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MENSAGEM DO MINISTRO JOSÉ FRITSCH Com uma costa de cerca de 1.800km de extensão, o Brasil apresenta condições naturais privilegiadas para o desenvolvimento de fazendas marinhas de algas, moluscos, peixes e camarões, por meio da atividade também conhecida como maricultura. A maricultura é reconhecida mundialmente pela Organização de Agricultura e Alimento das Nações Unidas (FAO/ONU), como uma importante alternativa de geração de emprego, renda e alimento, que tem contribuído para a fixação de comunidades tradicionais em seus locais de origem. O esgotamento dos estoques de recursos pesqueiros decorrente do excessivo esforço de pesca observado mundialmente durante o século passado exige que todos os países elaborem políticas de desenvolvimento sustentável da maricultura, uma vez que esta atividade possui um enorme potencial de contribuição para o desenvolvimento social da zona costeira. A produção da maricultura nacional passou de 10.000 toneladas em 1997 para mais de 100.000 toneladas ao valor de US$380 milhões em 2003. A atividade está presente em maior ou menor escala em todos os estados litorâneos e é previsto que a produção nacional dobre até 2008. Devido a sua importância e consonância com as metas sociais e econômicas do Governo Federal, é fundamental a elaboração de uma política de desenvolvimento setorial da maricultura, com bases legais e institucionais apropriadas para facilitar o acesso dos maricultores aos recursos naturais necessários. Para isto, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP/PR) elaborou o Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura em Águas da União, definindo espécies de organismos aquáticos marinhos prioritárias para ser desenvolvidas, baseada nas condições naturais encontradas em cada região do País. Além disso, o Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura em Águas da União apresenta uma metodologia de planejamento sustentável do setor, por meio da aplicação dos Planos Locais de Desenvolvimento da Maricultura (PLDM), utilizando para isto uma abordagem participativa com as autoridades e comunidades locais. O objetivo do PLDM é a identificação e a resolução precoce de conflitos potenciais entre os diversos setores usuários dos recursos naturais costeiros e a identificação de áreas propícias para a instalação de fazendas marinhas. Com o PLDM, o Governo Federal assume a responsabilidade e os custos de elaboração de estudos complexos e caros necessários à regularização de fazendas marinhas e facilita o acesso de maricultores artesanais às águas marinhas da União. O Programa Nacional de Desenvolvimento da Maricultura em Águas da União e os PLDMs posicionam o Brasil na vanguarda do planejamento para o desenvolvimento sustentável da maricultura, ou seja, o desenvolvimento que atende às necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atendimento das necessidades das gerações futuras e que garante que a soma total do capital econômico, social e ambiental seja mantida ou aumentada ao longo do tempo. José Fritsch Ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca Janeiro de 2006 Cultivo de mexilhões – 1 Sumário 1. Introdução...................................................................................3 Espécies ...................................................................................................... 4 Como é a vida do mexilhão ......................................................................... 5 O desenvolvimento da larva ........................................................................ 6 Fixação da larva ........................................................................................... 7 2. Seleção do local ..........................................................................8 Cuidados na escolha .................................................................................... 8 O que você precisa para começar ................................................................ 9 O que diz a lei .......................................................................................... 10 3. Obtenção de sementes .............................................................. 11 Produção em laboratório ............................................................................ 11 Repicagem das sementes ou das pencas .................................................... 11 Dos estoques naturais (costões) ................................................................. 12 Coletores artificiais .................................................................................... 12 4. Métodos de cultivo .................................................................... 18 5. Manutenção do cultivo .............................................................. 19 Seleção e separação por tamanho .............................................................. 19 Organismos associados ou incrustantes – a vida ao redor do cultivo ........... 23 6. Colheita .................................................................................... 28 Comercialização ........................................................................................ 28 Manejo ...................................................................................................... 29 Transporte ................................................................................................. 30 7. Desenvolvimento de um plano de negócio ................................ 31 4 – Manuais BMLP de maricultura Espécies Moluscos: animais de corpo mole. O corpo é coberto por um tecido denominado manto, que é como uma pele, e alguns possuem uma concha que protege este corpo. Vivem na terra e na água (que pode ser água doce, salobra e salgada). O polvo, a lula, o mexilhão e o caracol são moluscos. Bivalves: bi = dois, valves = conchas. Conchas for- madas por duas partes ligadas. Mexilhão é a palavra usada em português para dar o nome a diversas espécies de moluscos bivalves. Mexilhão também é conhecido no Brasil como ma- risco, marisco-preto, marisco da pedra, ostra-de-pobre e sururu da pedra. Na ciência, os animais têm nome e sobreno- me. No Brasil os nomes dos mexilhões mais co- muns para consumo humano são: Perna perna e Mytela falcata. 2 – Manuais BMLP de maricultura Série Maricultura Cultivo de Mexilhões Edição Lúcia Valente Baseado em textos originais do Manual Biologia e Cultivo de Mexilhões, EPAGRI –UFSC, ROSA, R. de C.; FERREIRA, J.F.; PEREIRA, A.; MAGALHÃES, A. R. M.; NETO, F. M. de O.; GUZENSKI, J.; ANTONIOLLI, M. A.; FILLIPPI, L. M. N.; RODRIGUES, P. de T. R.; OGLIARI, R.O., Florianópolis, 2000. Manual de Mitilicultura, SEBRAE/ES, BANDES e CTA (Centro de Tecnologia em Aqüicultura), Vitória, 2001. Agradecimentos Jaime Fernando Ferreira, LCMM/UFSC Francisco de Oliveira Neto, EPAGRI Produção e Editoração Multitarefa (Marisis Kallfelz, Paula Arend Laier, Sinuê Giacomini e Vinícius Carvalho) Capa Elpídio Patrocínio de Souza, maricultor em Governador Celso Ramos, SC. Foto de Lúcia Valente. Ilustrações Ilustrativa (André Valente, Eduardo Belga, Paulo Faria e Santiago Mourão) Projeto Gráfico Cesar Valente Impressão Gráfica Agnus A série Maricultura compõe-se de cinco manuais, publicada pelo BMLP (Brazilian Mariculture Linkage Program – Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura) Jack Littlepage – Diretor Geral Patricia Summers – Gerente de Projetos Carlos Rogério Poli – Diretor no Brasil e responsável técnico editorial da coleção multitarefa@terra.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – VENDA PROIBIDA 2003 Cultivo de mexilhões – 3 1. Introdução Este manual foi feito para ajudar pessoas que querem iniciar uma produção de mexilhões ou que já estão pro- duzindo, mas que com alguma orientação, podem melho- rar seu negócio. Algumas pessoas estudam e descobrem um jeito de fazer as coisas. Outras pessoas aprendem, na prática, uma outra maneira de como trabalhar. Quando estas pessoas se encontram, podem trocar idéias e tentar melhorar. Estemanual não tem intenção de ensinar ou de falar de tudo, mas pode ajudar estas pessoas a acharem um melhor caminho. 