Buscar

Exames de laboratório nas doenças reumáticas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

Stephane D’arc 5° semestre - Medicina 
 
Exames de laboratório nas doenças reumáticas
Introdução 
Nas doenças reumáticas, os exames de laboratório 
contribuem muito para o diagnóstico, que deve 
ser sempre baseado no contexto clínico. A 
detecção de biomarcadores também pode ser útil 
para monitorar a eficácia e segurança do 
tratamento, bem como para a estratificação de 
pacientes para predizer prognóstico e resposta do 
tratamento. 
 A sensibilidade e especificidade de quase 
todos os biomarcadores são limitadas, 
portanto os diagnósticos laboratoriais 
devem ser orientados pelo quadro clínico. 
 Os marcadores de laboratório fornecem valores 
preditivos positivos e negativos diferenciados; 
deste modo, eles podem ser utilizados para excluir 
uma doença em casos de resultado normal ou 
auxiliar o diagnóstico clínico em casos de resultado 
alterado. 
Conceitos Importantes 
Sensiblidade é a porcentagem de positivos reais 
identificados corretamente. Por exemplo, se 60% 
dos pacientes com artrite reumatoide (AR) 
tiverem um resultado positivo em um exame para 
fator reumatoide (FR) imunoglobulina M (IgM), a 
sensibilidade do FR IgM para AR é 60%. 
Especificidade, por outro lado, é a porcentagem 
de negativos reais identificados corretamente. 
Por exemplo, se 80% dos pacientes sem AR não 
tiverem FR IgM, a especificidade do FR IgM para 
AR é 80%. 
 A razão de verossimilhança (RV) envolve a 
especificidade e a sensibilidade de um exame e 
fornece uma estimativa direta de quanto o 
resultado de um exame altera a possibilidade de 
contrair uma doença. A razão de possibilidade 
para um resultado positivo (RC1) indica um 
aumento das chances de uma doença caso o 
resultado seja positivo. A razão de possibilidade 
para um resultado negativo (RC2) indica uma 
diminuição das chances de uma doença caso o 
resultado seja negativo. 
Grupo sanguíneo 
Leucócitos 
Uma concentração elevada de neutrófilos pode 
ocorrer em infecções bacterianas (p. ex., artrite 
infecciosa, septicemia e pneumonia) e também 
nas fases ativas de doenças reumáticas como AR 
e vasculites. 
Obs: Em pacientes que estão passando por um 
tratamento imunossupressor, a presença de 
neutropenias deve sempre levantar suspeitas de 
supressão de medula óssea induzida por 
medicamentos. Por outro lado, a neutropenia 
associada à esplenomegalia é uma característica 
típica da síndrome de Felty ativa. 
A linfocitose está presente durante diversas 
infecções virais, enquanto que a linfopenia é 
comum nas fases ativas da LES, e durante 
tratamento com medicamento imunossupressor. 
Plaquetas 
A trombocitose pode acompanhar as fases ativas 
de doenças autoimunes como AR, enquanto a 
trombocitopenia pode ser relacionada com a 
presença de anticorpos antiplaquetas, por 
exemplo, no LES ativo. Além disso, uma queda na 
contagem de plaquetas aumenta a suspeita de 
toxicidade induzida por medicamentos. Para 
diferenciar essas condições, é útil realizar exames 
de esfregaço de sangue periférico e, se necessário, 
fazer o aspirado de medula óssea. O exame do 
aspirado de medula óssea revela o número e 
aparência dos megacariócitos(responsável por 
produzir as plaquetas na MO) e é o teste definitivo 
para muitas doenças que causam falência de 
Stephane D’arc 5° semestre - Medicina 
 
medula. No entanto, o número e a aparência 
normais dos megacariócitos nem sempre indicam 
uma produção normal de plaquetas. Por exemplo, 
em pacientes com púrpura trombocitopênica 
imune, a produção de plaquetas geralmente é 
diminuída, ou não aumentada como deveria, 
independentemente da presença de 
megacariócitos normais. Se a medula óssea 
estiver normal e o baço estiver maior, o sequestro 
esplênico é a causa mais provável para 
atrombocitopenia, e, se a medula estiver normal e 
o baço não estiver maior, a causa mais provável é 
a destruição excessiva de plaquetas. 
Alguns pacientes podem ter disfunção de 
plaquetas; a droga como fator causal deve ser 
suspeitada caso os sintomas tenham se iniciado 
somente depois do paciente ter começado o 
tratamento. Alguns remédios, como os (AINEs), 
podem interferir na função da plaqueta e causar 
sangramentos. 
 Suspeita-se de hereditariedade se existe um 
histórico prévio de hematomas recorrentes e 
sangramentos após extração de dentes ou 
cirurgia. No caso de suspeita de uma causa 
hereditária, são feitas pesquisas para o antígeno 
von Willebrand e a atividade do fator. 
 
