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INTRODUÇÃO ÀS ANEMIAS 1. Conceito Redução proporcional dos valores da hemoglobina e do hematócrito, mas pode também ter alterações em outros referenciais, como reticulócitos, que estão aumentados na anemia hemolítica e em anemias carenciais. 2. Manifestações clínicas Podem ser desencadeados por dois fatores: • Redução do fornecimento de oxigênio O suprimento de oxigênio vai acontecer normalmente até uma concentração de Hb entre 8 e 9g/dL. Os sinais ocorrem quando a Hb cair abaixo desse nível em repouso, quando a compensação cardíaca estiver prejudicada devido à doença subjacente e durante o exercício físico. Taquicardia, dispneia, palpitação. • Hipovolemia: anemia induzida por sangramento agudo Além dos fatores anteriores, o quadro clínico varia de acordo com a gravidade e com a cronicidade da anemia, apresentando: fadiga, fraqueza, cefaleia, irritabilidade, intolerância a exercícios, dispneia aos esforços, vertigem, angina. 3. Causas • Abordagem cinética ✓ Perda de sangue Além da perda de eritrócitos, a medula deve repor o ferro ou será alcançada à deficiência. Em mulheres, devido à menstruação, o estoque o ferro é ausente e qualquer quantidade de sangramento pode causar anemia. ✓ Aumento da destruição – hemólise Medula incapaz de acompanhar a necessidade de substituição de mais de 5% da massa de hemácias por dia ou por destruição excessiva. Ocorre na anemia hemolítica congênita, adquirida e destruição no baço aumentado (hiperesplenismo). Para avaliar a hemólise, pode-se analisar algumas provas, como a reticulocitose (medula tenta compensar), DHL aumentado (marcador de destruição celular), bilirrubina indireta aumentada e haptoglobina diminuída. A hemólise do eritrócito pode ocorrer de duas formas. Na forma extravascular, ele é captado pelo baço antes do prazo devido por apresentar alterações e, ao ser fragmentada, libera a globina (aminoácidos), o ferro e a protoporfirina (bilirrubina indireta ou não conjulgada), eliminada nas fezes como estercobilinogênio e na urina como urobilinogênio. A hemólise intravascular ocorre nos vasos e é direcionado aos rins e, ao degradar a hemácia, a hemoglobina liga-se a haptoglobina (proteína que reduz a toxicidade da Hb e a transporta ao fígado), logo sua quantidade sérica estará reduzida. Como a hemólise é maior que a quantidade de haptoglobina, a hemoglobina pode tender a formar meta- hemalbumina para reduzir seu efeito tóxico ou pode ser eliminada pelo rim como hemoglobinúria (cor de coca cola) e hemossiderinúria, o que não é esperado normalmente, podendo servir como teste de hemólise também. ✓ Diminuição da produção Vai haver diminuição ou ausência de resposta reticulocitária por deficiência de nutrientes que servem de matéria prima (ferro, vitamina B12), desordem medular com diminuição de precursores (anemia aplástica), supressão medular, diminuição dos hormônios tróficos (eritropoietina, tireoidianos, andrógenos), inflamação. A diminuição da produção também pode estar relacionada à eritropoese ineficaz pode ocorrer pela presença de hiperplasia eritroide intensa ou os precursores eritróides não estão amadurecendo normalmente e morrem dentro da medula, através de apoptose e/ou bloqueio na maturação. Exemplos são a anemia megaloblástica, talassemia, SMD, anemia sideroblástica ou diseritropoiética congênita. • Abordagem morfológica ✓ Anemia macrocítica VCM aumentado marcado pela reticulocitose, identificando, por exemplo, uma anemia hemolítica. Pode ser por um metabolismo anormal dos ácidos nucleicos que são precursores eritroides, provocando a anemia megaloblástica. Maturação anormal das hemácias. Outras causas podem ser o abuso do consumo alcoólico, doença hepática e hipotireoidismo. ✓ Anemia microcítica Diminuição de disponibilidade do ferro, desordens adquiridas as sínteses da heme, diminuição da produção de globina, distúrbios congênitos raros, como anemia sideroblástica, porfiria e defeitos no metabolismo férrico. ✓ Anemia normocítica Apesar do tamanho norma, pode estar havendo redução da quantidade de hemoglobina, das hemácias ou pode ser estado inicial de uma anemia macro ou microcítica, sendo necessário o esfregaço para determinar uma subpopulação com alterações. Anemias e metabolismo do ferro e B12 Clínica Integrada de Hematologia – aula 2 Nicole Sarmento Queiroga Figura 1. Esquema da hemólise intravascular e extravascular. 