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Unidade 1
Atelier VI: pesquisa 
e levantamento 
de dados sobre a 
temática
Carolina Cardoso
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, 
incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento 
e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Sumário
Unidade 1
Atelier VI: pesquisa e levantamento de dados sobre a temática .............. 7
Seção 1
Atelier VI: temática do projeto ......................................................... 9
Seção 2
Atelier VI: metodologia de projetos de arquitetura hospitalar ...24
Seção 3
Legislação vigente e normas pertinentes .......................................38
Palavras do autor
Olá! Bem-vindo(a) à disciplina de Atelier de Projeto de Arquitetura VI.
O que seria de um arquiteto, se não soubesse como projetar?
Caminhamos ao longo de toda a trajetória acadêmica estudando sobre 
formas, proporção, elementos construtivos e metodologia de projeto para 
nos tornarmos aptos para exercer a profissão. No entanto, devemos consi-
derar que existem inúmeros tipos de edificações, cada qual com a sua 
função e particularidade. 
Conhecer as características que diferenciam os edifícios é fundamental 
para criar soluções que atendam às necessidades e aos desejos de quem 
usufruirá do espaço. Por isso, esta disciplina tem como objetivo respaldar o 
futuro profissional nas mais variadas situações. 
Desta vez, abordaremos a ampla e complexa temática da arquitetura 
hospitalar. Este livro trata desde a evolução histórica dos hospitais e a 
concepção do projeto de edifícios de saúde até o detalhamento e a apresen-
tação do projeto arquitetônico. Em síntese, temos como foco orientar o aluno 
na compreensão da temática dos edifícios de saúde e na metodologia de 
análise de projetos e fazer com que ele conheça a legislação vigente e entenda 
a concepção do projeto de edifícios de saúde, que vai desde o pré-dimensio-
namento, o sistema estrutural e os detalhamentos até as técnicas de apresen-
tação do projeto arquitetônico.
A Unidade 1 tem caráter introdutório e versará sobre assuntos gerais para 
que você possa compreender, de forma efetiva, como funciona um edifício 
da área da saúde. Nas Unidades 2, 3 e 4, relacionaremos a temática com o 
processo projetual já desenvolvido pelo(a) aluno(a) em disciplinas anteriores. 
Tópicos como análise do entorno, programa de necessidades, partido arqui-
tetônico, pré-dimensionamento, desenhos técnicos e apresentação de projeto 
serão abordados ao longo do material.
Este livro funciona como um guia, mas não se limite a ele! Busque 
por conhecimento em outras fontes, como livros, palestras e pesquisas 
científicas, a fim de vivenciar a arquitetura com olhos mais atentos. 
Aprofunde-se nos conteúdos tratados neste material didático e conte 
com a ajuda do(a) professor(a) neste processo de aprendizagem. 
Bons estudos!
Unidade 1
Atelier VI: pesquisa e levantamento de dados 
sobre a temática
Convite ao estudo
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, teremos como foco a temática da arquitetura hospitalar. 
Você sabe quando surgiram os primeiros médicos e hospitais? Qual era a confi-
guração desses espaços e quais as modificações que aconteceram no decorrer 
da história? Existe leis e normas que regem o funcionamento destes edifícios?
Para responder a essas questões, introduziremos o assunto e conhece-
remos a temática do projeto de arquitetura hospitalar, buscando referências 
projetuais a partir de análises de projetos correlatos. Além disso, conhece-
remos as normas que regem o projeto dos edifícios de saúde. Por fim, teremos 
conhecimento sobre o histórico do tema do projeto e a legislação vigente e 
criaremos um repertório de referências arquitetônicas. 
Imagine a situação na qual você foi contratado(a) por um escritório 
de arquitetura especializado em construções da área da saúde. A prefei-
tura da sua cidade, localizada no interior do estado, está em um acelerado 
processo de expansão que envolve a abertura de novos loteamentos. Dessa 
forma, a prefeitura lançou um edital para um concurso municipal de projeto 
arquitetônico para uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do novo bairro 
recém-aprovado.
Este edital apresenta como requisitos a apresentação de um projeto arqui-
tetônico, no nível de anteprojeto, de um Estabelecimento Assistencial de 
Saúde (EAS), com capacidade entre 2.400 e 4.000 pacientes e que atenda aos 
critérios estabelecidos pelo Manual de Estrutura Física das Unidades Básicas 
de Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde.
Na Seção 1.1, você iniciará uma pesquisa sobre a temática de projeto e 
analisará algumas edificações voltadas para o uso da saúde, a fim de conhecer 
melhor as características dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS). 
Com isso, você compreenderá a setorização e circulação entre os ambientes 
necessários em uma edificação da área de saúde. Na Seção 1.2, identificará 
as tipologias existentes e compreenderá o processo de concepção do projeto 
arquitetônico. Nesse contexto, terá contato com o Plano Diretor Hospitalar 
e qual é o processo projetual que envolve a criação de uma edificação. Para 
terminar, na Seção 1.3, você se aprofundará na legislação vigente sobre 
edifício de saúde, que norteará o desenvolvimento do projeto que deverá 
atender a todas as normativas.
Com os conteúdos apresentados nesta disciplina, será possível entender 
que a arquitetura pode influenciar no processo de cura dos doentes, atuando, 
inclusive, como um tratamento auxiliar.
Está pronto(a) para descobrir os poderes do projeto arquitetônico?
9
Seção 1
Atelier VI: temática do projeto
Diálogo aberto
Hospitais, clínicas médicas, postos de saúde e laboratório de análises 
clínicas; o projeto de edifícios voltados para a área da saúde exige atenção 
especial, pois nestas construções existe a aglomeração de pessoas enfermas, 
infectadas e debilitadas, o que aumenta o risco de contaminação e disseminação 
de doenças. Devemos considerar ainda que os Estabelecimentos Assistenciais 
de Saúde (EAS) prestam serviços de atendimento para indivíduos abatidos, e 
que a maneira com que o projeto de arquitetura destas edificações for ideali-
zada impacta diretamente sobre o bem-estar da pessoa que precisa ser curada. 
Pense em um cenário em que você faz parte de um escritório de arquitetura 
especializado em projetos de EAS e a sua equipe trabalhará em uma Unidade 
Básica de Saúde (UBS) no bairro novo da cidade onde mora. Você gostaria 
de compreender mais sobre a temática para apresentar maior segurança e 
melhores escolhas no momento de começar a projetar. Sendo assim, decidiu 
estudar o processo histórico que moldou as edificações de atendimento à saúde 
no Brasil, além de buscar por referências de projetos de arquitetura hospitalar e 
analisar as soluções que foram utilizadas para atingir o resultado final.
Analise o processo histórico das construções de edifícios de saúde. 
Quais foram as transformações e influências que culminaram na tipologia 
construtiva que vivenciamos hoje? Quais dos elementos identificados devem 
estar presentes no seu projeto arquitetônico? Que referências arquitetônicas 
poderão auxiliá-lo no processo criativo, enriquecendo seu projeto? 
Sua pesquisa acerca das edificações de arquitetura hospitalar executadas 
no Brasil fez com que você identificasse alguns nomes que se destacaram 
no projeto de edifícios de saúde, dentre eles, João FilgueirasLima. Nesse 
contexto, vcê opta por analisar uma obra completa do arquiteto para auxili-
á-lo na elaboração de um processo metodológico para EAS. Inicie observando 
quais são os setores que compõem o projeto, os ambientes e suas respec-
tivas funções. Existem várias especialidades médicas atuando em conjunto? 
Analise como os espaços se relacionam e os fluxos de circulação. O fluxo de 
pacientes se cruza com o fluxo de médicos e funcionários? Observe também 
fotografias dos ambientes internos. Este edifício é inteiramente branco ou 
apresenta cores? Como são os móveis? Existe paisagismo? Estes são alguns 
dos questionamentos que você deve levantar ao analisar a obra.
10
Para tanto, veremos, nesta seção, a evolução histórica dos hospitais, 
contextualizando a temática da arquitetura hospitalar. Nesse sentido, desco-
briremos como eram os hospitais da antiguidade e quais acontecimentos os 
transformaram nos complexos de saúde atuais. Compreender como ocorreu 
a evolução destas edificações auxilia na criação de um panorama geral que 
possibilitará o entendimento acerca da função e das percepções dos edifí-
cios de saúde. A análise de projetos arquitetônicos atuais lhe permitirá criar 
um repertório de referências que poderão ser utilizadas futuramente, no 
momento de projetar um edifício de saúde.
Está curioso(a) para descobrir como a arquitetura pode influenciar no 
tratamento dos pacientes? Vamos começar nossa jornada de aprendizagem 
sobre a arquitetura hospitalar!
Não pode faltar
Não se sabe com precisão a origem da medicina e dos hospitais como 
conhecemos hoje. Entretanto, existem registros de locais destinados ao 
tratamento de doentes que datam de épocas anteriores ao cristianismo. A 
cura dos enfermos já se mostrava uma preocupação desde a antiguidade, 
nas primeiras cidades da civilização (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). 
Conforme a população crescia, os indivíduos que antes se preocupavam 
apenas com a sua vitalidade e de sua família passaram a atentar à saúde 
coletiva das sociedades urbanas primitivas.
Saiba mais
A profissão de médico foi estabelecida na Babilônia, sendo dissemi-
nada para o Egito. Os registros encontrados nos pergaminhos egípcios 
mostram uma variedade de especialidades médicas, como olhos, dentes 
e distúrbios internos. A remuneração era farta e os tratamentos eram 
custeados pelo governo. Imhotep, considerado o primeiro arquiteto 
que já existiu e responsável pela construção da pirâmide mais antiga, 
era também um excelente médico (GÓES, 2004, cap. 2).
