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Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo Prof. Felipe Góis – Emergências Cirúrgicas - 04/03/2021 Introdução Objetivo principal → Prevenir lesão cerebral secundária, em paciente com suspeita de TCE. Maneiras de alcançar esse objetivo • Manter oxigenação • Manutenção da PA → Garantir perfusão cerebral A TC é crucial para identificação de lesões de massa pela TC, porém não deve retardar a transferência do doente para o centro do trauma especializado. Informações que devem ser oferecidas ao consultar com o neurocirurgião: • Idade do doente • Mecanismo e tempo decorrido do trauma • Condições ventilatória e cardiovascular (PA e Sat) • Resultados de exame neurológico (Glasgow e pupilas) • Déficit neurológico focal • Presença e natureza de lesões associadas • Resultados de estudos diagnósticos (principalmente TC) • Tratamento da hipotensão/hipóxia Anatomia Couro cabeludo Laceração do couro cabeludo → pode levar a perdas sanguíneas significativas, choque hemorrágico e morte, principalmente quando o tempo de transporte é muito longo. Crânio A base do crânio é irregular possibilitando a ocorrência de lesões quando o cérebro se desloca e desliza no interior (aceleração e desaceleração). A fossa anterior aloja os lobos frontais, a fossa média aloja os lobos temporais e a fossa posterior aloja a porção inferior do tronco e cerebelo. Meninges Revestem o cérebro. Consistem em 3 camadas: Dura-máter • Membrana resistente e fibrosa que adere ao crânio. • Em locais específicos ela se divide em duas superfícies que envolvem grandes seios venosos. • O seio sagital na linha média superior, drena para os seios bilaterais transverso e sigmóide, que são frequentemente maiores do lado direito. • As artérias meníngeas correm entre a dura e a superfície interna do crânio (espaço epidural) e fraturas acima dessas artérias podem resultar em hematoma epidural. • A artéria meníngea média (fossa temporal) é o vaso meníngeo lesado com maior frequência. • Os hematomas epidurais também podem surgir por lesão dos seios durais, mas estes são menos frequentes. Membrana aracnoide • Membrana fina e transparente, • Não está aderida a um espaço subjacente, existe um espaço em potencial (subdural) em que podem ocorrer hemorragias. • No TCE as veias que vão da superfície do cérebro para os seios venosos, no interior da dura podem se romper, levando ao hematoma subdural. Pia-máter: • Aderida a superfície do cérebro. • O LCR preenche o espaço entre a aracnoide e pia (espaço subaracnóideo), acolchoando o cérebro e a medula. • Hemorragia nesse espaço é frequentemente causada por contusão cerebral ou trauma de grandes vasos na base do encéfalo. Encéfalo Composto por: Cérebro: hemisfério direito e esquerdo separados pela foice. O hemisfério esquerdo contém os centros de linguagem nos indivíduos destros e em grande poção dos canhotos. • Lobo frontal: controla as funções de execução, emoções, funções motoras e, no lado dominante, expressa a fala (área motora da fala) • Lobo parietal: função sensorial e orientação espacial • Lobo temporal: regula funções da memória • Lobo occipital: é responsável pela visão Tronco cerebral: dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo. • O mesencéfalo e a parte superior da ponte contêm o sistema ativados da formação reticular, responsável pelo estado de alerta. • O bulbo aloja centros cardiorrespiratórios vitais. Mesmo pequenas lesões no tronco podem ser acompanhadas de déficit neurológico grave. Cerebelo: coordenação e equilíbrio. Projeta-se posteriormente na fossa posterior formando conexões com todos os componentes do encéfalo + medula Sistema ventricular • Os ventrículos são um sistema de espaços e aquedutos preenchidos de LCR no interior do encéfalo. • O LCR é produzido constantemente nos ventrículos e é absorvido sob a superfície do encéfalo. • A presença de sangue no LCR prejudica sua reabsorção, aumentando a PIC. • Edema e lesões de massa (ex.: hematoma) podem provocar obliteração ou desvio dos ventrículos que deveriam ser simétricos. Compartimentos intracranianos O cérebro é divido em regiões pelas meninges. • A tenda do cerebelo (tentório) divide a cabeça em compartimento supratentorial e infratentorial. • O mesencéfalo passa através de uma abertura no tentório, a incisura da tenda do cerebelo. Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo • O oculomotor (III) passa ao longo da margem da tenda do cerebelo, podendo ser comprimido durante herniação do lobo temporal. • Fibras parassimpáticas (constritoras das pupilas) repousam sobre a superfície do III nervo, logo a compressão dessas fibras causa dilatação pupilar devido à atividade simpática sem oposição. • A região do cérebro que normalmente sofre herniação através da incisura tentorial [e a parte medial do lobo temporal (uncus). • Essa herniação também causa compressão do trato corticoespinhal do mesencéfalo. • O trato motor cruza para o lado oposto do forame magno, e sua compressão resulta em déficit motor do lado oposto do corpo. A dilatação da pupila ipsilateral associada à hemiplegia contralateral é a síndrome clássica de herniação de uncus. Fisiologia Pressão intracraniana: Quando está elevada pode reduzir a perfusão cerebral e causar/exacerbar a isquemia. A PIC normal é de 10mmHg. Pressões >20mmHg são associadas a pior prognóstico. Doutrina de Monro-Kellie Afirma que o volume total do conteúdo intracraniano deve permanecer constante, já que é uma caixa rígida não expansível. O sangue venoso e LCR podem ser comprimidos para fora do recipiente, dando algum grau de compensação da pressão. Assim, na fase inicial do trauma, uma massa (hematoma) pode aumentar e a PIC permanece normal. Porém, uma vez atingido o limite de deslocamento do LCR/sangue, a PIC aumenta rapidamente. Fluxo sanguíneo cerebral Lesões graves o suficiente para levar ao coma podem causar redução importante do FSC nas primeiras horas após o trauma. Geralmente aumenta nos próximos 2-3 dias, mas nos doentes que permanecem em coma, o FSC permanece abaixo do normal por dias/semanas após o trauma. Esses níveis reduzidos são inadequados para satisfazer a demanda metabólica do cérebro precocemente pós-trauma. Isquemia cerebral regional/global são comuns após o trauma. Vasos cerebrais pré-capilares normalmente podem contrair ou dilatar reflexamente em resposta a mudanças da PAM (PC = PAM – PIC). O TCE pode prejudicar a auto-regulação pressórica de modo que o cérebro fica incapaz de compensar adequadamente as mudanças da PC (pressão de perfusão cerebral). Logo, se a PAM dor muito baixa, pode ocorrer isquemia e infarto e se ela for muito alta pode ocorrer edema com aumento da PIC. Os vasos cerebrais também se contraem/dilatam em reposta a PaO2 e PaCO2 do sangue (auto-regulação química). A lesão secundária pode ocorrer por hipotensão, hipóxia, hipercapnia ou hipocapnia iatrogênica. Portanto, deve ser feito esforço para aumentar perfusão e fluxo sanguíneo cerebrais pela redução da PIC elevada, mantendo o volume intravascular normal, mantendo a PAM normal e restaurando a oxigenação normal e normocapnia. Hematomas que aumentam o volume intracraniano devem ser evacuados. Classificação das Lesões Cranioencefálicas 1. Quanto a gravidade da lesão A escala de Glasgow (GCS) é usada para medida objetiva da gravidade do trauma. • Escore <8 é a definição de coma ou TCE grave. • Escore de 9-12 são classificados como moderados • Escore de 13-15 são designados como leves. Ao avaliar GCS, quando existe assimetria direita/esquerda ou superior/inferior, é importanteque se use a melhor resposta motora no cálculo. 2. Quanto a morfologia Podem ser: fraturas de crânio, lesões intracranianas (contusões, hematomas, lesões difusas e inchaço resultante de edema/hiperemia). Fraturas de crânio: De calota: • Linear x estrelada: uma fratura linear em doenças conscientes aumenta em cerca de 400x a possibilidade de hematoma intracraniano. • Com ou sem afundamento: a importância da fratura não deve ser subestimada, pois para que ela ocorra é necessária a aplicação de força considerável. • Exposta ou fechada: fraturas abertas ou compostas podem estabelecer comunicação direta entre a laceração do couro e superfície cerebral. Da base do crânio: (basilares) para serem identificadas geralmente é necessário TC com janela de osso. Os sinais clínicos incluem: • Equimose periorbital → Olhos de guaxinim • Equimose retroauricular → Sinal de battle • Fistula liquórica através do nariz ou ouvido → rinorreia e otorreia • Disfunção do VII e VII nervos → Paralisia facial e perda de audição). Essas alterações podem ser imediatas ou surgir progressivamente. Fraturas basilares que atravessam os canais carotídeos podem lesar as artérias carotídeas, devendo-se considerar a realização de arteriografia cerebral. • Com ou sem perda de LCR • Com ou sem paralisia do VII nervo Lesões intracranianas: frequentemente as lesões focais e difusas coexistem Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo • Focais: o Epidural: (raros no trauma) forma biconvexa. Empurram a dura em direção oposta à da tábua interna do crânio. Mais frequentes na região temporoparietal e geralmente resultam de ruptura