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1. Conceituar e classificar os principais tipos e causas de abdome agudo 2. Descrever a fisiopatologia, manifestação clínica e diagnóstico, diagnóstico diferencial e tratamento de abdome agudo inflamatório. → Ênfase na apendicite ABDOME AGUDO É definido como toda condição dolorosa de início súbito ou de evolução progressiva, localizada no abdome, que requer decisão terapêutica rápida. CLASSIFICAÇÃO Excluindo-se o abdome agudo traumático, divide-se o abdome agudo em cinco grandes síndromes. 1. Inflamatório: o processo se inicia com a obstrução mecânica de vísceras ocas normais, ou anatomicamente alteradas, originando diversos fenômenos inflamatórios na parede da víscera, com tendência à progressão para infecção franca e comprometimento da vascularização do órgão. a. Apendicite b. Colecistite c. Colangite d. Pancreatite e. Diverticulite f. Peritonite 2. Obstrutivo a. Mecânico i. Aderências ii. Hérnias iii. Neoplasia iv. Doença inflamatória v. Fecaloma vi. Corpo estranho b. Funcional i. Íleo funcional ii. Síndrome de Olgivie 3. Perfurativo a. Úlcera péptica b. Neoplasia c. Corpo estranho d. Doença inflamatória (Crohn) 4. Vascular a. Embolia da artéria mesentérica b. Trombose de artéria e veia mesentérica c. Isquemia mesentérica não oclusiva d. Colite isquêmica 5. Hemorrágico a. Gravidez ectópica rota b. Ruptura espontânea de víscera parenquimatosas c. Ruptura vascular APENDICITE FISIOPATOLOGIA Acredita-se que a obstrução do lúmen seja a maior causa de apendicite aguda. Isso pode ocorrer em razão de fezes espessadas (fecalito e apendicolito), hiperplasia linfoide, matéria vegetal ou sementes, parasitas ou um neoplasma. A obstrução contribui para o supercrescimento bacteriano, e a secreção continuada de muco causa distensão intraluminal e maior pressão da parede. A distensão luminal produz a sensação de dor visceral experimentada pelo paciente como periumbilical. O dano subsequente da drenagem venosa e linfática leva à isquemia mucosa. Esses achados em combinação promovem um processo inflamatório localizado que pode evoluir para gangrena e perfuração. A inflamação do peritônio adjacente dá origem à dor localizada no quadrante inferior direito. QUADRO CLÍNICO E EXAME FÍSICO A apresentação típica começa com dor periumbilical, seguida por anorexia e náuseas. A dor localiza-se, então, no quadrante inferior direito conforme o processo inflamatório evolui para envolver o peritônio parietal sobrejacente do apêndice. Essa dor é o sintoma mais confiável de apendicite. Uma crise de vômito pode ocorrer. Surge febre, seguida por leucocitose. 1. Dor periumbilical→ dor em QID 2. Náuseas 3. Vômito 4. Anorexia 5. Febre Paciente tipicamente deitado ao leito. Febre baixa. Ruídos reduzidos e sensibilidade com retraimento voluntário. Caso perfure, a dor se difunde e intensifica, causando maior rigidez, aumento da febre e FC. EXAMES LABORATORIAIS E DE IMAGEM 1. Contagem de leucócitos elevada a. Neutrofilia b. Bastonetes c. Segmentados 2. USG: pode ser importante para avaliação. 3. Tomografia: comumente utilizada; possui alta sensibilidade e alta especificidade para o diagnostico de apendicite aguda entre paciente com dor abdominal. A. TC de abdome revela apendicolito; B. TC mostra apêndice distendido com líquido periapendicular. TRATAMENTO O tratamento consiste da remoção cirúrgica imediata do apêndice. AB pré-operatórios cobrem a flora colônica aeróbica e anaeróbica. DIVERTICULITE ● Diverticulose ou doença diverticular são termos empregados para indicar a presença de divertículos colônicos. ● A diverticulose é um infeliz subproduto da revolução industrial. PATOGÊNESE Os divertículos (ou pseudodivertículos), na realidade, são herniações da mucosa através do cólon nos locais de penetração da parede muscular pelas arteríolas. Esta estrita relação entre a artéria e o divertículo é responsável pela hemorragia maciça que ocasionalmente pode complicar a diverticulose. ● Surgem com maior frequência nos segmentos intestinais de maior pressão intraluminal, como a região do sigmoide. A estase associada à obstrução dos divertículos leva à proliferação bacteriana e à isquemia tecidual local. Nesse momento, ocorre processo inflamatório parietal, que pode transpor a parede, ocorrendo microperfurações. Alguns casos podem progredir para a