4. Avaliação inicial do paciente • Buscar focos de sangramento, atual ou passado, como melena, características da menstrual • Questionar se existem evidencias de aumento destruição de eritrócitos, intravascular ou extravascular • Identificar se a medula óssea está suprimida, se sim, por que? • Identificar se o paciente está com deficiência de ferro, se sim, por que? • Identificar se o paciente é deficiente em folato ou vitamina B12, se sim, por que? • Existência de história recentes que possam indicar a presença de infecção ou malignidade? • Existência de história ou sintomas relacionados à uma condição que normalmente resulte em anemia? • Origem da anemia é subaguda ou vitalícia? • Origem do paciente • Uso de medicamentos • Histórico de transfusão sanguínea, doença hepática, tratamento com ferro ou outros hematínicos, preparações à base de plantas, esplenectomia ou exposição a produtos químicos tóxicos no ambiente de trabalho? • Avaliação nutricional, especialmente em idosos e alcoólatras • História familiar 5. Exame físico • Palidez • Icterícia • Astenia • Entender a gravidade de acordo com os sintomas: taquicardia, dispneia, hipotensão postural • Busca por sinais presentes em doenças associadas 6. Exames laboratoriais • Hemograma completo • Reticulócito • Hematoscopia • Avaliação seriada de Hb/Hto • Laboratório de ferro • Prova de hemólise • Avaliação medular ANEMIAS CARENCIAIS Anemias advindas da deficiência de matéria prima, ferro e ácido fólico, sendo as anemias ferropriva e megaloblástica, em que o paciente apresenta condição de reticulopenia METABOLISMO DO FERRO O ferro é um elemento essencial para composição da hemoglobina – transporte de gás oxigênio, para o transporte de elétrons na respiração celular, síntese de DNA e outras funções vitais. O ferro que é eliminado na degradação de eritrócitos velhos é captado por macrófagos que se direcionam para a medula óssea, a fim de reutilizá-lo na composição de novos eritrócitos, sendo incorporados nas globinas. O ferro é adquirido através da alimentação e sua absorção ocorre no intestino, seja como Fe+2 (ferro ferroso) proveniente de alimentos orgânicos, seja em forma de Fe+3 (ferro férrico) que é advindo dos alimentos inorgânicos, sendo introduzido o Fe+2 no enterócito pelo receptor HCP1, seguido de transformação dos íons Fe+3 para Fe+2 para a enzima Dcytb e introduzido ao enterócito pelo receptor DMT1. Uma parte desse ferro no enterócito é agrupado pela apoferritina e se transformam em ferritina sendo deixada como reserva, os átomos que serão liberados dos enterócitos são transportados pela ferroportina – presente nos macrófagos. Os átomos que são liberados são convertidos em Fe3+ pela enzima hefastina/Fe-oxidase se unem à transferrina – ativada pelo receptor TFR – para ser levado até a medula. É importante ressaltar que a saída do ferro dos enterócitos é controlada pela ação de moléculas de hepcidinas, cuja função é bloquear as ferroportinas, assim como controla a entrada nos enterócitos, já que são capazes de modificar a conformação dos receptores. Na medula, as transferrinas liberam os íons para os eritroblastos, que, ao receber a carga iônica, produzem hemoglobina e se transformam em eritrócitos. O ferro é uma substância de alta toxicidade, por isso está ligado sempre a uma substância quereduza os efeitos tóxicos, como a produção de radicais livres. O ferro pode ser armazenado também como ferritina no fígado e são reabsorvidos no baço, órgão que promove a destruição das hemácias. A hepsidina atua como regulador da quantidade de ferro que entra e sai nos enterócitos através do feedback que sofre pela quantidade de hemoglobina presente no organismo, nesse caso, nos momentos em que a quantidade de Hb é insuficiente, menos hepsidina é liberada, o que aumenta a absorção e envio do ferro para a medula, em caso quantidade suficiente de Hb, ocorre a situação oposta. A hepsidina também é uma proteína inflamatória, sendo uma das causas de anemia em doenças inflamatórias, já que ela impede a absorção de ferro e a formação de Hb, ainda que o ferro esteja presente nos macrófagos e armazenada no fígado, caracterizando um quadro de ferritina alta. Figura 2. Esquema da análise do hemograma