Os médicos da Antiguidade e Idade Clássica recebiam muito prestígio, 
sendo relacionados aos sacerdotes egípcios e gregos (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 1944). Nestes períodos, assim como na Idade Média, o exercício da 
medicina era associado à divindade e ao cristianismo. A função do hospital 
não se restringia ao tratamento de doenças e se caracterizava por locais que 
recebiam não só os enfermos, mas também os pobres e peregrinos
11
Vocabulário
Por esse motivo, a palavra hospital tem origem no latim hospitalis, 
adjetivo derivado de hospes, que significa hóspedes. O termo como 
conhecemos hoje tem a conotação de nosocomium, do grego, que signi-
fica “tratar os doentes”.
Os primeiros locais que concebiam a função da cura de doenças estavam 
associados aos templos. Na Grécia, surgiram as Asclepéia, templos dedicados 
ao culto de Esculápio, um ser com habilidades médicas excepcionais 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). Estes templos eram edificados em locais 
propícios ao tratamento médico. As construções deveriam ser implantadas nas 
colinas, abrigadas contra os ventos fortes, e próximas à floresta e a uma fonte de 
água mineral. A preocupação com a higiene e alimentação já acontecia naquela 
época. Antes que os enfermos adentrassem nos santuários, estes eram subme-
tidos a processos de purificação com banhos, massagens e unções. 
A medicina e os médicos gregos ganharam importância e conquistaram 
espaço em Roma. O prestígio era tanto que o imperador Júlio César concedeu 
a cidadania romana a todos os médicos. No período governado pelo seu 
sucessor Augusto, o arquiteto romano Marcus Vitruvius escreveu um livro 
que ficou conhecido como Tratado de Arquitetura. No compilado, Vitruvius 
(2007) apresenta como reconhecer um local saudável para implantação das 
cidades e a escolha do ambiente de implantação das edificações, resgatando 
os princípios utilizados pelos gregos: localidades altas, com boa ventilação, 
evitando áreas pantanosas e nebulosas. Além disso, relembra a relação com 
o alimento e com a água, fatores que indicam a salubridade dos locais. O 
autor incorpora os conceitos de conforto térmico, indicando a orientação 
solar mais adequada, evitando insolações extenuantes.
Pesquise mais
O livro De Architectura Libri Decem, de Marcus Vitruvius Pollio, intro-
duziu os princípios da arquitetura clássica que influenciaram as 
construções do Renascimento e são utilizados até os dias atuais. Este 
compêndio está dividido em dez volumes, que apresentam aspectos 
arquitetônicos, desde a escolha do local para implantar uma cidade até 
a decoração do interior das construções. O artigo escrito pela profes-
sora Giselle Luzia Dziura apresenta mais detalhadamente quais foram 
as contribuições dos escritos de Vitruvius. Leia o intervalo de páginas 
de 20 a 26 e saiba mais.
DZIURA, G. L. Três tratadistas da arquitetura e a ênfase no uso do 
espaço. Da Vinci, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 19-36, 2006.
12
A Idade Média ficou conhecida como Idade das Trevas por diferentes 
razões, por exemplo, a infestação de pestes que culminou em grandes epide-
mias, aumentando a necessidade de implantação de locais para quaren-
tena. Assim, acelerou-se o processo de construção de hospitais, localizados 
próximos aos mosteiros e às igrejas, reforçando o poder do cristianismo 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). Um dos marcos da arquitetura hospitalar 
está associado à construção de dois Hotéis Dieu, em Lyon e em Paris (Figura 
1.1). A planta baixa destes estabelecimentos abrigava uma capela e deveria 
permitir que todos os pacientes observassem os atos religiosos enquanto 
repousavam em suas camas (GÓES, 2004). Porém, em meados do século XII, 
surgiram diversos concílios que proibiram o exercício da medicina pelo clero, 
incluindo as operações com derramamento de sangue. Apenas as doenças 
da alma deveriam ser tratadas pelo clero, enquanto o exercício da medicina 
ficou nas mãos de leigos.
Figura 1.1 | Catedral de Notre-Dame com o antigo Hotel Dieu à direita (Paris).
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://fr.wikipedia.org/wiki/H%C3%B4tel-Dieu_de_Paris. Aces -
so em: 5 jul. 2019.
O advento das universidades e da invenção do microscópio serviu de 
impulso para o desenvolvimento da ciência. Durante o Renascimento, os 
concílios da igreja foram abandonados, o que permitiu avanços nos proce-
dimentos cirúrgicos que foram determinantes para o melhoramento dos 
hospitais. A medicina deixou de ter um caráter monástico para ser reconhe-
cida como parte da física, o que culminou na municipalidade dos hospitais 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944).
13
Após o incêndio do Hotel Dieu em Paris, no ano de 1772, ocorreram 
mudanças significativas acerca da construção e do planejamento dos estabe-
lecimentos de saúde. O hospital era imenso para a época, com capacidade 
de 2.500 leitos, e apresentava diversos problemas de contaminação e disse-
minação de doenças (GÓES, 2004). A Academia de Ciências de Paris ficou 
encarregada pela sua reconstrução. Diversos projetos foram apresentados 
e cada um deles previa atender 5.000 leitos. Contudo, a comissão se opôs 
às propostas e estabeleceu novos parâmetros para a construção, incluindo, 
dentre outros aspectos, a redução do número de leitos por hospital (1.200); 
a disposição em pavilhões, nos quais as enfermarias ficariam isoladas e não 
haveriam salas contínuas; e a utilizaçãode, preferivelmente, apenas um 
pavimento, com o máximo de dois ou três, conforme a concessão. Estes 
princípios foram utilizados para direcionar a construção de vários hospitais 
durante mais de um século (GÓES, 2004).
Reflita
A preocupação com a contaminação e infecção, dispersa pelos próprios 
doentes, acarretou mudanças na estrutura física das edificações hospita-
lares. Quais outros aspectos podem ser influenciados pela arquitetura?
Portugal foi influenciado pelas características propostas pela Academia 
de Ciências e transferiu sua cultura para a colônia, assim como o fez em 
diversos outros aspectos. O Brasil recebeu edificações para assistência hospi-
talar desde o seu descobrimento. Em 1543, foi construído o primeiro hospital 
nacional na cidade de Santos, sendo sucedido pela construção de instala-
ções em Olinda e São Paulo antes do final do século XVI. Desde então, não 
houveram novas normas para a construção de edificações de saúde até a 
Revolução de 1930. 
Neste período já estavam sendo construídos, nos Estados Unidos, edifí-
cios hospitalares em um único bloco de inúmeros pavimentos, funcionando 
em perfeitas condições de salubridade, que sobrepunham aos princípios da 
Academia de Ciências (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). Estes parâmetros 
foram utilizados pelos arquitetos brasileiros para construir as novas instala-
ções de saúde do país. Alguns exemplos são: o Hospital da Brigada Militar 
em Recife (1934), projetado por Luís Nunes; a Faculdade de Medicina de 
São Paulo (1944) (Figura 1.2), do arquiteto Ramos de Azevedo; e o Hospital 
Israelita Albert Einstein (1954), idealizado por Rino Levi.
14
Figura 1.2 | Faculdade de Medicina de São Paulo (1978)
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Medicina_da_Unie-
versidade_de_S%C3%A3o_Paulo. Acesso em: 5 jul. 2018.
A partir daí, podemos traçar um repertório de referências em arquite-
tura hospitalar no Brasil. Além dos arquitetos já citados, nomes como Jarbas 
Karman, João Filgueiras Lima, João Carlos Bross e Carlos Eduardo Pompeu 
se destacam no projeto dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS).
Saiba mais
A denominação Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) é dada 
a qualquer edifício destinado a prestar serviços de assistência à saúde 
para a população. Independentemente do nível de complexidade do 
projeto, todos eles devem garantir o acesso do paciente, seja em regime 
de internação ou não.
As obras dos hospitais da Rede Sarah Kubitschek se destacam dentre o 
acervo de projetos realizados por João Filgueiras Lima, conhecido como Lelé. 
O primeiro hospital foi inaugurado em Brasília no ano de 1980, o que levou 
à criação do Centro Tecnológico Sarah Kubitschek (CTRS) que originou a 
Rede Sarah. Para a terceira unidade, construída em 1994 na cidade de Salvador 
(Figura 1.3), o arquiteto utilizou um sistema muito particular para o conforto 
térmico. A iluminação e ventilação natural foram incorporadas ao projeto por 
meio do sistema de cobertura denominado shed, que permitiu a redução do 
uso de aparelhos de ar condicionado e, consequentemente, o gasto energético. 
Os elementos, que se assemelham a ondas, permitem a entrada da luz do sol 
de forma indireta e direciona os ventos para o interior da edificação. Existem, 
15
ainda, outros fatores que se unem ao elemento da cobertura para contribuírem 
com a melhor eficiência do edifício, como o sistema de galerias de manutenção, 
que funcionam também como dutos de ventilação natural e que canalizam os 
ventos, favorecendo a circulação do ar; e o resfriamento evaporativo, que usa 
a nebulização de água para diminuir a temperatura do ar. Este último também 
funciona como um filtro para as partículas de poeira.
Figura 1.3 | Hospital Sarah – Unidade Salvador
Fonte: Rede Sarah. Disponível em: http://www.sarah.br/media/1368/a_redeSARAH_unid_salvadorgrande2.
jpg?anchor=center&mode=crop&rnd=130536445810000000. Acesso em: 5 jul. 2018.
Depois da capital baiana, diversas outras cidades receberam obras da 
Rede Sarah que utilizavam a cobertura em sheds e seguiam os mesmos princí-
pios de conforto térmico. A última unidade foi construída em 2009 no Rio 
de Janeiro (Figura 1.4). É possível notar a evolução arquitetônica de Lelé no 
decorrer dos 15 anos que separam as duas obras. A cobertura da construção 
carioca é mais alta e foi desassociada das paredes, permitindo mais flexibi-
lidade na organização dos ambientes, diferente da unidade de Salvador, na 
qual os sheds eram limitados à largura das salas.
Assimile
Os sheds são aberturas zenitais (ou seja, posicionadas na cobertura) 
com um formato característico que se assemelha aos dentes de uma 
serra, muito utilizados na construção de fábricas. As obras de Lelé 
popularizaram este elemento no Brasil, que se transformou e originou 
uma estrutura única em cada obra na qual fora empregado. O shed 
favorece o efeito chaminé, com o qual o ar quente é dissipado pela 
abertura por meio da diferença de densidade do ar. Mas, cuidado! O 
posicionamento da abertura deve calcular a incidência solar para que 
16
ela não se transforme em um canalizador dos raios solares e prejudique 
o conforto térmico do edifício.
Outra diferença é percebida na composição da cobertura, isto é, existe 
uma externa, feita com telha e forro de alumínio com um vão entre eles, 
da mesma forma como acontece em Salvador, e uma interna, produzida 
com estrutura metálica e policarbonato alveolar translúcido, que envolve os 
ambientes. Esta estrutura apresenta aberturas basculantes automatizadas que 
permitem alternar entre os sistemas de ventilação natural e artificial, já que o 
Hospital Sarah, do Rio de Janeiro, é o único que tem ar condicionado devido 
às suas condições climáticas.
Figura 1.4 | Hospital Sarah – Unidade Rio de Janeiro
Fonte: Rede Sarah. Disponível em: http://www.sarah.br/media/1401/a_redeSARAH_unid_riogrande.jpg?an/-
chor=center&mode=crop&rnd=130537087220000000. Acesso em: 5 jul. 2018.
A partir da análise das obras de arquitetos renomados na área da saúde, 
é possível identificar as características essenciais para o projeto destas edifi-
cações. Em primeiro lugar, deve-se considerar que o paciente está ali para 
ser curado e, para isso, precisa de um local que lhe ofereça, além do trata-
mento médico necessário, ambientes agradáveis e humanitários que contri-
buam para o seu bem-estar. Os recursos naturais, como iluminação, venti-
lação e vegetação, tornam-se aliados no momento de compor espaços que 
apresentem conforto ambiental.
Exemplificando
Os elementos vegetais apresentam influência sobre as sensações 
do usuário. Estudos apontam a contribuição da vegetação para uma 
17
melhor saúde mental, com menos estresse e ansiedade (BARTON; 
PRETTY, 2010; LEE; JORDAN; HORSLEY, 2015; AKPINAR, 2016). Dessa 
forma, o paisagismo pode ser incorporado aos espaços hospitalares 
como tratamento auxiliar ao paciente. 
Um exemplo é a proposta do projeto de extensão do Hospital de Helsin-
gborg na Suécia. Note que existe uma grande porção da área destinada 
às localidades verdes.
Figura 1.5 | Implantação da proposta vencedora da extensão do Hospital de Helsingborg, Suécia
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-107796/proposta-vencedora-da-extensao-do-hospitals-
-de-helsingborg-slash-schmidt-hammer-lassen-architects/514b7e02b3fc4b095e0000c5-helsingborg-hospi-
tal-extension-winning-proposal-schmidt-hammer-lassen-architects-image. Acesso em: 5 jul. 2018.
O arquiteto pode – e deve! – projetar espaços confortáveis, seja ele de uma 
residência, um comércio, uma indústria, entre outros. No entanto, devemos 
nos lembrar de que um EAS não é como uma edificação. Existem normas e 
fluxos que precisam ser respeitados para que tudo funcione corretamente e 
de forma segura. Falaremos sobre a metodologia e as orientações para elabo-
raçãode um projeto de arquitetura hospitalar na próxima seção.
Sem medo de errar
O escritório de arquitetura do qual você faz parte participará de um 
concurso público para projetar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no 
bairro novo da cidade em que você mora. Antes de iniciar o projeto, você 
18
optou por buscar referências em obras desenvolvidas por outros arquitetos 
que lhe auxiliarão na elaboração do anteprojeto.
A pesquisa histórica desenvolvida mostrou que a preocupação com 
a saúde da população existe desde os primórdios da civilização. Nesse 
contexto, você identificou características como a escolha correta do local 
de implantação, o aproveitamento da insolação e ventilação natural e a 
organização dos ambientes visando a funcionalidade da edificação. Neste 
momento, deverá enriquecer o seu projeto com referências arquitetônicas 
de projetos correlatos.
Além disso, terá como função escolher uma obra do arquiteto João 
Filgueiras Lima dentro da temática apresentada na seção. Comece pesqui-
sando em revistas, livros e sites o acervo desenvolvido pelo arquiteto durante 
a sua carreira e selecione uma obra da área da saúde para ser analisada. Faça 
uma ficha técnica da edificação, na qual deve constar o nome da obra, local de 
implantação, data do projeto e de início e fim da construção. Inclua também 
dados referentes ao tamanho da edificação (em m²). Com estas informações, 
você poderá procurar pelos desenhos técnicos (plantas baixas, cortes, eleva-
ções) e por fotografias da obra.
Primeiramente, analise uma escala macro, verificando como o sol incide 
sobre a edificação: identifique a direção do Norte e quais as faces de maior 
e menor insolação. Obtenha a informação dos ventos dominantes; por 
exemplo, no Rio de Janeiro, estes são provenientes da direção leste. Observe 
a existência de áreas vegetadas no terreno ou se ele é todo pavimentado.
Depois de analisar o entorno, e com a planta baixa em mãos, identi-
fique os setores que fazem parte da construção. Quais são eles? Recepção, 
ambulatório, maternidade, centro cirúrgico, patologia clínica, Unidade de 
Tratamento Intensivo (UTI) e administração. Consegue reconhecer algum 
deles? Você pode usar lápis de cor ou canetas hidrocor para identificar os 
ambientes que fazem parte de um mesmo setor. Identifique também como 
são distribuídos os fluxos. Use linhas e setas com cores de acordo com cada 
setor, e classifique-os como fluxo interno (dos médicos e enfermeiros) e 
externo (dos pacientes e visitantes). Esses fluxos se cruzam?
Veja o exemplo a seguir (Figura 1.6), que analisa o Centro de Apoio ao 
Grande Incapacitado Físico, uma das unidades da Rede Sarah em Brasília, 
DF. Veja como a planta baixa colorida facilita a visualização de como foram 
organizados os ambientes em setores ou unidades funcionais
19
Figura 1.6 | Exemplo de análise de obra (o Centro de Apoio ao Grande Incapacitado Físico, 
Brasília, DF)
Fonte: adaptado de WESTPHAL (2007).
Utilizando os cortes e detalhamentos, verifique quais foram as soluções 
construtivas empregadas ao edifício. Como é a estrutura? De que material 
ela é composta? Analise os detalhes construtivos que foram desenvolvidos 
para este projeto.
Por fim, identifique os ambientes internos a partir das fotografias, anali-
sando quais foram os revestimentos empregados, como é o design do mobili-
ário, além das cores utilizadas. Como a luz se comporta nesse ambiente? O 
paisagismo está presente?
20
Faça uma descrição de todas as características que você achar pertinente 
e organize-as em pranchas que serão anexadas ao memorial descritivo do 
projeto, o qual será entregue ao final da disciplina. Por fim, vale acrescentar 
que você pode colocar imagens para ilustrar o texto e facilitar a compreensão.
Avançando na prática
Hospital: do passado ao presente
As doenças que acometiam as primeiras civilizações estavam forte-
mente relacionadas com a falta de saneamento básico. Portanto, as instala-
ções hospitalares apresentavam características que auxiliavam o tratamento 
dessas enfermidades, no sentido de fornecer condições sanitárias salubres, 
como água potável, ventilação e iluminação adequados.
A evolução da urbanização ocasionou o desenvolvimento de redes de 
abastecimento de água e sistemas de esgoto sanitário, o que reduziu deter-
minados tipos de doenças características da Idade Média. Atualmente, 
os problemas de saúde enfrentados pela população são outros e requerem 
recursos diferentes e mais abrangentes.
Pela vasta experiência do seu escritório em desenvolver projetos de edifi-
cações de saúde, você foi convidado a palestrar para estudantes de arquitetura 
na universidade próxima à sua cidade. Neste sentido, faça uma retrospectiva 
histórica e identifique quais características dos edifícios de saúde se manti-
veram ao longo dos anos, e quais foram incorporadas ou modificadas para se 
adequar à nova realidade. Observe o que mudou na configuração dos hospi-
tais: onde estão localizados? Quem prestava o serviço e qual o público que ele 
atende? Como era o sistema construtivo? Quais equipamentos são utilizados? 
Utilize o conhecimento adquirido para relacionar a arquitetura hospitalar 
com o período histórico.
Resolução da situação-problema
Faça um quadro para te ajudar a organizar as características de cada período. 
Na linha de cabeçalho, escreva os períodos históricos que deseja comparar. A 
primeira coluna determinará qual característica será analisada. Utilize algumas 
das citadas anteriormente e crie o seu quadro. Veja um exemplo:
21
Quadro 1.1 | Modelo de quadro comparativo dos edifícios de saúde ao longo da história
Antiguidade Idade Média Renascimento Atualidade
Localização
Público
Médicos
Sistema 
construtivo
Equipamentos
Fonte: elaborado pela autora.
Preencha as colunas com as informações referentes a cada período. Fique 
à vontade para adicionar outros períodos e características. Ao completar o 
quadro, observe se alguma das informações se repetiram em mais de um 
período. Faça um texto pontuando quais foram as principais mudanças 
ocorridas ao longo do tempo.
Faça a valer a pena
1. Esculápio foi um médico grego que possuía habilidades de cura excepcionais. 
Segundo a história, este médico foi destruído por Zeus, que temia que ele tornasse 
os homens imortais. A partir de então, surgiram templos dedicados à preservação da 
memória de Esculápio e seu legado, denominados Asclepéia.
Assinale a alternativa que melhor descreve as características das Asclepéias.
a. Localizadas próximas ao mar, que facilitava o transporte dos médicos.
b. Construídas no centro da cidade, no qual todos pudessem ter acesso.
c. Localizadas sobre áreas rochosas, nas quais havia abundância de matéria-
-prima.
d. Construídas nas colinas, próximas às florestas, e abrigadas contra os ventos 
fortes.
e. Localizadas próximas às montanhas, nas quais os sacerdotes invocavam o 
poder curativo dos deuses. 
2. No início do século XX surgiu uma tipologia construtiva das edificações hospita-
lares nos Estados Unidos. A estas construções dava-se o nome de monobloco.
As afirmativas a seguir indicam características destas construções:
22
I. Economia na construção e manutenção, a partir da concentração de instala-
ções hidráulicas, elétricas, de esgoto, etc.
II. Menor isolamento por pavimento do que em pavilhões térreos.
III. Possibilidade de serviços operatórios como raio X, laboratórios clínicos e 
fisiodiagnóstico.
IV. Facilidade na administração e mais cooperação entre o setor técnico.
Com base no texto, assinale a alternativa correta.
a. Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
b. Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
c. Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas.
d. Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
e. Todas as afirmativas estão corretas.3. A Rede Sarah consiste em uma série de unidades hospitalares distribuídas em 
várias cidades do Brasil. João Filgueiras Lima, o arquiteto que projetou os edifícios, 
incorporou características muito peculiares em sua arquitetura. A figura a seguir 
mostra o desenho técnico do corte da última unidade implantada na cidade do Rio 
de Janeiro.
Figura 1.7 | Corte do hospital Sarah do Rio de Janeiro
Fonte: adaptado de Lukiantchuki (2010).
Observe o corte apresentado e avalie as afirmativas a seguir:
I. O arquiteto utilizou a cobertura do tipo shed em todos os hospitais da Rede 
Sarah, visando aproveitar a luz e ventilação natural.
II. A cobertura em forma de ondas foi utilizada apenas para conferir ao edifício 
um apelo estético com forte identidade visual.
23
III. A cobertura da unidade do Rio de Janeiro está desassociada das divisórias, 
permitindo maior flexibilidade dos ambientes.
Assinale a alternativa que contém apenas as afirmativas corretas.
a. Apenas a afirmativa I está correta.
b. Apenas a afirmativa II está correta.
c. Apenas a afirmativa III está correta.
d. As afirmativas I e III estão corretas.
e. As afirmativas I, II e III estão corretas.
24
Seção 2
Atelier VI: metodologia de projetos de 
arquitetura hospitalar
Diálogo aberto
Para que o arquiteto seja capaz de desenvolver um projeto arquitetônico 
eficiente no setor de saúde, é necessário que se tenha conhecimento acerca 
do funcionamento dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) e da 
metodologia aplicada ao projeto. Neste sentido, o Plano Diretor Hospitalar 
(PDH) se transforma em um documento norteador das ações e soluções 
voltadas para o desenvolvimento das edificações de saúde.
Voltemos ao cenário profissional em que você trabalha em um escritório 
de arquitetura especializado em projetos de EAS, e a equipe da qual faz parte 
participará de um concurso público para um projeto de uma Unidade Básica 
de Saúde (UBS) no bairro novo da cidade na qual você mora. Já foi criado 
um repertório de referências arquitetônicas que lhe auxiliará na criação do 
projeto arquitetônico do EAS. Agora, você iniciará o processo projetual a 
partir do desenvolvimento de um PDH e da adoção de uma metodologia que 
indicará algumas técnicas que poderão ser utilizadas no decorrer do projeto. 
Para isso, será necessário que você identifique: como são classificados os EAS? 
Quais informações devem constar no PDH? Quais são as etapas metodoló-
gicas a serem seguidas no processo criativo de elaboração do projeto?
Nesta seção, apresentaremos um embasamento teórico sobre a rede de 
saúde no Brasil, que nos permitirá conhecer e caracterizar os tipos de edifí-
cios de saúde. Versaremos também sobre o PDH e sua importância para o 
levantamento de soluções técnicas e organizacionais que influenciarão o 
funcionamento do EAS. Ainda, estudaremos a metodologia de projeto que 
define as etapas que envolvem a concepção de um projeto arquitetônico.
Vamos diferenciar os conceitos de “máquina de curar” e “máquina de 
cuidar” a partir da utilização de recursos de humanização da arquitetura 
hospitalar. Está pronto para compreender o que está por trás da elaboração 
de um projeto arquitetônico?
Não pode faltar
No ano de 1978 foi realizada a Conferência Internacional sobre Cuidados 
Primários de Saúde, com o objetivo de estabelecer ações para a promoção da 
25
saúde. O resultado da conferência ficou registrado em um documento denomi-
nado Declaração de Alma-Ata, no qual foram determinados dez tópicos acerca 
dos cuidados primários em saúde. Dentre eles, é enfatizado o caráter multifato-
rial do conceito de saúde, entendido não só pela ausência de enfermidades, mas 
também pelo “estado de completo bem-estar físico, mental e social” (ALMA-
ATA, 1978). Ainda, a declaração afirma: “é direito e dever dos povos participar 
individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados de 
saúde” (ALMA-ATA, 1978). Neste contexto entra o papel do arquiteto: projetar 
e planejar um ambiente propício para a promoção da saúde, envolvendo todos 
os aspectos que ela abrange (físico, mental e social).
O Ministério da Saúde surgiu a partir da fragmentação do Ministério de 
Educação e Saúde, no ano de 1953. Nas décadas seguintes, foram desenvol-
vidos planos e políticas de promoção de saúde, dentre as quais destaca-se: 
• A III Conferência Nacional da Saúde (CNS), realizada em 1963 pelo 
ministro Wilson Fadul, que defendia a municipalização dos serviços 
de saúde.
• A criação do Plano Nacional de Saúde, instituído pelo ministro e 
médico Lionel Miranda no ano de 1967 a partir das diretrizes estabe-
lecidas pela III CNS. 
A Constituição Federal de 1988 incumbiu ao poder público a responsa-
bilidade da saúde da população, sendo dever do Estado a garantia da saúde. 
A partir disso, o governo criou o Sistema Único de Saúde (SUS), regulamen-
tado pela Lei Orgânica da Saúde (BRASIL, 1990).
Reflita
Dentre os assuntos abordados pela Constituição Federal, estão as 
políticas públicas acerca do sistema de saúde. O Artigo 196 diz que:
a saúde é direito de todos e dever do Estado, garan-
tido mediante políticas sociais e econômicas que visem 
à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua 
promoção, proteção e recuperação. (BRASIL, 1988, [s.p.])
Ainda, a Constituição instaura o sistema único de saúde, provido com os 
recursos do governo e complementado pelas ações da iniciativa privada.
Entretanto, devemos analisar como isso funciona na prática. As insti-
tuições privadas realmente atuam como complemento ao tratamento 
26
oferecido pelo SUS? Ou aqueles que tem menos recursos estão fadados 
ao atendimento, muitas vezes precário, da rede de saúde pública?
A rede de saúde no Brasil pode ser classificada de três formas: esferas de 
atuação, níveis de atendimento e tipos de estabelecimentos. 
• A esfera de atuação diz respeito à integração dos serviços ofere-
cidos a partir da hierarquização da gestão. São identificados pela 
escala nacional (regida pelo Ministério da Saúde), escala estadual 
(administrada pelas Secretarias de Saúde correspondentes, consiste 
no nível vertical de atuação) e escala municipal (corresponde ao 
nível horizontal de atuação e está sob a responsabilidade dos órgãos 
equivalentes) (BRASIL, 1990). 
• Já os níveis de atendimento têm relação com as atividades realizadas 
pelo EAS. São classificados em: nível primário, secundário e terciário. 
O nível primário é responsável por promover os serviços de assistência 
à saúde e ambulatório. Realiza atividades relacionadas ao saneamento 
e de diagnóstico básico. O nível secundário, além das atividades do 
nível primário, também oferece atendimento clínico nas áreas médica, 
cirúrgica, ginecológica, obstétrica e pediátrica. São realizados atendi-
mentos ambulatoriais que apresentam o suporte dos laboratórios de 
patologia clínica e radiodiagnóstico para determinar o diagnóstico. 
Por fim, o nível terciário abrange os casos mais complexos, prestando 
serviços ambulatoriais, de urgência e internação.
• Quanto ao tipo dos estabelecimentos, estes são hierarquizados de 
acordo com os níveis de atendimento. O nível primário está relacio-
nado com estruturas físicas correspondentes aos postos e centros de 
saúde, também chamados de Unidade Básica de Saúde (UBS). O nível 
secundário corresponde às unidades mistas, ambulatórios gerais e 
hospitais, enquanto o nível terciário é abrangido pelos ambulatórios, 
hospitais regionais e especializados. Alguns estabelecimentos têm o 
Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico (SADT) como comple-
mento ao diagnóstico, a partir da realização de exames. O Quadro 1.2 
descreve os tipos de estabelecimentos.
Quadro 1.2 | Tipos de estabelecimentos de saúde
NÍVEL TIPOLOGIA DESCRIÇÃO
1 Posto de saúde
Unidadedestinada à prestação de assistência a uma 
determinada população, de forma programada ou não, por 
profissional de nível médio, com a presença intermitente, ou 
não, do profissional médico.
27
1
Centro 
de saúde/
Unidade 
Básica de 
Saúde
Unidade para realização de atendimentos de atenção básica 
e integral a uma população, de forma programada ou não, 
nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência 
odontológica e de outros profissionais de nível superior. 
A assistência deve ser permanente e prestada por médico 
generalista ou especialista nestas áreas, podendo, ou não, 
oferecer: SADT e pronto atendimento 24 Horas.
2 Unidade mista
Unidade destinada à prestação de atendimento em atenção 
básica e integral à saúde, de forma programada ou não, 
nas especialidades básicas, podendo oferecer assistência 
odontológica e de outros profissionais, com unidade de 
internação, sob administração única. A assistência médica 
deve ser permanente e prestada por médico especialista ou 
generalista. Além disso, pode dispor de urgência/emergência 
e SADT básico ou de rotina.
2 Pronto-socorro
Unidade destinada à prestação de assistência a pacientes 
com ou sem risco de vida, cujos agravos necessitam de 
atendimento imediato, podendo ter, ou não, internação.
2 Hospital geral
Hospital destinado à prestação de atendimento nas 
especialidades básicas, por especialistas e/ou outras 
especialidades médicas. Além disso, pode dispor de serviço 
de urgência/emergência e de SADT de média complexidade.
2
Unidade 
de apoio de 
diagnose e 
terapia
Unidades isoladas nas quais são realizadas atividades que 
auxiliam a determinação de diagnóstico e/ ou complementam 
o tratamento e a reabilitação do paciente.
3 Hospital especializado
Hospital destinado à prestação de assistência à saúde em 
uma única especialidade/área. Dispõe serviço de urgência/ 
emergência e SADT, podendo ter, ou não, SIPAC. Por fim, 
vale acrescentar que este tipo de hospital é, geralmente, de 
referência regional, macro regional ou estadual.
3 Ambulatório especializado
Clínica destinada à assistência ambulatorial em apenas uma 
especialidade/área da assistência.
Fonte: adaptado de CNES (2008).
Para que cada um destes tipos de EAS funcionem de maneira correta e 
condizente com a função a qual se propõe executar, é necessário que haja 
um planejamento dos métodos e das estratégias que nortearão o desenvolvi-
mento do projeto arquitetônico. Para isso, a elaboração de um Plano Diretor 
Hospitalar (PDH) é fundamental para o funcionamento do EAS. Assim como 
o Plano Diretor Municipal (PDM) orienta e dá diretrizes para o desempenho 
adequado das cidades, o PDH é o documento que organizará os aspectos 
físicos e criará ações operacionais do edifício hospitalar (MENDES, 2007).
28
Assimile
Os hospitais são instituições complexas que abrangem, além do trata-
mento médico, diversos setores, podendo desempenhar a função de 
hotel, restaurante, lavanderia, farmácia, laboratório, empresa (adminis-
tração), dentre outros. Por isso, o planejamento é imprescindível para 
que todos os setores funcionem dentro da sua própria individualidade, 
além de se relacionar e trabalhar em conjunto.
Considerando a multidisciplinaridade de um EAS, o planejamento pode 
ser subdivido em áreas, por exemplo, o planejamento econômico, o plane-
jamento tecnológico e a área na qual o arquiteto se torna o protagonista: o 
planejamento físico-espacial. O arquiteto será responsável por projetar um 
edifício que permite a integração dos diversos setores que compõem o EAS, 
garantindo que seu funcionamento esteja de acordo com o modelo assisten-
cial definido pela equipe.
De acordo com Fabrício (2002), existem sete etapas em um processo de 
projeto de arquitetura, explanadas na Figura 1.6. Cada uma delas envolve um 
aspecto arquitetônico da obra e o cumprimento e a realização de suas orien-
tações garantem a eficiência projetual do empreendimento.
Figura 1.6 | Principais serviços e atividades do processo de projeto
29
Fonte: Mendes (2007, p. 82).
No decorrer da disciplina, abordaremos de forma mais enfática o produto da 
segunda etapa deste processo: o projeto arquitetônico. Este, por sua vez, é subdi-
vidido em três etapas: estudo preliminar, projeto básico e projeto executivo. 
• O estudo preliminar é a representação gráfica do partido arquitetô-
nico por meio de desenhos técnicos. Este estudo utilizará os aspectos 
levantados no PDH como base e deverá consolidar o programa de 
necessidades definido previamente. Também faz parte do estudo preli-
minar a elaboração do memorial justificativo, no qual são descritas 
todas as soluções escolhidas, fundamentadas em algum aspecto que 
deve ficar claro neste relatório. 
• O projeto básico consiste na apresentação técnica de tudo o que foi 
definido no estudo preliminar, incluindo os projetos complementares, 
como elétrico, hidráulico e estrutural. 
• Já o projeto executivo detalha, de forma precisa e clara, todos os 
elementos construtivos sem os quais seria impossível executar a obra. 
30
O conteúdo destas etapas será retomado e aprofundado nas unidades 
seguintes deste material.
Você pode estar se perguntando: mas qual caminho devo seguir para 
atingir o resultado, que é o projeto arquitetônico? Christopher Alexander, 
arquiteto austríaco, desenvolveu o design methodis, um método que sistematiza 
o processo de criação (ALEXANDER, 1964; GÓES, 2004). Quando aplicado à 
arquitetura, o método é decomposto em meta-projeto e projeto (Figura 1.7).
Figura 1.7 | Sistematização da metodologia de projeto
Fonte: adaptado de Góes (2004).
O conceito surgirá das discussões acerca do empreendimento, de 
pesquisas bibliográficas, análise de projetos correlatos (lembre-se do reper-
tório de referências que criamos na seção anterior) e experiências acumu-
ladas ao longo da carreira. A elaboração do PDH pode sugerir alguns dos 
aspectos que serão considerados no momento de conceituação do projeto. 
Com o conceito definido, o próximo passo é a geração de requisitos, isto 
é, a verificação das atividades que serão realizadas no projeto e consequente 
determinação do programa de necessidades. Estas atividades deverão ser 
hierarquizadas de acordo com a sua prioridade. A matriz de requisitos 
identificará a relação entre os requisitos definidos anteriormente com a 
finalidade de resolver o problema, ou seja, eliminar os conflitos e favorecer 
a conexão das partes complementares. Esta matriz corresponde às etapas de 
zoneamento funcional e fluxograma que serão apresentadas em um outro 
momento. A última etapa antes da concepção final do projeto consiste no 
diagrama espacial, no qual o arquiteto desenvolverá desenhos esquemá-
ticos para facilitar a leitura da estrutura do problema, definido na matriz de 
requisitos. Os diagramas podem estar relacionados às partes do problema 
ou à estrutura como um todo. Essa sequência esquematizada fornece os 
meios pelos quais será possível determinar soluções do problema e atingir 
o resultado. A partir do momento em que o arquiteto internaliza as etapas 
31
do processo criativo, ele poderá desenvolver as suas próprias técnicas e seus 
próprios métodos para concepção de projetos.
Exemplificando
Existem exemplos nacionais de profissionais que atuam na promoção 
de novos processos e normas que regem a arquitetura hospitalar, 
dentre eles: Sylvia Caldas Ferreira Pinto, que participa dos trabalhos 
escritos pelo Ministério da Saúde; João Carlos Bross, que estuda sobre 
técnicas de gerenciamento do projeto; e João Filgueiras Lima (Lelé), que 
desenvolveu processos de padronização e industrialização aplicada aos 
edifícios hospitalares.
A Rede Sarah é um exemplo de aplicação dos conceitos de pré-fabri-
cação desenvolvidos por Lelé durante seus estudos na Europa. Todos 
os hospitais da rede utilizamsistemas pré-fabricados, desde a superes-
trutura até os objetos hospitalares (LUKIANTCHUKI et al., 2011). A 
expansão da rede permitiu o aperfeiçoamento das técnicas, garantindo 
estruturas mais leves e funcionais. Um destes materiais consiste na 
argamassa armada, utilizada nas lajes da estrutura do Hospital Sarah do 
Rio de Janeiro (Figura 1.8).
Figura 1.8 | Hospital Sarah do Rio de Janeiro
Fonte: Arcoweb. Disponível em: https://www.arcoweb.com.br/finestra/tecnologia/ecoeficienb-
cia---arquitetura-bioclimatica. Acesso em: 8 jul. 2019.Novos métodos devem ser criados a fim 
de resolver os problemas enfrentados, sejam eles de ordem geográfica, física-estrutural, social 
ou econômica.
Novos métodos devem ser criados a fim de resolver os problemas 
enfrentados, sejam eles de ordem geográfica, física-estrutural, social 
ou econômica.
32
Um dos problemas enfrentados pela grande parte dos EAS modernos 
e que merece destaque é a desumanização dos ambientes hospitalares. Na 
seção anterior, vimos como os princípios da Academia de Ciências de Paris 
transformaram o modo de projetar os edifícios de saúde. Nesse contexto, 
surgiu o modelo construtivo pavilhonar, no qual a preocupação com a conta-
minação (até então acreditava-se que esta seria contida por meio de barreiras 
físicas) originou uma estrutura que utilizava a ventilação, a iluminação e a 
redistribuição das unidades funcionais como fatores dificultadores da disse-
minação de doenças. Desse modo, as construções eram concebidas sob os 
princípios do conforto ambiental, provendo maiores quantidades de ar por 
leito e pátios ajardinados para separação dos enfermos de acordo com a 
patologia (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1944). 
A partir do século XIX, os avanços tecnológicos permitiram identificar 
os microorganismos (até então desconhecidos) como a causa da dissemi-
nação de doenças, além da adoção de técnicas de assepsia que se tornaram 
mais eficazes que a disposição de barreiras físicas para eliminar os fatores 
de contaminação (TOLEDO, 2008). Uma vez que o confinamento do ar e 
a concentração de gás carbônico deixaram de ser responsáveis pela insalu-
bridade, surgiu um novo modelo arquitetônico denominado monobloco, 
que concentrou todas as funções em um único bloco construtivo com vários 
pavimentos. A preocupação excessiva com o rigor funcional dos hospitais 
levou a uma abdicação de qualquer fator que não fosse necessário do ponto 
de vista da clínica médica, o que afastou a prática terapêutica dos hospitais 
modernos (TOLEDO, 2008).