2 – Manuais BMLP de maricultura Série Maricultura Cultivo de Mexilhões Edição Lúcia Valente Baseado em textos originais do Manual Biologia e Cultivo de Mexilhões, EPAGRI –UFSC, ROSA, R. de C.; FERREIRA, J.F.; PEREIRA, A.; MAGALHÃES, A. R. M.; NETO, F. M. de O.; GUZENSKI, J.; ANTONIOLLI, M. A.; FILLIPPI, L. M. N.; RODRIGUES, P. de T. R.; OGLIARI, R.O., Florianópolis, 2000. Manual de Mitilicultura, SEBRAE/ES, BANDES e CTA (Centro de Tecnologia em Aqüicultura), Vitória, 2001. Agradecimentos Jaime Fernando Ferreira, LCMM/UFSC Francisco de Oliveira Neto, EPAGRI Produção e Editoração Multitarefa (Marisis Kallfelz, Paula Arend Laier, Sinuê Giacomini e Vinícius Carvalho) Capa Elpídio Patrocínio de Souza, maricultor em Governador Celso Ramos, SC. Foto de Lúcia Valente. Ilustrações Ilustrativa (André Valente, Eduardo Belga, Paulo Faria e Santiago Mourão) Projeto Gráfico Cesar Valente Impressão Gráfica Agnus A série Maricultura compõe-se de cinco manuais, publicada pelo BMLP (Brazilian Mariculture Linkage Program – Programa Brasileiro de Intercâmbio em Maricultura) Jack Littlepage – Diretor Geral Patricia Summers – Gerente de Projetos Carlos Rogério Poli – Diretor no Brasil e responsável técnico editorial da coleção multitarefa@terra.com.br DISTRIBUIÇÃO GRATUITA – VENDA PROIBIDA 2003 Cultivo de mexilhões – 3 1. Introdução Este manual foi feito para ajudar pessoas que querem iniciar uma produção de mexilhões ou que já estão pro- duzindo, mas que com alguma orientação, podem melho- rar seu negócio. Algumas pessoas estudam e descobrem um jeito de fazer as coisas. Outras pessoas aprendem, na prática, uma outra maneira de como trabalhar. Quando estas pessoas se encontram, podem trocar idéias e tentar melhorar. Este manual não tem intenção de ensinar ou de falar de tudo, mas pode ajudar estas pessoas a acharem um melhor caminho. Cultivo de mexilhões – 1 Sumário 1. Introdução...................................................................................3 Espécies ...................................................................................................... 4 Como é a vida do mexilhão ......................................................................... 5 O desenvolvimento da larva ........................................................................ 6 Fixação da larva ........................................................................................... 7 2. Seleção do local ..........................................................................8 Cuidados na escolha .................................................................................... 8 O que você precisa para começar ................................................................ 9 O que diz a lei .......................................................................................... 10 3. Obtenção de sementes .............................................................. 11 Produção em laboratório ............................................................................ 11 Repicagem das sementes ou das pencas .................................................... 11 Dos estoques naturais (costões) ................................................................. 12 Coletores artificiais .................................................................................... 12 4. Métodos de cultivo .................................................................... 18 5. Manutenção do cultivo .............................................................. 19 Seleção e separação por tamanho .............................................................. 19 Organismos associados ou incrustantes – a vida ao redor do cultivo ........... 23 6. Colheita .................................................................................... 28 Comercialização ........................................................................................ 28 Manejo ...................................................................................................... 29 Transporte ................................................................................................. 30 7. Desenvolvimento de um plano de negócio ................................ 31 4 – Manuais BMLP de maricultura Espécies Moluscos: animais de corpo mole. O corpo é coberto por um tecido denominado manto, que é como uma pele, e alguns possuem uma concha que protege este corpo. Vivem na terra e na água (que pode ser água doce, salobra e salgada). O polvo, a lula, o mexilhão e o caracol são moluscos. Bivalves: bi = dois, valves = conchas. Conchas for- madas por duas partes ligadas. Mexilhão é a palavra usada em português para dar o nome a diversas espécies de moluscos bivalves. Mexilhão também é conhecido no Brasil como ma- risco, marisco-preto, marisco da pedra, ostra-de-pobre e sururu da pedra. Na ciência, os animais têm nome e sobreno- me. No Brasil os nomes dos mexilhões mais co- muns para consumo humano são: Perna perna e Mytela falcata. Cultivo de mexilhões – 5 Os mexilhões são importantes para as pessoas por- que além de sua carne ser um ótimo alimento, têm mui- tas proteínas. Como é a vida do mexilhão Existem mexilhões machos e fêmeas. Nota-se a dife- rença, internamente, pela cor laranja nas fêmeas e branca nos machos. O ciclo reprodutivo dos animais maduros divide-se em três fases: cheios ou repletos (manto espesso e animal pronto para eliminação de gametas - desova) vazio (manto pouco espesso, quase trans- parente, animal acabou de eliminar game- tas) em repleção ou restauração (fase de produção de gametas, tecido cheio de canais - dutos – cor típica de cada sexo) Depois de eliminar os gametas femininos e masculi- nos na água do mar, a fecundação acontece ao acaso, pela grande quantidade de material eliminado. Proteínas: principal componente dos organismos vivos, fundamental para o crescimento, desenvolvimento e a manutenção celular. 8 – Manuais BMLP de maricultura 2. Seleção do local Cuidados na escolha Antes de iniciar o seu trabalho com mexilhões, você deve se preocupar com o local onde você está pensando em cultivá-los. Se você já possui uma área ou está procurando, é im- portante que este local: Não seja poluído, com saída de esgotos das casas próximas ou de indústrias, que podem ter fortes produtos químicos (metais pesados, agrotóxicos) ou estar contaminado por bactérias Seja longe da saída de rios (desembocadura) Não seja próximo de áreas com movimento intenso de barcos, banhistas ou pesca Seja num local abrigado Esteja longe de ondas muito fortes Seja uma baía ou enseada Metais pesados: chumbo, cádmio, mercúrio e cromo, que lançados na água, representam um estoque permanente de contaminação para a fauna e a flora aquáticas. Desembocadura: saída de um lugar relativamente estreito para outro mais largo; lugar onde o rio desemboca Agrotóxicos: produtos tóxicos usados na agricultura para controle de pragas, doenças e invasores. O seu uso inadequado e sem critério causa sérios riscos de contaminação ambiental e humana, além de gerar grande quantidade de lixo no campo por meio das embalagens vazias contaminadas e sem destinação apropriada. 6 – Manuais BMLP de maricultura Existem alguns estímulos para eliminação de gametas: aumento de temperatura da água desova dos primeiros mexilhões, seguida pelos res- tantes O desenvolvimento da larva Meia hora depois da fertilização, a larva começa a nascer com as primeiras divisões celulares. 24 horas de- pois ela já é uma larva véliger ou larva D, quando começa a se formar a concha. Depois que ela cresce mais um pouco, forma um pé e passa a se chamar pedivéliger, aí começa a ficar diferente porque vai se tornando um mexilhão jovem. Com um mês de idade o mexilhão já se parece com um adulto e procura um local para se fixar. Larva: estágio jovem de um animal. Véliger:é a segunda fase da larva, a véliger, quando começa a apresentar uma conchinha em forma de “D”. Pedivéliger: estágio larval no qual o pé fica ativo na busca de local para a fixação. Estímulos: mudança no meio ambiente ou no meio interno capaz de produzir uma reação. Cultivo de mexilhões – 7 Fixação da larva O mexilhão se fixa em duas etapas: Primeira fixação – em substratos macios. Fixação secundária – em substratos duros, sendo esta a fixação mais definitiva, embora o mexilhão tenha condições de se mover a procura de melhores condições. Substrato: base que serve de suporte 6 – Manuais BMLP de maricultura Existem alguns estímulos para eliminação de gametas: aumento de temperatura da água desova dos primeiros mexilhões, seguida pelos res- tantes O desenvolvimento da larva Meia hora depois da fertilização, a larva começa a nascer com as primeiras divisões celulares. 24 horas de- pois ela já é uma larva véliger ou larva D, quando começa a se formar a concha. Depois que ela cresce mais um pouco, forma um pé e passa a se chamar pedivéliger, aí começa a ficar diferente porque vai se tornando um mexilhão jovem. Com um mês de idade o mexilhão já se parece com um adulto e procura um local para se fixar. Larva: estágio jovem de um animal. Véliger: é a segunda fase da larva, a véliger, quando começa a apresentar uma conchinha em forma de “D”. Pedivéliger: estágio larval no qual o pé fica ativo na busca de local para a fixação. Estímulos: mudança no meio ambiente ou no meio interno capaz de produzir uma reação. Cultivo de mexilhões – 7 Fixação da larva O mexilhão se fixa em duas etapas: Primeira fixação – em substratos macios. Fixação secundária – em substratos duros, sendo esta a fixação mais definitiva, embora o mexilhão tenha condições de se mover a procura de melhores condições. Substrato: base que serve de suporte Cultivo de mexilhões – 5 Os mexilhões são importantes para as pessoas por- que além de sua carne ser um ótimo alimento, têm mui- tas proteínas. Como é a vida do mexilhão Existem mexilhões machos e fêmeas. Nota-se a dife- rença, internamente, pela cor laranja nas fêmeas e branca nos machos. O ciclo reprodutivo dos animais maduros divide-se em três fases: cheios ou repletos (manto espesso e animal pronto para eliminação de gametas - desova) vazio (manto pouco espesso, quase trans- parente, animal acabou de eliminar game- tas) em repleção ou restauração (fase de produção de gametas, tecido cheio de canais - dutos – cor típica de cada sexo) Depois de eliminar os gametas femininos e masculi- nos na água do mar, a fecundação acontece ao acaso, pela grande quantidade de material eliminado. Proteínas: principal componente dos organismos vivos, fundamental para o crescimento, desenvolvimento e a manutenção celular. 