completo. Figura 3. Esquema do metabolismo do ferro. O ferro está distribuído em inúmeros locais do organismo, sendo o fígado o principal, armazenando cerca de 1.000mg de ferritina. Outros órgãos, como coração, músculos e baço armazenam cerca de 400mg, a medula possui, em média, 300mg, e o restante está em forma circulante, nos eritrócitos, cerca de 1.800mg, e nos macrófagos do sistema reticuloendotelial, que compreende 600mg. É importante entender que, diariamente, ocorre perda de 1 a 2mg de ferro por sangramentos nasais e descamação intestinal, por exemplo, deve fazer a absorção da quantidade respectiva que perdeu, sendo importante avaliar casos como menstruação, síndrome de má absorção, hemorragias, crescimento na infância, para que o suprimento de ferro seja adequado e consiga ser equivalente ao que foi perdido. Logo a anemia por ferro não é desencadeada pela falta de ferro apenas em um dos órgãos, mas pelo esgotamento de todo o estoque. 1. Estágios da falta de ferro • Balanço de ferro negativo – estagio I As demandas ou as perdas de ferro superam a capacidade do organismo de absorver da dieta. Ferritina e ferro corável em aspirados de medula estão reduzidos. Situações como crescimento da criança, gravidez e sangramentos. Pode ser feito acompanhamento para evitar que avance para o próximo estágio ou a condição pode regredir naturalmente, a profilaxia também é uma opção. • Eritropoiese deficiente em ferro – estágio II Aumento de TIBC (capacidade total de ligação do ferro), que revela a quantidade de transferrina livre, e aumento também da portoporfirina eritrocitária, que mede o nível de zinco protoporfirina que está nos eritrócitos, normalmente está em pequena quantidade, sendo a sua elevação um achado da interrupção da produção normal do heme, podendo ser por falta de ferro ou por intoxicação por chumbo. Depleção das reservas de ferro, ferro sérico inicia a queda e, quando nível sérico de ferritina <15µg/L, as reservas medulares já estão ausentes. Quando a saturação de trasnferrina cai para 15 a 20%, a síntese de hemoglobina já está afetada. • Anemia por deficiência de ferro – estágio III Hemoglobina começa a diminuir, a saturação da transferrina está entre 10 e 15%. Em casos de anemia moderada, Hb de 10- 13g/dL, a medula óssea é hipoproliferativa, mas quando a anemia está grave, Hb de 7-8 g/dL, ocorre uma hipocromia e microcitose mais proeminentes, aparecendo células-alvo e eritrócitos deformados, devido à hiperplasia eritroide da medula, que ocorre como mecanismo de tentativa de compensação. 2. Causas da deficiência de ferro • Aumento da demanda ✓ Crescimento na infância e adolescência ✓ Tratamento com eritropoietina ✓ Gravidez • Aumento de perda ✓ Perda crônica de sangue – verminoses, telangiectasia, câncer ✓ Menstruação ✓ Perda aguda de sangue ✓ Doação sanguínea ✓ Flebotomia • Redução da absorção ✓ Decorrente de doenças – espru, Crohn Em situações de anemia por falta de ferro, temos: redução da hepsidina, redução das reservas de ferritina em todos os órgãos que a armazena, aumento da eritropoietina. Figura 4. Esquema de ação da hepsidina. Figura 5. Esquema da ação da hepsidina em caso de anemia. Figura 6. Esquema da distribuição do ferro. Figura 7. Microscopia da anemia por deficiência de ferro. Figura 8. Esquema de sangramentos por lesões pré-existentes. ✓ Decorrente de cirurgias – pós-gastrectomia ✓ Inflamação aguda ou crônica • Redução da ingesta ✓ Pobreza ✓ Má nutrição ✓ Dieta restritiva – veganos sem reposição adequada 3. Manifestações clínicas • Queilite angular ou queilose • Coiloníquia ou outras alterações ungueais como descamação • Queda de cabelo • Perversão de apetite – tijolo, gelo, terra • Insônia – síndrome das pernas inquietas • Palidez • Pele seca ou áspera • Esclera azulada • Glossite atrófica com perda de papilas linguais, com ou sem boca seca e/ou dor na língua 4. Anemia ferropriva É uma anemia que é desencadeada pela falta de ferro no organismo para compor, principalmente, a hemoglobina. Inúmeros alimentos são fonte de ferro são fígado, carne vermelhas, feijão, beterraba, folhas verdes, entre outros. A deficiência de ferro é uma das formas mais prevalentes de má nutrição, sendo a principal causa de anemia no mundo, correspondendo a 50% das anemias e a quase 850 mil mortes por ano. As grávidas