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Alterações ECG Sobrecargas - Sobrecarga pode ser por hipertrofia ou por dilatação das câmaras cardíacas → somente distinguível pelo ECG. Muitas vezes, coexistem. - As alterações podem ser visualizadas de três formas: - A câmera pode levar mais tempo para se despolarizar, aumentando a duração da onda; - A câmara pode gerar mais corrente, aumentando a amplitude da onda; - Uma maior quantidade de corrente pode se movimentar através da câmara, desviando o eixo da onda (vetor elétrico médio). Sobrecarga atrial - Avaliada a partir da onda P; - As melhores derivações para analisar a onda P são DII e V1. - O atraso na condução atrial direita, por sobrecarga, pode levar a um aumento na amplitude (B); enquanto o atraso na condução atrial esquerda pode levar ao aumento na duração da onda P (C). Sobrecarga atrial direita (SAD) - Culmina em aumento da amplitude; - O quadro clássico avalia-se nas derivações DII e V1 e é chamado de P pumonale. A amplitude da onda P deve ser maior que 2,5 mm em DII. A: normal; B: SAD - Outros critérios podem ser a parte positiva da onda P em V1 > 1,5mm de amplitude, além de desvio de eixo para a direita. - Causas: Persistência do canal atrial, cor pulmonale ou hipertrofia/ dilatação de VD. Sobrecarga atrial esquerda (SAE) - Alterações mais aparentes nas derivações inferiores. - Onda P é chamada de P mitral, porque a causa mais comum é derivada de válvula mitral. - Ocorre aumento na duração da onda P. - O diagnóstico requer parte negativa da onda P > 0,04s. A: normal; B: SAE. Sobrecarga ventricular - O alvo da análise é o complexo QRS, em várias derivações. Sobrecarga ventricular direita (SVD) - Pode acontecer em pacientes com hipertensão pulmonar, estenose pulmonar, cor pulmonale. - Vários critérios existem para o diagnóstico, mas não são muito sensibilidade e especificidade altas. Um deles é: Desvio do eixo QRS para entre + 90º e +180º. - Isso reflete dominância do VD. - Nas derivações precordiais direitas (V1 e V2) há aumento da amplitude da onda R e diminuição da onda S. Antes, é preciso excluir outras causas, como Bloqueio de ramo direito, IAM na parede posterior, cardiopatia hipertrófica e padrão Wolff-Parkinson- White. - Outro critério: Onda R em V1 + S de V5 ou V6 > 10,5 mm. Nesse caso, ao invés de a amplitude da onda R aumentar quando se analisa de V1 a V5 (normal), ela vai diminuir à medida que se aproximar do VE. De igual forma, a onda S em V1 é pequena e a onda S de V6 é grande. Em V1, a onda R é maior que a onda S. Em V6, é ao contrário. - Outros critérios são: R em V1> 6mm; Relação R/S em V1>1; Relação S/R em V6>1. Sobrecarga ventricular esquerda (SVE) - Causas: insuficiência mitral ou aórtica sustentada, cardiomiopatia dilatada ou cardiomiopatia hipertrófica. - SAE é um sinal para SVE. Por conta de a dificuldade da corrente elétrica atravessar o VE sobrecarregado, a amplitude da corrente vai estar aumentada na SVE. - Critérios principais: • Critério Sokolow-Lyon: onda S em V1 + onda R em V5 ou V6 (onde for mais alto) >= 35mm; • Critério de Cornell: onda R em aVL + onda S em V3> 28mm em homens e >20 mm em mulheres. • Escore de Romhilt-Estes: um sistema de pontuação, em que 4 pontos indicam SVE provável, sendo diagnóstico com 5 pontos. - Exemplo: Nesse caso, por Sokolow-Lyon, tem-se que amplitude da onda R em V6 + onda S em V1 > 35 mm. Ainda, é visível que a onda R aumenta à medida que se aproxima das derivações esquerdas, junto com a diminuição da S. - Para determinar a gravidade, pode-se usar o Padrão de Strain, no qual ocorre rebaixamento do segmento ST e onda T negativa e assimétrica em V5 e V6 ou aVL e DI. Bradicardias - FC < 60 bpm. - Podem ser regulares ou irregulares. Autonômicas - Representadas pela síncope neurocardiogênica e pela síndrome do seio carotídeo. Em ambas, a bradiarritmia acontece por ação do sistema nervoso autônomo (SNA), mesmo sem lesões no sistema excito-condutor. A síncope neurocardiogênica decorre de estímulos como dor, estresse, sangramento, parada súbita de esforço físico etc. Na síndrome do seio carotídeo, mais comum em idosos, tem-se o comprometimento da parede das artérias, que provoca hipersensibilidade dos barorreceptores. Assim, o estiramento ou a compressão das artérias toracocervicais promovem bradicardia intensa e vasodilatação. Disfunção do nó sinusal (DNS) - Sintomas: fadiga, tontura, palpitações, pré-síncope, dispneia e desconforto no peito. - Causas: podem ter origem funcional, farmacológica ou orgânica. Para orgânica → degeneração e destruição das células P, de transição e de Purkinje, por doenças como coronariopatias e doenças infiltrativas. No ECG, a onda P é facilmente visível, positiva em DI e DII, antecedendo todo QRS, o qual é estreito. Além disso, possui equidistância entre as ondas R e um intervalo PR menor que 0.02s. Bloqueio atrioventricular (BAV) - Mesmo com funcionamento sinusal normal, pode exigir marcapasso. É diagnosticado por meio da relação entre a onda P e os complexos QRS. Bloqueio de primeiro grau - Pode ser fisiológico - Localiza-se, majoritariamente, no nó AV e pode estar associado a processos inflamatórios, isquêmicos farmacológicos, geralmente, reversíveis. É caracterizado como um retardo prolongado na condução pelo nó AV ou feixe de His. A onda de despolarização fica mais tempo no nó AV, resultando num prolongamento do intervalo PR. - Diagnóstico: • Intervalo PR > 0,02s fixo; • Onda P sucedida por um QRS; - OBS: importante se atentar à idade e FC do paciente. Bloqueio de segundo grau - Presença de onda P que não conduz QRS. - É dividido em Mobitz tipo I (fenômeno de Wencke- bach), Mobitz tipo II, BAV 2:1 e BAV avançado ou de alto grau. Mobitz Tipo I - Sua principal causa é, normalmente, bloqueio dentro do nó AV. - Diagnóstico exige: • Presença de onda P que não conduz QRS; • Aumento gradual do intervalo PR; • Após onda P que não conduz, PR encurta novamente. - Deve-se caracterizar a razão da condução do BAV em relação à quantidade de ondas P geradas e quantas conduzem. No exemplo acima é um BAV 4:3. Mobitz Tipo II - É uma bradicardia maligna, na qual os intervalos PR são constantes, porém chega uma hora que a onda P é bloqueada. - Diagnóstico: • Presença de onda P que não conduz QRS; • Intervalor PR constantes; BAV 2:1 - As ondas P conduzidas e não conduzidas aparecem de forma alternada. É difícil de classificar, porque a onda T pode acabar sendo interpretada como onda P. Então, é difícil diferenciar de BAVT. É maligna se não responder à atropina e benigna se responder. BAV de alto grau ou avançado - É uma bradicardia maligna; - Duas ou mais ondas P não conduzidas consecutivas. Bloqueio de terceiro grau ou Total (BAVT) - Ocorre ausência de condução entre os átrios e os ventrículos. - Localização: quase sempre na junção atrioventricular na forma congênita e no feixe de His e nos ramos do sistema His-Purkinje na forma adquirida. - Nos casos “pré-hisianos” → QRS estreito e frequência ventricular mais alta; - Nos casos “pós-hisianos” → frequência mais baixa e QRS largo. - Nenhuma onda P conduz QRS; - Intervalo entre as ondas P constantes; Bloqueios de Ramo - São considerados bloqueios intraventriculares → alteram o traçado do complexo QRS. - Causas: alterações estruturais do sistema His-Purkinje e do miocárdio ventricular ou funcionais, por conta do período refratário relativo de parte do sistema de condução. Bloqueio de ramo direito (BRD) - Condução pelo ramo direito está obstruída. - Causas: cardiopatia isquêmica, cardiopatia chagásica e hipertensão pulmonar. - O paciente cursa com despolarização ventricular direita retardada, se expressando com QRS alargado >= 0,12s. - É possível ver as ondas R e S iniciais quando o ventrículo esquerdo sedespolariza, mas, à medida que o direito começa sua despolarização tardia, o eixo elétrico se desvia agudamente para a direita. Isso inscreve uma segunda onda R, chamada de R’, nas derivações V1 e V2. Esse complexo é chamado de RSR’. Em V1 é possível observar que o VE se despolariza (onda S) e logo após o VD se despolariza também (onda R’). Já em V6, a onda R representa a despolarização do VE e a onda s alargada, a pequena despolarização ventricular D atrasada e lenta, sentida por essa derivação. Em V1 ainda é possível visualizar a inversão da onda T. - Critérios para análise: - Principais causas de BRD: • Cardiomiopatia isquêmica – insuficiência coronariana. • Cardiomiopatia chagásica. • Miocardite. • Envelhecimento e esclerose do sistema de condução. • Cardiomiopatia valvar. • Cardiomiopatia hipertensiva. • Cardiopatias congênitas – principalmente as relacionadas com defeito do septo interventricular. • Patologia com aumento da pressão do VD (cor pulmonale, TEP). • Forma idiopática (coração normal). Bloqueio de ramo esquerdo (BRE) - A despolarização do VE que está retardada. - Incidência aumenta com a idade. - Causas: cardiopatia isquêmica, cardiopatia hipertensiva e miocardiopatia dilatada. - QRS está alargado >= 0,12s. - O complexo QRS em condições normais, nas derivações do ventrículo esquerdo (DI, aVL, V5 e V6), apresentam as ondas R altas pela despolarização do maciço VE. No BRE, pelo retardo na despolarização, haverá um acentuado prolongamento na elevação das ondas R nas derivações do VE, provocando um topo alargado ou entalhado. Assim, pode-se visualizar um padrão R puro em V6. As derivações do ventrículo direito (V1 e V2) irão mostrar ondas S recíprocas profundas e largas, podendo aparecer o padrão rS ou qS em V1. Por ser tão dominante, o VE pode desviar o eixo para esquerda. - Critérios para análise: • QRS alargado com duração > 0,12 s como condição fundamental. • Ausência de Q em DI, aVL, V5 e V6. • Ondas R alargadas e com entalhes e/ou empastamentos médio-terminais em DI, aVL, V5 e V6. • Onda R com crescimento lento de V1 a V3, podendo ocorrer QS. • Ondas S alargadas com espessamentos e/ou entalhes em V1 e V2 • Eixo elétrico de QRS entre –30° e +60°. - Significado clínico: relacionado com cardiopatia estrutural, envelhecimento e/ ou doença de condução do coração. Cursa com antecedentes de HAS, cardiomegalia. Associação com desvio de eixo está relacionada com pior prognóstico. - Causas: • Cardiomiopatia hipertensiva. • Hipertrofia do ventrículo esquerdo. • Miocardite. • Envelhecimento e esclerose do sistema de condução. • Cardiomiopatia valvar. • Cardiomiopatia isquêmica – insuficiência coronariana. • Cardiomiopatia chagásica. • Endocardite bacteriana. • Intoxicação por fármacos (digital). • Hipercalemia. • Forma idiopática (coração normal). Distúrbios Eletrolíticos Distúrbios de potássio - A hipercalemia é grave. - Concentração sérica normal: entre 3,5 e 5 mEq/L. - Aumento crítico → superior a 6,5 mEq/L. - Os maiores acometidos são pacientes com insuficiência renal aguda. - No ECG, tem-se onda T apiculada, pode até parecer onda P do IAM. A diferença é que no IAM essas ondas só ficam assim nas derivações que correspondem à parede acometida e na hipercalemia as alterações são difusas. Hipercalemia leve: ondas T apiculadas e de base estreita; Moderada: Achatamento da onda P, intervalos PR prolongado, QRS largo, além da onda T apiculada. Grave: ausência de onda P, QRs largo, que acaba se mesclando com a onda P → padrão senoide. - Hipocalemia: [] sérica menor que 3,5 mEq/L. - Etiologia: aumento da excreção renal desse íon e por perda gastrointestinal. - No ECG: depressão do segmento ST, achatamento da onda T e aparecimento da onda U (V4 a V6). A onda U é melhor visualizada em derivações anteriores. Ainda não é certeza, mas pode representar repolarização tardia do sistema His Purkinje ou das células M no meio do miocárdio. - Causas: Uso de antiarrítmicos, doenças de SNC, pode ser fisiológica. Distúrbios de cálcio - Na forma livre→ cálcio iônico → participa da condução do impulso nervoso, da contração muscular e dos mecanismos de coagulação. Afetam intervalo QT a princípio. - Pode ser encontrado ligado às proteínas plasmáticas, como a albumina. - Hipercalemia: [] sérica do íon é maior que 1,3mmol/L. - Sintomas: constipação, fadiga, depressão, poliúria, astenia, anorexia, confusão, torpor, déficit de concentração. - Causas: majoritariamente, neoplasia maligna e hiperparatireoidismo primário. - No ECG: intervalo QT encurtado. Também pode acontecer diminuição da duração ou elevação da amplitude, com subida abrupta da porção inicial da onda T. Intervalo QT curto (<0,36s), principalmente secundário a uma diminuição na duração do segmento T. A porção inicial da onda T apresenta uma subida abrupta. - Hipocalemia: ocorre quando o nível sérico for inferior a 1,15mmol/L. - Causas: afecções que diminuem a Produção de Paratormônio (PTH) por comprometimento da paratireoide, por deficiência ou resistência a vitamina D, por sequestro de cálcio etc. - Consequência: aumento da permeabilidade da membrana celular ao sódio → hiperexcitação tecidual → câimbras, parestesia periférica, laringoespasmo, convulsões e crises de tetania. - No ECG: prolongamento do intervalo QT. Alterações medicamentosas Digitálicos - Em níveis terapêuticos → Efeito digital → depressão do segmento ST, com achatamento e inversão da onda T → é normal e previsível, não sendo necessária a suspensão do fármaco. É melhor visualizado em derivações de ondas R altas. - Intoxicação por digital → pode ocorrer bloqueios de condução e taquiarritmias→ Pode requerer uma intervenção clínica → pode ocorrer bloqueio da saída sinusal ou supressão completa do nó SA. Por reduzir a condução pelo nó AV, podem causar também BAVs de primeiro, segundo e até terceiro graus. Além disso, como aumentam o comportamento automático de todas as células condutoras cardíacas, todas as arritmias podem ser causadas. A combinação de taquicardia atrial paroxística com bloqueio AV de segundo grau (geralmente BAV 2:1) é o distúrbio de ritmo mais característico da intoxicação digitálica.
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