Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professor Me.Felipe Delapria ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Professor Me. Felipe Delapria Dias dos Santos Mestrado em Engenharia Mecânica/UEM/2019, Pós-Graduação em Engenharia de Segurança no Trabalho/UCAM/2019, Pós-Graduação em Gestão da Qualidade e Processos Gerenciais/UNIFCV/2019, Graduado em Engenharia Mecânica/UTFPR/2017, Graduado em Administração/2016, Projetista Mecânico Sênior (Solidwork) e Consultor Industrial. Experiência industrial como engenheiro mecânico projetista. Experiência avançada com SolidWorks e AutoCad para desenhos em 2D e 3D. Experiência em implantação e aplicação de ferramentas da qualidade como 5S, Kanban e PDCA. Em 2016 fundou uma Empresa Júnior, empresa prestadora de serviços na área de engenharia. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8500803864971377 AUTOR Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você está lendo isso é por que certamente se interes- sou pelo curso e pela disciplina de administração da produção. Parabenizo você pela iniciativa e pelo grande passo tomado em sua vida. Nesta disciplina iremos aprender sobre a história da administração da produção, funções geren- ciais da administração da produção, arranjo físico na empresa e os tempos na produção. Na unidade I, iremos começar contextualizando o assunto com a história e a evolução da administração da produção. Aprenderemos a definição formar de administração da produção e seguiremos com as funções gerenciais de nível estratégico, além de critérios estratégicos da produção. Para encerrar, vamos aprender sobre sistema de produção e seus tipos existentes, além de planeja- mento estratégico da produção. Esse conteúdo é de suma importância para o bom entendimento das próximas apostilas. Na unidade II, junto com o conhecimento adquirido na unidade I, iremos enten- der o papel da função produção e a sua interação com as funções que estão ao seu redor (marketing, contábil-financeira, desenvolvimento de produtos, recur- sos humanos, compras etc). Já na unidade III será tratado de assuntos relacionados à empresa como órgão físico. Estudaremos a localização de instalações de manufatura e de serviços, etapas para a elaboração de layout/arranjo físico e os principais tipos de arran- jos físicos existentes (por processo, de produto e celular). Para finalizar nossa matéria, na apostila IV, encerraremos com estudo acerca dos tempos na produção. Essa apostila trata assuntos que nos farão entender a respeito da importância do estudo do tempo. Tempos cronometrados, pro- cessos e operações, aspectos ergonômicos, melhoria de processo, redução do tempo de produção e técnicas importantes como Just In Time, Kanban, Kaizen, MRP e GRD. Espero poder contar com você nesta jornada, para que seu comprometimento junto conosco possa alcançar os objetivos esperados no crescimento pessoal e profissional. Muito obrigado e bom estudo! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL UNIDADE l 05 | CONCEITOS E HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO UNIDADE ll 31 | FUNÇÕES GERENCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO UNIDADE lll 49 | ARRANJO FÍSICO NA EMPRESA UNIDADE lV 80 | ESTUDO DOS TEMPOS NA PRODUÇÃO SUMÁRIO 5ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO UNIDADE l CONCEITOS E HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Professor Mestre Felipe Delapria 5 Plano de Estudo: • Breve histórico e introdução da administração da produção; • Definição formal de administração da produção; • Conceitos a respeito das funções gerenciais de nível estratégico (planeja- mento estratégico e estratégia produtiva) além de critérios estratégicos da produção; • Tipos de sistema de produção; • Planejamento estratégico da produção. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar a administração da produção com o decorrer do tempo; • Entender as funções gerencias e suas derivações; • Compreender os tipos de sistema de produção; • Estabelecer a importância do planejamento estratégico da produção. 6ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO INTRODUÇÃO Nesta primeira unidade, em um primeiro momento, serão apresentadas e con- textualizadas a história e a evolução da administração da produção. Serão apresentados conceitos fundamentais para o bom entendimento do curso nas apostilas seguintes. Além disso, esta unidade tratará de assuntos como fun- ções gerenciais de nível estratégico e de critérios estratégicos da produção, tó- picos dos quais, apresentam alto nível de valor no dia a dia do trabalho. Para concluir esta apostila, trabalharemos com sistema de produção e seus tipos existentes, além do planejamento estratégico da produção. 7ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 1 - EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Petronio (2005) diz que a função produção é entendida como o conjunto de atividades que levam à transformação de um bem (matéria prima) em um outro com maior utilidade. Este conjunto de atividades acompanha o homem desde sua origem. Por exemplo, quando o homem polia com o intuito de transformá-la em utensílio mais eficaz, o homem pré-histórico estava executando uma ativi- dade de produção. Nos primórdios, não existia comercialização, tudo que era produzido era para consumo próprio ou escambo. Ainda segundo Petronio (2005), com o passar do tempo, algumas pessoas se revelaram habilidosas na produção de certos bens, e passaram a produzi-los conforme solicitação e especificações apresentadas por terceiros desta forma, surgiram os primeiros artesãos e a primeira forma de produção organizada, uma vez que os artesãos estabeleciam prazos de entrega, consequentemen- te classificando prioridades, atendiam especificações prefixadas e determina- vam preços para suas encomendas. A produção artesanal, por sua vez, tam- bém evoluiu. Os artesãos com grande número de encomendas passaram a contratar ajudantes. Esses ajudantes faziam apenas os trabalhos mais grossei- ros. Conforme iam aprendendo, esses ajudantes se tornavam novos artesãos. A produção artesanal teve o início de sua decadência com o advento da Re- volução Industrial. Com a descoberta da máquina a vapor em 1764 por James Watt, tem início a processo de substituição da força humana pela força da má- quina (PETRÔNIO 2005). Os artesãos começaram a se agruparem, dando ori- gem às primeiras fábricas. Para Tubino (2007), essa revolução na forma de produção acarretou em algumas exigências, como a padronização dos produ- tos e seus processos de fabricação; o treinamento e a habilitação da mão-de- -obra direta. A criação e o desenvolvimento dos quadros gerenciais e de super- visão: o desenvolvimento de técnicas de planejamento e controles financeiros e da produção; e desenvolvimento de técnicas de vendas. No fim do século XIX, surgiram nos Estados Unidos os trabalhos de Frederick W. Taylor, considerado o pai da administração cientifica. Petronio (2005) expli- ca que com os trabalhos de Taylor, surgiram da sistematização do conceito de produtividade, ou seja, começou-se a buscar por melhores métodos de trabalho e processos de produção, com o objetivo de se obter melhoria da produtividade com o menor custo possível. A análise da relação entre o output (o que foi pro- duzido) e o input (medida quantitativa dos insumos, a entrada para o começo produção), nos permite quantificar a produtividade, já que a mesma sempre foi o grande indicador do sucesso ou fracasso das empresas. 8ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Na década de 1910, Henry Ford cria a linha de montagem seriada, revolucio- nando os métodos e processos produtivos. Com isso, surge o conceito de pro- dução em massa, cujo sua principal característica é possuir grandes volumes de produtos extremamente padronizados, ou seja, seu produto final possui pouca variação (ARGENTON 2009). O autor cita ainda que novos conceitos fo- ram introduzidos, tais como: linha de montagem, posto de trabalho, estoques intermediários, monotonia do trabalho, arranjo físico, balanceamento de linha, produtos em processo, motivação, sindicados, manutenção preventiva, controle estatístico da qualidade e fluxogramas de processos. A produção em massa aumentou juntamentecom a qualidade, passou-se a ob- ter produtos com maior grau de uniformidade, em razão da padronização e da aplicação de técnicas de controle estatísticos da qualidade (PETRONIO 2005). Até meados de 1960, os conceitos de produção em massa predominaram nas fábricas, a partir desta década, começou a surgir novas técnicas produtivas ca- racterizando a denominada produção enxuta. A produção enxuta trouxe, entre outros, os seguintes conceitos: Just-in-time, células de produção, desdobra- mento da função qualidade, sistemas flexíveis de manufatura, manufatura inte- grada por computador, benchmarking, entre outros (PETRONIO 2005). Concei- tos dos quais, serão estudados no decorrer do curso. Ao longo desse processo de modernização da produção, cresce em importân- cia a figura do consumidor, em nome do qual tudo se tem feito. Os autores Pe- tronio (2005) e Tubino (2007) dizem que que a procura da satisfação do consu- midor é o que tem motivado as empresas a se atualizarem com novas técnicas de produção, tornando-as mais eficientes, eficazes e de alta produtividade. Os autores dizem ainda que essa atenção dada ao cliente é tão grande que em muitos casos, o cliente, já especifica em detalhes o “seu” produto, sem que es- sas exigências atrapalhe os processos de produção do fornecedor, tal a sua flexibilidade. Desta forma, entramos no que é chamado de produção customi- zada, que dê certa forma, é um retorno ao artesanato, sem a figura do artesão. Argenton (2009) escreve que a chamada empresa de classe mundial, é aquela cuja produção é voltada para o cliente, mas sem perder a características de empresa enxuta, isso é possível mantendo os indicadores de produtividade que a colocam no topo entre seus concorrentes, em termos mundiais. Em outras palavras, a empresa de classe mundial é aquela que cultua a melhoria continua por meio de técnicas sofisticadas, como modelagem matemática para simula- ções de cenários futuros. 9ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 2 - DEFINIÇÃO FORMAL DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Slack (2006) explana que a administração da produção trata da maneira pelo qual as organizações produzem bens e serviços. Ou seja, tudo o que eu e você consumimos só chega até nós graças aos gerentes de produção que organiza- ram sua produção. Mesmo que nem sempre as pessoas que supervisionaram sua “produção” sejam chamadas de “gerentes de produção”, isso é o que elas realmente são. Em suma, a administração da produção ou administração de operações é a função administrativa responsável pelo estudo e pelo desenvolvimento de téc- nicas de gestão da produção de bens e serviços. A produção é a função central das organizações já que é aquela que vai se incumbir de alcançar o objetivo principal da empresa, ou seja, sua razão de existir. Para Slack (2006), a função produção se preocupa principalmente com os se- guintes assuntos: • Estratégia de produção: as diversas formas de organizar a produção para atender a demanda e ser competitivo; • Projeto de produtos e serviços: criação e melhora de pro- dutos e serviços; • Sistemas de produção: arranjo físico e fluxos produtivos; • Arranjos produtivos: produção artesanal, produção em massa e produção enxuta; • Ergonomia; • Estudo de tempos e movimentos; • Planejamento da produção: planejamento de capacidade, agregado, plano mestre de produção e sequenciamento; • Planejamento e controle de projetos. 10ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 3 - FUNÇÕES GERENCIAIS: NÍVEL ESTRATÉGICO (PLANEJA- MENTO ESTRATÉGICO E ESTRATÉGIA PRODUTIVA) E CRITÉRIOS ES- TRATÉGICOS DA PRODUÇÃO (NÍVEL TÁTICO E NÍVEL OPERACIONAL) A Administração da Produção preocupa-se com o Planejamento, a Organiza- ção, a Direção e o Controle das operações produtivas, de forma a se harmoni- zarem com os objetivos da empresa (CASA NOVA). O Planejamento dá as bases para todas as atividades gerenciais futuras ao es- tabelecer linhas de ação que devem ser seguidas para satisfazer objetivos es- tabelecidos, bem como estipula o momento em que essas ações devem ocor- rer (SLACK 2006). A Organização é o processo de junção de todos os recursos produtivos (pes- soal (mão-de-obra), matérias-primas, equipamentos e capital), tais recursos são de suma importância à realização das atividades planejadas, entretanto de- vem ser organizados de forma coerentemente para um melhor aproveitamento (SLACK 2006). O Controle envolve a avaliação do desempenho dos empregados, de setores específicos da empresa e dela própria como um bloco, e a consequente aplica- ção de medidas corretivas se necessário. Moreira (2009) divide o Planejamento e as tomadas de decisão em três níveis, segundo a abrangência que terão dentro da empresa, afetando fatias maiores ou menores da companhia: 11ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO a) Nível Estratégico: neste nível, planejamento e tomada de decisões são mais amplos em escopo, envolvendo políticas corporativas (grandes políticas da or- ganização), escolha de linhas de produtos, localização de novas fábricas, ar- mazéns ou unidades de atendimento, projeto de processos de manufatura etc. Os níveis estratégicos envolvem, necessariamente, horizontes de longo prazo e, consequentemente, altos graus de riscos e incerteza (DE SOUZA 2012). b) Nível Tático: este nível é mais estreito em escopo que o anterior e envolve basicamente a alocação e a utilização de recursos. Em indústrias, o planeja- mento tático ocorre em nível de fábrica, envolve médio prazo e moderado grau de risco (DE SOUZA 2012). c) Nível Operacional: o planejamento e a tomada de decisões operacionais têm lugar nas operações produtivas, envolvem curtos horizontes de tempo e riscos relativamente menores. Tarefas rotineiras como a alocação de carga aos de- partamentos produtivos e a programação da produção são exemplos, assim como o controle de estoques (DE SOUZA 2012). . Em suma, os planos e as decisões dos níveis mais altos dão linhas de ação para os planos táticos que, por sua vez, direcionam a rotina operacional. A alta gerência é responsável pelo estabelecimento dos objetivos da organização, tais como o lucro, a posição de competitividade, entre outros. Ela toma decisões que afetam o futuro da empresa em longo prazo. O autor Casa Nova traz em sua obra que para a alta gerência, o planejamento eficaz é crítico. As decisões e os planos vindos da alta gerência especificam os objetivos que a média gerência (por exemplo, o gerente de fábrica) deve cum- prir. Ele diz ainda que o planejamento da média gerência é feito, pois, sobre horizontes de tempos mais curtos, e mais tempo deve ser alocado às ativida- des de direção, devido ao maior número de funcionários diretos sob esse nível de gerência. Finalmente, em nível de supervisão, a ênfase é decididamente sobre o aten- dimento de objetivos em curto prazo. A maior parte do tempo do gerente nes- te nível é gasta com a direção de funcionários. Enquanto o Planejamento e a Organização não chegam a ser atividades críticas nesse patamar de trabalho, grande esforço é despendido em Controle. 12ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 4 - SISTEMA DE PRODUÇÃO Moreira (2009) define “sistema de produção” como sendo um conjunto de ativi- dades e operações ligadas entre si, estando todas envolvidas na produção de bens e/ou serviços. Ainda segundo Moreira, no sistema de produção existe al- guns elementos constituintes fundamentais, tais como insumos, o processo de criação ou conversão, os produtos ou serviços e o subsistema de controle. Os insumos são os recursos a serem transformados diretamente em produtos, como as matérias-primas, e mais os recursos que movem o sistema, como a mão-de-obra, o capital, as máquinas e equipamentos, as instalações, o conhe- cimento técnico dos processos etc (MOREIRA, 2009). Petronio (2005) explica que o processo de conversão, em manufatura, muda o formato das matérias-primas ou muda a composição e a forma dos recursos. O sistema de controle é a designação genérica que se dá ao conjunto de ati- vidades que visa assegurar queprogramações sejam cumpridas, que padrões sejam obedecidos, que os recursos estejam sendo usados de forma eficaz e que a qualidade desejada seja obtida (MARTINS 2010). O sistema de produção não funciona no vazio, isoladamente. Ele sofre influên- cias, de dentro (ambiente interno) e de fora da empresa (ambiente externo), que podem afetar seu desempenho (PETRÔNIO, 2005). No caso do ambiente interno, o sistema de produção encontra-se na esfera de influência das outras áreas funcionais da empresa (Marketing, Finanças, Recursos Humanos etc.). 13ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Para Petrônio (2005), há diversos fatores exercem influência externa sobre a empresa. Ainda segundo o pesquisador, quatro dos mais importantes são: as condições econômicas gerais do país, as políticas e regulações governamen- tais, a competição e a tecnologia. No fator economia, estão inclusas taxas de juros, inflação, maior ou menor disponibilidade de crédito e assim por diante. Dentre as políticas do governo, o autor diz que pode tanto estimular quanto de- sestimular a produção, conforme o caso, a política fiscal e a política monetária. Já na competição, envolve fatia de mercado que a empresa abrange e como ela reage às estratégias competitivas dos concorrentes. Por fim, no que se re- fere à novas tecnologias, processos de manufatura, equipamentos e materiais podem afetar drasticamente projetos de produtos e métodos de produção. TÓPICO 5 - TIPOS DE SISTEMAS DE PRODUÇÃO; Já notamos que as operações são similares entre si na forma de transformar recursos de input em output de bens e serviços. Neste capitulo, iremos analisar algumas das principais diferenças entre as operações. Slack (2006) nos traz quatros medidas particularmente importantes que podem ser usadas para dis- tinguir diferentes operações: • Volume; • Variedade; • Variação da demanda; • Grau de contato com o consumidor envolvido na produção. DIMENSÃO VOLUME Para a explicação desta dimensão, pegaremos um exemplo familiar trazido por Slack em sua obra: a produção e a venda de hambúrguer. O McDonald’s serve, aproximadamente, 23 milhões de hambúrgueres diariamente, em todo o mundo. Isso é um exemplo de grande volume. Esse volume de produção da McDonald’s tem implicações importantes na maneira como produção está or- ganizada. Se você observar atrás do balcão, notará o grau de repetição das tarefas que os funcionários fazem. Como a repetição é constante, faz sentido a especialização de tarefas: uma pessoa designada para gritar os hambúrgueres, outra para montar os sanduíches, outra para servir e assim por diante. Quando as tarefas são divididas dessa maneira, também é possível a sistematização do trabalho. De fato, as grandes cadeias de lanchonetes adotam procedimen- tos padronizados, definidos em um manual, com instruções sobre como cada parte do trabalho deve ser realizada. A implicação mais importante do grande volume é a obtenção de custos unitários baixos; os custos fixos de produção, como ar-condicionado e aluguel são diluídos em grandes números de produtos ou serviços. 14ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Se compararmos um pequeno restaurante, servindo pouca variedade de pra- tos, com uma cadeia multinacional de hambúrgueres, é provável que a varie- dade de itens do cardápio seja semelhante, no entanto o volume de venda do restaurante será bem menor. No restaurante pequeno, o grau de repetição será muito baixo em função do pequeno volume. Além disso, o número de funcioná- rios será menor e, assim, o volume total do trabalho de preparar e servir o ali- mento, que cada funcionário realiza, será maior. Isso pode ser mais gratificante para o funcionário, mas é prejudicial a sistematização. Por todas essas razões, o custo de cada hambúrguer servido é, provavelmente, maior (mesmo se o pre- ço for comparável). DIMENSÃO VARIEDADE Ainda seguindo a obra de Slack (2006), tomando o exemplo de uma empre- sa de táxi que oferece uma alta variedade de serviços. Pode restringir-se ao transporte de animais, transporte de bagagens, transporte de pessoas, ou um mix desses citados. Pode ainda (a determinado preço) fazer o roteiro que você escolher. Para realizar tais atividades, é necessário com que a empresa de táxi seja relativamente flexível, deve ter certeza de que seus motoristas possuem conhecimento da área e que a comunicação entre sua base e os taxis é eficaz. Há a necessidade de se manter a par das exigências dos consumidores e da situação de sua frota, podendo ser uma tarefa complicada em função da va- riedade de serviços e rotas. Contudo, a variedade do serviço oferecido permite elevar o preço de trabalho. DIMENSÃO VARIAÇÃO Slack (2006) traz como exemplo para a dimensão variação a demanda de um hotel resort bem-sucedido nas férias de verão. Não é surpresa o fato de mui- tos consumidores desejarem hospedar-se no verão e não no inverno. Possi- velmente, o hotel lota no pico da estação. Já na época fora da estação, deve ser praticamente vazio. A implicação de tal variação nos níveis de demanda é que a operação deve, de alguma forma, mudar a sua capacidade. Por exem- plo, o hotel-resort poderia aumentar seu corpo de funcionários apenas no período do verão. Ao flexibilizar suas atividades, é necessário que haja uma previsão do nível de demanda que receberá. Se imaginarmos agora, um hotel próximo a uma importante rede rodoviária e a uma atração turística, tal hotel pode ser procurado tanto por viajantes durante a semana quanto por turistas nos finas de semana e períodos de férias. Assim, sua demanda estará relativa- mente nivelada o ano inteiro. Isso resulta em alta utilização dos recursos. Muito provavelmente, o custo unitário desse hotel, será menor do que o de hotel de porte comparável, com padrão de demanda altamente variável, como é o caso do resort. 15ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO DIMENSÃO CONTATO COM O CONSUMIDOR A decisão de aceitar consumidores no processo de operação ou de mantê-los afastados está relacionada com a natureza do serviço ou produto. Slack (2006) explana que não é comum encontrar alto contato de fábrica-cliente e baixo con- tato operando juntos. As organizações têm que escolher como desejam desen- volver suas operações. Por exemplo, no comércio de roupas, uma empresa pode trabalhar no estilo de butique (loja física), exigindo grande contato com o cliente, ou possuir loja virtual, com baixo contato com o cliente. Quando há contato com o cliente, o custo muitas vezes será maior, pois isso exigirá do funcionário habilidades de comunicação e dinâmica, habilidades das quais um funcionário de vendas online não precisa desenvolver. Na figura 1 há uma esquematização que resumo as quatro dimensões. Figura 1 – Tipologia de operações Fonte: Adaptado de Slack (2006) 16ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO OPERAÇÕES MISTAS DE ALTO E DE BAIXO CONTATO A operação de venda de roupas por catálogo possui micro operações de alto e de baixo contato dentro da mesma macro operação. Isso é típico de muitas operações e serve para enfatizar a diferença que faz o grau de contato com o consumidor (Martins, 2010). O autor Slack (2006) exemplifica essa operação ci- tando um aeroporto. Se pararmos para pensar algumas de suas atividades en- volvem alto contato com seus consumidores, como atendimento de passageiro, despachante de mala, entre outros, enquanto que outras funções apresentam pouco ou nenhum contato com o consumidor. Os funcionários que apresentam alto nível de contato, operam no que é denominado ambiente de linha de fren- te, isso é, estão em micro operações de alto contato com os consumidores. Em operações como esta citada, é conveniente separar as atividades da li- nha de frente (de alto contato), com as das de retaguarda (baixo contato). Isso acontece uma vez que as requisições de habilidade dos colaboradores são di- ferentes, exigindo e apresentando diferentes formas de organização do traba- lho e de operações. A figura 2 ilustra essa separação. Figura 2 - Operação envolvendo contato misto (alto e baixo),separada por li- nha de frente e retaguarda. Fonte: Adaptado de Slack (2006) 17ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 6 - PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO Segundo Tubino (2007), o planejamento estratégico procura maximizar o resul- tado de suas operações ao mesmo tempo que busca minimizar os riscos em suas tomadas de decisões. Os impactos das decisões tomadas são de longo prazo e afetam as características das empresas como um todo. Para planejar e executar com sucesso um planejamento estratégico, é necessário que a em- presa entenda seus limites, suas forças e habilidades no relacionamento com o meio ambiente, de maneira a criar vantagens competitivas em relação à con- corrência. Em outras palavras: “Planejar estrategicamente consiste em gerar condições para que as empresas possam decidir rapidamente perante oportu- nidades e ameaças, otimizando suas vantagens competitivas em relação ao ambiente concorrencial onde atuam, garantindo sua perpetuação no tempo.” (Tubino 2007). Existem três possíveis níveis dentro de uma empresa onde se encontram es- tratégias de planejamento: o nível corporativo, o nível da unidade de negócios e o nível funcional. Argenton (2009), explica que o nível corporativo tem como função a definição das estratégias globais, indicando as possíveis áreas de negócios nas quais a empresa poderá participar além de organizar e distribuir recursos para cada uma dessas áreas ao longo do tempo. O nível da unidade de negócios é uma subdivisão do nível corporativo (caso a empresa atue com unidades de negócios semiautônomas). Neste nível, cada unidade de negócios terá uma estratégia de negócios (estratégia corporativa), este nível define como o seu negócio compete no comercio, define o desempenho esperado, e as es- tratégias que serão tomadas para que a meta se alcançada. O terceiro nível é o da estratégia funcional. Nesse nível, estarão associadas as políticas de ope- 18ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ração das diversas áreas funcionais da empresa, consolidando as estratégias corporativas e competitiva. Esta relação pode ser visualizada na figura 3. Figura 3 – Visão geral do planejamento estratégico Fonte: Slack (2006) Como resultados da definição de uma estratégia funcional são gerados os pla- nos de ação dentro das três áreas básicas da empresa: o plano financeiro, o plano de marketing e o plano de produção Missão e visão corporativa Viana (2006) diz que a missão e a visão são as bases sobre as quais a empre- sa está constituída, é basicamente a razão de sua existência. A definição clara de qual é o seu negócio atual faz parte da missão. Já o planejamento do negó- cio no futuro é a visão, assim como a filosofia que a empresa irá adotar para administra-la e expandi-la no futuro. Uma vez definidas a missão e a visão da empresa, os gerentes poderão priorizar suas ações e criar um padrão de deci- sões para todos os níveis hierárquicos da empresa (Slack 2006). A missão e a visão dificilmente nascem com a empresa; elas são desenvolvi- das e amadurecidas de acordo com a expansão da organização e desenvolvi- das pela alta administração da empresa para dar um rumo a suas estratégias (SLACK 2006 E MARTINS 2010). Ainda de acordo os autores, deve represen- tar os interesses de todos os públicos que compõem o negócio (desde os clien- tes e fornecedores até os acionistas). É necessário que sejam compreendidos por todos para inspirar e instigar novos desafios. 19ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Para Tubino (2007), ao se definirem a missão e a visão corporativa, algumas questões devem ser levantadas, entre elas: • Qual o escopo do negócio? • Qual a essência do negócio? • Qual o sentido e a intensidade do crescimento que está se buscando? • Como se propõem a atender as necessidades dos clientes? Algumas empresas expressam a missão e a visão na forma de princípios e va- lores a serem seguidos. Como a missão e a visão corporativa são, de certa forma, metas a serem compridas, elas devem ser pensadas e executadas por meio da definição e implementação das estratégias corporativas, competitiva e funcional. Estratégia corporativa: Conforme já dito, o planejamento estratégico subdivide-se em três níveis de de- cisões: o corporativo, o de unidades de negócios e o funcional. Em cada um deles as decisões serão norteadas pela definição da missão e da visão da em- presa. Para Tubino (2007), dentro do planejamento estratégico, estes três ní- veis mencionados estão ligados e formam uma sequência de planejamentos: a estratégia funcional atende à demanda da estratégia competitiva, que por sua vez atende nível corporativo da organização. Ainda de acordo o autor, a estratégia corporativa define as áreas de negócios em que a empresa se interessa em atuar, e como ela deverá adquirir e dividir por prioridade os recursos corporativos no sentido de atender as reivindicações de cada unidade. Desta forma, é papel da estratégia corporativa fazer com que os muitos setores da empresa caminhem para o mesmo sentido, estimulando a colaboração e evitando conflitos fazendo com que obtenham resultados supe- riores à mera soma dos resultados individuais. Com a ampliação e crescimento, é comum as empresas aumentar seu ramo de negócios, com essa diversificação, podem surgir custos que restrinjam estas expansões. A função da estratégia corporativa especificar em que condições esses novos negócios contribuirão para o crescimento sustentável da corpo- ração como um todo (TUBINO 2007). Logo, será necessário verificar a renta- bilidade desse novo negócio, qual o custo para entrar e quanto a empresa ga- nhará em questão de competitividade ao incorporar esse novo plano de investi- mento. 20ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Como a competição pelo mercado ocorre no nível das unidades de negócios, é neste nível que as estratégias serão abertas e detalhadas, ficando à cargo da estratégia corporativa apenas consolidas as várias estratégias competitivas na direção que a empresa se propõe a seguir. Estratégia Competitiva Tubino (2007) define as unidades de negócios como sendo organizações se- miautônomas dentro de uma corporação que atuam em determinada área de negócios. Ele diz ainda que Dependendo da estrutura corporativa, as unidades de negócios podem ser divisões do grupo, podem ser empresas em particular ou até mesmo unidades fabris. A estratégia competitiva propõe as bases nas quais os diferentes setores de negócios irão competir no mercado, propõe também metas de desempenho e as estratégias que são formuladas para as várias áreas funcionais do negócio para que forneça um suporte a competição. Pode-se dizer que uma estratégia competitiva, em dado instante, é a escolha por determinada posição competiti- va (PETRONIO 2005 E VIANA 2006). A figura 4 ilustra a dinâmica da estratégia competitiva Figura 4 – A estratégia competitiva e seus caminhos Fonte: Tubino, 2007 Tubino (2007) em sua literatura diz que “A escolha por uma estratégia compe- titiva define a alocação de recursos e as habilidades organizacionais necessá- rias para a produção dos bens e/ou serviços oferecidos ao mercado”. Santos (2007) explica que há uma gama de custos relacionados à produção deve ge- rar um conjunto de benefícios bens e/ou serviços para os clientes. A autora ex- plica ainda que a opção custo/benefício tomada pela empresa irá competir com as demais opções dos concorrentes no mercado, explica o autor. Desta forma, para o cliente, melhor relação margem de lucro e volume vendido definirá a es- colha por determinada estratégia competitiva. Geralmente, a margem de lucro 21ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO é inversamente proporcional ao volume vendido. Petronio (2005) diz que na liderança de custos, uma possível estratégia para a empresa é buscar a produção ao menor custo possível para que se possa conquistar os menores preços do mercado e como consequência, aumentar o volume de vendas. Para competir dentro desta estratégia, é necessário pos- suir as seguintes características: produção em grande escala com reduçãode custos fixos, padronização dos produtos, métodos que permita certa automati- zação e facilidade de acesso aos mercados fornecedores e compradores. Nor- malmente essa estratégia é aplicada em sistemas produtivos do tipo continuo e em massa. Na prática, este sistema pode não acontecer de forma tão simples assim, dado que um sistema produtivo muitas vezes atende diferentes consumidores e mer- cados ao mesmo tempo. Tubino (2007) explica ainda que a execução desta estratégia de competição deve ser feita sempre observando o posicionamento dos concorrentes diretos e indiretos que atuam no mesmo segmento, conhecidos como as cinco forças competitivas de Porter: a rivalidade entre as empresas concorrentes, o poder de barganha dos clientes e dos fornecedores, a ameaça de novos entrantes potenciais e a ameaça de produtos substitutos. A escolha da melhor estratégia competitiva inclui uma vasta avaliação minuciosa destas forças e o impacto de cada uma sobre o desempenho das alternativas de custos/volume disponíveis à empresa. Após definir posição competitiva da empresa, o próximo passo, de acordo Tu- bino (2007) e Viana (2006), é ir para o detalhamento das estratégias funcionais adequadas ao atendimento desta questão. Conforme indicado pela figura 3, existem três grupos de estratégias funcionais: marketing, produção e finanças. Com o objetivo de direcionar o estudo para o planejamento estratégico no âm- bito do planejamento e controle da produção, será detalhada a estratégia ape- nas para função de produção, deixando a função do marketing e finanças para a próxima apostila. Estratégia de produção Uma estratégia produtiva, de acordo Petrônio (2005), é definido como um con- junto de políticas, no âmbito da função de produção, que dá sustento à posição competitiva da unidade de negócios da empresa. A estratégia produtiva precisa especificar como a produção irá encarar e suportar uma vantagem competitiva, além disso, a estratégia produtiva especifica também como a produção deverá complementar e apoiar as demais estratégias funcionais. 22ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO A definição de uma estratégia produtiva baseia-se em dois pontos chave: as prioridades relativas dos critérios de desempenho e a política para as diferen- tes áreas de decisões da produção (TUBINO, 2007). Portanto uma estratégia de produção objetiva estabelecer o nível de importância relativa entre os crité- rios de desempenho (de acordo a necessidade da empresa) e formular políti- cas consistentes com esta priorização para as diversas áreas de decisão. Ainda de acordo a pesquisa de Tubino (2007), o objetivo da estratégia de pro- dução é prover à empresa um conjunto de características produtivas que de- vem dar suporte à obtenção de vantagens competitivas, geralmente a longo prazo. Para o autor, o ponto de partida para que isso ocorra é estabelecer as priori- dades (critérios de desempenho) que são de importância da empresa. Tubino divide os critérios cinco grupos: custo, qualidade, desempenho de entrega, fle- xibilidade e ética social. Na tabela 1 é apresentado uma breve descrição de cada um. Tabela 1 – Descrição dos critérios de desempenho Critérios Descrição Custo Produzir bens/serviços a um custo mais baixo do que a concorrência Qualidade Produzir bens/serviços com desempenho de qualidade mais alto do que a concorrência Desempenho de Entrega Ter confiabilidade e velocidade nos prazos de entrega dos bens/serviços melhores que a concorrência Flexibilidade Ser capaz de reagir de forma rápida a eventos repentinos e inesperados Ético-Social Produzir bens/serviços respeitando a ética nos negócios e a sociedade em geral Fonte: Adaptado de Tubino (2007) Uma vez que a empresa definiu sua prioridade de critérios, o próximo passo irá consistir em estabelecer as políticas de ação a serem tomadas dentro de cada uma das áreas. Na tabela 2, estão descritas as principais áreas de deci- são nos sistemas de produção. 23ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Tabela 2 – Área de decisão e descrição Área de decisão Descrição Instalações Qual a localização geográfica, tamanho, volume e mix de produção, que grau de especialização, arranjo físico e forma de manutenção Capacidade de produção Qual seu nível, como obtê-la e como incrementá-la Tecnologia Quais equipamentos e sistemas, com que grau de automação e flexibilidade, como atualizá-la e disseminá-la Integração vertical O que a empresa produzirá internamente, o que comprará de terceiros e qual política implementar com fornecedores Organização Qual a estrutura organizacional, nível de centralização, formas de comunicação e controle das atividades Recursos humanos Como recrutar, selecionar, contratar, desenvolver, avaliar, motivar e remunerar a mão-de-obra Qualidade Atribuições de responsabilidade, que controles, normas e ferramentas de decisões empregar, quais os padrões e formas de comparação Planejamento e controle da produção Que sistema de PCP empregar, que política de compras e estoques, que nível de informatização das informações, que ritmo de produção manter e formas de controles Novos produtos Com que frequência lançar e desenvolver produtos e qual a relação entre produtos e processos Fonte: Adaptado de Tubino (2007) As políticas definidas no passo dois, para cada área do sistema de produção dão orientações para que haja a evolução do processo, logo, a formulação e implementação de uma estratégia de produção deve dar consistência e coe- rência ao conjunto das decisões (TUBINO, 2007). Imaginemos que determina- da empresa tem como principal critério o critério da flexibilidade, essa empresa deve apresentar políticas que incentivem um rápido set up e produção econô- mica de pequenos lotes. Já para uma segunda empresa que prioriza o critério de redução de custos, suas políticas necessariamente precisam tratar de auto- matização, lotes grandes e homogêneos e eliminar o desperdício. Não se pode negar que existe uma relação entre o meio (fábrica) e seu am- biente externo, as decisões de políticas da empresa precisam ser dinâmicas, para que possam acompanhar a política do mundo, o clima e a demanda (exemplos de fatores externos que podem influenciar na política interna). 24ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Plano de produção Tubino (2007) e Slack (2006) explicam que como resultado das decisões estra- tégicas no âmbito da produção, é criado um plano de longo prazo, conhecido como plano de produção, que tem como objetivo direcionar os recursos produ- tivos para as estratégias escolhidas. Os autores explanam que o planejamento estratégico da produção e o plano de produção resultante, é firmado em con- senso com os outros setores envolvidos (finanças e marketing), uma vez que envolve negociação com relação aos recursos financeiros e requer esforços de marketing na implementação. O plano de produção, deve trabalhar todas as informações proveniente dos se- tores de vendas e produção. Os períodos de planejamento são de meses ou tri meses, abrangendo um, ou mais anos, para frente, em nível tático, o plano de produção servirá de base para desenvolver o planejamento-mestre da produ- ção, onde as informações serão desmembradas de forma a permitir o aciona- mento (programação) do sistema produtivo (TUBINO, 2007). Alguns autores dizem que é necessário desenvolver uma dinâmica de repla- nejamento, que possa ser aplicada sempre que uma variável do plano mudar. Isso por que o plano de produção visa trabalhos a longo prazo, então há a ne- cessidade de ser flexível e dinâmico. Neste aspecto, as empresas têm desen- volvido sistemas informativos simples, como planilhas em excel, que permitam a visualização e a simulação de diversas politicas produtivas, de tal forma que seja simples a escolha da melhor política que atenda os critérios escolhidos. Entradas para o plano de produção Tubino (2007) especifica uma série de informações necessárias para a elabo- ração de um plano que atenda as políticas definidas para a área de produção. Primeiro passo é conheceros recursos produtivos de cada setor que será en- volvido no plano. Além disso, deve-se saber também, ou ao menos ter uma ideia, da demanda para o período a ser trabalhado o plano, uma vez que o pla- no de produção procura fornecer um equilíbrio entre a capacidade de produção e o nível de venda esperado. Outro conjunto de informações que é necessário ter é as receitas e custos que permitirão avaliar e sugerir alternativas. É possível dizer que a elaboração de um plano de produção visa atender o GAP que os clientes possuem em relação ao produto que eles querem. O plano de produção que atenda aos critérios estratégicos da produção e que seja coerente, terá um sistema produtivo eficiente. 25ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Na tabela 3, é mostrado uma área de atuação dos sistemas produtivos mais eficaz para cada nível de demanda. Por exemplo, para atender a um supermer- cado de bairro com demanda mediana (volume e variedade), o ideal é equipa- mentos pequenos e flexíveis. Caso contrário, (grandes equipamentos), acarre- tará em custos fixos altos uma vez que esse recurso não será 100% utilizado. Tabela 3 – Eficácia dos sistemas produtivos. Demanda Sistemas de produção Contínuos/ Em massa Repetitivo em Lotes Sob encomenda Grande Volume Eficaz Custos variáveis altos Custos variáveis altosBaixa Variedade Médio volume Custos fixos/ Estoques altos Eficaz Custos variáveis altosMédia variedade Pequeno Volume Custos fixos/ estoques altos Custos fixos/ estoques alto EficazGrande Variedade Fonte: Adaptado de Tubino (2007) Pode concluir então que a função do plano de produção é facilitar e previsão desses problemas, por parte da diretoria, permitindo que os mesmos tomem decisões e elaborem ações proativas no sentido de minimizar seus efeitos no futuro. Tubino (2007) traz algumas providencias que podem ser planejadas para alterar tanto a demanda como a capacidade de produção para obter este equilíbrio. Com relação as ações que atuam sobre a demanda, pode-se atuar na redução de preços, promoções ou outras estratégias para impulsionar a compra em pe- ríodos baixos (claro que tudo pensado juntamente com o marketing e o contá- bil-financeiro). Outra medida a ser avaliada, é a inclusão de novos produtos ou a execução de produtos especiais. Deve-se ter em mente que o aumento do preço não é uma boa opção, pois com a alta competitividade, sempre haverá alguém com um preço menor. 26ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Já para ações e estratégias que atuam diretamente na capacidade de produ- ção, há aquelas que são usadas para aumentar/diminuir apenas a capacidade atual (já instalada), como inserir um terceiro turno ou trabalhar aos finais de semana, ou até mesmo a redução de um turno ou antecipação das férias. No entanto, há também as estratégias usadas para aumentar a capacidade futura, que consistem em adquirir de novos equipamentos, terceirizar serviços ou até mesmo expandir a fábrica. SAIBA MAIS Estudar Administração é mergulhar num universo cheio de portas abertas e lon- gos corredores. Não, não estamos falando de nenhum prédio antigo. Falamos de oportunidades que essa formação pode oferecer. A Administração é uma área em constante transformação, e talvez seja a que mais tenha capacidade para se adaptar às mudanças e demandas da socieda- de. Talvez seja por isso que o profissional, encontra as mais variadas possibili- dades de atuação, podendo até mesmo, criar seu próprio caminho. 1. É uma área Milenar, será apresentado técnicas com origem no século VI a.C. 2. Oferece um vasto campo de trabalho: marketing, recursos humanos, logísti- ca, empreendedorismo, comércio exterior, consultoria entre outras. 3. Pode ser perfeitamente estudada EAD. 4. É eleito o curso com melhor custo-benefício. REFLITA “Não siga o caminho de ninguém, a menos que você esteja perdido em uma floresta” Ellen DeGeneres 27ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade vimos que a história da administração da produção é muito mais antiga do que parece, aprendemos que há conceitos históricos, conhecido há décadas, porém há estudos novos com conceitos novos também. Aprendemos também que dentro da administração há níveis estratégicos importantes a se- rem seguidos. Por fim e talvez o tópico mais importante desta aula: o planeja- mento estratégico. É do planejamento que surge uma empresa, suas ideias e suas metas, é do planejamento que sai novos objetivos e desafios, nesta apos- tila, aprendemos quais os critérios a serem levados em conta durante a elabo- ração de um planejamento estratégico e como montar um seguindo uma linha de raciocino lógica. 28ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Vantagem competitiva • Autor: Michael Porter • Editora: Campus • Sinopse: Porter, autoridade em estratégia competitiva, mostra aos adminis- tradores e analistas como avaliar a posição competitiva de uma empresa e implementar as etapas de ação específicas necessárias para aprimorá-las. A escolha de um ambiente, o leque de atividades da empresa, produção, marketing são examinados em conjunto, fornecendo uma prática perspecti- va para um meio empresarial cada vez mais competitivo. 29ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: Treze dias que abalaram o mundo (Thirteen Days) • Ano: 2000 • Sinopse: filme relata a crise dos mísseis de Cuba. Em outubro de 1962 um avião U-2, que fazia vigilância de rotina, tira fotos aéreas que revelam que a União Soviética está em processo de colocar uma plataforma de lança- mento de armas nucleares em Cuba. Estas armas terão a capacidade de destruir em minutos a maior parte do leste e sul dos Estados Unidos quando ficarem operacionais. O presidente John F. Kennedy (Bruce Greenwood) e seus assessores têm de pôr um plano de ação contra os soviéticos. Ken- nedy está determinado em mostrar que ele é forte o bastante para resistir a ameaça e o Pentágono aconselha o exército dos Estados Unidos a con- tra golpear, o que poderia levar a uma outra invasão norte-americana em Cuba. Entretanto, Kennedy está receoso em levar a cabo esta operação, pois uma invasão norte-americana poderia fazer com que os soviéticos par- tissem para a retaliação na Europa. Por treze dias o destino da humanidade esteve nas mãos de um grupo reunido no salão oval na Casa Branca, pois a possibilidade de uma guerra nuclear era real e navios soviéticos rumavam para Cuba levando o material que faltava para terminar a plataforma de lan- çamento, que estava sendo construída em ritmo acelerado. Com a situação cada vez mais tensa, qualquer ato impensado poderia provocar um conflito armado. 30ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO REFERÊNCIAS João José Viana. Administração de materiais – Um enfoque Prático. São Paulo. Editora Atlas S.A., 2006. Dalvio Ferrari Tubino. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo. Editora Atlas S.A., 2007. Petrônio G. Martins e Fernando Piero Laugeni. Administração da Produção. São Paulo. Editora Saraiva, 2005. Nigel Slack; Stuart Chambers; Christine Harland; Alan Harrison e Robert John- ston. Administração da Produção. São Paulo. Editora Atlas, 2006. Marco Antonio Argenton. UM ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO PLANEJA- MENTO AGREGADO EM UMA PEQUEN A INDÚSTRIA MOVELEIRA PARA AQUISIÇÃO DE MATERIAIS. Dissertação de Mestrado, Unesp – SP, 2009. Casa Nova, Paulo R. Administração da Produção I. São Paulo. Faculdade Estácio. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da Produção e Operações: 2.ed. rev. e ampl. – São Paulo: Cengage Learning, 2009. DE SOUZA, Ana Carolina Teixeira. Melhoria na área de produção. Trabalho de Conclusão de curso. Fundação Pedro Leopoldo, 2012. MARTINS, E.. Contabilidade de custos. - 9. ed. - São Paulo: Atlas, 2010. SANTOS, Graziela. PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA PRODUÇÃO. Re- vista Eletrônica de Administração: ISSN: 1676-6822 – Ano VII – Número 12. 2007. UNIDADE ll FUNÇÕES GERENCIAS DA ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Professor Mestre Felipe Delapria 31 Plano de Estudo: • Definição dopapel da função produção; • Interação da produção com as funções: marketing, contábil-financeira, desenvolvimento de produtos e serviços e função de apoio (recursos humanos, comprar, engenharia/suporte técnico). Objetivos de Aprendizagem: • Esclarecer o papel da função produção; • Compreender a ligação que a função produção apresenta com as outras áreas de uma empresa. 32ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO INTRODUÇÃO Nesta unidade iremos aprender a definição da função produção, quais são seus deveres e obrigações, a influência que ela tem na fábrica como um todo e qual a relação dessa função com o resto da fábrica. Além disso, iremos ver também um pouco de cada uma das outras funções/setores auxiliares da produção, como o marketing, recursos humanos, compras e o suporte técnico. Essas áreas devem prestar serviço e apoiar a produção, uma vez que a produção é o motivo pelo qual a fábrica existe. 33ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO - O PAPEL DA FUNÇÃO PRODUÇÃO Em nossa análise verificamos vários conceitos que procuram nos proporcionar uma definição, a qual nos mostra a sua utilidade ou objetivo. No caso da produção, não foi diferente. Entretanto, explicar para alguém qual o papel da função produção não é algo tão simples. Para Mileske (2013), antes de qualquer coisa, é necessário perceber que a produção não é apenas uma área da empresa. A produção é o motivo da existência da organização. Desta forma, quando usamos a expressão papel da função produção é para falar sobre algo que vai além de suas responsabilidades e tarefas óbvias na organização. Designamos com ela a razão básica da função – o principal motivo de sua existência. Muitas empresas possuem como opção a contratação fora a produção de seus serviços e bens e tornarem-se “empresas virtuais”. Como isso funciona? Bem, essas empresas podem pagar a alguma outra indústria para prover o fornecimento que sua função produção faz ou faria. Este fato levou Mileske a se questionar: “O que a função produção precisa fazer para justificar sua existência na empresa? ” É essa justificativa que é o papel que estamos considerando. Segundo o autor, existem três outros papéis a serem considerados, os quais são fundamentalmente importantes para a função produção: (1) como implementadora da estratégia empresarial; (2) como apoio para a estratégia empresarial; (3) como impulsionadora da estratégia empresarial. Esses três papéis são explicados por Mileske a seguir. 34ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO a) Implementação da estratégia empresarial: a maioria das empresas possui algum tipo de estratégia, no entanto, na maioria das vezes, cabe à produção coloca-la para rodar. Exemplo: Se uma empresa de aviação possui uma estratégia competitiva de aumentar o número de seus voos atraindo mais passageiros que viajam a negócio (público específico), é o “setor de produção” cada função que tem a tarefa de operacionalizar a estratégia. Mais precisamente, é a produção da equipe de marketing que deve organizar atividades de promoção e estabelecer preço apropriado. Cabe à produção de recursos humanos fornecer o treinamento para a tripulação e também a equipe de terra para atingir níveis elevados de serviços aos consumidores. A função produção deverá (I) supervisionar a manutenção das aeronaves, (II) organizar todos os serviços de atendimento ao cliente (bilheteria, bagagens, fila de espera entre outros), (III) fornecer orientações para a preparação de alimentos e bebidas além de fornecer o entretenimento durante os voos. b) Apoio para a estratégia empresarial: a produção precisa desenvolver recursos para que possam prover suporte necessário que permita com que a organização atinja seus objetivos estratégicos. Por exemplo, se um fabricante de eletrônicos resolve competir para se tornar o primeiro em seu ramo no mercado com produtos novos e inovadores, sua função produção precisa estar qualificada e preparada para enfrentar as mudanças exigidas pela inovação contínua. Será preciso desenvolver, comprar ou adequar processos que suportem novos produtos, tornando a linha de produção flexível o suficiente para fabricar novos componentes e produtos. Quanto mais ágil for à produção, mais apoio estará fornecendo para a estratégia competitiva adotada pela organização. Se a empresa adotasse uma estratégia empresarial diferente, seria também necessário que sua função produção adotasse objetivos diferentes. c) Impulsão da estratégia empresarial: Organizações que não entregam produtos defeituosos, serviços de baixa qualidade, entregas em atraso, promessas não cumpridas, pouca oferta de produtos ou serviços ou um custo de produção muito elevado, possuem vantagem competitiva. Uma produção que desenvolva a capacidade de saber lidar com problemas inesperados, está garantindo os meios para o sucesso no futuro. Portanto, o sucesso atual, a curto prazo e a longo prazo vem de forma direta da função produção. Uma função produção que esteja oferecendo vantagens curto e a longo prazo está impulsionando a estratégia da organização, tornando-a competitiva. 35ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO CINCO OBJETIVOS DE DESEMEPNHEO Slack (2006) diz que a contribuição de sua função produção é vital para toda e qualquer organização que deseja ser bem-sucedida a longo prazo. Isso por que essa contribuição dá à organização uma vantagem baseada em produção. Isso é possível através de cinco “objetivos de desempenho” básicos. Antes de entramos nos objetivos de fato, Slack exemplifica cada um deles no dia a dia de uma empresa. Imagine que você é colaborador de uma empresa, ou até mesmo o dono. • Você irá desejar fazer certo as coisas. Isto é, não desejaria cometer er- ros. Se a produção for bem-sucedida, estará dando uma vantagem de qualidade para a empresa. • Você desejaria fazer as coisas com rapidez. Minimizando ao máximo o tempo entre o consumidor solicitar os bens e serviços e recebe-los (lead time). Ao fazer isso, a empresa estará tendo uma vantagem em rapidez. • Você desejaria fazer as atividades programadas de produção no tempo certo, para manter o compromisso de entrega assumido com seus con- sumidores. Se a produção for capaz disto, a empresa irá ganhar vanta- gem de confiabilidade com o cliente. • Você desejaria estar preparado para mudar o que faz, aprendendo coi- sas novas para crescer na empresa e junto com a empresa. É neces- sário possuir a habilidade de adaptação para enfrentar circunstancias inesperadas. Estar em condições de mudar rapidamente da empresa a vantagem de flexibilidade. • Você desejaria produzir seu produto com o menor custo possível, isto é, produzir bens e serviços a custo que possibilite uma elevada concor- rência no mercado, e ainda assim, permiter uma boa margem de lucro para a empresa. Quando a organização procura fazer isso, está propor- cionando vantagem de custo a seus consumidores. 36ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO A figura 1 a seguir ilustra melhor os cinco objetivos. Figura 1 – Os cinco objetivos representados em ação e reação. Fonte: Slack, 2006 Agora vamos examinar com mais detalhes esses cinco objetivos de desempenho. Objetivo qualidade Qualidade significa “fazer certo as coisas”, mas as coisas que a produção precisa fazer certo, sofre variação de acordo com o tipo de operação. Slack (2006) exemplifica com uma situação de Hospital, veja: no hospital, qualidade significa assegurar que seus pacientes possuam o tratamento mais apropriado, sejam adequadamente medicados, sejam bem informados sobre o que está acontecendo e, também que sejam consultados se houver formas alternativas de tratamento. Além disso, também incluirá assegurar a limpeza e a higiene hospitalar e que os funcionários fossem bem informados e corteses em relação aos pacientes. “Bom desempenho de qualidade em uma operação não apenas leva à satisfação de consumidores externos. Também torna mais fácil a vida das pessoas envolvidas na operação. Satisfazer aos clientes internos pode ser tão importante quanto satisfazer aosconsumidores externos. ” (Slack, 2006) Qualidade reduz custos e aumenta a confiabilidade. 37ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Objetivos rapidez Rapidez é mensurado pela quantia de tempo que os consumidores levam/ precisam esperar para receber seus produtos ou serviços. Para uma fábrica de automóveis, rapidez é o lead time de fabricação de um carro, ou seja, é o tempo entre o pedido de um carro especifico solicitado por um revendedor até sua entrega ao consumidor, devendo ser o mais curto possível. Para Casa Nova, a rapidez é consequência sobretudo da rapidez da tomada de decisão, movimentação de materiais e das informações internas da operação. Porém, a rapidez interna pode ter benefícios complementares, uma vez que rapidez reduz estoque e reduz riscos. Objetivo confiabilidade Confiabilidade significa cumprir com o que foi combinado. Se for acertado a entrega de um determinado produto em tal data, é nessa data que deve ser entregue. Slack (2006) exemplifica dizendo que um hospital com alto padrão de confiabilidade não cancelaria operações ou qualquer outro compromisso assumido com seus pacientes. Outro exemplo seria que o hospital sempre entregaria seus exames em tempo, cumprindo sua programação. Os consumidores só podem julgar a confiabilidade de um serviço, produto ou operação após o produto ou serviço ter sido entregue. Confiabilidade economiza tempo, economiza dinheiro e da estabilidade. Objetivo flexibilidade Flexibilidade é a habilidade que uma empresa possui (ou deve possuir) de mudar sua linha de produção ou mudar a forma que é produzido algum item, para inserir novas linhas de produção ou produto. Mudança é a ideia-chave. No atual mercado de competição a nível global, a indústria precisa estar em condições de mudar para satisfazer as exigências de seus consumidores. Para Slack (2006), a mudança exigida por eles deve atender a quatro tipos de exigências: • Flexibilidade de produto/serviço – produtos e serviços diferentes; • Flexibilidade de composto (mix) – ampla variedade ou composto de produ- tos e serviços; • Flexibilidade de volume – quantidades ou volumes diferentes de produtos e serviços; • Flexibilidade de entrega – tempos de entregas diferentes. 38ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Flexibilidade agiliza a resposta, maximiza tempo e mantém confiabilidade. Objetivo Custo Custo é o último objetivo a ser tratado aqui. Para muitos autores, o custo é o objetivo mais importante. Slack (2006) afirma que para as empresas que con- correm diretamente em preço, o custo será seu principal objetivo de produção. Pela lógica, quanto menor o custo de produção, menor poderá ser o preço final. Até mesmo as empresas que não tem o custo como objetivo de competição principal, desejam diminuir seus custos. Isso por que quanto menor o valor de produção, maior a margem de lucro para o empresário. Slack (2006) e Casa Nova dizem que a forma que o gerente de produção tra- balha, influência nos custos, havendo algumas variáveis que cabe ao gerente, manipula-las. Em outras palavras, a produção gastará dinheiro em: • Custos de funcionários (dinheiro gasto com o pessoal empregado); • Custo de instalações, tecnologia e equipamentos (dinheiro gasto em com- pra, conservação, operação e substituição de hardware de produção); • Custo de materiais (dinheiro gasto nos materiais consumidos ou transforma- dos na produção). 39ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 2 – A INTERAÇÃO DA PRODUÇÃO COM AS OUTRAS FUNÇÕES DA EMPRESA Segundo Casa Nova, A função produção é fundamental para uma boa organização, isso pois é na produção que é executado e obtido os bens, produtos e serviços que são a razão de sua existência. No entanto, apesar de ser a razão da existência, não é a única nem, necessariamente, a mais importante. Sabemos que todas as organizações possuem diversas outras funções, cada uma com tarefas, deveres e responsabilidades únicas e específicas. Ainda segunda Casa Nova, essas funções são (ou devem ser) ligadas com a função produção, uma vez que possui objetivos organizacionais comuns. Na prática, cada empresa irá adotar estruturas organizacionais e funções diferentes. Casa Nova divide a organização em três outras funções principais (em termos dos papéis fundamentais que exercem na organização): • A função marketing; • A função contábil-financeira; • A função desenvolvimento de produto/serviço. Também destacamos as funções de apoio que suprem e apoiam a função produção: • A função recursos humanos; • A função compras; • A função engenharia/suporte técnico. Fonte: Adaptado de Casa Nova. 40ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Abaixo segue a definição das funções citadas. A área de Finanças é responsável pela obtenção de recursos financeiros, pelo controle do seu uso e pela análise das oportunidades de investimento, assegurando ou tentando assegurar que a firma opere em uma base eficaz de custos e geralmente com lucro. Muita coisa é afetada no sistema de produção devido às decisões da área de Finanças: a escolha de equipamentos, o uso de horas extras, as políticas de controle de custos, as decisões preço-volume etc (CREDITOOUDEBITO, 2019). A área de Marketing responsabiliza-se pela geração e manutenção da demanda para os produtos da empresa, tentando assegurar satisfação para os consumidores e o desenvolvimento de novos mercados e produtos potenciais. Sua coordenação com o sistema de produção é fundamental para o efetivo uso dos recursos produtivos e para a manutenção de níveis adequados de atendimento ao consumidor, tanto em termos de qualidade como de quantidade (BLOG UNIPE, 2019). A área de Recursos Humanos é responsável pelo recrutamento, pela alocação e treinamento da mão-de-obra, pela negociação de salários, pelas negociações sindicais etc. Trata-se de uma função essencial para assegurar o suprimento adequado (quantidade/qualidade) de mão-de-obra para a produção (IBCCOACHING, 2019). A função desenvolvimento de Produtos analisa todas as informações recebidas para pensar e desenvolver novos produtos ou até mesmo realizar modificações nos atuais produtos. É responsável pela pesquisa de novos produtos, pela pesquisa das tendências de mercado e de lançamentos de produtos de marcas concorrentes através da internet, catálogos, pesquisas de campo, e participações em feiras a fim de identificar os produtos que estão movimentando e liderando o mercado consumidor. Deve também fornecer amostras aos fornecedores para avaliação comercial e realização de testes cabíveis, a fim de identificar o funcionamento dos produtos (BLOG WEDLOGOS, 2019). A área de compras cabe à profissionais que desenvolvem competências como nego- ciação e um senso de organização. É necessário levar em conta dados históricos para tomar decisões mais acertadas e principalmente nas escolhas de seus fornecedores. Comprador profissional não faz apenas compras, faz muito mais. A tarefa principal é adquirir suprimentos e serviços que se dividem em compras de matéria-prima, ma- nutenção industrial ou comercial, compras administrativas e negociação de contratos (ADMINISTRADORES, 2019). 41ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Por fim, a função Suporte técnico é um serviço que objetiva a prestação de assistência intelectual (conhecimentos), tecnológica (manutenção: revisões, regulagens, calibra- ções, reparos/consertos, atualizações de software etc.) e material (peças de reposi- ção) a um cliente ou grupo de clientes (uma ou mais pessoas, físicas e/ou jurídicas), com o fim de solucionar problemas técnicos, portanto relacionados a produtos tecnoló- gicos. De forma geral, o foco do serviço é ajudar o cliente a resolver problemas espe- cíficos de um determinado produto, ao invés de fornecer treinamento, personalização ou qualquer outro serviço de suporte (SUPORTI, 2019). A manutenção de equipamentos faz parte do suporte técnico. A maioria das empresas oferece suporte técnico aos produtos que vendem, seja gratuitamente ou sob taxação. O serviço pode ser fornecido por telefone,pela internet ou até mesmo pessoalmen- te. Grandes organizações frequentemente possuem suporte técnico próprio para seus funcionários (SUPORTI, 2019). A Tabela 1, transcrita do material de Casa Nova, mostra as atividades das funções auxiliarias, citadas no tópico 2, para algumas operações. Atividades funcionais típicas Igreja Cadeia de Fast food Universidade Fabricante de móveis Marketing Convocação de fiéis Pro- selitismo Propaganda em TV Preparação de materiais promocionais Desenvolvimen- to de folhetos explicativos Despacho de folhetos pelo correio Prepara- ção de feiras de recrutamento Propaganda em revistas Determi- nação de política de preço Venda a lojas Contabi- lidade e Finanças Contabili- zação de contribui- ções Admi- nistração de recursos Pagamento de aluguéis. Pagamento de contas Pagamento de fornecedores Recebimento de vendas Paga- mento de fun- cionários Pagamento de professores e funcionários Monitoramento dos gastos. Re- cebimento de anuidades Pagamen- to de fun- cionários Pagamento de fornece- dores Pre- paração de orçamentos Administra- ção de caixa 42ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO Desenvol- vimento de produto/ serviço Busca do significado da existên- cia Interpre- tação das escrituras sagradas Desenvolvimen- to de hambúr- gueres. pizzas etc. Design dos restaurantes Desenvolvi- mento de novos cursos Desen- volvimento de programas de pesquisa Design de novos mó- veis Coorde- nação com cores da moda Produção Celebração de casa- mentos, Ceri mônias fúnebres. Celebração de missas Salvação de almas Preparação de hambúr- gueres. Pizza, atendimento de consumidores limpeza de me- sas. lavagem de louça, Manuten- ção de equipa- mentos Transmissão de conhecimento Condução de pesquisas Ad- ministração de cursos Fabricação de compo- nentes Mon- tagem de móveis Recursos Humanos Treinamento de padres. pastores etc. Avalia- ção do de- sempenho pastoral Treinamento de funcionários Preparação de planos salariais Treinamento de funcionários Ad- ministração de contratos Avalia- ção de desem- penho Recruta- mento de funcionários Treinamento de funcioná- rios Compras Compra de material de consumo Desenvol- vimento de fornecedo- res de vesti- mentas Compra de ali- mentos Compra de pratos. em- balagens. guar- danapos etc. Compra de equi- pamentos Com- pra de material de consumo Compra de matérias- -primas. madeira etc. Compra de tecidos de forração Engenha- ria/suporte técnico Manutenção de prédios. Templos etc. Desenvolvimen- to ou compra de equipamen- tos. fornos etc. Instalação de equipamentos. fornos etc. Compra de equipamento audiovisual Manutenção de equipamentos. instalações Desenvol- vimento ou compra de máquinas para tra- balho em madeira Ma- nutenção de máquinas 43ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta apostila aprendemos as funções de cada setor numa empresa. Fazendo um link com a apostila I, fica mais fácil compreender um planejamento estratégico, uma vez que é importante levar em conta todas as áreas da empresa para a realização do planejamento. Nessa segunda parte dos estudos, apresentamos conceitos de definição do papel produção que serão fundamentais para os próximos conteúdo das apostilas III e IV, principalmente quando formos tratar de layout. 44ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO LEITURA COMPLEMENTAR Com o intuito de instigar a busca pelo conhecimento, no final deste tópico, segue o link de um artigo intitulado: “ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS E OBJETIVOS DE DESEMPENHO DA PRODUÇÃO: UMA ABORDAGEM CONCEITUAL”. A fim de provocar a curiosidade do estudante, segue o resumo e a introdução do artigo. Resumo: O ambiente altamente competitivo e turbulento leva as organizações a se tornarem cada vez mais eficazes. Nestas condições, percebe-se cada vez mais a importância da estratégia empresarial como alicerce da tomada de decisão nas organizações. Notadamente, a função produção, como representativa da essência das operações produtivas, deve estar integrada a elementos que espelhem as estratégias organizacionais. O objetivo deste trabalho é analisar a função produção, considerando-se seus objetivos de desempenho e sua relação às estratégias competitivas, notadamente às estratégias genéricas de Michael Porter. Considera-se, desta forma, uma contribuição à luz dos conceitos de estratégia competitiva e administração da produção, através de estudo exploratório. Apresenta-se uma apreciação crítica, a respeito da relação dos objetivos de desempenho da produção para auxiliar a tomada de decisão do gestor de produção, á luz do referencial teórico proposto INTRODUÇÃO Diversas mudanças têm influenciado substancialmente o comportamento dos consumidores, em função das mudanças de paradigma modeladas pela sociedade da informação e do conhecimento, destruindo modelos estáticos da sociedade industrial (ALVES, 2006). Inseridas em ambientes turbulentos, as organizações desenvolvem competências para reformular sua estrutura em função da natureza e da relevância da mudança. (ALVES, 2013). Diante de tal situação, as empresas estão desenvolvendo estratégias competitivas de modo que suas decisões influenciem todos os níveis organizacionais e as diversas funções empresariais que devem estar ajustadas ao seu contexto estratégico. Em geral, as estratégias competitivas adotadas pelas organizações deparam-se diante de algumas resistências devido a falhas em sua concepção para a área de operações (MINTZBERG, LAMPEL, QUINN e GHOSHAL, 2006). A função produção incide sobre o conjunto de atividades que representam a essência das operações de qualquer organização e desta forma, a preocupação com a garantia dos processos de produção e a entrega de valor ao cliente são aspectos fundamentais que precisam estar sincronizados com a estratégia organizacional. Atualmente, a função produção tem adquirido maior expressividade em decorrência desta crescente pressão por