhecimento dos tipos celulares (muscular, epitelial, neuronal, etc.) e no agrupamento das células semelhantes. Obs.: Essas proteínas são diferentes em todos os seres humanos, logo, quando alguém recebe um órgão transplantado há sempre uma grande probabilidade de haver rejeição desse órgão devido ao não reconhecimento daquelas células, uma vez que o complexo MHC é diferente. A compatibilidade entre doador e receptor só demostra a similaridade entre essas proteínas, elas não são completamente iguais e o risco de rejeição sempre existe → uso de corticoides. ▪ Estabilização: Auxiliam as células dando estabilidade e resistência a membrana plasmática (ex. distrofina, presente nas células musculares). ▪ Receptor: proteínas que agem como receptores de membrana para determinadas moléculas, como hormônios e neurotransmissores. ▪ Canal iônico: são proteínas integrais que auxiliam na passagem de íons pela membrana celular, porém essa passagem ocorre sem a necessidade de interação química entre os canais e os íons. Apenas íons básicos (Na+, Ca2+, K+) são capazes de atravessar esses canais. ▪ Transportador: auxiliam funcionando como transportadores de membrana, auxiliando na passagem de diversas substancias entre os meios intra e extracelular. Esse mecanismo depende da substancia e para isso, é preciso que a proteína transportadora reaja quimicamente (interações fracas) com as moléculas a serem transportadas. Obs.: Nas membranas dos neurônios existem as proteínas príons, que a sua ausência provoca a degeneração da MP neuronal, ocasionando a morte rápida dos neurônios (Doença de Creutzfeldt- Jakob). ▪ Especifico: deixa passar apenas um tipo especifico de íon. ▪ Inespecífico: deixa passar mais de um tipo de íon, porém íons com a mesma carga (negativos ou positivos, nunca negativo e positivo juntos). Atenção: Todas as células do corpo apresentam um canal iônico que possibilita a passagem simultânea de sódio, cálcio e potássio, mesmo existindo canais específicos para cada um deles. Obs.: Quem determina o fluxo direcional dos íons é o gradiente de concentração no meio extra e intracelular. Potenciais Membrana de BCMOL I Citologia Lucas Silva ▪ Vazamentos: permanece a maior parte do temo aberto. É o mesmo canal de passagem inespecífico de sódio, cálcio e potássio, porém esse canal de vazamento, apesar de permitir a passagem dos três íons é muito mais permeável ao íon potássio (K+), uma vez que, apesar do Na+ possui menor diâmetro ele atrai muito mais água do que o potássio (devido ao maior campo elétrico na borda do átomo, ao contrário de potássio – força elétrica é inversamente proporcional ao quadrado do raio). Obs.: A camada de solvatação em torno do íon é que vai determinar a maior permeabilidade ou não ao canal iónico. o 90% de permeabilidade ao potássio o 8% de permeabilidade ao sódio o 2% de permeabilidade ao cálcio ▪ Canal controlado: Passa a maior parte do tempo fechados e são abertos através de estímulos específicos de abertura. ▪ Dependente de ligando: São estimulados pela ligação direta com uma substancia especifica em uma região de sítio ativo nas proteínas canais. Existe um local especifico no meio extracelular para a ligação dessa substância ativadora. Enquanto a substancia não está ligada ao canal este permanece fechado. Ex. Acetilcolina, que se liga a proteínas do sarcolema das fibras musculares para desencadear a contração muscular. Receptores nicotínicos: são canais iônicos presentes nas fibras musculares para poder manter o prolongamento da contração muscular, cuja abertura é acionada apenas por duas moléculas de acetilcolina. Se apenas uma acetilcolina se ligar ele não abre. Obs.: 95% dos casos o ligando (substância) é um neurotransmissor, mas também pode ser um hormônio. ▪ Dependente de fosforilação: Ocorre quando, na parte interna (intracelular) das proteínas canais existem regiões de ligações para fosfato e os canais são abertos a partir da fosforilação desses canais. Ex. Uma substância (neurotransmissor ou hormônio) se liga ao receptor e ativa a proteína G. A proteína G ativa uma enzima que gera um segundo mensageiro (AMPc) que vai ativar outra enzima, uma quinase que tem a função de adicionar fosfato no canal, fazendo ele abrir. ▪ Dependente de estiramento: Ocorre quando existem filamentos ligados aos canais de passagem, que ao sofrerem estímulos provocam o estiramento desses filamentos e a abertura dos canais iônicos. Ex. Esse mecanismo ocorre na cóclea (orelha) que possui células ciliadas receptoras da audição. ERRO NA FIGURA: OS FILAMENTOS DEVERIAM ESTAR NO MEIO EXTRACELULAR. BCMOL I Citologia Lucas Silva ▪ Dependente de voltagem: Entre o meio interno e o meio externo existe uma diferença de voltagem especifica de -70mV (potencial de repouso) e a modificação nessa voltagem (por outros mecanismos de passagem para íons, como estiramento) provoca a abertura desses canais quando se atinge um valor limiar (valor mínimo para abrir os canais). ▪ Em condições normais de repouso da membrana o meio interno é mais negativo que o meio externo (mais positivo). ▪ O valor limiar de voltagem varia de acordo com as células e os tipos de canais de voltagem. Atenção: Não é qualquer variação que provoca essa abertura, a variação tem que ser suficiente para atingir o valor limiar. Quando atinge o limiar o canal se abre. Canal de sódio controlado por voltagem: ▪ Podem ser encontrados em três estágios: Fechado, mas ativável; aberto; fechado, mas inativável. 01. Estado fechado, porém, ativável: ocorre quando a membrana se encontra com a voltagem abaixo do valor limiar (-60mV). Quando estimulamos essa membrana se ela não chegar ao valor limiar ela retorno ao potencial de repouso, e quanto mais intensamente for o estimulo mais perto fica do valor limiar. Quando a célula chega ao um valor de -45mV (hipotético), o canal se abre, pois o limiar foi atingindo e ultrapassado. 02. Estado aberto: Quando o potencial de membrana ultrapassa o valor limiar e os canais dependentes de voltagem são abertos, eles permanecem abertos durante 0,3ms e em seguida o canal se torna fechado e inevitável. 03. Fechado e inativado: ocorre quando o tempo de abertura cessa e o canal é fechado de forma inativável. O canal só volta a ficar fechado e ativável quando o potencial de repouso vai sendo recuperado para o valor inicial e após ultrapassar o valor limiar (-60mV) ele volta ao estado fechado, mas ativável. Resumindo: Antes de atingir o limiar o canal está fechado, mas ativável, quando atinge ele permanece aberto por três milissegundos e depois fecha ficando fechado e inativável. Depois de fechar ele vai retornando ao valor inicial e nesse retorno, quando passar do valor limiar, ele volta a ser fechado, mas ativável. Obs.: O retorno natural ao potencial de repouso é provocado pela bomba de sódio e potássio e o tempo em que o canal permanece aberto é sempre o mesmo, independente do valor de potencial atingido.O canal de cálcio voltagem dependente é exatamente igual ao de sódio. Canal de potássio voltagem dependente: ▪ Apresenta dois estágios: ▪ Repouso: O canal permanece fechado enquanto o potencial está abaixo do valor limiar (-60mV). Quando o potencial de membrana ultrapassa (e assim que atingir) o limiar o canal se abre. ▪ Aberto: Quando o potencial de membrana está acima do limiar o canal permanece aberto enquanto o potencial estiver acima do seu limiar. Não há tempo de abertura. Só é fechado quando o potencial retorna a um valor abaixo do seu limiar. Atenção: O movimento de um íon independe de outro íon. O tempo de abertura do canal depende da sua estrutura e a concentração dos íons não interfere nisso. Obs.: Os canais dependentes de voltagem apresentam o mesmo limiar em uma célula. O valor pode variar entre as células, porem em cada uma delas o valor será o mesmo. BCMOL I Citologia Lucas Silva A concentração de potássio é maior no meio intracelular. A concentração de sódio é maior no meio extracelular. A concentração de cálcio é maior no meio extracelular. A concentração de cloro é maior no meio extracelular. Substancias que afetam a abertura do canal: ▪ Passivo: não há gasto de energia (sem quebra de ATP) ▪ Difusão simples: atravessa livremente a bicamada lipídica. ▪ Difusão facilita: ocorre por auxilio de proteínas transportadoras ou canais. ▪ Ativo: há gasto de energia (quebra ATP) Bomba de sódio-potássio ▪ É fundamental na geração dos gradientes de concentração. ▪ A proteína da bomba apresenta dois locais para ligação de potássio e três para ligação de sódio. ▪ A bomba Na+-K+ (ATPase-Na+-K+) só é ativada a partir da presença de três sódios, após a entrada do terceiro sódio, a bomba, que também é uma enzima (ATPase), quebra o ATP e sofre autofosforilação. ▪ Essa fosforilação provoca alteração na estrutura do canal que muda de conformação, essa nova conformação diminui a afinidade com o sódio, liberando-o no meio extracelular e aumenta a afinidade com o potássio. ▪ A ligação dos dois potássios provoca a liberação do fosforo (desfosforilação) e a mudança conformacional da bomba, que retorno ao estado inicial e libera o potássio para o meio intracelular. ▪ Esse mecanismo explica as diferenças de concentração desses íons nos meios intracelular e extracelular. Atenção: A presenta de canais de vazamento na membrana impede que essas concentrações apresentam uma diferença muito grande. Logo, há a liberação dessas substâncias se elas estiverem em excesso. Até chegar o momento do equilíbrio entre o que está sendo colocado para fora pela bomba e o que está vazando pelos canais de vazamento, assim, a célula para de expelir essas substâncias BCMOL I Citologia Lucas Silva ▪ É a diferença de voltagem existente entre o meio interno e externo da célula que permanece inalterado se a célula não for perturbada. ▪ No meio interno há excesso de cargas negativas e no meio externo há excesso de cargas positivas. ▪ Efetivamente, a bomba de sódio-potássio não é o elemento que gera a maior parte do potencial de repouso. ▪ Os íons podem se locomover através da membrana pela influência de duas forças: do gradiente químico e elétrico. Determinantes do potencial de repouso: 1. Deve existir um gradiente de concentração (químico) para pelo menos um determinado íon, entre os dois lados da membrana. Dentro da célula deve haver uma determinada concentração e fora deve haver outra concentração. 2. A membrana deve ser bastante permeável para o íon no qual existe o gradiente de concentração. (potássio é o mais permeável) ▪ O potencial de repouso surge e fica estável quando as forças geradas pelo gradiente químico (de concentração) e o gradiente elétrico se igualam. A MEMBRANA É IMPERMEAVEL A ÍONS, A PASSAGEM DESSES OCORRE SOMENTE COM PROTEÍNAS CANAIS. ▪ É uma pequena variação na voltagem da membrana que nunca chega a inverter a sua polaridade. NUNCA OCORRE INVERSÃO DA POLARIDADE ▪ O estimulo pode ser despolarizante, quando a diferença entre o meio interno e externo diminui ou hiperpolarizante, quando a diferença entre o meio interno e externo aumenta. Características do potencial local: ▪ É graduado, ou seja, a sua voltagem depende da intensidade do estimulo. Essa variação pode ser tanto para mais quanto para menos. ▪ Se propaga de forma decremental (decrescente), ou seja, o potencial ao longo que caminha pela membrana diminui sua voltagem. ▪ Esse potencial é utilizado para gerar o potencial de ação, isso porque para chegar ao potencial de ação é preciso chegar ao valor limiar primeiro. ▪ É uma grande alteração na voltagem da membrana que provoca a inversão da sua polaridade. o Repouso: meio interno negativo e meio externo positivo. o Potencial de ação: meio interno positivo e meio externo negativo. ▪ O potencial de ação apresenta duas características: o É um fenômeno tudo ou nada o Uma vez gerado o PA, ele se propaga por toda a membrana com a mesma voltagem. ▪ Para uma célula gerar PA a célula precisa ter, pelo menos dois dos canais: o Sódio dependente de voltagem o Potássio dependente de voltagem o Calcio dependente de voltagem BCMOL I Citologia Lucas Silva ▪ O potencial de ação só é gerado quando o potencial local, causado por algum estimulo (estiramento ou ligando), ultrapassa o valor limiar. Após o valor limiar é PA. ▪ É a fase na qual ocorre a inversão da polaridade. ▪ Quando atinge o limiar abrem-se rapidamente os canais de sódio, que levam 0,3ms aberto, e lentamente, os canais de potássio que duram mais tempo abertos. ▪ A fase de despolarização é provocada pele entrada excessiva de sódio na célula através dos canais de sódio voltagem dependentes. Isso começa a inverter a polaridade entre os meios intra e extracelular. O intervalo de tempo entre o limiar e o pico da despolarização dura exatamente 0,3ms. ▪ O sódio é o responsável pela despolarização a