formação de abscessos, com eventual ruptura e saída de conteúdo purulento para a cavidade e inflamação peritoneal local. ● Após o episódio agudo, pode haver formação de depósito de elastina e colágeno na parede intestinal, reduzindo a complacência do cólon. QUADRO CLÍNICO 1. Dor abdominal em flanco ou fossa ilíaca esquerda 2. Hiporexia 3. Vômitos 4. Obstipação 5. Nos casos mais graves (estágios avançados): a. Sinais de peritonite b. Distensão abdominal por íleo paralítico c. Febre alta i. Choque séptico DIAGNÓSTICO LABORATORIAL E EXAMES DE IMAGEM 1. Hemograma a. Leucocitose 2. Provas de atividade inflamatória a. PCR e VHS b. Aumentadas 3. Amilase e lipase 4. Beta-HCG 5. Radiografia a. Avalia complicações i. Macroperfurações 6. TC de abdome a. 100% de especificidade e sensibilidade b. Borramento da gordura mesentérica c. Espessamento da parede do cólon d. Presença de abscessos e. CONFIRMA O DIAGNÓSTICO E AVALIA GRAVIDADE TRATAMENTO Hinchey 0 e 1: tratados ambulatorialmente, com seguimento por 3 a 4 dias. Orienta-se dieta leve, com poucos resíduos, associada a medicação à apresentação de sintomas (analgésicos e antieméticos) Serão internados, estabelecido jejum, suporte volêmico, ATB e avaliados pela equipe cirúrgica: 1. Hinchey maior ou igual a 2 2. Intolerantes a medicação por via oral 3. Dor refratária 4. Sintomas persistentes após 3 dias de tto ambulatorial A recomendação de sigmoidectomia devido a crises recorrentes de diverticulite precisa considerar: 1. Estado geral do paciente 2. Estilo de vida 3. Frequência das crises 4. Debilidade associada aos ataques Embora haja a recomendação, autores sugerem a operação após 2 ou 4 episódios. COLECISTITE A colecistite aguda é caracterizada pela inflamação da parede da vesícula biliar. As alterações inflamatórias são variáveis, compreendendo desde edema, congestão e infiltração de células inflamatórias até necrose, gangrena e perfuração. ● A colecistite aguda está associada à obstrução litiásica do canal cístico em cerca de 90 a 95% dos casos. A colecistite aguda calculosa é uma complicação da litíase biliar e depende da obstrução do canal cístico por um ou mais cálculos biliares. FISIOPATOLOGIA A migração de cálculos da vesícula para o cístico ou colédoco pode provocar uma obstrução, causando aumento da pressão intraluminal e distensão da vesícula. Isso provoca dor, náusea e vômito. A inflamação resulta de 3 fatores: 1. Mecânico 2. Químico: com a obstrução, a deposição de sais biliares e colesterol torna a bile hiperconcentrada, causando irritação e edema da mucosa. 3. Infeccioso A lesão da mucosa libera enzimas intracelulares, que ativam mediados inflamatórios. Há aumento da PIL e espessamento da parede vesicular, e com isso compressão dos vasos sanguíneos e linfáticos. Essas alterações vasculares podem gerar necrose. Com a persistência da lesão, ocorre invasão bacteriana. ● A evolução natural da doença e a gravidade das lesões dependem da persistência da obstrução, da contaminação, da virulência dos germes e do grau de isquemia da parede vesicular. ● As alterações macroscópicas consistem em edema, congestão e espessamento da parede vesicular. QUADRO CLÍNICO 1. Dor abdominal contínua no epigástrio ou QSD. a. Irradia para escapular direita ou interescapular às vezes. 2. Náusea e vômito 3. Febre 4. FC aumentada 5. Quando a inflamação atinge o peritônio parietal, surge dolorimento a. Dor à descompressão b. Sinal de Murphy 6. Icterícia discreta (20% dos pct) ● As complicações da colecistite resultam da necrose e perfuração daparede vesicular. EXAMES 1. Hemograma a. Leucocitose moderada b. BR frequentemente aumentada 2. Se icterícia → transaminases, FA e tempo de protrombina 3. Radiografia a. Cálculos opacos 4. USG a. Não invasivo, bem tolerado e simples b. É O TOP! c. Diagnóstico de cálculo, avalia abscessos, câncer ou cisto. d. Índice de dn de 90% 5. Anatomopatológico de vesícula biliar confirma o diagnóstico. DN DIFERENCIAL 1. Úlcera perfurada 2. Pancreatite 3. Apendicite 4. Pnm do lobo inferior direito 5. Pleurite basal 6. Pielonefrite TRATAMENTO O tratamento definitivo da colecistite aguda é cirúrgico. Recomendado nas primeiras 24 a 48h. A ATB é indiscutível quando: 1. Grave 2. Idosos 3. Diabéticos 4. Imunossuprimidos 5. Paciente com defesa bacteriana reduzida
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