8 – Manuais BMLP de maricultura 2. Seleção do local Cuidados na escolha Antes de iniciar o seu trabalho com mexilhões, você deve se preocupar com o local onde você está pensando em cultivá-los. Se você já possui uma área ou está procurando, é im- portante que este local: Não seja poluído, com saída de esgotos das casas próximas ou de indústrias, que podem ter fortes produtos químicos (metais pesados, agrotóxicos) ou estar contaminado por bactérias Seja longe da saída de rios (desembocadura) Não seja próximo de áreas com movimento intenso de barcos, banhistas ou pesca Seja num local abrigado Esteja longe de ondas muito fortes Seja uma baía ou enseada Metais pesados: chumbo, cádmio, mercúrio e cromo, que lançados na água, representam um estoque permanente de contaminação para a fauna e a flora aquáticas. Desembocadura: saída de um lugar relativamente estreito para outro mais largo; lugar onde o rio desemboca Agrotóxicos: produtos tóxicos usados na agricultura para controle de pragas, doenças e invasores. O seu uso inadequado e sem critério causa sérios riscos de contaminação ambiental e humana, além de gerar grande quantidade de lixo no campo por meio das embalagens vazias contaminadas e sem destinação apropriada. Cultivo de mexilhões – 9 Tenha água limpa e com boa produ- tividade natural, quer dizer, com bastante alimento para os mexilhões (fitoplâncton) Possua uma profundidade, onde serão colocados os cultivos de, pelo menos, 2 metros, para que não toquem o fundo (para Perna perna) O que você precisa para começar Depois de verificar se o local possui todas estas con- dições, são necessários alguns materiais básicos, chama- dos de infra-estrutura: Barco Rancho, balsa ou pequena construção para o manejo Estrutura para captação de sementes e engorda Diversos utensílios: redes, cabos, bóias, poitas, bambus, caixas plásticas, cordas, bombonas plás- ticas vazias de produtos não tó- xicos, luvas, facas, penei- ras para seleção, malha de algodão, rede externa de nylon ou seda. Manejo: manuseio; cuidados constantes do cultivo. Produtividade natural: capacidade natural de produção de alimento básico. 12 – Manuais BMLP de maricultura Dos estoques naturais (costões) Estoques naturais são as sementes que já existem na natureza e estão nos costões. Se a única maneira de conse- guir sementes for de costões deve-se seguir rigorosamente as técnicas para coleta e a legislação. Cuidados ao retirar sementes dos costões: Retirar sementes sem controle e sem autorização pode esgotar a fonte. Deve-se retirar apenas as de mesmo tamanho. Retirando as sementes, também se re- tiram predadores e competidores que são levados para o cultivo. Junto aos costões há mais riscos de acidentes. Coletores artificiais São estruturas feitas a mão, colocadas na água para cap- tar as sementes. Esta é a melhor opção. Quando as semen- tes são coletadas desta maneira têm melhor qualidade. Quando colocar os coletores Para ter melhores resultados é importante conhe- cer a época de reprodução do mexilhão e os picos de eliminação de gametas (desova).Pico: período no qual a população de mexilhões elimina a maior quantidade de gametas. Predadores: animais que matam os outros para se alimentar 10 – Manuais BMLP de maricultura Licença ambiental: autorização de órgãos ambientais do governo para a extração de recursos naturais. O que diz a lei Toda atividade que usa recursos naturais, como o mar por exemplo, deve seguir a lei. Existem algumas orientações obrigatórias para que a atividade cresça mas não prejudique o meio ambiente e as pessoas da comunidade. São regulamentos federais e estaduais que a organizam e que devem ser seguidos pelo produtor. No estado de Santa Catarina, por exem- plo, o órgão responsável pela licença ambiental da ativi- dade é a FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Em outros estados deve-se procurar ori- entação do órgão fiscalizador local. Em Santa Catarina, para conseguir esta licença são necessários vários documentos, mas o órgão que ajuda e orienta o produtor é a Epagri. Antes de pagar por qual- quer serviço de regularização de sua área consulte um técnico da Epagri. Cultivo de mexilhões – 11 3. Obtenção de sementes A semente é o jovem mexilhão com mais ou menos 2 cm de comprimento. Existem qua- tro maneiras de conseguir sementes: Produção em laboratório A produção em laboratório poderá ser obtida no futuro, mas é cara e deve ser utilizada em ca- sos especiais. Repicagem das sementes ou das pencas Quando a corda de mexilhões fica muito cheia de animais, deve-se fazer uma seleção, isto é, desmanchar a corda, separar os indivíduos maiores dos menores e formar novas cordas, utilizando as pequenas como se- mente. Portanto a repicagem é uma seleção em função da densidade. 10 – Manuais BMLP de maricultura Licença ambiental: autorização de órgãos ambientais do governo para a extração de recursos naturais. O que diz a lei Toda atividade que usa recursos naturais, como o mar por exemplo, deve seguir a lei. Existem algumas orientações obrigatóriaspara que a atividade cresça mas não prejudique o meio ambiente e as pessoas da comunidade. São regulamentos federais e estaduais que a organizam e que devem ser seguidos pelo produtor. No estado de Santa Catarina, por exem- plo, o órgão responsável pela licença ambiental da ativi- dade é a FATMA (Fundação Estadual do Meio Ambiente) da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Em outros estados deve-se procurar ori- entação do órgão fiscalizador local. Em Santa Catarina, para conseguir esta licença são necessários vários documentos, mas o órgão que ajuda e orienta o produtor é a Epagri. Antes de pagar por qual- quer serviço de regularização de sua área consulte um técnico da Epagri. Cultivo de mexilhões – 11 3. Obtenção de sementes A semente é o jovem mexilhão com mais ou menos 2 cm de comprimento. Existem qua- tro maneiras de conseguir sementes: Produção em laboratório A produção em laboratório poderá ser obtida no futuro, mas é cara e deve ser utilizada em ca- sos especiais. Repicagem das sementes ou das pencas Quando a corda de mexilhões fica muito cheia de animais, deve-se fazer uma seleção, isto é, desmanchar a corda, separar os indivíduos maiores dos menores e formar novas cordas, utilizando as pequenas como se- mente. Portanto a repicagem é uma seleção em função da densidade. Cultivo de mexilhões – 9 Tenha água limpa e com boa produ- tividade natural, quer dizer, com bastante alimento para os mexilhões (fitoplâncton) Possua uma profundidade, onde serão colocados os cultivos de, pelo menos, 2 metros, para que não toquem o fundo (para Perna perna) O que você precisa para começar Depois de verificar se o local possui todas estas con- dições, são necessários alguns materiais básicos, chama- dos de infra-estrutura: Barco Rancho, balsa ou pequena construção para o manejo Estrutura para captação de sementes e engorda Diversos utensílios: redes, cabos, bóias, poitas, bambus, caixas plásticas, cordas, bombonas plás- ticas vazias de produtos não tó- xicos, luvas, facas, penei- ras para seleção, malha de algodão, rede externa de nylon ou seda. Manejo: manuseio; cuidados constantes do cultivo. Produtividade natural: capacidade natural de produção de alimento básico. 12 – Manuais BMLP de maricultura Dos estoques naturais (costões) Estoques naturais são as sementes que já existem na natureza e estão nos costões. Se a única maneira de conse- guir sementes for de costões deve-se seguir rigorosamente as técnicas para coleta e a legislação. Cuidados ao retirar sementes dos costões: Retirar sementes sem controle e sem autorização pode esgotar a fonte. Deve-se retirar apenas as de mesmo tamanho. Retirando as sementes, também se re- tiram predadores e competidores que são levados para o cultivo. Junto aos costões há mais riscos de acidentes. Coletores artificiais São estruturas feitas a mão, colocadas na água para cap- tar as sementes. Esta é a melhor opção. Quando as semen- tes são coletadas desta maneira têm melhor qualidade. Quando colocar os coletores Para ter melhores resultados é importante conhe- cer a época de reprodução do mexilhão e os picos de eliminação de gametas (desova).Pico: período no qual a população de mexilhões elimina a maior quantidade de gametas. Predadores: animais que matam os outros para se alimentar Cultivo de mexilhões – 13 No caso do mexilhão Perna perna a melhor épo- ca para colocação dos coletores é de um a dois meses antes da desova. Em Santa Catarina, os períodos de pico de eliminação dos gametas são os meses de abril e maio, em setembro e depois entre novembro e ja- neiro. Em geral, os mexilhões eliminam gametas durante todo o ano. É necessário colocar os coletores antes para que se forme uma espécie de limo, onde as larvas vão se fixar. Quando os coletores não são colocadas nas me- lhores épocas, aparecem outros organismos que se fixam e isto prejudica a captação de sementes. Onde colocar os coletores Os coletores devem ser colocados junto aos cul- tivos já existentes, ou perto dos estoques ou bancos naturais, próximos à superfície da água. Existem outros locais onde as correntes favore- cem a coleta de sementes, apesar de ser longe dos bancos e dos cultivos. Como fazer os coletores Os coletores são muito simples de serem cons- truídos. Usam-se cabos de polietileno ou nylon, ti- ras de redes de pesca, bambus e outros materiais disponíveis. Limo: organismos que se fixam sobre bóias, embarcações, estruturas e outros tipos de substratos, que servem de alimento ao cultivo de organismos marinhos. Estoques ou bancos naturais: locais com grande concentração de mexilhões no costão. 