da artéria meníngea média, causada por uma fratura. Geralmente são arteriais, mas também podem ter origem venosa na ruptura de um seio venoso importante. A apresentação clássica é o paciente lúcido no momento da lesão e que vai deteriorando o estado neurológico progressivamente. o Subdural: ocorrem frequentemente por laceração de vasos superficiais pequenos ou vasos ponte do córtex. Assumem a forma do contorno do cérebro. O comprometimento cerebral costuma ser mais grave que no epidural, pela presença de lesão parenquimatosa concomitante. o Intracerebral: a maioria das contusões ocorre no lobo frontal e temporal. Podem, em um período de horas/dias, evoluir para formar um hematoma intracerebral ou contusão coalescente com efeito de massa suficientes para exigir evacuação cirúrgica imediata. Por isso, doentes com contusão na TC devem ser submetidos a TCs seriadas para avaliar mudanças (24h iniciais) o Difusas: resultam mais frequentemente de agressão hipóxiza/isquêmica devido a choque prolongado ou apneia. Nesses casos, a TC pode ser inicialmente normal, ou o cérebro aparece com inchaço difuso (perda da distinção entre massa cinza e branca). Outro padrão comum em lesões por desaceleração é a hemorragia pontilhada em todos os hemisférios cerebrais. ▪ Concussão: na contusão leve a TC é geralmente normal. O doente tem um distúrbio neurológico não focal transitório que frequentemente inclui perda de consciência. ▪ Contusões múltiplas ▪ Lesão hipóxica/isquêmica ▪ Lesão axonal: ocorre quando a desaceleração rotacional gera forças que resultam em ruptura generalizada de fibras axoniais e da bainha de mielina Tratamento de TCE Leve (GCS 15-15) É definido por história de desorientação, amnésia ou perda transitória da consciência em um doente que está consciente e falando. A história de perda da consciência é de difícil confirmação e muitas vezes o quadro fica confuso pela coexistência de abuso de álcool/tóxicos. As alterações do estado mental nunca devem ser atribuídas a fatores de confusão até que a lesão cerebral tenha sido excluída. A maioria dos doentes evolui com recuperação sem intercorrências, entretanto 3% apresentam piora inesperada resultando em disfunção neurológica grave (a menos que identificada precocemente). A avaliação secundária é importante. Identifique o mecanismos de lesão: • Atenção para perda de consciência, tempo de duração do estado não responsivo, episódios de convulsão e nível subsequente do estado de consciência Determine a duração da amnésia tanto antes (retrógrada) quando depois (anterógrada) do evento. O exame seriado e a documentação do GCS é importante em todos os doentes com GCS<15). A TC é o método de escolha. Indicações: • Alto risco para intervenção neurocirúrgica: GCS <15 até 2h após o trauma, suspeita de fratura exposta ou com afundamento, sinais de fratura de base, vômitos (mais que dois episódios), idade >65 anos • Risco moderado para lesão cerebral na TC: perda de consciência >5min, amnésia para fatos anteriores ao impacto (>30min), mecanismo perigoso (atropelamento, ejeção do ocupante do veículo, queda de altura >1m Caso identificadas alterações na TC ou doente sintomático, ele deve ser hospitalizado e um neurocirurgião deve ser consultado. Se o doente estiver assintomático, completamente acordado e alerta, ele deverá ser observado por algumas horas, reexaminado e se ainda estiver normal, pode receber alta. Em condições ideais a alta deve ser acompanhada de um acompanhante que possa observá-lo durantes as próximas 24h. Ambos o doente e acompanhante devem ser orientados a manter observação do estado geral, devendo voltar ao serviço se aparecer cefaleia, declínio no estado mental ou se houver desenvolvimento de déficits neurológicos focais. • Deve ser dado um protocolo de instruções para alta por escrito. Outros exames que devem ser realizados: radiografia de coluna cervical e níveis sanguíneos de álcool, perfil toxicológico da urina. Tratamento de TCE Moderado (GCS 9-12) São pacientes capazes de obedecer ordens simples, mas em geral estão confusos ou sonolentos e podem apresentar déficit neurológico focal como hemiparesia. • Aproximadamente 10-20% desses doentes apresentam piora e entram em coma. • O exame inicial é o mesmo que para o TCE leve. Na admissão ao serviço, antes da avaliação neurológica deve-se obter uma história breve e assegurar a estabilidade cardiopulmonar. A TC do crânio é realizada e um neurocirurgião é contatado. Todos precisam de hospitalização para observação em UTI ou unidade semelhante com controle rigoroso da enfermagem e reavaliação neurológica seriada