Dessa forma, a humanização se apresenta como a maneira de tratamento 
do paciente a partir da qual ele é visto como ser humano, e não apenas como 
um doente. O foco do atendimento à saúde não deverá ser simplesmente 
curar, e sim cuidar, por meio do conforto físico e psicológico oferecido ao 
indivíduo. Este aspecto deve ser incorporado em todos os EAS, indepen-
dente do nível de complexidade, visando universalizar o tratamento humani-
tário na arquitetura hospitalar.
Pesquise mais
O seguinte artigo, de Júlio Nardino, descreve algumas ações de humani-
zação da arquitetura hospitalar e aponta as características a serem 
observadas no PDH.
NARDINO, J. C. dos S. Planejando o hospital do futuro: a importância 
do Plano Diretor Hospitalar. In: XII Semana de Extensão, Pesquisa e 
Pós-Graduação (SEPesq). 2016.
33
Dessa forma, encerramos mais uma etapa de aprendizado sobre a arqui-
tetura hospitalar. Na próxima seção, compreenderemos as normas e leis 
aplicadas ao projeto arquitetônico de edifícios da área da saúde.
Sem medo de errar
O escritório de arquitetura no qual você trabalha participará de um 
concurso para o projeto de um Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) 
no bairro novo que está sendo construído. Agora que você já tem um reper-
tório de referências arquitetônicas, poderá iniciar o processo projetual. Você 
deverá partir da elaboração de um Plano Diretor Hospitalar (PDH) que 
orientará a execução do projeto arquitetônico. O PDH deverá conter um 
breve histórico da cidade na qual o EAS será implantado, relacionando com 
os dados de saúde do município (você poderá obter essas informações nos 
órgãos públicos como o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 
Além disso, você deverá descrever e caracterizar o tipo de EAS a ser desen-
volvido: a Unidade Básica de Saúde (UBS). Verifique quais atividades ela se 
propõe a realizar, qual o público atingido e os funcionários envolvidos. O 
edital do concurso público prevê a construção de uma UBS com capacidade 
de atendimento para 2.400 a 4.000 pacientes, ou seja, terá uma Equipe Saúde 
da Família (ESF). Esta acompanhará o paciente provindo do Sistema Único 
de Saúde (SUS) desde a sua chegada ao estabelecimento e terá contato perene 
com o indivíduo. O Ministério da Saúde desenvolveu o Manual de Estrutura 
Física das Unidades Básicas de Saúde, que poderá ser utilizado para identificar 
as atividades oferecidas pela UBS. Este estabelecimento deverá resolver 85% 
dos problemas de saúde da comunidade, e o encaminhamento dos pacientes 
para centros especializados só deverá ocorrer na menor parte dos casos, apenas 
quando necessário. Dessa forma, a UBS deverá oferecer serviços como recepção 
(registro e marcação de consultas), consultas médicas e de enfermagem, trata-
mentos odontológicos, procedimentos como imunização, inalação e curativos, 
atendimento de urgência básico e, apenas em casos de maior complexidade, 
o encaminhamento para centros de urgência ou especializados. Além disso, a 
ESF é responsável pelo mapeamento das características da saúde da população 
e pelo planejamento de ações individuais ou coletivas, visando a promoção da 
saúde e recuperação de doenças.
Após descrever as atividades realizadas na UBS, você deverá realizar a 
caracterização do edifício. Uma vez que não existem edificações prévias e o 
projeto será concebido por completo, não é necessário fazer a descrição dos 
elementos físicos existentes. Dessa forma, você poderá analisar e refletir sobre 
quais ações devem nortear o funcionamento e a elaboração da UBS. Faça 
uma descrição de todas as diretrizes que orientarão a elaboração do projeto. 
34
Você poderá incluir princípios como humanização, economia e tecnologias 
neste texto. Por fim, este relatório será anexado ao memorial descritivo do 
projeto e entregue ao final da disciplina.
Desenvolvido o PDH, partiremos para a conceituação do projeto, primeira 
etapa descrita no método de projeto. Relacione o seu repertório de referên-
cias, o PDH, e as discussões acerca do assunto para criar um conceito próprio 
deste projeto de arquitetura hospitalar. Tenha em mente que o conceito é o 
aspecto no qual a edificação se destaca e no qual será fundamentada. Deve 
ser algo palpável, como elaborar um projeto sustentável com base nas certi-
ficações, ou utilizar a industrialização para facilitar o processo construtivo. 
O conceito não precisa representar apenas uma face do projeto e pode ser 
destrinchado em vários fatores.
Um exemplo é o Dell Children’s Medical Center (Figura 1.9), no Texas 
(EUA), que usou a sustentabilidade como um dos conceitos do projeto. Este 
hospital foi o primeiro a obter a certificação LEED Platinum, que consiste em 
uma espécie de selo de edificação sustentável utilizado globalmente.
Figura 1.9 | Dell Children’s Medical Center, Texas, EUA
Fonte: Polkinghorn Group Architects. Disponível em: http://www.polkinghorngrouparchitects.com/work/hee-
althcare/dell_childrens_medical_center.php Acesso em: 8 jul. 2018.
O PDH deverá ser redigido em forma de relatório e a conceituação do 
projeto deverá ser demonstrada em uma folha sulfite tamanho A3. Para ilustrar 
35
os conceitos escolhidos, você pode utilizar imagens. Além disso, não se esqueça 
de diagramar a prancha para melhorar a apresentação do projeto. Anexe estes 
documentos no memorialdescritivo que será entregue ao final da disciplina.
Avançando na prática
Exemplos de humanização na área da saúde
Você e a equipe do seu escritório de arquitetura trabalharão em um projeto de 
uma Unidade Básica de Saúde (UBS). Você reconhece a importância de um bom 
atendimento ao paciente e da influência que a arquitetura tem no tratamento das 
doenças e, por isso, apresenta interesse em conhecer os princípios de humani-
zação dos espaços e alguns exemplos práticos. Sendo assim, você decide fazer uma 
pesquisa que enriquecerá o seu repertório de referências, permitindo a incorpo-
ração do princípio básico da humanização em seu projeto. A leitura do seguinte 
artigo intitulado poderá lhe ajudar a entender o processo de humanização.
TOLEDO, L. C. de M. Humanização do edifício hospitalar, um tema 
em aberto. Rede HumanizaSUS, [s. d.].
Resolução da situação-problema
Para aprofundar o seu conhecimento sobre a humanização, leia o artigo 
apresentado e anote os principais pontos de uma edificação humanizada. 
Em seguida, pesquise por referências e exemplos da prática de humanização 
em livros, revistas, sites na internet e artigos ou trabalhos acadêmicos, como 
teses e dissertações. Escolha uma edificação hospitalar humanizada ou retire 
os exemplos de princípios humanizadores de várias referências.
Um exemplo é o Hospital Miguel Piltcher, do arquiteto Irineu Breitman 
(Figura 1.10), construído em 1973. As obras de Irineu muito se assemelham 
aos projetos de João Filgueiras Lima, apesar de terem suas divergências 
técnicas. A valorização da iluminação e ventilação naturais por meio do uso 
de sheds é um dos pontos em comum dos arquitetos.
Figura 1.10 | Hospital Miguel Piltcher, Pelotas (RS), Brasil
36
Fonte: Toledo (2008, p. 205).
Apresente a caracterização da edificação humanizada e a análise de 
projetos correlatos em uma prancha tamanho A3. Não se esqueça de identi-
ficar a(s) obra(s) (nome, local, data e arquiteto responsável) e utilizar imagens 
para ilustrar os exemplos. Por fim, anexe a prancha ao memorial descritivo 
que será entregue ao final da disciplina.
Faça a valer a pena
1. A rede de saúde pode ser caracterizada de acordo com o nível de atendimento em: 
nível primário, nível secundário e nível terciário. 
Com base nisso, analise as afirmações a seguir:
I. O nível primário é responsável pelos atendimentos de assistência à saúde e 
ambulatório, com ações de saneamento e diagnóstico básico.
II. O nível secundário engloba o atendimento cirúrgico e ambulatorial com 
diagnósticos baseados em exames laboratoriais.
III. O nível terciário está relacionado com os hospitais especializados e serviços 
mais complexos de urgência e internação.
Assinale a alternativa que contém apenas as afirmações corretas.
a. Apenas as afirmações I e II estão corretas.
b. Apenas as afirmações II e III estão corretas.
c. Apenas as afirmações I e III estão corretas.
d. Todas as afirmações estão corretas.
e. Nenhuma das alternativas está correta.
37
2. O Plano Diretor Hospitalar (PDH) é um instrumento utilizado como suporte para 
a elaboração de um projeto arquitetônico na área da saúde. Seu desenvolvimento é 
fundamental para que a edificação seja concebida de forma adequada e apresente uma 
funcionalidade eficiente.
Assinale a alternativa que melhor descreve o Plano Diretor Hospitalar (PDH).
a. Contém a legislação e normas vigentes para os edifícios de saúde.
b. Relaciona os itens do Plano Diretor Municipal (PDM) à arquitetura hospi-
talar.
c. Apresenta o conceito do projeto arquitetônico da edificação de saúde.
d. Cria diretrizes para as ações e soluções do projeto de arquitetura hospitalar.
e. Descreve a metodologia de projeto utilizada no processo criativo. 