16 – Manuais BMLP de maricultura Bo uc ho ut s To m at ei ro M es a Ti po D es cr iç ão Pr of un di da de M at er ia l Va nt ag en s D es va nt ag en s Pa ís es Cu lti vo d e fu nd o D ep os ita m -s e as s em en te s no fu nd o pa ra c re sc er em . N a de sp es ca , s ão re tir ad os c om b ar co s qu e dr ag am o fu nd o. 3 a 20 m et ro s. É ne ce ss ár io u m ba rc o pa ra a se m ea du ra e co lh ei ta . Vi áv el e m lo ca is d e fu nd o pe dr eg os o e ca na is co m gr an de c irc ul aç ão d e ág ua . B ar co s es pe ci ai s pa ra dr ag ag em , d ifí ci l c ol et a. H ol an da , D in am ar ca e Al em an ha . Es ta ca s - "B ou ch ot " En te rr am -s e no fu nd o (c er ca d e 1m et ro ) e st ac as c om 1 2 a 25 cm d e di âm et ro e 3 a 4 m et ro s de co m pr im en to , o nd e sã o en ro la da s as se m en te s qu e le va m d oi s an os a té ch eg ar à é po ca d e co lh ei ta . N a va ria çã o de m ar é. Es ta ca s de ba m bu , m ad ei ra ou c on cr et o. po de s er u sa da e m á re as co m g ra nd e va ria çã o de m ar és . A q ua nt id ad e de or ga ni sm os in cr us ta nt es é m en or . Po r e st ar em e xp os ta s a va ria çã o de m ar é, re ta rd a o cr es ci m en to d os m ex ilh õe s e ac um ul a ar ei a e lo do . Fr an ça e Fi lip in as . Cu lti vo su sp en so fix o - t ip o to m at ei ro Em lo ca is co m p ou ca p ro fu nd id ad e, fix am -s e es ta ca s co m a té 3 m d e ba m bu o u m ad ei ra c ru za da s na su pe rfí ci e. T ra ns ve rs al m en te , n a lâ m in a da á gu a ou tr os b am bu s sã o am ar ra do s on de s e pe nd ur am a s co rd as . A té 3 m et ro s. Es ta ca s de b am bu ou m ad ei ra . B oa p ro du çã o, b ai xo in ve st im en to e fa ci lid ad e de m an ej o. Es tá e m d es us o po r c au sa da p ol ui çã o vi su al , p er ig o no m an ej o e re sí du os d e ba m bu q ue re st am d os cu lti vo s. Ta ilâ nd ia , B ra sil e Co ng o. Ti po s de c ul tiv o 14 – Manuais BMLP de maricultura Os coletores podem ser construídos com redes e cordas de polipropileno, presos nas estruturas de cultivo. Tipos de coletores Balsas de bambu ou madeira Cabos amarrados a espinhéis duplos Primeiro modelo: Colocam-se dois cabos gros- sos, paralelos, na superfície da água, com uma dis- tância de 1 metro e meio entre cada um. Amarram- se as cordas, que podem ser de nylon desfiado ou rede torcida, entre os dois cabos, bem próximas umas das outras. E para garantir a flutuação prendem-se duas bóias nas laterais. Segundo modelo: Aproveitando a estrutura de cultivo já existente, amarram-se alguns cabos, trans- versalmente, na superfície. Assim, cultiva-se os me- xilhões na vertical e pode-se captar sementes na ho- rizontal. Polipropileno: É utilizado para produzir objetos moldados, fibras para roupas e cordas. É altamente flexível; possui excelente resistênciaa intempérie; excelente comportamento sob estresse e tensão e é facilmente reparável se houver dano. Paralelos: cabos que possuem sempre a mesma distância entre si. Transversal: que forma um ângulo de 90° com os cabos paralelos. Primeiro modelo Cultivo de mexilhões – 15 Segundo modelo Quanto tempo deixar os coletores Depois da desova, as larvas ainda continuam se fixando por um mês ou dois, dependendo da época do ano. Após a fixação, o animal cresce cerca de meio centímetro por mês, durante três a quatro meses. Isto vai depender da temperatura e da produtividade na- tural da água. É importante observar os coletores toda semana, para ver se estão em boas condições, se há fixação das larvas e se as sementes estão crescendo. O tempo total de duração desta etapa, desde o momento em que se colocam os coletores e a retira- da final das sementes, para serem transferidas ao sis- tema de engorda, pode chegar a seis ou sete meses. 14 – Manuais BMLP de maricultura Os coletores podem ser construídos com redes e cordas de polipropileno, presos nas estruturas de cultivo. Tipos de coletores Balsas de bambu ou madeira Cabos amarrados a espinhéis duplos Primeiro modelo: Colocam-se dois cabos gros- sos, paralelos, na superfície da água, com uma dis- tância de 1 metro e meio entre cada um. Amarram- se as cordas, que podem ser de nylon desfiado ou rede torcida, entre os dois cabos, bem próximas umas das outras. E para garantir a flutuação prendem-se duas bóias nas laterais. Segundo modelo: Aproveitando a estrutura de cultivo já existente, amarram-se alguns cabos, trans- versalmente, na superfície. Assim, cultiva-se os me- xilhões na vertical e pode-se captar sementes na ho- rizontal. Polipropileno: É utilizado para produzir objetos moldados, fibras para roupas e cordas. É altamente flexível; possui excelente resistência a intempérie; excelente comportamento sob estresse e tensão e é facilmente reparável se houver dano. Paralelos: cabos que possuem sempre a mesma distância entre si. Transversal: que forma um ângulo de 90° com os cabos paralelos. Primeiro modelo Cultivo de mexilhões – 15 Segundo modelo Quanto tempo deixar os coletores Depois da desova, as larvas ainda continuam se fixando por um mês ou dois, dependendo da época do ano. Após a fixação, o animal cresce cerca de meio centímetro por mês, durante três a quatro meses. Isto vai depender da temperatura e da produtividade na- tural da água. É importante observar os coletores toda semana, para ver se estão em boas condições, se há fixação das larvas e se as sementes estão crescendo. O tempo total de duração desta etapa, desde o momento em que se colocam os coletores e a retira- da final das sementes, para serem transferidas ao sis- tema de engorda, pode chegar a seis ou sete meses. Cultivo de mexilhões – 13 No caso do mexilhão Perna perna a melhor épo- ca para colocação dos coletores é de um a dois meses antes da desova. Em Santa Catarina, os períodos de pico de eliminação dos gametas são os meses de abril e maio, em setembro e depois entre novembro e ja- neiro. Em geral, os mexilhões eliminam gametas durante todo o ano. É necessário colocar os coletores antes para que se forme uma espécie de limo, onde as larvas vão se fixar. Quando os coletores não são colocadas nas me- lhores épocas, aparecem outros organismos que se fixam e isto prejudica a captação de sementes. Onde colocar os coletores Os coletores devem ser colocados junto aos cul- tivos já existentes, ou perto dos estoques ou bancos naturais, próximos à superfície da água. Existem outros locais onde as correntes favore- cem a coleta de sementes, apesar de ser longe dos bancos e dos cultivos. Como fazer os coletores Os coletores são muito simples de serem cons- truídos. Usam-se cabos de polietileno ou nylon, ti- ras de redes de pesca, bambus e outros materiais disponíveis. Limo: organismos que se fixam sobre bóias, embarcações, estruturas e outros tipos de substratos, que servem de alimento ao cultivo de organismos marinhos. Estoques ou bancos naturais: locais com grande concentração de mexilhões no costão. 