Hemoglobina 
 A anemia nas doenças reumáticas reflete na 
diminuição da produção de eritrócitos na medula 
óssea devido à inflamação constante, com um 
aumento na produção de hepcidina, o que leva a 
um distúrbio no metabolismo de ferro. A anemia 
macrocítica é causada, geralmente, por deficiência 
de vitamina B12, deficiência de ácido fólico, 
doença hepática e hipotireoidismo; não é comum 
em condições reumatológicas, exceto com 
tratamento com metrotexato. 
 A anemia hemolítica não é incomum, 
especialmente em LES ativo com detecção 
de anticorpos antieritrócitos e outras 
condições mediadas por complexos 
imunes. 
Exames Bioquímicos 
Exames da função hepática 
Devem ser solicitados antes e depois do início do 
tratamento com medicação antirreumática 
específica (incluindo os AINEs, bem como os 
DMARDs tradicionais e biológicos) para monitorar 
os efeitos adversos. A dosagem de aspartato 
aminotransferase e de alanina está incluída nas 
orientações ou recomendações para monitorar o 
tratamento com todas as medicações 
imunossupressoras.Os níveis de albumina 
também podem ser medidos quando há suspeita 
de doença crônica ou dano no fígado causado por 
medicações. Existem evidências de que os 
resultados alterados de função hepática na terapia 
com metotrexate na AR podem não ser tão 
frequentes como relatado anteriormente, com 
poucos pacientes interrompendo o tratamento 
com metotrexate decorrentes de alterações na 
função hepática após mais de 10 a 15 anos de uso. 
Fosfatase alcalina 
A fosfatase alcalina é produzida principalmente no 
fígado e no osso, e uma pequena proporção nos 
intestinos e rins. Ela também é produzida na 
placenta de mulheres grávidas. As condições que 
causam o crescimento ósseo rápido (puberdade), 
a doença do osso, hiperparatireoidismo ou lesão 
Figura 1 púrpura trombocitopênica imune 
Stephane D’arc 5° semestre - Medicina 
 
de células hepática podem levar a um aumento no 
nível de fosfatase alcalina. 
 Valores de 1,5 a 3 vezes maior que o limite 
normal são consistentes com a causa 
hepatocelular (infecção viral, toxicidade 
por medicamento, álcool), enquanto 
valores acima de 3 vezes o limite máximo 
estão normalmente associados como o 
envolvimento biliar. 
O envolvimento dos ossos pode resultar em 
qualquer nível de fosfatase alcalina. 
Exames de função renal e análise de 
urina 
 Os exames de funcionamento dos rins devem ser 
realizados rotineiramente antes e depois do início 
do tratamento com medicação antirreumática 
(incluindo os AINEs, bem como certos DMARDs 
tradicionais e biológicos) para monitorar os efeitos 
adversos. Com este objetivo, os níveis e a 
depuração de creatinina fornecem informações 
suficientes. É importante lembrar que o distúrbio 
da função renal está associado a um alto risco de 
acúmulo de metotrexate, que causa efeitos 
tóxicos. O exame de urina é também útil para monitor 
ar o envolvimento renal e deve incluir a detecção e 
quantificação das proteínas, bem como da hematúria e 
leucocitúria. 
Ácido úrico 
 A dosagem do ácido úrico é comumente incluída 
nos exames dos pacientes com artrite, e o nível 
pode estar elevado em 90% nos pacientes com 
gota. Ainda assim, as pessoas saudáveis também 
podem ter níveis elevados, e o diagnóstico 
definitivo de gota depende da demonstração dos 
cristais de ácido úrico no fluido sinovial. 
 Ao monitorar a resposta da terapia para 
redução dos níveis do ácido úrico,baixos 
níveis (normalmente menos de 5 a 6 
mg/dl) devem ser o objetivo para reduzir o 
risco de ataques de gota recorrentes. 
Exames da fase aguda 
Atualmente, os exames mais usados para 
monitorar a inflamação são a velocidade de 
hemossedimentação (VHS) e o nível de proteína C 
reativa (PCR). As proteínas da fase aguda são 
produzidas, principalmente, pelos hepatócitos sob 
estímulo das citocinas (p. ex., interleucina-6, 
interleucina-1 e o fator da necrose tumoral). As 
proteínas mais importantes na fase aguda que 
aumentam os níveis durante a inflamação 
(reagentes positivos) são: PCR, fibrinogênio, α1-
antitripsina, ferritina, haptoglobina, 
ceruloplasmina, proteína amiloide sérica A e 
diversos componentes do complemento, 
particularmente C3. 
Em quadros inflamatórios, os níveis elevados no 
plasma de fibrinogênio e imunoglobulinas, bem 
como a frequente associação com anemia podem 
levar a um aumento de VHS. Os pacientes com 
policitemia ou leucemia linfocítica crônica têm 
tipicamente um VHS baixo. Medidas seriadas de 
VHS e PCR são úteis para monitoramento do nível 
de inflamação em pacientes com doenças como 
AR. No entanto, alguns pacientes com AR podem 
mostrar sinais de atividade da doença clínica e ter 
valores PCR e VHS normais.Além disso, até 40% 
dos pacientes com AR têm níveis VHS e/ou CPR 
normais inicialmente. Em cada caso, devemos 
considerar o quadro clínico como fator 
determinante para a tomada de decisões sobre o 
tratamento. É importante observar que a VHS é 
uma medida indireta de concentração de 
proteínas de fase aguda. Embora as concentrações 
de PCR possam aumentar e diminuir rapidamente, 
os valores de VHS em geral mudam lentamente 
com o controle da inflamação. Nos pacientes que 
recebem tratamento imunossupressor, os níveis 
de PCR podem não mostrar o aumento esperado 
quando há infecção. Os clínicos devem, portanto, 
estar atentos a este problema que é mais 
marcante com tratamentos com biológicos, como 
o tocilizumabe, antagonista do receptor de 
interleucina-6, e devem valer-se de exames 
clínicos e exames de imagem.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes