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Aula 3 - Ferimentos e cicatrização

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FERIMENTOS 
1. Conceito 
Lesões das partes moles ocasionadas por traumas, originados 
de energias de vários tipos, como a mecânica, física ou 
química, o que resulta num dano tecidual com ou sem perda 
de solução de continuidade. Essa perda gera prejuízos à 
integridade da pele e aos tecidos. A dissipação da energia está 
diretamente relacionada à força e inversamente à área, ou seja, 
se houver aplicação de uma força muito grande em uma área 
muito pequena, haja grande dissipação de 
2. Classificação 
• Morfologia e mecanismo 
✓ Incisos ou cortantes (dissipação de energia em uma 
pequena área, provocando divulsão das células no 
local que foi atingido). Provocado por agentes 
cortantes (faca, bisturi), com bordas nítidas, 
geralmente regulares, possui no meio da ferida uma 
maior profundidade. 
 
✓ Contusos (dissipação de energia em uma grande área, 
promovendo não apenas dor na área que foi atingida, 
mas nas regiões próximas também – fechar a porta do 
carro com dedo entre a porta e o automóvel) 
✓ Corto-contundentes (grande dissipação de energia 
em uma área que promoveu divulsão celular da área 
e dor em outras – criança que bate o queixo, corta 
sente dor em toda a região inferior da face, energia de 
explosões). 
✓ Perfurantes (ocasionados por uma energia baixa em 
áreas pequenas por objetos como a ponta da faca, 
projétil de arma de fogo, espeto de churrasco, agulha) 
✓ Perfurocortantes (mesma ideia dos perfurantes, mas 
o objeto seria toda a faca). 
✓ Perfurocontuso (arma de fogo – orifício de entrada é 
perfurante e pode haver dissipação para mais áreas). 
✓ Lacerações (energia grande que é capaz de romper e 
remover tecidos) 
 
 
 
 
 
 
✓ Lacero-contundentes (energia tão grande que 
promove o “arranca pedaço”, há perda tecidual e 
promove dor na região proximal – machadada na 
mão, acidentes em empresas como metalúrgicas, 
siderúrgicas, pode ser por compressão ou tração, 
apresenta bordas irregulares). 
Ferimentos e cicatrização 
Bases Técnicas de Cirurgia e Anestesiologia – aula 3 
 
Nicole Sarmento Queiroga 
Figura 4. Lesão perfurante em pé direito por meio de prego. 
Figura 2. Lesões cortantes com caudas de escoriações em 
abdome e tórax por meio de faca. 
Figura 3. Lesão corto-contusa em queixo. 
Figura 5. Lesão perfurocortante em flanco direito. 
Figura 6. Lesão perfuro-contusa por projétil de arma de fogo, 
provocando equimoses regionais. 
Figura 7. Lesão por laceração. 
 Figura 1. Lesão cortante. 
 
✓ Escoriações (ferimentos superficiais em que, muitas 
vezes, rompe apenas a camada epidérmica, não 
atingindo a derme) 
✓ Equimoses (promove rompimento de vaso nos 
tecidos, dissipando-se, formando manchas 
arroxeadas, sem romper o tecido epidérmico – não 
muda a coloração ao ser pressionado e tem caráter 
plano, o eritema ao ser pressionado tem alteração de 
cor) 
 
 
 
 
✓ Hematomas (equimose não plana) 
✓ Bossas sanguíneas (bolsa de sangue) 
 
CICATRIZAÇÃO 
1. Conceito 
Sequência de reações celulares e bioquímicas que se iniciam 
após a agressão tecidual, sendo um processo mister para a 
sobrevivência dos seres vivos. A cicatrização funciona para o 
reparo de feridas, o que é diferente da regeneração tecidual. O 
reparo ocorre pela substituição do tecido lesado por outro que 
não seja o de origem, sendo tecido cicatricial. A regeneração 
ocorre em alguns locais do corpo humano e faz a substituição 
pelo mesmo tecido por meio de células pluripotentes que se 
diferenciam, ocorre apenas nos planos superficiais como a 
epiderme, por meio da proliferação e migração de 
queratinócitos da membrana basal, como queimaduras de 
primeiro grau e regeneração hepática. 
2. Classificação 
• Primário ou por primeira intenção 
Há intervenção por meio de suturas e pontos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Secundário ou por segunda intenção 
Espera a cicatrização espontânea. 
 
• Terciário, tardio ou por terceira intenção 
Necessidade de espera de cicatrização inicial – formação do 
tecido de granulação – e retirada para realização do 
fechamento com pontos. 
 