16 – Manuais BMLP de maricultura Bo uc ho ut s To m at ei ro M es a Ti po D es cr iç ão Pr of un di da de M at er ia l Va nt ag en s D es va nt ag en s Pa ís es Cu lti vo d e fu nd o D ep os ita m -s e as s em en te s no fu nd o pa ra c re sc er em . N a de sp es ca , s ão re tir ad os c om b ar co s qu e dr ag am o fu nd o. 3 a 20 m et ro s. É ne ce ss ár io u m ba rc o pa ra a se m ea du ra e co lh ei ta . Vi áv el e m lo ca is d e fu nd o pe dr eg os o e ca na is co m gr an de c irc ul aç ão d e ág ua . B ar co s es pe ci ai s pa ra dr ag ag em , d ifí ci l c ol et a. H ol an da , D in am ar ca e Al em an ha . Es ta ca s - "B ou ch ot " En te rr am -s e no fu nd o (c er ca d e 1m et ro ) e st ac as c om 1 2 a 25 cm d e di âm et ro e 3 a 4 m et ro s de co m pr im en to , o nd e sã o en ro la da s as se m en te s qu e le va m d oi s an os a té ch eg ar à é po ca d e co lh ei ta . N a va ria çã o de m ar é. Es ta ca s de ba m bu , m ad ei ra ou c on cr et o. po de s er u sa da e m á re as co m g ra nd e va ria çã o de m ar és . A q ua nt id ad e de or ga ni sm os in cr us ta nt es é m en or . Po r e st ar em e xp os ta s a va ria çã o de m ar é, re ta rd a o cr es ci m en to d os m ex ilh õe s e ac um ul a ar ei a e lo do . Fr an ça e Fi lip in as . Cu lti vo su sp en so fix o - t ip o to m at ei ro Em lo ca is co m p ou ca p ro fu nd id ad e, fix am -s e es ta ca s co m a té 3 m d e ba m bu o u m ad ei ra c ru za da s na su pe rfí ci e. T ra ns ve rs al m en te , n a lâ m in a da á gu a ou tr os b am bu s sã o am ar ra do s on de s e pe nd ur am a s co rd as . A té 3 m et ro s. Es ta ca s de b am bu ou m ad ei ra . B oa p ro du çã o, b ai xo in ve st im en to e fa ci lid ad e de m an ej o. Es tá e m d es us o po r c au sa da p ol ui çã o vi su al , p er ig o no m an ej o e re sí du os d e ba m bu q ue re st am d os cu lti vo s. Ta ilâ nd ia , B ra sil e Co ng o. Ti po s de c ul tiv o Cultivo de mexilhões – 17 Es pi nh el Ba ls a T ip o D es cr iç ão P ro fu n d id ad e M at er ia l V an ta ge n s D es va n ta ge n s P aí se s C u lt iv o su sp en so fix o - t ip o m es a É u m a p la ta fo rm a re ta n gu la r o u q u ad ra d a, f ix ad a n o f u n d o p o r es ta ca s, c u jo t am p o é f o rm ad o p o r u m a m al h a d e b am b u s o u m ad ei ra , d e o n d e p en d em a s co rd as d e m ex ilh õ es . A té 3 m et ro s. B am b u , m ad ei ra o u c an o s d e P V C p re en ch id o s co m co n cr et o . B o a p ro d u çã o , b ai xo in ve st im en to e f ac ili d ad e d e m an ej o . Só p o d e se r ap lic ad o e m lo ca is c o m p eq u en a p ro fu n d id ad e Ta ilâ n d ia , B ra si l, It ál ia , Fr an ça , C o n go , Iu go sl áv ia e Po lin és ia . C u lt iv o su sp en so flu tu an te - ti p o es p in h el o u lo n g- lin e U m a co rd a m es tr e co m b ó ia s e ân co ra s (p o it as ) d e o n d e p en d em a s co rd as c o m m ex ilh õ es . Su p er io r a 3 m et ro s. Fl u tu ad o re s d e p lá st ic o , fib ra o u p o liu re ta n o ; ca b o s e p o it as . Fa ci lid ad e d e m an ej o e p er m it e o c u lt iv o e m áre as m ai s af as ta d as ; m en o r im p ac to ( am b ie n ta l e vi su al ). Po d em s er d es tr u íd o s p o r re ss ac as e e ve n tu ai s to rm en ta s. Fr an ça , Es p an h a, C an ad á, E U A , C h ile , V en ez u el a e B ra si l. C u lt iv o su sp en so flu tu an te - ti p o b al sa P la ta fo rm a flu tu an te d e m ad ei ra o u b am b u , so b re b o m b o n as f ix ad as p o r p o it as n a q u al s e p en d u ra m a s co rd as d e cu lt iv o . Su p er io r a 4 m et ro s. M ad ei ra , b am b u , b o m b o n as p lá st ic as e p o it as . Fá ci l m an ej o , p er m it e o cu lt iv o e m á re as a fa st ad as , m en o r im p ac to ( am b ie n ta l e vi su al ). C u st o s d e co n st ru çã o e m an u te n çã o . B ra si l, C h ile , C an ad á, E U A , C h in a e Es p an h a. C u lt iv o su sp en so ti p o m ei a- ág u a Se m el h an te a o l o n g- lin e, p o ré m su b m er so a u m a d et er m in ad a p ro fu n d id ad e. N a su p er fíc ie ap ar ec em s o m en te a s b ó ia s si n al iz ad o ra s. Su p er io r a 1 0 m et ro s. Fl u tu ad o re s d e p lá st ic o , fib ra o u p o liu re ta n o , ca b o s e p o it as . C o n ve n ie n te e m á re as o ce ân ic as , d ifi cu lt a o ro u b o , m en o r p o lu iç ão vi su al , ár ea s m ai s lim p as . O a ce ss o à e st ru tu ra . C an ad á C h ile Fr an ça e Es ta d o s U n id o s. 20 – Manuais BMLP de maricultura Para cada 1 metro de corda, coloca-se 1 kilo e meio de sementes (1,5 kg). Amarram-se as pontas da corda, dei- xando uma sobra de cabo na parte de cima, onde ela vai ser presa na estrutura. Em alguns locais abrigados ou quando a rede externa for mais forte, não é necessário usar o cabo central. Como funciona a engorda As duas redes, interna e externa, ajudam a segu- rar as sementes, quando elas estão menores, mas depois que elas crescem e a rede se desmancha na água, os mexilhões maiores as usam como substrato, o lugar onde eles irão se prender. No litoral de Santa Catarina, a experiência aconselha que se usem cordas de comprimento de até 1 metro e meio, para que, depois que os mexilhões crescerem, possam ser retiradas da água por duas pessoas num barco pequeno. São recomendadas cordas maiores para locais mais profundos, porém seu manejo necessita de ma- quinários. Lembre-se que cada metro de corda pe- sará aproximadamente 10 kg. O que é a engorda A engorda é o período de tempo que vai desde a colocação das sementes na água até o momento da colheita. 18 – Manuais BMLP de maricultura Long-line ou espinhel: uma corda mestre com bóias e âncoras (poitas) de onde pendem as cordas com mexilhões. Poitas ou âncoras: utensílios usados para fixar estruturas no mar. 4. Métodos de cultivo Os métodos de cultivo empregados variam de um país para outro e até mesmo de região para região, de acordo com as características do ambiente. Podem ser de fundo, estacas, suspenso fixo, suspenso flutuante e suspenso tipo meia-água. Existem vários tipos de estruturas que podem ser construídas para cultivar mexilhões. Nas tabelas das páginas anteriores mostramos algumas delas: 1. Cultivo de fundo 2. Estacas ou “bouchots” 3. Suspenso fixo: tomateiro e mesa 4. Suspenso flutuante: espinhel (long-line), balsa e meia-água Cultivo de mexilhões – 19 5. Manutenção do cultivo Seleção e separação por tamanho Para conseguir um produto final de melhor qualidade você deve selecionar e separar as sementes por tamanho. Isto também ajuda e diminuir a ação dos predadores e com- petidores no cultivo e facilita o crescimento dos mexilhões. Após debulhadas, as sementes são separadas por ta- manho e ensacadas apropriadamente. O material que pode ser usado para ensacamento das sementes é: um funil de PVC, um cabo de nylon de 8 milímetros, uma rede de algodão tubular, uma rede de poliamida tubular de 60 milímetros. O cabo central é fixado na rede de poliamida e ser- virá de sustentação para esta estrutura. Veste-se a pri- meira rede de algodão no funil, que serve para segurar as sementes. Em seguida coloca-se a segunda rede (mais aberta). Dentro do funil, então, são colocadas as semen- tes que já foram previamente selecionadas e limpas. Debulhadas: desgrudadas, separadas umas das outras. Poliamida: material plástico resistente à corrosão causada pela água do mar, com baixa absorção de água e com boa elasticidade. 18 – Manuais BMLP de maricultura Long-line ou espinhel: uma corda mestre com bóias e âncoras (poitas) de onde pendem as cordas com mexilhões. Poitas ou âncoras: utensílios usados para fixar estruturas no mar. 4. Métodos de cultivo Os métodos de cultivo empregados variam de um país para outro e até mesmo de região para região, de acordo com as características do ambiente. Podem ser de fundo, estacas, suspenso fixo, suspenso flutuante e suspenso tipo meia-água. Existem vários tipos de estruturas que podem ser construídas para cultivar mexilhões. Nas tabelas das páginas anteriores mostramos algumas delas: 1. Cultivo de fundo 2. Estacas ou “bouchots” 3. Suspenso fixo: tomateiro e mesa 4. Suspenso flutuante: espinhel (long-line), balsa e meia-água Cultivo de mexilhões – 19 5. Manutenção do cultivo Seleção e separação por tamanho Para conseguir um produto final de melhor qualidade você deve selecionar e separar as sementes por tamanho. Isto também ajuda e diminuir a ação dos predadores e com- petidores no cultivo e facilita o crescimento dos mexilhões. Após debulhadas, as sementes são separadas por ta- manho e ensacadas apropriadamente. O material que pode ser usado para ensacamento das sementes é: um funil de PVC, um cabo de nylon de 8 milímetros, uma rede de algodão tubular, uma rede de poliamida tubular de 60 milímetros. O cabo central é fixado na rede de poliamida e ser- virá de sustentação para esta estrutura. Veste-se a pri- meira rede de algodão no funil, que serve para segurar as sementes. Em seguida coloca-se a segunda rede (mais aberta). Dentro do funil, então, são colocadas as semen- tes que já foram previamente selecionadas e limpas. Debulhadas: desgrudadas, separadas umas das outras. Poliamida: material plástico resistente à corrosão causada pela água do mar, com baixa absorção de água e com boa elasticidade. Cultivo de mexilhões – 17 Es pi nh el Ba ls a T ip o D es cr iç ão P ro fu n d id ad e M at er ia l V an ta ge n s D es va n ta ge n s P aí se s C u lt iv o su sp en so fix o - t ip o m es a É u m a p la ta fo rm a re ta n gu la r o u q u ad ra d a, f ix ad a n o f u n d o p o r es ta ca s, c u jo t am p o é f o rm ad o p o r u m a m al h a d e b am b u s o u m ad ei ra , d e o n d e p en d em a s co rd as d e m ex ilh õ es . A té 3 m et ro s. B am b u , m ad ei ra o u c an o s d e P V C p re en ch id o s co m co n cr et o . B o a p ro d u çã o , b ai xo in ve st im en to e f ac ili d ad e d e m an ej o . Só p o d e se r ap lic ad o e m lo ca is c o m p eq u en a p ro fu n d id ad e Ta ilâ n d ia , B ra si l, It ál ia , Fr an ça , C o n go , Iu go sl áv ia e Po lin és ia . C u lt iv o su sp en so flu tu an te - ti p o es p in h el o u lo n g- lin e U m a co rd a m es tr e co m b ó ia s e ân co ra s (p o it as ) d e o n d e p en d em a s co rd as c o m m ex ilh õ es . Su p er io r a 3 m et ro s. Fl u tu ad o re s d e p lá st ic o , fib ra o u p o liu re ta n o ; ca b o s e p o it as . Fa ci lid ad e de m an ej o e p er m it e o c u lt iv o e m á re as m ai s af as ta d as ; m en o r im p ac to ( am b ie n ta l e vi su al ). Po d em s er d es tr u íd o s p o r re ss ac as e e ve n tu ai s to rm en ta s. Fr an ça , Es p an h a, C an ad á, E U A , C h ile , V en ez u el a e B ra si l. C u lt iv o su sp en so flu tu an te - ti p o b al sa P la ta fo rm a flu tu an te d e m ad ei ra o u b am b u , so b re b o m b o n as f ix ad as p o r p o it as n a q u al s e p en d u ra m a s co rd as d e cu lt iv o . Su p er io r a 4 m et ro s. M ad ei ra , b am b u , b o m b o n as p lá st ic as e p o it as . Fá ci l m an ej o , p er m it e o cu lt iv o e m á re as a fa st ad as , m en o r im p ac to ( am b ie n ta l e vi su al ). C u st o s d e co n st ru çã o e m an u te n çã o . B ra si l, C h ile , C an ad á, E U A , C h in a e Es p an h a. C u lt iv o su sp en so ti p o m ei a- ág u a Se m el h an te a o l o n g- lin e, p o ré m su b m er so a u m a d et er m in ad a p ro fu n d id ad e. N a su p er fíc ie ap ar ec em s o m en te a s b ó ia s si n al iz ad o ra s. Su p er io r a 1 0 m et ro s. Fl u tu ad o re s d e p lá st ic o , fib ra o u p o liu re ta n o , ca b o s e p o it as . C o n ve n ie n te e m á re as o ce ân ic as , d ifi cu lt a o ro u b o , m en o r p o lu iç ão vi su al , ár ea s m ai s lim p as . O a ce ss o à e st ru tu ra . C an ad á C h ile Fr an ça e Es ta d o s U n id o s. 20 – Manuais BMLP de maricultura Para cada 1 metro de corda, coloca-se 1 kilo e meio de sementes (1,5 kg). Amarram-se as pontas da corda, dei- xando uma sobra de cabo na parte de cima, onde ela vai ser presa na estrutura. Em alguns locais abrigados ou quando a rede externa for mais forte, não é necessário usar o cabo central. Como funciona a engorda As duas redes, interna e externa, ajudam a segu- rar as sementes, quando elas estão menores, mas depois que elas crescem e a rede se desmancha na água, os mexilhões maiores as usam como substrato, o lugar onde eles irão se prender. No litoral de Santa Catarina, a experiência aconselha que se usem cordas de comprimento de até 1 metro e meio, para que, depois que os mexilhões crescerem, possam ser retiradas da água por duas pessoas num barco pequeno. São recomendadas cordas maiores para locais mais profundos, porém seu manejo necessita de ma- quinários. Lembre-se que cada metro de corda pe- sará aproximadamente 10 kg. O que é a engorda A engorda é o período de tempo que vai desde a colocação das sementes na água até o momento da colheita. Cultivo de mexilhões – 21 Em Santa Catarina, os mexilhões chegam ao ta- manho de 7 a 8 centímetros, ideal para venda, de 6 a 9 meses. Este tempo e tamanho são considerados em mé- dia, mas é importante observar a densidade do culti- vo. Quando ela for muito alta, aconselha-se fazer o desdobre. Por que fazer o desdobre O desdobre nas cordas é feito para diminuir a quantidade de mexilhões, para limpar e homogenei- zar a produção e facilitar o crescimento, durante o período de engorda. É importante fazer isto também porque os animais terão mais alimento à sua dispo- sição, e é necessário quando começam a aparecer se- mentes fixadas nas cordas de engorda. O manejo Uma criador de mexilhões deve saber que uma fazenda, mesmo sendo pequena, deve ser cuidada freqüentemente. Estes cuidados são importantes para ver se os mexilhões estão crescendo, se as cordas estão limpas e se existem predadores ou outros organismos que prejudicam o cultivo. Densidade populacional: relação entre a quantidade e o espaço. Neste caso, muitas sementes ou indivíduos em pouco espaço é um ambiente com densidade alta. Desdobre ou despesca: colheita dos mexilhões, repicagem. 24 – Manuais BMLP de maricultura nhecimento da biologia e ecologia dos organismos, deste modo o cultivo pode ser planejado para dimi- nuir os organismos incrustantes. Predadores Predadores são animais que se alimentam da car- ne dos mexilhões. Os predadores mais encontrados são: peixes (miraguaia, baiacu, sargo-de-dente) – trituram as conchas. siris (siri azul) – quebram as bordas das conchas e comem a carne. caramujos (moluscos gastrópodes como Thais haemastoma e Cima- tium partenopeum) – fazem um bu- raco na concha e comem a carne. Co- letar os adultos e manter as cordas afastadas do fundo pode ser uma boa maneira de evitá-los. planárias são vermes achatados, bentônicos, que se alimentam da carne de outros animais. O tratamento preventivo é a exposição dos mexilhões ao ar livre. estrelas-do-mar – abrem as conchas com seus braços e projetam o estômago para dentro do mexi- lhão. Quando são poucas podem ser retiradas ma- nualmente. Moluscos gastrópodes: animais de corpo mole como lesmas, caracóis e caramujos. 22 – Manuais BMLP de maricultura Existem alguns materiais necessários para fazer esta manutenção: embarcações adaptadas com guinchos (para puxar as cordas de mexilhões de dentro da água) e com roldanas (para segurar os cabos do espinhel durante o manejo) balsas, mesas de classificação, limpeza e ensaca- mento de sementes bombas de água com pressão vários utensílios como facão, tesoura, alicate, espátu- la (raspadeira), luvas, bandejas plásticas, caixas plásticas, trena, garatéia (para enganchar o cabo-mestre do long-line). Importante Todo o manejo, de preferência, deve ser feito à sombra, evitando o sol forte. Observe o crescimento dos mexilhões, pois poderá haver necessidade de colocar mais bombonas durante a engorda para sustentar mais peso nos long-lines. Cultivo de mexilhões – 23 Organismos associados ou incrustantes – a vida ao redor do cultivo Do mesmo modo que um fazendeiro na terra, o cultiva- dor de moluscos, sendo um fazendeiro do mar, tem que lidar com uma série de espécies competidoras. Estes organismos variam, podendo crescer ao redor do cultivo ou mesmo se incrustar nos moluscos. Podem ser organismos causadores de doenças ou que competem pelo mesmo alimento dos mexi- lhões. As plantas e animais que crescem ao redor do cultivo ou se incrustam nos moluscos são chamados de incrustantes. No cultivo de moluscos podem ser apenas incômodos ou causar perda total. Podem causar mortalidade, principalmente das semen- tes, reduzir a taxa de crescimento e, nos cultivos suspensos, causar problemas de flutuação. Os principais organismos incrustantes que causam pro- blemas são: anêmonas, esponjas, hidrozoários, briozoários, poliquetas, cracas, mexilhões, algas e tunicados ou ascídias. Controle de incrustantes Os três principais métodos de controle dos incrustantes são o físico, o químico e o biológi- co. O método físico inclui calor direto, do sol ou fogo. Os métodos químicos utilizam água doce, água quente ou banho em solução química tipo sulfato de cobre ou salmoura. O controle biológico envolve co- Incrustar: fixar, aderir 22 – Manuais BMLP de maricultura Existem alguns materiais necessários para fazer esta manutenção: embarcações adaptadas com guinchos (para puxar as cordas de mexilhões de dentro da água) e com roldanas (para segurar os cabos do espinhel durante o manejo) balsas, mesas de classificação, limpeza e ensaca- mento de sementes bombas de água com pressão vários utensílios como facão, tesoura, alicate, espátu- la (raspadeira), luvas, bandejas plásticas, caixas plásticas, trena, garatéia (para enganchar o cabo-mestre do long-line). Importante Todo o manejo, de preferência, deve ser feito à sombra, evitando o sol forte. Observe o crescimento dos mexilhões, pois poderá haver necessidade de colocar mais bombonas durante a engorda para sustentar mais peso nos long-lines.Cultivo de mexilhões – 23 Organismos associados ou incrustantes – a vida ao redor do cultivo Do mesmo modo que um fazendeiro na terra, o cultiva- dor de moluscos, sendo um fazendeiro do mar, tem que lidar com uma série de espécies competidoras. Estes organismos variam, podendo crescer ao redor do cultivo ou mesmo se incrustar nos moluscos. Podem ser organismos causadores de doenças ou que competem pelo mesmo alimento dos mexi- lhões. As plantas e animais que crescem ao redor do cultivo ou se incrustam nos moluscos são chamados de incrustantes. No cultivo de moluscos podem ser apenas incômodos ou causar perda total. Podem causar mortalidade, principalmente das semen- tes, reduzir a taxa de crescimento e, nos cultivos suspensos, causar problemas de flutuação. Os principais organismos incrustantes que causam pro- blemas são: anêmonas, esponjas, hidrozoários, briozoários, poliquetas, cracas, mexilhões, algas e tunicados ou ascídias. Controle de incrustantes Os três principais métodos de controle dos incrustantes são o físico, o químico e o biológi- co. O método físico inclui calor direto, do sol ou fogo. Os métodos químicos utilizam água doce, água quente ou banho em solução química tipo sulfato de cobre ou salmoura. O controle biológico envolve co- Incrustar: fixar, aderir Cultivo de mexilhões – 21 Em Santa Catarina, os mexilhões chegam ao ta- manho de 7 a 8 centímetros, ideal para venda, de 6 a 9 meses. Este tempo e tamanho são considerados em mé- dia, mas é importante observar a densidade do culti- vo. Quando ela for muito alta, aconselha-se fazer o desdobre. Por que fazer o desdobre O desdobre nas cordas é feito para diminuir a quantidade de mexilhões, para limpar e homogenei- zar a produção e facilitar o crescimento, durante o período de engorda. É importante fazer isto também porque os animais terão mais alimento à sua dispo- sição, e é necessário quando começam a aparecer se- mentes fixadas nas cordas de engorda. O manejo Uma criador de mexilhões deve saber que uma fazenda, mesmo sendo pequena, deve ser cuidada freqüentemente. Estes cuidados são importantes para ver se os mexilhões estão crescendo, se as cordas estão limpas e se existem predadores ou outros organismos que prejudicam o cultivo. Densidade populacional: relação entre a quantidade e o espaço. Neste caso, muitas sementes ou indivíduos em pouco espaço é um ambiente com densidade alta. Desdobre ou despesca: colheita dos mexilhões, repicagem. 