competitividade, desenvolvimento de novas tecnologias e melhor concepção da relevância da produção na efetividade dos objetivos estratégicos 45ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO da organização (CORRÊA, 1992). Desta forma, a estratégia de produção visa a obter uma vantagem competitiva ao longo do tempo sobre a concorrência (CORRÊA, 1994) e (CORRÊA e CAON, 2002). Considerando atual ambiente competitivo, para CORRÊA e CORRÊA (2009), o objetivo da estratégia de operações é garantir que os processos de produção e entrega de valor ao cliente sejam alinhados com a intenção estratégica da empresa quanto aos resultados financeiros esperados e aos mercados a que pretende servir e adaptados ao ambiente em que se insere, evidenciando a complexidade no tratamento de processos decisórios em operações. Para o estudo e reflexão desta temática, este trabalho procura desenvolver uma perspectiva teórica a respeito da visão integrada entre a estratégia organizacional, em especial a estratégia competitiva e os objetivos de desempenho da função produção, a fim de fornecer uma contribuição a análise do relevante problema no contexto da gestão da produção e operações Link: http://www.inovarse.org/sites/default/files/T16_M_013.pdf 46ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: O Príncipe; • Autor: Nicolau Maquiavel; • Editora: EIJ – Editora Ideias Jurídicas; • Sinopse: Escrito no período do Renascimento, por Nicolau Maquiavel, filósofo italiano, O Príncipe é um guia de como chegar ao poder e manter-se nele, buscando não apenas o ideal, mas o real. Escrito em 26 capítulos, o livro assume a forma de manual de um bom governante, ensinando as estratégias políticas necessárias, nem sempre corretas e aprovadas majoritariamente, de como chegar ao poder e mantê-lo, garantindo a unificação e a estabilidade do Estado. Com objetivo de garantir uma Itália poderosa e unificada, Maquiavel tornou-se o Pai da moderna ciência política, criando a noção de Estado como formade organização de uma sociedade. O Príncipe é uma obra atemporal, que deve, no entanto, ser contextualizada ao momento de cada sociedade e não seguida de forma arbitrária. É uma obra que ensina a agir segundo as circunstâncias e as necessidades, reconsiderando o caráter pejorativo do adjetivo maquiavélico, procurando sempre o apoio maior do povo, por meio da sua proteção e prosperidade, pois é o povo, consciente ou não, a força maior de um Estado. Fica claro na obra que se deve separar a moral do poder: para conquistar o poder muitas vezes deve-se praticar atos que envolvam a mentira, a fraude e a violência, mas também deve-se ter a diplomacia e saber a hora de ser gentil. A utilização de atos considerados impróprios moralmente deve ser empregada com a finalidade da conquista do poder absoluto — “os fins justificam os meios”. 47ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: Invictus; • Ano: 2009; • Sinopse: Após o fim do apartheid, o recém-eleito presidente Nelson Mandela lidera uma África do Sul que continua racial e economicamente dividida. Ele acredita que pode unificar a nação através da linguagem universal do esporte. Para isso, Mandela junta forças com Francois Pienaar, capitão do time de rúgbi, promovendo a união dos sul-africanos em favor do time do país na Copa Mundial de Rúgbi de 1995. 48ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO REFERÊNCIAS Mileske, Albino Junior. PROCESSOS PRODUTIVOS. Apostila Rede E-TEC, Instituto Federal do Paraná, 2013. Nigel Slack; Stuart Chambers; Christine Harland; Alan Harrison e Robert Johnston. Administração da Produção. São Paulo. Editora Atlas, 2006. Administração da produção. https://slideplayer.com.br/slide/7824254/ Acessado em: 04 de Jun. de 2019. Qual o papel do profissional de marketing dentro de uma empresa? http://blog. unipe.br/graduacao/qual-o-papel-do-profissional-de-marketing-dentro-de-uma- empresa Acessado em: 04 de Jun. de 2019. Desenvolvimento de novos produtos: o que é e qual a sua função? https://blog.wedologos.com.br/marketing/desenvolvimento-de-novos-produtos/ Acessado em: 04 de Jun. de 2019. Departamento de compras de uma empresa de uma empresa https://administradores.com.br/artigos/departamento-de-compras-de-uma- empresa Acessado em: 04 de Jun. de 2019. O que é e o que faz o setor de suporte técnico http://suporti.com/o-que-e-e-o-que-faz-o-setor-de-suporte-tecnico-em-ti/ Acessado em: 04 de Jun. de 2019. O que é e Como funciona o RH? https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh- gestao-pessoas/o-que-e-rh/ Acessado em: 04 de Jun. de 2019. O que é área financeira? O que faz? Quais as funções? https://www.creditooudebito.com.br/que-area-financeira-que-faz-quais-funcoes/ Acessado em: 04 de Jun. de 2019. Casa Nova, Paulo R. Administração da Produção I. São Paulo. Faculdade Estácio. UNIDADE lll ARRANJO FÍSICO NA EMPRESA Professor Mestre Felipe Delapria 49 Plano de Estudo: • Definições de layout e como definir a localização de instalações de manufa- tura; • Localização de operações de serviço; • Etapas para a elaboração de um layout; • Tipos de layout mais conhecidos e usados. Objetivos de Aprendizagem: • Conceituar e contextualizar os diferentes tipos de arranjos físicos existentes; • Compreender os critérios para a escolha de um arranjo físico; • Estabelecer a importância do layout para a indústria. 50ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO INTRODUÇÃO Nesta terceira etapa do curso, será apresentado o conceito de layout e a sua importância para uma empresa. Serão dados recursos e caminhos que possi- bilitarão a aprendizagem para que você possa aplicar e contribuir no melho- ramento de processo na sua empresa. Iremos aprender as etapas para a ela- boração de um arranjo físico, o que deve ser levado em conta e quais os tipos de arranjos físicos mais usuais utilizados pelas empresas de pequeno, médio e grande porte. 51ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO TÓPICO 1 - LOCALIZAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE MANUFATURA Segundo Petrônio (2005), A seleção da localização da implantação de uma em- presa, fábrica ou depósito de produtos é uma decisão delegada à estratégia empresarial. Por exemplo, por que, na década 60, a indústria automobilística foi implantada na região do ABC paulista? E por que, no limiar do século XXI, essa mesma indústria está deixando o ABC e sendo implantada em outros locais do Brasil, de maneira pulverizada e não mais concentrada em uma única região? Que razões estão levando a indústria têxtil a deixar Santa Catarina e São paulo e ir para o Ceará? Fator Globalização da economia Ainda de acordo Petrônio (2005), nos anos de 1960, as grandes multinacionais instaladas no Brasil possuíam como característica era a geração de lucros para a matriz da empresa: o comando e a cultura da empresa eram bastantes rígi- dos e com pouca variação do seu país de origem. Os produtos fabricados no brasil visavam completar a amortização dos cursos de desenvolvimento do pro- duto no país de origem. Aos poucos, as multinacionais se transformaram em empresas transnacionais. As empresas não mais se prendiam a suas matrizes originais, ultrapassando a barreira da nacionalidade (PETRÔNIO, 2015). Neste contexto, o que importava era o lucro para a empresa no Brasil e não mais para a matriz. A lealdade dos funcionários era para a empresa, e não mais para com o país onde a empre- sa nasceu, no entanto, ainda segundo Petrônio (2005), a política de fabricação dos seus produtos não mudaram muito, os produtos fabricados nos países em desenvolvimento ainda serviam para fechar o ciclo da amortização dos cursos de desenvolvimento com uma certa flexibilidade que permitia certa regionaliza- 52ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO ção dos produtos, com a intenção de adequá-los aos clientes de cada país. A concorrência acirrada, de acordo Silva (2018), obrigou as empresas a repen- sarem suas estratégias, para ele, não havia mais o chamado “mercado cati- vo”, ou seja, os países buscavam comprar e vender seus produtos onde fosse possível. Houve um grande esforço por parte das redes de transporte, das tec- nologias da comunicação e do apelo da competitividade para que os produtos desenvolvidos tivessem alta qualidade e preços competitivos. Diante deste cenário, segundo os autores Petrônio (2005) e Silvia (2018), surge o conceito de globalização para buscar a competitividade, para tal, o desenvol- vimento dos produtos e das fabricas são dimensionadas e projetadas em cen- tros de excelência, e esses modelos são exportados para os países em desen- volvimento e para países já desenvolvidos. Para os autores, os produtos po- dem ser importados ou fabricados no próprio país, ficando dependente do fator competitividade para a empresa. Acontece também a regionalização do produto que não necessariamente é realizada no país consumidor, mas no centro de excelência mais adequado. A visão mercadológica da empresa não é mais o Brasil ou um conjunto de países, mas o mundo (PETRÔNIO, 2005). A competitividade depende da localização do empreendimento, grandes redes, como Mcdonalds, Pizza Hut, Carrefour, têm levado seus conceitos de seus ser- viços, seus produtos e até o layout de suas lojas para diversos pontos do mun- do (PETRONIO, 2005). O cenário da localização A determinação da localização de instalações de empresas depende de inú- meros fatores. Blaskovsky (2010) colocam que: “Para uma decisão adequa- da quanto à localização deve-se determinar: a capacidade que é necessária, quando é necessária e a localização dessa capacidade”. Para a autora, uma análise adequada deve levar em conta a forma de medir a capacidade, deter- minar a demanda para os próximos anos e determinar qual a capacidade a ins- talar. Medida da capacidade A capacidade é a máxima produção de uma empresa. Em outras palavras, ca- pacidade pode ser explicada como o nível máximo de atividade de valor adi- cionado que pode ser conseguido, em condições normais de operação e por um determinado período de tempo (PETRONIO, 2005). A capacidade pode ser vista como:
Compartilhar