3. A metodologia tem como finalidade a estruturação do processo criativo que 
envolve a criação de um projeto arquitetônico. O arquiteto austríaco Christopher 
Alexander desenvolveu o design methodis, que envolve as seguintes etapas:
1. Diagrama espacial.
2. Matriz de requisitos.
3. Conceituação.
4. Geração de requisitos.
5. Solução arquitetônica.
Assinale a alternativa que apresenta a ordem correta das etapas do método.
a. 1 – 2 – 3 – 4 – 5.
b. 3 – 4 – 2 – 1 – 5.
c. 4 – 2 – 1 – 3 – 5.
d. 3 – 1 – 2 – 4 – 5.
e. 2 – 4 – 3 – 1 – 5.
38
Seção 3
Legislação vigente e normas pertinentes
Diálogo aberto
As leis e normas são fundamentais para a regulamentação e determinação 
de critérios de segurança, conforto, funcionalidade e higiene, necessários em um 
Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS). As atividades exercidas em um 
EAS requerem situações específicas para que possam atuar de maneira eficiente.
Voltemos ao cenário em que você é um dos arquitetos que compõem 
a equipe responsável por projetar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) 
no bairro novo da cidade na qual o escritório está instalado. Neste ponto, 
você já criou um repertório de referências e desenvolveu o Plano Diretor 
Hospitalar do EAS. O próximo passo é conhecer a legislação vigente para 
que você tenha subsídio técnico no momento de projetar. A atividade desta 
seção propõe uma análise de um projeto correlato, em formato de pranchas, 
no qual você poderá verificar a relação entre a legislação e o projeto. Você 
sabe qual é a função das leis e qual é o impacto que elas causam no desenho 
de um projeto? Como uma lei pode determinar algumas diretrizes? Quais 
elementos e soluções deverão estar contidas no projeto para que atenda às 
normas do corpo de bombeiro?
Nesse sentido, conheceremos nesta seção as normas, as leis, os manuais e 
outros documentos relacionados ao projeto de arquitetura hospitalar. Além 
disso, discutiremos sobre o Ministério da Saúde e seu papel na promoção 
de condições básicas para a população, as características de edificações e as 
normas técnicas voltadas para os EAS.
O descumprimento de qualquer uma destas normas resultará na não 
aprovação do projeto arquitetônico ou, ainda pior, em falhas funcionais e proce-
dimentais do EAS, que podem prejudicar a saúde e o bem-estar da população.
Prepare o papel e a caneta, pois o estudo da legislação vigente requer que 
você identifique e anote as instalações necessárias a determinado ambiente, 
dimensões mínimas de circulação, procedimentos e processos envolvidos 
nas atividades médicas e de serviços, entre outras situações necessárias nos 
ambientes hospitalares. 
Está pronto para começar?
39
Não pode faltar
O Ministério da Saúde é o setor governamental responsável pelos assuntos 
relacionados à saúde pública no Brasil. A primeira iniciativa em criar um 
órgão público para a gestão da saúde surgiu com o governo de Getúlio 
Vargas, no ano de 1930 (SILVA, 2017). Este presidente fundou o Ministério 
dos Negócios da Educação e Saúde Pública, que passou a se chamar apenas 
Ministério da Educação e Saúde alguns anos depois. Durante dezesseis anos, 
a gestão da saúde e da educação ficou sob a responsabilidade de um único 
ministério, até que, em 1953, houve uma fragmentação em Ministério da 
Educação e Cultura e Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
A função do Ministério da Saúde é promover condições adequadas 
de saúde a partir da redução de enfermidades, do controle de doenças 
endêmicas, da vigilância dos setores de saúde, entre outros aspectos, garan-
tindo a melhora da qualidade de vida da população. A Lei nº 6.229, de 17 de 
julho de 1975, instituiu o Sistema Nacional de Saúde e determinou as compe-
tências do Ministério da Saúde, por exemplo, “fixar normas e padrões para 
prédios e instalações destinados a serviços de saúde” (BRASIL, 1975b). No 
mesmo ano, surge o Decreto nº 76.973, de 31 de dezembro, que regulariza a 
aprovação dos projetos relacionados à saúde.
A evolução das normas de saúde teve como ponto de partida uma publi-
cação do Serviço Especial de SaúdePública (SESP) com o título “Padrões 
Mínimos Hospitais” no final da década de 1940. Este livro tinha como base 
um manual elaborado pelo Departamento de Saúde Americano. Em 1954, o 
Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) publicou o título “Planejamento de 
Hospitais”, uma obra literária que se originou do I Curso de Planejamento 
de Hospitais do IAB-SP. Em 1965, o Ministério da Saúde publicou o livro 
“Projeto de Normas Disciplinadoras das Construções Hospitalares”, um 
aprimoramento das técnicas e modelos disponibilizados pelo SESP. Estas 
normas foram utilizadas para a elaboração de projetos hospitalares até 
1974, quando o Ministério da Saúde publicou as “Normas de Construção 
e Instalação do Hospital Geral”, que tinha por finalidade a orientação dos 
profissionais com relação às normas hospitalares sem, no entanto, limitar 
as inovações de técnicas construtivas e partido arquitetônico. Estas normas 
foram revisadas pela Portaria nº 400/BSB, de 6 de dezembro de 1977, e 
novamente pela Portaria nº 1.884/GM, de 11 de novembro de 1994, a qual 
está em vigor atualmente. A portaria originou o manual intitulado “Normas 
para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde”.
É sobre estas normativas que trataremos nesta seção.
40
Assimile
A aprovação de um projeto de arquitetura hospitalar é semelhante a 
qualquer outro projeto. Assim como na aprovação de um projeto de uma 
residência, por exemplo, o arquiteto deverá seguir as normas da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) referentes à apresentação do projeto 
arquitetônico (NBR nº 8402, 8403 e 8404 de 1984; NBR nº 10126 e 10068 
de 1987; NBR nº 10582 de 1988; e NBR nº 10067 de 1995), bem como as 
diretrizes determinadas pela prefeitura da cidade na qual será implantado, 
como o Código de Obras e o Plano Diretor Municipal.
A diferença é que os Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS) 
deverão obedecer às normativas impostas pelo Ministério da Saúde, 
que abrangem aspectos de circulação, conforto ambiental, controle de 
infecções e contaminação, além de combate a incêndios.
De acordo com ao manual de Normas para Projetos Físicos de 
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (BRASIL, 1994a), podemos estabe-
lecer os seguintes critérios: circulações externas e internas, condições ambien-
tais de conforto, controle de infecção hospitalar e combate a incêndios.
Circulações externas e internas
As circulações externas e internas compreendem os acessos, o estaciona-
mento e as circulações horizontais e verticais e deverão estar em conformi-
dade com a Norma de Acessibilidade nº 9050/2015.
Os acessos devem ser o mais restrito possível. A setorização destes pode 
ser realizada a partir de seis categorias:
• Paciente externo ambulante, doador e acompanhante.
• Paciente externo transportado e acompanhante.
• Paciente a ser internado - ambulante ou transportado.
• Cadáver, acompanhante e visita.
• Funcionário e residente, vendedor, fornecedor e prestador de serviço, etc.
• Materiais e resíduos.
O número de acessos depende do tamanho do EAS. Um EAS de pequeno 
porte pode atender a várias categorias em um único acesso físico, enquanto 
um mais complexo e de maior porte poderá ter vários acessos físicos de uma 
mesma categoria.
41
A quantificação das vagas de estacionamento deve seguir as orientações 
previstas na legislação municipal, sendo prevista ao menos uma vaga (ou 
12,00 m²) para cada quatro leitos. Além disso, devem ser reservadas as áreas 
de estacionamento das viaturas de serviço (ambulâncias, por exemplo).
As circulações horizontais correspondem aos corredores, que devem 
ter largura mínima de 2,00 metros em casos de circulação de pacientes (seja 
ambulante, cadeirante, transportado em maca ou cama) ou de tráfego intenso 
de materiais ou pessoas. Ambos devem servir exclusivamente para circulação 
e a largura mínima deve permanecer livre caso seja instalado um equipamento 
como bebedouro, telefone público, extintores ou lavatórios. Corredores para 
tráfego baixo de pessoas ou cargas podem ter largura mínima de 1,20 metros.
A dimensão das portas também deve ser observada. Com exceção das 
portas utilizadas para passagem de macas, que devem ter largura mínima 
de 1,10 metros, e em caso de portas de acesso às unidades de diagnóstico 
e terapia, que requer largura mínima de 1,20 metros; as demais aberturas 
podem apresentar largura de 0,80 metros. A altura de qualquer uma das 
aberturas deve apresentar, no mínimo, 2,10 metros. As portas dos sanitários 
de pacientes devem abrir para fora ou permitir a retirada da folha pelo lado 
externo, caso o paciente esteja dentro do banheiro e precise de socorro.
As circulações verticais compreendem as escadas e rampas. Neste caso, além 
das normativas referentes à prevenção de incêndio, à NBR nº 9050:2015 e aos 
órgãos municipais, as circulações verticais devem atender a critérios específicos. 
As escadas de uso dos pacientes devem ter uma largura mínima de 1,50 metros, 
enquanto que as de uso exclusivo do pessoal pode ter largura mínima de 1,20 
metros (Figura 1.11). Nenhum lance de escada pode vencer mais de 2,00 metros, 
e não é permitido a utilização de degraus em leque. A largura mínima das rampas 
deverá ser 2,00 metros ou, em caso de circulação restrita a funcionários, 1,20 
metros. O número máximo de pavimentos a ser vencido pelas rampas é dois, e as 
inclinações devem obedecer às regras da NBR nº 9050:2015.
Figura 1.11 | Exemplo de dimensionamento de circulação vertical
Fonte: elaborado pela autora. 
42
Os elevadores devem obedecer às normas da NBR nº 14712:2013 e ser 
instalados em um EAS no qual as atividades de unidade de internação, centro 
cirúrgico, centro obstétrico, unidade de terapia intensiva e radiologia estejam 
em um pavimento diferente do térreo e não acessíveis por meio de rampas.
Condições ambientais de conforto
O conforto ambiental dos edifícios parte de duas situações: a endógena, 
na qual a construção garante o conforto do usuário por meio da eliminação 
ou atenuação dos efeitos dos fatores externos (temperatura, umidade do 
ar, poluição, entre outros), e exógena, que avalia o impacto causado pela 
edificação no ambiente externo. A dimensão endógena deve ser garantida 
desde que não interfira negativamente no entorno. As normas técnicas de 
conforto ambiental (térmico, luminoso, acústico), de higiene e de segurança 
do trabalho regem o funcionamento da dimensão endógena, enquanto 
documentos como Código de Obras e Plano Diretor Municipal e leis do 
Código Florestal estão relacionados à dimensão exógena. 
As soluções encontradas para o conforto térmico e qualidade do ar 
dependerá do tipo da unidade funcional. Ambientes que não exijam condi-
ções especiais de temperatura, umidade e qualidade do ar podem optar pela 
iluminação e ventilação direta ou indireta. Já espaços que exigem o controle 
da qualidade de ar devem ter soluções adequadas. Por exemplo, lugares nos 
quais são realizadas atividades poluentes ou que emitem odores devem ser 
dotados de exaustão mecânica. Algumas unidades funcionais demandam 
soluções especiais devido ao tempo de permanência dos pacientes (como 
as áreas de internação). Neste caso, as condições de temperatura, umidade 
e qualidade do ar deverão prever a insolação (com o devido controle de 
exposição), ventilação e exaustão diretas. Outros ambientes demandam 
condições especiais devido aos equipamentos e às atividades realizadas. Um 
exemplo são as salas de cirurgia, que necessitam de climatização artificial e 
exaustão mecânica.
O conforto acústico também levará em consideração as unidades funcio-
nais do EAD. Partindo do princípio que para se obter o conforto térmico é 
necessário isolar as fontes de ruído, os ambientes nos quais são realizadas 
atividades produtoras de ruído (como as áreas de manutenção, lavanderia e 
cozinha) deverão ser isolados acusticamente.Da mesma forma, os espaços 
que abrigam pacientes e usuários que precisam de níveis mínimos de ruído 
(como as salas de atendimento de emergência e urgência) também devem 
apresentar tratamento acústico.
43
O conforto luminoso será atingido a partir do cumprimento das regula-
mentações dispostas na norma NBR ISO/CIE nº 8995-1:2013 e das diretrizes 
do Código de Obras e Posturas do município. Algumas unidades funcionais, 
em especial, necessitam da incidência da luz solar direta, como os ambula-
tórios, os consultórios, as salas de exame e observação, internação, materni-
dade e berçário, os laboratórios e as salas para diálise. A iluminação natural 
deve ser complementada pela luz artificial em todos os ambientes nos quais 
há a manipulação de pacientes.
Reflita
Relembre as obras de João Filgueiras Lima para a Rede Sarah de hospitais 
e identifique as características utilizadas pelo arquiteto para promover 
o conforto ambiental e o bem-estar dos pacientes e usuários. Observe a 
Figura 1.12 que mostra um dos ambientes da unidade de Brasília.
Figura 1.12 | Hospital Sarah de Brasília, DF, Brasil
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Rede_Sa/-
rah_modelo_de_excel%C3%AAncia_na_gest%C3%A3o_de_hospitais_%C3%A9_refer%C3%A-
Ancia_para_a_cria%C3%A7%C3%A3o_da_Abram_(30611248367).jpg. Acesso em: 10 jul. 2019.
Além da iluminação e ventilação natural, o paisagismo também está 
muito presente nas obras de Lelé. De que forma a vegetação pode atuar 
na qualidade de vida da população?
Controle de infecção hospitalar
A infecção hospitalar é aquela contraída dentro do EAS, proveniente de 
falhas operacionais e de planejamento. O controle de contaminação e infecção 
hospitalar está relacionado a dois princípios: os procedimentos, que se referem 
ao manuseio de utensílios, roupas e resíduos; e o projeto arquitetônico, no qual 
44
o arquiteto tem papel fundamental. Diversos fatores interferem no controle 
da contaminação, por exemplo: fluxos e padrões de circulação; transportes de 
materiais, equipamentos e resíduos sólidos; sistemas de renovação de ar; facili-
dade de limpeza das superfícies e materiais; entre outros.
No que diz respeito aos critérios do projeto, um dos primeiros pontos 
a se considerar a fim de evitar a infecção hospitalar é o zoneamento das 
unidades funcionais. Isto implica no isolamento das áreas críticas (com risco 
maior de infecção, como ambientes para internação de pacientes pós-cirúr-
gico ou no pós-parto, recém-nascidos, diálises, preparo de alimentos, entre 
outros), áreas semicríticas (compartimentos ocupados por pacientes que não 
se enquadram nas categorias de alto risco de infecção) e áreas não críticas 
(ambientes não ocupados por pacientes).
O segundo aspecto a ser considerado é a adoção de barreiras físicas a 
partir da compartimentação das etapas do procedimento. Qualquer atividade 
que envolva a separação de objetos contaminados e não contaminados deve 
prever salas ou equipamentos que permitam esse isolamento. Por exemplo, 
os centros cirúrgicos, obstétricos, lactário, entre outros, recebem vestíbulos 
acoplados a eles que funciona como uma barreira ao acesso direto a estes 
ambientes. Estes vestíbulos são classificados em área limpa (sem contato com 
material contaminado) e área suja (apresenta contato com material contami-
nado) e devem ser dispostos de maneira estanque e com acessos separados.
Exemplificando
A lavagem de roupas é outro processo que necessita de separação entre 
a área limpa e a suja. Primeiro, existe a classificação da roupa suja, cujo 
ambiente é tratado como altamente contaminado e deve apresentar 
uma série de requisitos arquitetônicos (exaustão mecanizada, processo 
de recepção da roupa por meio de carros ou tubulões, pisos e paredes 
laváveis, entre outros). O processo de lavagem da roupa também neces-
sita de setorização. Uma das maneiras de solucionar esta situação é 
por meio da adoção de uma máquina de lavar com porta dupla, uma 
delas voltada para a área suja, na qual a roupa será depositada, e outra 
voltada para a área limpa, na qual outro operador recolherá a roupa já 
lavada. A comunicação entre estes compartimentos deverá ser feita por 
meio de visores e interfones.
A adoção de barreiras físicas deve estar associada ao fluxo de trabalho 
de determinados procedimentos, como nutrição e dietética, processamento 
de roupas e central de esterilização de material. Por exemplo, o processo 
de nutrição apresenta duas etapas: preparação (preparo dos alimentos 
45
> envaze de refeições > distribuição) e lavagem (recepção > lavagem de 
recipientes e utensílios > esterilização). A compartimentação deve se 
adequar a este fluxo para garantir o funcionamento do processo. As ativi-
dades de recepção, desinfecção e separação de materiais são consideradas 
áreas sujas, portanto devem ser realizadas em ambientes para uso exclusivo 
e com paramentação adequada.
Os acabamentos e materiais utilizados no projeto devem permitir a sua 
higienização. Pisos, paredes, balcões, etc. devem ser laváveis e resistentes a 
agentes químicos de limpeza e desinfetantes. Os forros das áreas críticas não 
podem ser removíveis. 
Combate a incêndios
O primeiro passo para garantir o controle contra incêndios é permitir 
a aproximação dos veículos do corpo de bombeiros. O edifício deve ser 
acessado por pelo menos duas fachadas opostas e os acesos devem estar livres 
de congestionamento.
O zoneamento dos ambientes do EAS deve ser setorizado de acordo 
com as instalações físicas e função, a fim de identificar os espaços com 
maior ou menor risco de incêndio. A compartimentação deve impedir que 
o fogo se propague de um ambiente ao outro horizontal e verticalmente. 
Dentre os setores, os que merecem atenção por terem maior risco são: 
apoio ao diagnóstico e terapia (laboratórios), serviço de nutrição e dieté-
tica (cozinha), farmácia (área para armazenagem e controle), Central de 
Material Esterilizado, processamento de roupa (lavanderia), arquivo e área 
para armazenagem (devido ao material combustível), gerador e subestação 
elétrica e caldeiras. Os setores de médio e alto risco devem ser interligados às 
áreas de circulação ou garagem por meio de uma antecâmara, e não podem 
ser utilizados como rota de via de escape.
Os materiais construtivos devem ser especificados de modo que resistam 
à ação do fogo, em especial, do sistema estrutural e das portas dos setores de 
incêndio. As escadas podem ser do tipo protegida (paredes e portas resistentes 
ao fogo), enclausurada (paredes e portas corta-fogo) ou à prova de fumaça 
(antecâmara com duto de ventilação). Devem ser dispostas, no mínimo, duas 
escadas nas unidades de internação, situadas em posições opostas, e o raio de 
abrangência não pode ultrapassar 15 metros, para os setores de alto risco, ou 
30 metros, para os demais locais.
Os sistemas de detecção de incêndio e sinalização devem ser executados 
em conformidade com NBR nº 17240:2010 e 9077:2001.
46
Pesquise mais
O Manual de Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assis-
tenciais de Saúde, publicado pelo Ministério da Saúde, determina 
critérios para instalações prediais ordinárias e especiais nos EAS. 
Leia o capítulo 7, página 117 a 129, que trata das instalações hidrossani-
tárias, elétricas e eletrônicas, fluido-mecânicas e de climatização.
BRASIL. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assisten-
ciais de saúde. Brasília: DF/ Ministério da Saúde,1994a.
É importante ressaltar que o conteúdo deste material foi abordado de 
maneira resumida e que sempre é possível consultar as normas técnicas, as 
regulamentações e os documentos referentes ao projeto arquitetônico de EAS.
Dessa forma, encerramos a Unidade 1 sobre a arquitetura hospitalar. 
Agora você já tem conhecimento sobre os fundamentos básicos para iniciar 
o processo criativo

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