partir da entrada dele na célula – sódio dependente de voltagem. ▪ É a fase na qual a polaridade da membrana está voltando ao repouso (estado inicial) com o meio intra negativo e o meio extra positivo. É provocado pelo fechamento dos canais de sódio e a completa abertura dos canais de potássio voltagem dependentes. ▪ A fase de repolarização só termina quando a voltagem da membrana retorna ao potencial de repouso. ▪ A fase de repolarização é provocada pela saída massiva de potássio através dos canais de potássio voltagem dependente. ▪ É aquela na qual a voltagem da membrana fica além do valor de repouso. Ou seja, a voltagem da membrana ultrapassou o potencial de repouso e aumentou a diferença entre o meio intra e extracelular. ▪ É provocado pelo potássio, uma vez que os canais de potássio voltagem dependente demoram tanto para abrir quanto para fechar. Os canais ficam abertos enquanto a voltagem não estiver abaixo do valor limiar. o potencial de ação sempre tem o mesmo aspecto, independe dos estímulos iniciais gerando pelo potencial local. ▪ Mecanicamente: Através de um canal dependente de estiramento. ▪ Quimicamente: Através de um canal dependente de ligando. ▪ Eletricamente: Através da submissão a uma corrente elétrica. o Corrente catódica: corrente formada por íons negativos (se dirigem ao catodo positivo). o Corrente anódica: corrente formada por íons positivos (se dirigem ao ânodo negativo). Atenção: Externamente, a aplicação de uma corrente catódica provoca despolarização, uma vez que a corrente é formada por íons negativos e a parte externa da membrana é positiva. Porém a aplicação de uma corrente anódica, formada por íons positivos, na parte externa da membrana, que também é positiva, ocorre hiperpolarização. Internamente, aplicando-se uma carente catódica provoca hiperpolarização e a aplicação deuma corrente anódica provoca despolarização. BCMOL I Citologia Lucas Silva ▪ Membrana externa (+): o Corrente anódica (+) → hiperpolarização o Corrente catódica (-) → despolarização ▪ Membrana interna (-): o Corrente anódica (+) → despolarização o Corrente catódica (-) → hiperpolarização Condução contínua: Ocorre na ausência de bainha de mielina. ▪ Mecanismo: A geração do primeiro potencial de ação, através de uma corrente catódica, externamente, provoca a despolarização da membrana a partir da abertura dos canais de sódio dependentes de voltagem. Logo, a entrada de sódio no meio intracelular funciona como uma corrente anódica, gerando a despolarização do meio intracelular, provocando a abertura de novos canais de sódio dependentes de voltagem. A entrada desses íons sódio ao longo da célula a cada novo potencial vai provocando novos potenciais de ações, que vão se propagando continuamente sobre a membrana do neurônio. ESSA PROPAGAÇÃO OCORRE EM BLOCOS. Condução saltatória: Ocorre na presença de bainha de mielina. ▪ Sob a mielina não existem canais de sódio e potássio dependentes de voltagem. ▪ Ocorre no mesmo mecanismo da condução continua com a diferença de que o sódio que entra na célula não consegue sair nas regiões de mielina, eles saem apenas nos nódulos de ranvier, que é onde ocorre a despolarização, e quando ele sai gera um novo potencial com a abertura de novos canais de sódio dependentes de voltagem. Dessa forma, a despolarização e a condução do potencial ocorrem de nódulo em nódulo e isso acelera o processo de condução. BCMOL I Citologia Lucas Silva Atenção: O sódio caminha nos dois sentidos do axônio, mas isso não gera potencial de ação quando volta porque quando a corrente volta encontra os canais de sódio no estado fechado e inativado. A corrente só vai ativar nos locais onde os canais de sódio estão fechados, mas ativável. Obs.: Em todas células do corpo, exceto nos neurônios, a condução ocorre de forma contínua. Atenção: Quem isola os axônios nos nervos são as células de schwann e quem isola os axônios no sistema nervoso central são os oligodendrócitos. ▪ Esclerose múltipla: doença autoimune em que o individuo produz anticorpos que destroem a mielina e isso prejudica a condução do potencial de ação. ▪ Síndrome de Guillain-Barré: ocorre destruição da mielina do SNP produzido pelas células de schwann.
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