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MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves IMUNOSUPRESSORES NA REUMATOLOGIA Os imunossupressores são usados na terapia de doenças autoimunes. Como comprometem as respostas imunológicas, trazem o risco de diminuir a resposta a infecções e podem facilitar a emergência de linhagens celulares malignas. A maioria desses fármacos atua durante a fase de indução da resposta imunológica, reduzindo a proliferação de linfócitos, embora outros também inibam aspectos da fase efetora. Há 2 grupos principais: Fármacos que inibem a produção ou a ação da IL-2 (ciclosporina); Fármacos que inibem a expressão de genes de citocinas (corticosteroides); USO CLÍNICO NA REUMATOLOGIA Os fármacos imunossupressores são utilizados geralmente em combinação com glicocorticoides e/ou fármacos citotóxicos para: 1. Retardar o progresso de doença reumática e outros tipos de artrite: ARMDs (metotrexato, leflunomida, ciclosporina); os moduladores de citocinas (adalimumabe, etanercepte, infliximabe) são utilizados quando a resposta ao metotrexato ou a outro ARMD tiver sido inadequada. CICLOSPORINA A ciclosporina é um composto de ocorrência natural e foi identificado primeiramente em fungos. É um peptídeo cíclico de 11 resíduos de aminoácidos com potente atividade imunossupressora, mas sem efeito sobre a reação inflamatória aguda em si. Sua atividade incomum, que, diferentemente dos imunossupressores mais antigos, não envolve citotoxicidade. O fármaco tem numerosas ações, mas as relevantes para a imunossupressão são: 1. Diminuição da proliferação clonal de linfócitos T, primariamente por inibição da síntese de IL-2 e possivelmente também por diminuição da expressão dos receptores para IL-2; 2. Redução da indução e da proliferação clonal de linfócitos T citotóxicos a partir de linfócitos T precursores CD8+; 3. Redução da função de linfócitos T efetores responsáveis por respostas mediadas por células (p. ex., diminuição da hipersensibilidade tardia); 4. Certa redução das respostas de linfócitos B dependentes de linfócitos T. A principal ação é um efeito inibitório relativamente seletivo sobre a transcrição do gene da IL-2, embora também relatado efeito semelhante sobre a IFN-γ e a IL-3. Em geral, a interação do antígeno com um receptor de linfócitos T helper (Th) resulta em aumento de Ca 2+ intracelular, o que, por sua vez, estimula uma fosfatase, a calcineurina. Isto ativa vários fatores de transcrição que iniciam a expressão de IL-2. A ciclosporina liga-se à ciclofilina, um membro proteico citosólico da família das imunofilinas (grupo de proteínas que atua como receptores intracelulares para tais fármacos). MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves O complexo fármaco-imunofilina liga-se à calcineurina e a inibe, impedindo assim a ativação dos linfócitos Th e a produção de IL-2. O efeito adverso mais comum e mais grave é a nefrotoxicidade, que não se acredita estar ligada à inibição da calcineurina. Também podem ocorrer hepatotoxicidade e hipertensão. Efeitos adversos menos importantes incluem: Anorexia e letargia; Hirsutismo; Tremores e parestesias (formigamentos); Hipertrofia gengiva; e Distúrbios gastrointestinais. AZATIOPRINA A azatioprina interfere com a síntese de purinas e é citotóxica. É usada amplamente para imunossupressão, em particular para o controle de doenças autoimunes, como a AR. As reações imunológicas mediadas por células e anticorpos são deprimidas por este fármaco, pois ele inibe a proliferação clonal durante a fase de indução da resposta imunológica por ação citotóxica sobre as células em divisão. CICLOFOSFAMIDA A ciclofosfamida é um imunossupressor potente. Ela possui uma toxicidade substancial e, por isso, é geralmente reservada para casos graves de AR em que TODAS as outras terapias falharam. LEFLUNOMIDA A leflunomida, usada em especial para tratar AR. Tem efeito inibitório relativamente específico sobre linfócitos T ativados. Ela dá origem a um metabólito que inibe a síntese de novo das pirimidinas por inibição da di- hidro-orotato desidrogenase. Os efeitos indesejáveis incluem: Diarreia; Alopecia; Elevação das enzimas hepáticas e risco de insuficiência hepática. GLICOCORTICOIDES A ação terapêutica dos glicocorticoides envolve os seus efeitos inibitórios da resposta imunológica e suas ações anti-inflamatórias. Eles são imunossupressores principalmente porque, como a ciclosporina, restringem a: Proliferação clonal das células Th através da diminuição da transcrição do gene para IL-2. No entanto, eles também diminuem a transcrição de muitos outros genes de citocinas (incluindo os para TNF-α, IFN-γ, IL-1 e muitas outras interleucinas) tanto na fase de indução como na efetora da resposta imunológica. A síntese e a liberação de proteínas anti- inflamatórias (p. ex., anexina 1, inibidores de protease) também aumentam. Esses efeitos são mediados através da inibição da ação de fatores de transcrição, tais como a proteína-1 ativadora e o NFκB. OUTR VISÃO Os corticosteroides são usados como imunossupressores em várias doenças autoimunes, como AR refratária, lúpus eritematoso sistêmico e a artrite temporal. Prednisona; e Prednisolona. O mecanismo exato responsável pela ação imunossupressora dos corticosteroides não é claro. Mas, acredita-se que os linfócitos T são os mais atingidos. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO – P3 | Luíza Moura e Vitória Neves Os esteroides são capazes de reduzir rapidamente a população de linfócitos por lise ou redistribuição. Entrando nas células, eles se ligam ao receptor glicocorticoide. O complexo entra no núcleo e regula a transcrição do DNA. Entre os genes afetados, estão os envolvidos com as respostas inflamatórias. O uso está associado a numerosos efeitos adversos. Por exemplo, eles são diabetogênicos e podem causar, com uso prolongado: Hipercolesterolemia; Cataratas; Osteoporose; e Hipertensão.
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