24 – Manuais BMLP de maricultura nhecimento da biologia e ecologia dos organismos, deste modo o cultivo pode ser planejado para dimi- nuir os organismos incrustantes. Predadores Predadores são animais que se alimentam da car- ne dos mexilhões. Os predadores mais encontrados são: peixes (miraguaia, baiacu, sargo-de-dente) – trituram as conchas. siris (siri azul) – quebram as bordas das conchas e comem a carne. caramujos (moluscos gastrópodes como Thais haemastoma e Cima- tium partenopeum) – fazem um bu- raco na concha e comem a carne. Co- letar os adultos e manter as cordas afastadas do fundo pode ser uma boa maneira de evitá-los. planárias são vermes achatados, bentônicos, que se alimentam da carne de outros animais. O tratamento preventivo é a exposição dos mexilhões ao ar livre. estrelas-do-mar – abrem as conchas com seus braços e projetam o estômago para dentro do mexi- lhão. Quando são poucas podem ser retiradas ma- nualmente. Moluscos gastrópodes: animais de corpo mole como lesmas, caracóis e caramujos. Cultivo de mexilhões – 25 Competidores Os competidores causam mortalidade em sementes, reduzem as taxas de cresci- mento, causam problemas de flutuação nas estruturas e diminuem a captação de semen- tes porque competem por espaço e prejudi- cam o crescimento dos adultos. Os mais comuns são: cracas – são os competidores mais im- portantes porque podem formar agrupamen- tos com alta densidade. Possuem uma concha calcá- ria que se fixa, por exemplo, na concha dos mexi- lhões, nos cascos dos navios e em outros substratos. outros moluscos que não os mexilhões – são filtradores que competem por alimento, crescem muito rapidamente e em grande quantidade. esponjas – podem se fixar às conchas, dificul- tando sua abertura. anêmonas – possuem corpo mole e tentáculos na região oral. Fixam-se e crescem nas conchas, au- mentando o seu peso e dificultando a abertura das valvas. hidrozoários – podem chegar a ter 30 centíme- tros e possuem várias formas e tamanhos. Fixam-se na concha e aumentam seu peso. Esponjas: animais multicelulares primitivos. Vivem exclusivamente no mar, fixados a um substrato. A maioria das espécies prefera águas com maior salinidade. Hidrozoários: classe de animais celenterados, cnidários, que compreende formas bastante diversas, com saco digestivo desprovido de septos. Seu ciclo reprodutivo apresenta, alternadamente, fase de pólipo fixo e fase de medusa móvel. 28 – Manuais BMLP de maricultura 6. Colheita Quando os mexilhões crescem e ficam com o tama- nho de 7 a 8 centímetros, que é o chamado tamanho co- mercial, realiza-se a colheita. Nesta fase eles estão gordos, ou seja, com o tecido gonadal totalmente preenchido. Retira-se as cordas de mexilhões da água e começa-se a debulhar. Faz-se a limpeza para tirar os demais organis- mos aderidos como cracas, algas, briozoários e ascídias. Conforme as exigências do mercado, onde eles serão vendidos, pode-se fazer uma separação por tamanho, manualmente ou com a ajuda de peneiras de madeira, plás- tico ou metal, com diferentes malhas. Comercialização É importante que o produto que vai ser vendido ao consumidor seja de alta qualidade. Por isso alguns cui- dados devem ser tomados quando se colhe os mexi- lhões antes de vendê-los. Vender o produto somente quando estiver gordo. Lavar e selecionar os mexilhões, para poder ven- der um produto uniforme. Tecido gonadal: material reprodutivo. No macho é esbranquiçado ou creme, nas fêmeas é vermelho- alaranjado. 26 – Manuais BMLP de maricultura briozoários coloniais – são menores que 1 mi- límetro de espessura, mas formam colônias que po- dem cobrir completamente a concha. anelídeos poliquetas – formam tubos calcários de areia ou de lama sobre a concha dos mexilhões. Quando são muitos, perfuram as conchas de lado a lado, obrigando os mexilhões a consumir muita ener- gia para a produção de uma nova concha. tunicados ou ascídias – são solitárias ou colo- niais. Todas se aderem a algum substrato, podendo recobrir todo o mexilhão. algas – são competidores, mas também ser- vem como alimento, quando microscópicas. As al- gas maiores são um problema porque recobrem to- talmente as conchas, aumentando o peso e diminu- indo a circulação de água. Doenças A doença nos moluscos é provavelmente o pro- blema mais difícil que os cultivadores têm que en- frentar. Sinais de alerta podem aparecer, tais como fen- das nas conchas, que podem ocorrer com o animal ainda vivo, ou morto recentemente. Os predadores, peixes ou siris, removem a carne por esta fenda. Freqüentemente a mortalidade ocorre antes que sinais de doença possam ser percebidos. A dificul- Tunicados ou ascídias: animais de corpo mole, quase transparente, que se aderem ao cultivo. Anelídeos poliquetas: têm o corpo formado por uma série contínua de anéis ou segmentos, delimitados externamente por sulcos transversais que dão a volta completa ao corpo cilíndrico do animal. Apresentam grandes tufos de cerdas implantadas em expansões laterais do corpo. São tipicamente marinhos, mas existem algumas espécies de água doce. Algumas espécies vivem dentro de tubos construídos por elas mesmas. Briozoários: são animais aquáticos diminutos, em geral marinhos, que formam colônias arborescentes, incrustrantes ou gelatinosas, presas a objetos em águas rasas. Cultivo de mexilhões – 27 dade então, é determinar se a mortalidade ocorreu devido a doenças ou outros fatores químicos ou oce- anográficostemporários. Raramente é possível realmente curar doenças numa grande população de moluscos no ambiente marinho. Na ocorrência de doenças, o objetivo de- verá ser o de estudar e aprender o suficiente sobre sua ecologia, tornando possível o cultivo, minimi- zando seus efeitos e prevenindo novos aparecimen- tos. Para isso, é importante informar aos órgãos de extensão e pesquisa no caso de mortalidades e/ou sinais de doenças. 26 – Manuais BMLP de maricultura briozoários coloniais – são menores que 1 mi- límetro de espessura, mas formam colônias que po- dem cobrir completamente a concha. anelídeos poliquetas – formam tubos calcários de areia ou de lama sobre a concha dos mexilhões. Quando são muitos, perfuram as conchas de lado a lado, obrigando os mexilhões a consumir muita ener- gia para a produção de uma nova concha. tunicados ou ascídias – são solitárias ou colo- niais. Todas se aderem a algum substrato, podendo recobrir todo o mexilhão. algas – são competidores, mas também ser- vem como alimento, quando microscópicas. As al- gas maiores são um problema porque recobrem to- talmente as conchas, aumentando o peso e diminu- indo a circulação de água. Doenças A doença nos moluscos é provavelmente o pro- blema mais difícil que os cultivadores têm que en- frentar. Sinais de alerta podem aparecer, tais como fen- das nas conchas, que podem ocorrer com o animal ainda vivo, ou morto recentemente. Os predadores, peixes ou siris, removem a carne por esta fenda. Freqüentemente a mortalidade ocorre antes que sinais de doença possam ser percebidos. A dificul- Tunicados ou ascídias: animais de corpo mole, quase transparente, que se aderem ao cultivo. Anelídeos poliquetas: têm o corpo formado por uma série contínua de anéis ou segmentos, delimitados externamente por sulcos transversais que dão a volta completa ao corpo cilíndrico do animal. Apresentam grandes tufos de cerdas implantadas em expansões laterais do corpo. São tipicamente marinhos, mas existem algumas espécies de água doce. Algumas espécies vivem dentro de tubos construídos por elas mesmas. Briozoários: são animais aquáticos diminutos, em geral marinhos, que formam colônias arborescentes, incrustrantes ou gelatinosas, presas a objetos em águas rasas. Cultivo de mexilhões – 27 dade então, é determinar se a mortalidade ocorreu devido a doenças ou outros fatores químicos ou oce- anográficos temporários. Raramente é possível realmente curar doenças numa grande população de moluscos no ambiente marinho. Na ocorrência de doenças, o objetivo de- verá ser o de estudar e aprender o suficiente sobre sua ecologia, tornando possível o cultivo, minimi- zando seus efeitos e prevenindo novos aparecimen- tos. Para isso, é importante informar aos órgãos de extensão e pesquisa no caso de mortalidades e/ou sinais de doenças. Cultivo de mexilhões – 25 Competidores Os competidores causam mortalidade em sementes, reduzem as taxas de cresci- mento, causam problemas de flutuação nas estruturas e diminuem a captação de semen- tes porque competem por espaço e prejudi- cam o crescimento dos adultos. Os mais comuns são: cracas – são os competidores mais im- portantes porque podem formar agrupamen- tos com alta densidade. Possuem uma concha calcá- ria que se fixa, por exemplo, na concha dos mexi- lhões, nos cascos dos navios e em outros substratos. outros moluscos que não os mexilhões – são filtradores que competem por alimento, crescem muito rapidamente e em grande quantidade. esponjas – podem se fixar às conchas, dificul- tando sua abertura. anêmonas – possuem corpo mole e tentáculos na região oral. Fixam-se e crescem nas conchas, au- mentando o seu peso e dificultando a abertura das valvas. hidrozoários – podem chegar a ter 30 centíme- tros e possuem várias formas e tamanhos. Fixam-se na concha e aumentam seu peso. Esponjas: animais multicelulares primitivos. Vivem exclusivamente no mar, fixados a um substrato. A maioria das espécies prefera águas com maior salinidade. Hidrozoários: classe de animais celenterados, cnidários, que compreende formas bastante diversas, com saco digestivo desprovido de septos. Seu ciclo reprodutivo apresenta, alternadamente, fase de pólipo fixo e fase de medusa móvel. 