são predispostas à deficiência de ferro, já que há uma maior demanda de ferro para formar os anexos embrionários e promover as nutrições própria e fetal. Crianças podem também apresentar maior demanda de ferro devido ao crescimento, principalmente se em países em subdesenvolvimento. METABOLISMO DA VITAMINA B12 É uma vitamina sintetizada na natureza por microrganismos e por bactérias intestinais de alguns animais. O homem adquire essa vitamina por meio da ingesta de alimentos de origem animal, podendo ser cogumelos, peixe, carne vermelha, queijo, camarão, entre outros. A vitamina B12 é importante para a realização da síntese do DNA, que culmina não apenas no processo de formação celular, mas também no de diferenciação. Sua deficiência atinge, então, leucócitos, plaquetas, linfócitos e promove a queda da contagem dessas linhagens. Uma das reações que deixa de ocorrer por falta vitamínica é a transformação da homocisteína em metionina, que antecede a metilação do DNA, também participa da transformação da Metilmalonil- CoA em Succinil-CoA, que é essencial para o funcionamento neurológico e sua deficiência provoca diversas manifestações relacionadas. Caso 1 – Mulher, 40 anos, procura médico com queixa de astenia, palpitações e dispneia aos esforços, refere também vontade de comer tijolo, cabelo e percebeu alteração estranha nas unhas. Exame físico: palidez cutâneo-mucosa, taquicardia, alteração ungueal. ANEMIA MICROCÍTICA HIPOCRÔMICA COM ANISOCITOSE E POIQUILOCITOSE Figura 9. Queilite angular. Figura 10. Coiloníquia. Figura 11. Esquema de fontes de ferro e da sua oxidação. Figura 12. Reações que dependem da vitamina B12. A absorção da vitamina B12 é determinada multifatorialmente, que vai da interferência de componentes ou de produtos produzidas desde a saliva até o intestino grosso. Sua absorção ocorre, especialmente, no íleo. O primeiro fator que é importante para a absorção é a proteína R da saliva que se conecta até que chegue no estômago, havendo desconexão devido ao pH ácido, em seguida, tem-se as proteínas R do estômago e fator intrínseco, produzidos pelas células parietais do estômago, o último se liga à B12 apenas no intestino, ainda no jejuno. Antes da conexão com o fator intrínseco, a vitamina B12 se desconecta da proteína R do estômago e se liga à biliar e pancreática após o ducto colédoco desembocar. O fator intrínseco é importante porque o receptor o reconheceno íleo transporte é feito, principalmente, pela haptocorrina. 1. Causas da deficiência de B12 • Acloridria – impede produção do fator intrínseco e meio adequado para ligação com a proteína R • Gastrectomia por remoção de celular parietais e consequente perda de produção do fator intrínseco • Alterações no ducto colédoco • Alterações pancreáticas ou biliares que impeçam a produção das respectivas proteínas R • Infecção bacteriana no íleo que impede o reconhecimento pelo receptor • Doença de Crohn • Infestação por tênia de peixes • Síndrome da alça intestinal estagnante • Ressecção do íleo • Fator genético – deficiência na produção de transcobalamina • Anemia perniciosa. 2. Manifestações clínicas • Neuropatia – acúmulo de homocisteína e ocorrência da metilação defeituosa da mielina e outros substratos ✓ Degeneração subaguda combinada da medula ✓ Em deficiência severa → neuropatia progressiva, afetando nervos sensitivos periféricos e os cordoes posteriores e lateral da medula, simétrica e mais comum em MMII ✓ Raramente causa atrofia óptica ou sintomas psiquiátricos graves • Diminuição da atividade osteoblástica • Deficiência severa → esterilidade • Macrocitose, excesso de apoptose, anomalias morfológicas da mucosa cervical, bucal e vesical METABOLISMO DO ÁCIDO FÓLICO O ácido fólico ou vitamina B9 é um composto formado por folatos, que são compostos derivados. O organismo humano é incapaz de sintetizar o folato, necessitando adquirir o ácido fólico por meio da ingesta de alimentos que o contenham, como legumes, vegetais folhosos, amendoim, milho, miúdos. O ácido fólico, diferentemente da vitamina B12, participa apenas da reação de transformação da homocisteína em metionina, que antecede a metilação do DNA. Sua absorção ocorre no duodeno e jejuno, por meio da conversão ao metiltetraidrofolato e, para mediar as reações de formação do DNA tem que ser convertido em tetraidrofolato em presença de ácido fólico. O transporte é mediado pela albumina, mas mantém fraca ligação. 