 
 
 
• Fases da cicatrização 
✓ Inflamatória 
Vai até o 2º dia, podendo durar 7. É a fase em que há lesão 
tecidual (celular e endotelial) pelo agente agressor. Após a 
lesão, ocorre a vasoconstrição para reduzir o fluxo sanguíneo 
na área lesada e evitar a perda de sangue e degranulação 
plaquetária para formação de trombos, além da liberação de 
citocinas como PDGF, TGF-β, IGF-1, aumento da 
permeabilidade dos capilares e ativação de vias de coagulação. 
Na região afetada há a quimiotaxia, em que os leucócitos são 
as primeiras células atuarem por meio da produção de enzimas 
citotóxicas e proteolíticas e pela atração dos macrófagos para 
o local de cicatrização. Ao chegar, o macrófago dá início a sua 
Figura 8. Escoriação em região periorbital, com hematoma 
periorbitário e ferimento corto-contuso em supercílio esquerdo. 
Hematoma e equimose com algumas escoriações em região 
infraorbital direita. 
Figura 9. Equimose. 
Figura 10. Hematoma. 
Desbridamento não é uma forma de 
cicatrização, é um método de limpeza e 
após ser realizado deve-se decidir qual 
método é o mais adequado para 
cicatrização. 
Figura 12. Cicatrização por segunda intenção após 
queimadura de face. 
Figura 11. Cicatrização por primeira 
intenção 
Figura 13. Aplicação de enxerto para cicatrização terciária. 
atividade de atração de agentes de defesa, pela liberação de 
citocinas e de fatores de crescimento, o que atrasa a 
cicatrização porque os LB e LT impedem a produção de 
fibrina pelos fibroblastos e a formação o arcabouço cicatricial. 
Após a infecção das feridas ou na ausência delas, o macrófago 
direciona seu metabolismo ao fibroblasto, induzindo o 
anabolismo das enzimas proteolíticas e estimulando a 
produção de fibrina. Os neutrófilos são as primeiras células 
recrutadas (primeiras 24 horas), realizam a fagocitose de 
corpos estranhos e limpeza de restos celulares, além da 
liberação de proteases (elastase e colagenase), radicais livres e 
substâncias citotóxicas, sendo fundamental para ferimentos 
infectados. Os macrófagos fazem a manutenção da fagocitose 
e limpeza mais eficaz, realizam a mediação com a próxima 
fase, liberam IL-1, TGF-β, FGF, (fator de crescimento de 
fibroblastos – estimula migração de queratinócitos, produção 
matricial e angiogênese de células endoteliais), também 
liberam outras citocinas, radicais livres de oxigênio e 
proteinases para degradar a MEC, como as metaloproteinases, 
para fazer a renovação. Os linfócitos surgem por volta do 5º 
dia de lesão, produzindo citocinas estimuladoras como IL-2 e 
inibitórias, como TGF-β, TGF-α e TGF-γ. Quando o número 
de bactérias cai, sua presença também é reduzida. Nas 
primeiras 24h ocorre o extravasamento de células 
inflamatórias, formação da matriz de fibrina. 2 a 3 dias após o 
trauma já não tem infecção, maior presença de macrófagos e 
organização de fibrina e colágeno. 
✓ Fase proliferativa 
Ocorre a angiogênese para nutrir e suprir as necessidades dos 
tecidos que estão em crescimento, também sendo responsável 
pelo aumento do aporte de macrófagos e fibroblastos para a 
ferida. A angiogênse é estimulada por pH ácido, elevados 
níveis de lactato e redução da tensão de oxigênio. 
A fibroplasia é responsável pela produção de MEC e da 
cicatriz, além da diferenciação em miofibroblastlos. 
Necessidade de hidroxilação da prolina em hidroxiprolina, 
pela presença de ácido ascórbico, gás oxigênios e ferro. A 
produção de colágeno é principalmente I e III (predomínio 
inicial, substituição após), proteínas presentes e 
predominantes 4-5 dias após a lesão. 
Formação do tecido de granulação, composto por elementos 
celulares, como fibroblastos e células inflamatórias), vasos 
neoformado envoltos por MEC de fibrina, colágeno e ácido 
hialurônico. 
A epitelização inicia-se após 8h dalesão, sendo completada 
entre 24 e 36 horas. Fatores de crescimento epidérmico 
estimulam a proliferação de queratinócitos, que avançam em 
direção a ferida para reestabelecer a integridade da pele. A 
selagem do meio externo e feita em 24h 
✓ Maturação 
Equilíbrio entre a síntese (fibroblasto) e a degradação 
(macrófago) do colágeno sintetizado, há contração da ferida 
por movimentos centrípeto e circundante, sendo uma limitação 
funcional pela contração excessiva para have retração da 
cicatriz, transformação de fibroblastos em miofibroblasto e 
expressão da actina e miosina. A resistência aumenta até 8 
semanas e depois entra em platô até um ano após a lesão. 
• Fatores que atrapalham a cicatrização 
✓ Deficiências nutricionais (albumina <2,5mg/dL) 
✓ Idade avançada 
✓ Avitaminose 
✓ Hipóxia 
✓ Infecções subclínicas de ferida operatória 
✓ Esteroides 
✓ Diabetes (neuropatia, insuficiência arterial – 30-60% 
dos casos -, redução dos fatores de crescimento) 
✓ Irradiações (lesão fibroblástica, endotelial e de 
queratinócitos) 
✓ Edema (hipoxia tecidual, edema crônico por 
deposição de proteínas-barreira para nutrientes e 
fatores de crescimento celular, diluição dos 
elementos. 
 
• Fatores que podem acelerar a cicatrização 
✓ Vitamina A promove cicatrização normal em 
pacientes que usam esteroides 
✓ Suporte nutricional aos que estão desnutridos 
promove a normalização 
 
Figura 14. Relação entre tempo e resistência da cicatriz.

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