28 – Manuais BMLP de maricultura 6. Colheita Quando os mexilhões crescem e ficam com o tama- nho de 7 a 8 centímetros, que é o chamado tamanho co- mercial, realiza-se a colheita. Nesta fase eles estão gordos, ou seja, com o tecido gonadal totalmente preenchido. Retira-se as cordas de mexilhões da água e começa-se a debulhar. Faz-se a limpeza para tirar os demais organis- mos aderidos como cracas, algas, briozoários e ascídias. Conforme as exigências do mercado, onde eles serão vendidos, pode-se fazer uma separação por tamanho, manualmente ou com a ajuda de peneiras de madeira, plás- tico ou metal, com diferentes malhas. Comercialização É importante que o produto que vai ser vendido ao consumidor seja de alta qualidade. Por isso alguns cui- dados devem ser tomados quando se colhe os mexi- lhões antes de vendê-los. Vender o produto somente quando estiver gordo. Lavar e selecionar os mexilhões, para poder ven- der um produto uniforme. Tecido gonadal: material reprodutivo. No macho é esbranquiçado ou creme, nas fêmeas é vermelho- alaranjado. Cultivo de mexilhões – 29 Utilizar embalagens adequadas. Não deixar o mexilhão fora da água muito tempo, enquanto espera pelo comprador. Sempre orientar o consumidor sobre a conservação do produto. Nunca vender um produto sabendo que não está em boas condições de consumo, as consequências po- dem ser desastrosas. Os mexilhões desmariscados (sem concha) sempre devem ser conservados em refrigerador ou freezer. Atenção: você estará vendendo um produto que é um alimento, portanto é responsável pela sua qualidade e apresentação. Quanto mais se cuida disto, melhor será o retorno. Manejo A higiene é muito importante quando se lida com mexilhões ou outro tipo de alimento. As regras básicas ao manusear os mexilhões são: manusear rapidamente manter frio manter limpo 32 – Manuais BMLP de maricultura DESCRIÇÃO QUANT. / VALOR Produção estimada 1.500 Kg Preço médio por Kg R$ 5,00 Ganhos 1.500 Kg x 5,00 R$ R$ 7.500,00 Gastos R$ 6.050,00 Lucro (ganhos – gastos) no ano R$ 1.450,00 Lucro no mês = 7.110 : 12 R$ 120,00 Não esqueça que os valores apresentados aqui são simbólicos, apenas um exemplo para mostrar como se monta um plano de gastos/ganhos. MATERIAL QUANT. VALOR UNITÁRIO EM REAIS VALOR TOTAL EM REAIS Bombonas plásticas 50 2,00 100,00 Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00 Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00 Raspadeira, caixa plástica, luvas, sacos, malha, etc – – 50,00 TOTAL – – 390,00 DESCRIÇÃO QUANT. / VALOR Produção estimada 1.500 Kg Preço médio por Kg R$ 5,00 Ganhos 1.500 Kg x 5,00 R$ R$ 7.500,00 Gastos R$ 390,00 Lucro (ganhos – gastos) no ano R$ 7.110,00 Lucro no mês = 7.110 : 12 R$ 592,50 Segundo ano 30 – Manuais BMLP de maricultura As pessoas envolvidas no manejo dos mexilhões de- vem observar sempre: Lavar as mãos antes e depois de cada interrupção do trabalho, depois de usar o banheiro e depois de mexer em materiais contaminados. Usar aventais limpos, botas e proteção para os cabelos. Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte. Manter os cabelos limpos e presos. Evitar o uso de objetos de adorno, como pul- seiras, anéis, aliança, relógios e colares. Evitar atos não higiênicos como: – tossir sobre alimentos, – secar o suor com as mãos, – coçar a cabeça, – introduzir dedos na orelha, nariz e boca. Transporte O transporte do produto deve ser rápido, mantendo o mexilhão ao abrigo do sol e evitando o contato com o óleo do barco e outros contaminantes. Cultivo de mexilhões – 31 7. Desenvolvimento de um plano de negócio O maricultor não precisa de um curso de administra- ção para cuidar do seu negócio. Mas precisa saber quanto gasta com seu cultivo para,no final do processo, quando vender o produto, calcular o seu lucro. Basicamente, deve anotar todas as despesas que tem com o cultivo, criando, por exemplo, um caderno de apon- tamentos, guardando as notas fiscais. Existem algumas despesas básicas que relacionamos abaixo para lembrar: Primeiro ano MATERIAL QUANT. VALOR UNITÁRIO EM REAIS VALOR TOTAL EM REAIS Bombonas plásticas 50 2,00 100,00 Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00 Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00 Poitas de cimento 250 kg 02 20,00 40,00 Barco de 4,5m 01 1.200,00 1.200,00 Motor 8 Hp 01 1.800,00 1.800,00 Freezer 01 600,00 600,00 Raspadeira, caixa plástica, luvas, sacos, malha, etc – – 50,00 TOTAL – – 6.050,00 30 – Manuais BMLP de maricultura As pessoas envolvidas no manejo dos mexilhões de- vem observar sempre: Lavar as mãos antes e depois de cada interrupção do trabalho, depois de usar o banheiro e depois de mexer em materiais contaminados. Usar aventais limpos, botas e proteção para os cabelos. Manter as unhas curtas, limpas e sem esmalte. Manter os cabelos limpos e presos. Evitar o uso de objetos de adorno, como pul- seiras, anéis, aliança, relógios e colares. Evitar atos não higiênicos como: – tossir sobre alimentos, – secar o suor com as mãos, – coçar a cabeça, – introduzir dedos na orelha, nariz e boca. Transporte O transporte do produto deve ser rápido, mantendo o mexilhão ao abrigo do sol e evitando o contato com o óleo do barco e outros contaminantes. Cultivo de mexilhões – 31 7. Desenvolvimento de um plano de negócio O maricultor não precisa de um curso de administra- ção para cuidar do seu negócio. Mas precisa saber quanto gasta com seu cultivo para, no final do processo, quando vender o produto, calcular o seu lucro. Basicamente, deve anotar todas as despesas que tem com o cultivo, criando, por exemplo, um caderno de apon- tamentos, guardando as notas fiscais. Existem algumas despesas básicas que relacionamos abaixo para lembrar: Primeiro ano MATERIAL QUANT. VALOR UNITÁRIO EM REAIS VALOR TOTAL EM REAIS Bombonas plásticas 50 2,00 100,00 Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00 Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00 Poitas de cimento 250 kg 02 20,00 40,00 Barco de 4,5m 01 1.200,00 1.200,00 Motor 8 Hp 01 1.800,00 1.800,00 Freezer 01 600,00 600,00 Raspadeira, caixa plástica, luvas, sacos, malha, etc – – 50,00 TOTAL – – 6.050,00 Cultivo de mexilhões – 29 Utilizar embalagens adequadas. Não deixar o mexilhão fora da água muito tempo, enquanto espera pelo comprador. Sempre orientar o consumidor sobre a conservação do produto. Nunca vender um produto sabendo que não está em boas condições de consumo, as consequências po- dem ser desastrosas. Os mexilhões desmariscados (sem concha) sempre devem ser conservados em refrigerador ou freezer. Atenção: você estará vendendo um produto que é um alimento, portanto é responsável pela sua qualidade e apresentação. Quanto mais se cuida disto, melhor será o retorno. Manejo A higiene é muito importante quando se lida com mexilhões ou outro tipo de alimento. As regras básicas ao manusear os mexilhões são: manusear rapidamente manter frio manter limpo 32 – Manuais BMLP de maricultura DESCRIÇÃO QUANT. / VALOR Produção estimada 1.500 Kg Preço médio por Kg R$ 5,00 Ganhos 1.500 Kg x 5,00 R$ R$ 7.500,00 Gastos R$ 6.050,00 Lucro (ganhos – gastos) no ano R$ 1.450,00 Lucro no mês = 7.110 : 12 R$ 120,00 Não esqueça que os valores apresentados aqui são simbólicos, apenas um exemplo para mostrar como se monta um plano de gastos/ganhos. MATERIAL QUANT. VALOR UNITÁRIO EM REAIS VALOR TOTAL EM REAIS Bombonas plásticas 50 2,00 100,00 Corda nylon 22mm 120m 1,00 120,00 Corda nylon 6mm 600m 0,20 120,00 Raspadeira, caixa plástica, luvas, sacos, malha, etc – – 50,00 TOTAL – – 390,00 DESCRIÇÃO QUANT. / VALOR Produção estimada 1.500 Kg Preço médio por Kg R$ 5,00 Ganhos 1.500 Kg x 5,00 R$ R$ 7.500,00 Gastos R$ 390,00 Lucro (ganhos – gastos) no ano R$ 7.110,00 Lucro no mês = 7.110 : 12 R$ 592,50 Segundo ano
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