1. Causas de deficiência do folato • Fatores nutricionais ✓ Dieta pobre ✓ Carência alimentar ✓ Idade avançadas • Absorção ✓ Espru tropical ✓ Enteropatia induzida ✓ Ressecção jejunal ✓ Doença de Crohn, Figura 13. Causas da deficiência de vitamina B12 até o jejuno. Figura 14. Causas da deficiência de vitamina B12 a partir do jejuno. Figura 15. Manifestações clínicas por deficiência de vitamina B12. Figura 16. Reações que dependem do folato. • Fisiológica ✓ Gravidez e lactação • Doenças hematológicas ✓ Anemia hemolítica, ✓ Mielofibrose • Doenças malignas ✓ Carcinomas ✓ Linfoma ✓ Mieloma • Doenças inflamatórias ✓ TB ✓ Artrite reumatoide ✓ Psoríase • Perda excessiva pela urina ✓ Hepatopatia ✓ ICC • Uso de fármacos anticonvulsivantes ou sulfassalazina • Alcoolismo 2. Manifestações clínicas • Defeito do tubo neural ✓ Gravidez – reserva de folato é pequena e a demanda é maior • Deficiência severa → esterilidade • Macrocitose, excesso de apoptose, anomalias morfológicas da mucosa cervical, bucal e vesical O aumento sérico da homocisteína sérica é indicativo da deficiência de folato ou de vitamina B12, já que a reação de conversão em metionina não vai ocorrer. O acúmulo de Metilmalonil-CoA, de forma diferente, indica deficiência apenas de vitamina B12 porque ela é a única que participa da conversão em succinil-CoA. Transcobalaminas são enzimas responsáveis pelo transporte: a transcobalamina II é sintetizada pelo fígado, responsável pelo transporte até a medula – pode causar anemia ainda que a dosagem de B12 esteja normal; haptocorrina é sintetizada por granulócitos e macrófagos, transporta para todos os locais, exceto medula óssea. A vitamina B12 é necessária em quantidades diárias menores que o folato porque é uma vitamina de depósito, ou seja, o corpo possui reservas suficientes para um longo período de tempo até que haja deficiência, diferentemente da condição do folato. 3. Anemia perniciosa Agressão autoimune à mucosa gástrica, levando à atrofia do estômago, que passa a ter parede delgada, com infiltrado linfocitário e plasmocitário na lâmina própria, podendo haver até metaplasia intestina. Pela atrofia, ocorre acloridria e a secreção do fator intrínseco é reduzida ou ausente e a gastrina sérica está elevada. A infecção por H. pylori atua como um fator que predispõe o paciente, iniciando uma gastrite autoimune: em jovens uma anemia ferropriva, em idosos, perniciosa. Logo, é necessário a reposição da vitamina B12 e até de ferro. • Epidemiologia A incidência é maior no sexo feminino, 1,6:1, com o pico na 6ª década de vida. Pode haver associada à alguma síndrome autoimune poliendócrina, mais comum em europeus do norte, certa incidência familiar e aumento da incidência de CA de estômago. • Condições associadas ✓ Sexo feminino – vitiligo ✓ Olhos azuis – mixedema ✓ Encanecimento precoce – Hashimoto ✓ Europeu do norte – tireotoxicose ✓ Familiar – Addison ✓ Grupo sanguíneo A – hipoparatireiodismo, hipogamaglobulinemia, carcinoma de estômago Os anticorpos são, na maioria, contra as células parietais, mas também existem os anti-fator intrínseco, cuja finalidade é inibir a ligação do FI com a B12, sendo mais específicos e típicos. • Manifestações clínicas ✓ Anemia de instalação insidiosa ✓ Eritropoiese ineficaz → aumento da bilirrubina indireta, causando icterícia leve ✓ Glossite, podendo ser atrófica ✓ Estomatite angular ✓ Sintomas de má absorção 4. Anemia megaloblástica Grupo de anemia em que os eritroblastos na medula revelam uma anormalidade característica, o atraso da maturação do núcleo em relação ao citoplasma. O defeito é causado pela síntese defeituosa de DNA promovida, principalmente, pela deficiência de vitamina B12 ou folato. Pode ser causada também por anomalia no metabolismo da vitamina ou do folato – deficiência de transcobalamina, exposição a óxido nitroso, uso de fármacos anti-fólicos ou por outros defeitos na síntese do DNA por deficiência enzimática, pode ser congênita como na acidúria orótica e pode ser adquirida, como no tratamento com hidroxiureia. Figura 17. Tabela com características do folato e da vitamina B12. Figura 18. Glossite. Figura 19. Estomatite angular.
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