nas primeiras 12-24h. • Também é recomendado segmento com TC em 12-24h se a TC inicial for anormal ou se há piora das condições neurológicas. TCE moderado pode apresentar piora rápida com hipoventilação ou perda sutil de sua habilidade em proteger a VA (RNC). • A analgesia com narcóticos deve ser utilizada como precaução. • Evitar a hipercapnia utilizando monitorização constante do estado respiratório e habilidade para manter a VA permeável. • A intubação urgente pode ser necessária. Tratamento do TCE Grave (GCS 3-8) Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo Não são capazes de obedecer ordens simples, mesmo após estabilização cardiopulmonar. Essa definição inclui um amplo aspecto de lesões cerebrais, identificando os indivíduos com maior risco de morbi-mortalidade. A abordagem de “espera” pode ser desastrosa para esses pacientes. Não retarde a transferência do doente para realizar uma TC. Avaliação Primária O tratamento inicial consiste na avaliação primária e reanimação: (foco no ABCD) Via aérea e ventilação: • Parada respiratória e hipóxia são comuns em TCE grave, podendo causar lesão cerebral secundária. • A IOT precoce deve ser realizada em doentes comatosos. • Deve ser ventilado a O2100% até que seja colhida a gasometria e sejam feitos osajustes apropriados da FiO2. • A oximetria de pulso é útil na monitorização desse paciente. • A PCO2 deve ser mantida em torno de 35mmHg e a hiperventilação (PCO2 <32mmHg) deve ser utilizada com cuidado. Circulação • A hipotensão não é consequência da lesão cerebral → Exceto em estágios terminais, quando sobrevém a insuficiência medular ou quando existe lesão de medula concomitante. • A hemorragia intracraniana não pode causar choque hemorrágico. • Se o doente está hipotenso, deve-se estabelecer a normovolemia logo que possível. • O exame neurológico do hipotenso não é confiável. • A fonte primária da hipotensão deve ser identificada e tratada imediatamente. Exame neurológico: • Deve ser direcionado. • Quando o estado cardiopulmonar do paciente for estabilizado, realiza-se um rápido exame neurológico que consiste na GCS, resposta pupilar a estímulo luminoso e ocorrência de déficits neurológicos localizados. • É importante perceber a presença de fatores de confusão como álcool e drogas e outras lesões associadas. • O exame neurológico deve ser feito antes de administrar sedativos ou relaxantes musculares para decidir sobre o tratamento. • A sedação deve ser evitada, exceto em casos de agitação que coloca o paciente em risco, neste caso evitar sedativos de longa duração. • Também se utiliza sedação de curta duração para procedimentos como IOT. O estado pós-ictal após convulsão traumática tipicamente piora a resposta do doente por minutos/horas. No doente comatoso, a resposta motora pode ser produzida beliscando o trapézio, pressionando o leito ungueal ou pressionando a região supraorbitária. Se o doente apresentar diferentes respostas à estimulação, a melhor resposta deve ser a considerada para o cálculo da GCS. Os movimentos de olho de boneca (óculo-cefálico), resposta calórica (óculo-vestibular) e reflexo corneal são referidos ao neurocirurgião. Atenção!!! → Não se deve testar movimento de olhos de boneca em pacientes antes de excluir lesão cervical. Avaliação secundária Consiste em exames seriados (GCS, lateralização e resposta pupilar) para detectar piora neurológica o mais precoce possível. Um sinal importante de hérnia de uncus é a dilatação da pupila e perda de sua resposta a luz. O trauma ocular também é uma causa potencial de reposta pupilar anormal, podendo dificultar a avaliação neurológica. Uma TC de urgência deve ser realizada logo que possível, após estabilização hemodinâmica e repetida sempre que houver mudança no estado neurológico do paciente e rotineiramente durante Às 24h após trauma nos pacientes com contusão/hematoma na TC inicial. Achados significativos da TC • Inchaço do couro cabeludo, • hematomas subgaleais na região de impacto, fraturas de crânio (janela óssea), • hematoma intracraniano, • contusões e desvio de linha média (efeito de massa) e • obliteração das cisternas de base. • Um desvio de 5mm ou mais é indicativo de necessidade cirúrgica para evacuar o coágulo ou contusão causadores do desvio. Devemos ter cuidado com doentes em uso de anticoagulação ou antiagregação plaquetária. Tratamento Clínico do TCE Inclui: • Fluidos intravenosos: administrados conforme a necessidade para reanimar e manter normovolemia (hipovolemia é prejudicial). o Não usar líquidos hipotônicos, soluções contendo glicose também devem ser evitadas (hiperglicemia). o Recomenda-se o Ringer Lactato. o Níveis de sódio devem ser monitorados rigorosamente, pois a hiponatremia está relacionada com edema cerebral. • Hiperventilação: normocapnia é preferida na maioria dos casos. o A hiperventilação reduz a PCO2 e produz vasoconstrição cerebral. o Deve ser usada com moderação e por tempo limitado. Mantes CO2 em torno de 35mmHg. o A hiperventilação reduz a PIC em doentes que estão deteriorando com hematoma intracraniano em expansão até que a craniectomia seja realizada. • Manitol: usado para reduzir a PIC. o Não deve ser administrado em hipotensos com PIC elevada (diurético potente podendo exacerbar a hipotensão e isquemia local). Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo o A indicação clara é normovolemia com déficit neurológico agudo com pupila dilatada, hemiparesia ou perda de consciência. • Solução salina hipertônica: também é usada para reduzir a PIC. Não age como diurético, podendo ser usada em hipotensos • Barbitúricos: redução da PIC refratária a outras medidas. o Não devem ser usados na presença de hipotensão ou hipovolemia, além disso o uso desse medicamento comumente gera hipotensão, não sendo indicado na fase aguda de reanimação. • Anticonvulsionantes: epilepsia pós-traumática ocorre em cerda de 5% dos TCEs graves. o Fatores de risco incluem convulsões durante a primeira semana, hematoma intracraniano e fratura com afundamento. o O uso precoce de anticonvulsionantes não muda a evolução para epilepsia. podem inibir a recuperação do cérebro, logo só devem ser usados quando absolutamente necessários. o A fenitoína/fosfofenitoína são os agentes de escolha na fase aguda. o O Diazepam e Clonazepam podem ser usados em doentes com convulsões prolongadas. Se atentar para convulsões em pacientes sob efeito de relaxantes musculares. Tratamento Cirúrgico • Lesões de couro cabeludo: limpar e inspecionar a ferida cuidadosamente antes da sutura (evitar infecção). o Perdas sanguíneas pela lesão podem ser abundantes. o O sangramento pode ser controlado com pressão direta, cauterização ou ligadura de vasos maiores. o Podem ser aplicados suturas, clipes ou grampeadores. o A presença de vazamento de LCR indica que existe laceração da dura associada. o O neurocirurgião deve ser consultado nos casos de fratura exposta ou afundamento. • Fraturas com afundamento: deve ser reduzida cirurgicamente de o grau de depressão for maior que a espessura da calota adjacente, ou se estiver exposta e grosseiramente contaminada. o Fraturas coma afundamento menos significativo podem ser tratadas com o fechamento do ferimento do couro cabeludo. • Lesões intracranianas de massa: neurocirurgia. o As indicações de trepanações feitas por médicos não cirurgiões são somente em casos extremos e de evolução rápida sem possibilidade de transferência do doente para centro especializado (ex.: zona rural). • Ferimentos encefálicos penetrantes: TC é fortemente recomendada para avaliação (primeira escolha!), radiografias também podem ser úteis para determinar o trajeto do projétil e presença de corpo estranho. o Quando o ferimento está próximo/através de um seio venoso importante, recomenda-se a angioTC. o A RNM só pode ser utilizada em ferimentos com objetos não metálicos, como madeira. o A presença de grandes contusões, hematomas ou hemorragia intraventricular está associada a aumento de mortalidade. o É adequada a utilização de ATBterapia profilática de amplo espectro e monitorização precoce da PIC. Tratar os orifícios de entrada. Indicações de angioTC no trauma penetrante • Ferimento está próximo/através de um seio venoso importante, • Hemorragia subaracnóidea, • Hematoma tardio, • Ferimento envolvendo regiões orbitofaciais ou pterional (para identificação de fístula arteriovenosa ou aneurisma) Morte Cerebral Implica que não há possibilidade de recuperação da função cerebral. Os seguintes critérios devem ser atendidos: • GCS = 3 • Pupilas não reativas • Reflexos de tronco cerebral ausentes (olhos de boneca, corneal, óculo-vestibular, reflexo faríngeo) • Ausência de esforço ventilatório espontâneo no teste formal da apneia Outros critérios que podem ajudar • EEC com ausência de atividade com ondas de grande amplitude,• Estudos do fluxo sanguíneo cerebral (ausência de FSC), • Angiografia cerebral. Algumas condições reversíveis podem mimetizar o aparecimento de morte cerebral (hipotermia, coma barbitúrico), por isso o diagnóstico não deve ser considerado antes da normalização de todos os parâmetros fisiológicos e não estar sob efeito de medicamentos.
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