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Créditos: Alkimar Sampaio de Souza – Capitão da Polícia Militar do Estado do Ceará. Bacharel em Segurança Pública, Especialista em Relações Internacionais/UNB. Técnico Profissional em Explosivos pela Policia Nacional de Colômbia. Curso de Demolições e Desminado Internacional – Exército Colombiano e Perícia Pós-Explosão pela ATF/EUA. Adriano Giovaninne – Capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Bacharel em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública e Engenharia Mecatrônica. Especialista em Explosivos pela ATF/EUA. Jorge da Silva Bessa – Bacharel em Economia, especialista em Ensino a Distância. Curso Superior de Guerra – Instituto de Estudos Avançados – China; Curso Avançado de Reso- lução de Conflitos – ONU/Áustria; Curso de Contra inteligência – Alemanha; Curso Avançado em Gerenciamento de Crises – Departamento de Estado Americano/EUA. Apresentação O curso “Bombas e Explosivos” foi concebido devido à necessidade de capacitação dos profissionais da área de segurança pública para a primeira resposta a uma ocorrência que envolva bombas e explosivos e para os profissionais dessa área que não disponham de informações básicas sobre identificação, busca e localização desses artefatos que propiciem sua auto proteção e a proteção de terceiros no cenário da crise. Mesmo que os grupos antibombas dos estados e da Polícia Federal possuam recursos humanos qualificados, geralmente os primeiros agentes públicos a chegarem ao local do incidente desconhecem os procedimentos básicos a serem adotados em caso de ocorrências envolvendo bombas e explosivos e acabam expondo ao perigo todos os envolvidos no cenário. As ocorrências envolvendo bombas e explosivos têm um caráter muito especial devido ao alto grau de risco a que as pessoas envolvidas são submetidas, pois todo e qualquer procedimento feito de forma negligente acarretará mortes e lesões a pessoas, além de dano ao patrimônio, seja ele público ou privado. Outros fatores a serem considerados dizem respeito à inserção do Brasil no cenário político internacional, bem como ao fato de o país passar a ser palco dos grandes eventos esportivos internacionais como os Jogos Mundiais Militares 2011 no estado do Rio de Janeiro, Copa do Mundo de 2014 no País e os Jogos Olímpicos de 2016 também no estado do Rio de Janeiro. Este curso a distância tem como finalidade alcançar o maior público possível de profissionais da área de segurança pública, criando condições para que obtenham informações para a identificação, busca e localização de bombas e explosivos, ou seja, aquilo que é denominado de ações pré-incidentais ou antibombas, além de preencher a lacuna existente entre o técnico em bombas e os demais agentes da lei. Objetivos do Curso Ao final do estudo deste curso, você será capaz de: Estrutura do Curso Este curso é formado por 4 módulos: • Módulo 1 – Histórias dos explosivos e efeitos das explosões • Módulo 2 – Bombas, acessórios de detonação e granadas policiais • Módulo 3 – Ameaças e incidentes envolvendo bombas • Módulo 4 – Prioridade de Segurança e Planejamento de Buscas Módulo 1 – História dos explosivos e efeitos das explosões Apresentação do Módulo Você sabe o que é um explosivo? Sabe como identificá-lo? Neste módulo você estudará sobre o histórico dos explosivos, seus conceitos, suas características, as classificações, os sistemas de iniciação e sobre os tipos de explosões. Objetivos do Módulo Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: • Conceituar explosivos; • Identificar as características presentes em um explosivo; • Classificar os explosivos de forma geral e quanto ao seu emprego; • Listar os tipos de sistemas de iniciação, bem como as características e vantagens de cada um; • Classificar e identificar os tipos de explosões. Estrutura do Módulo Este módulo e formado por 4 aulas: • Aula 1 – Histórico, conceitos e características dos explosivos • Aula 2 – Classificação dos explosivos • Aula 3 – Sistemas de iniciação • Aula 4 – Conceitos, tipos e efeitos das explosões Aula 1 – Histórico, conceitos e características dos explosivos 1.1. A evolução dos explosivos: breve histórico Na antiguidade, a pólvora foi, sem dúvida, o primeiro passo para o desenvolvimento dos produtos conhecidos hoje como explosivos, sendo atribuído seu descobrimento aos chineses. Por volta do século X, a pólvora passou a ser utilizada também com fins militares, na forma de foguetes, bombas e explosivos que eram lançados de catapultas. O lançamento dessas bombas também era feito por tubos de bambu, simulando assim um canhão. Da China, o uso militar da pólvora, segundo os relatos históricos, partiu para o Japão e Europa. Os mongóis também utilizaram a pólvora contra os Húngaros em 1124. Em 1249 a pólvora negra teve sua formulação descrita pelo “Frei Inglês Roger Bacon”, que contribuiu para a invenção da arma de fogo em 1300 d.C pelo Monge Franciscano Alemão “Berthold Schwarz”. Por volta do século “XIX”, em 1846, foi descoberto a nitrocelulose (versão bruta), por Théophile Pelouze, que obteve um material inflamável da mistura de ácido nítrico e algodão. Por ter aperfeiçoado a referida mistura, tornando-a estável, a descoberta passou a ser atribuída ao químico germano-suíço Christian Friedrich Schonbein. Outro passo bastante importante acontecido por volta do ano de 1848, foi a descoberta da nitroglicerina pelo italiano Ascanio Sobrero. Foi uma verdadeira revolução, pois esse explosivo oferecia um poder de explosão muitas vezes maior do que o da pólvora, apesar de ser muito perigoso quando era submetido a movimentos bruscos (choque, atrito), fator limitador das condições de segurança e manuseio. Em 1863 o sueco Alfred Nobel superou este inconveniente, depois de conseguir estabilizar nitroglicerina, produzindo desta forma a dinamite (explosivo potente que oferecia boas condições de segurança). Christian Friedrich Schonbein http://en.wikipedia.org/wiki/Christian_ Friedrich_Sch%C3%B6nbein O século XX foi caracterizado principalmente pelo emprego de vários explosivos, entre eles destacamos o TNT (1912), HMX (1940), ANFO (1947), lamas explosivas (1956), emulsões (1980), explosivos binários (anos 90). 1.2. Conceito e características dos explosivos 1.2.1. Conceito de explosivo Produto que, por meio de uma excitação adequada, se transforma rápida e violentamente de estado, gerando gases, altas pressões e elevadas temperaturas. Observe que a figura acima traz uma explicação sobre o conceito apresentado, demonstrando que, se o explosivo sofrer uma excitação adequada, irá mudar de estado de forma rápida e violenta, gerando gases que muitas vezes são tóxicos, acompanhado de elevadas pressões que ocasionarão grande destruição, além de altas temperaturas, que ocasionarão o efeito térmico incendiário. 1.2.2. Características dos explosivos São as propriedades físicas e químicas que identificam cada explosivo, de forma que possam ser selecionados para o emprego correto. Além do uso militar, os explosivos são bastante utilizados em pedreiras, mineração e construção civil de modo geral. Suas principais características são: velocidade, potência, brisância, sensibilidade e densidade. Veja, a seguir, cada uma delas. • Velocidade: É a rapidez de transformação ou reação do explosivo. A velocidade de um mesmo explosivo pode variar conforme o grau de confinamento, densidade e diâmetro do cartucho. • Potência: É a capacidade máxima de produção de trabalho de um explosivo, em função da quantidade de calor e da velocidade com que a energia é liberada. • Brisância: É o efeito rompedor do explosivo sobre seu invólucro, sendo sua eficácia medida entre a potência do explosivo e a resistência do material (capacidade de fragmentar seu recipiente). Está intimamente relacionada com a pressão de detonação e com a velocidade de detonação. • Sensibilidade: É a capacidadedo explosivo em reagir a uma determinada excitação, como impacto, calor, choque, atrito. • Densidade: Relação entre massa e volume (D = M / V). Quanto mais denso o explosivo, maior seus efeitos explosivos, porém, tende a ser menor a sua sensibilidade. Os explosivos apresentam ainda outras características: • Estabilidade: Alteração de suas características durante armazenamento em condições normais. • Higroscopicidade: Capacidade do explosivo em absorver umidade, vindo dessa forma a alterar suas características. • Toxidez: Concentração de gases nocivos à saúde. Aula 2 – Classificação dos explosivos Os explosivos são classificados quanto: • ao uso; • à velocidade de detonação; • ao emprego. Veja, a seguir, cada uma das categorias. 2.1. Quanto ao uso: Podem ser classificados em militares e comerciais. • Explosivos militares – Caracterizados pela sua alta estabilidade, poder de brisância e pela segurança no uso, manuseio e armazenamento. Seguem alguns dos principais explosivos militares: Nome comum Composição Densidade (g/cm3) Veloc. (Km/s) Consistência Amatol 50 TNT/ 50 NA 1,55 6,3 Sólida Composição B 40 TNT / 60 RDX 1,70 7,9 Sólida Ciclotol 75/25 25 TNT/ 75 RDX 1,75 8,2 Sólida Octol 75/25 25 TNT/ 75 RDX 1,82 8,4 Sólida Pentolite 50/50 50 TNT/ 50 PETN 1,67 7,4 Sólida Tritonal 80 TNT/ 20 Al 1,72 6,7 Sólida Composição C-4 RDX, plastificante e componentes 1,6 8,0 Plástica Plastex PETN, plastificante e componentes 1,5 7,5 Plástica • Explosivos comerciais – Diferentemente dos explosivos militares, já se caracterizam por serem mais sensíveis, menos estáveis e seu emprego é diretamente relacionado à construção civil, mineração, entre outros. Seguem alguns dos principais explosivos comerciais. Nome comum Fórmula Cor Consist. Veloc. (Km/s) Ano descob. Ano utiliz. Nitrato de amônio (NA) NH4NO3 Branco Grãos 2,5 3,5 1659 1867 Trinitrotolueno (TNT) C7H5N3O6 Amarelo Sólida até 81°C 6,93 1863 1901 Pentaeritritol- tetranitrado (PETN) C5H8N4O1 2 Branco Sólida 7,98 1894 1929 Ciclotrimetileno- trinitramina (RDX) C3H6N6O6 Branco Sólida 8,75 1899 1940 Ciclotetrametilen o-tetranitramida (HMX) C4H8N8O8 Branco Sólida 9,1 1940 1950 Nitrocelulose (NC) C6H6N3O1 1 Branco Sólida - 1847 1890 2.2. Quanto à velocidade de detonação Quanto à velocidade de detonação 1, os explosivos classificam-se em: • Altos explosivos (altos primários e altos secundários); • Baixos explosivos. Veja cada um dos itens. • Altos Explosivos – São aqueles explosivos que possuem velocidade de transformação acima de 1.000 m/s, sendo subdividido em altos explosivos primários e altos explosivos secundários. � Altos explosivos primários ou iniciadores – São aqueles explosivos responsáveis em fornecer energia a uma carga explosiva, possuem velocidade de transformação acima de 1.000 m/s, também se identificam por serem extremamente sensíveis ao choque, calor e atrito, sendo amplamente utilizados como carga base ou principal em espoletas (detonadores). Seguem alguns dos principais altos explosivos primários: Nome comum Fórmula Cor Consist. Veloc. (Km/s) Ano descob. Ano utiliz. Fulminato de mercúrio C2N2O2Hg Branco Sólida 3,5 1700 1867 Azida de Chumbo PbN6 Branco Sólida 4,1 1890 1904 Estifinato de chumbo C6H3N3O9P b Laranja ou Vermelho Sólida 5,2 1914 1920 Diazodinitrofenol DDNP C6H2N2O5 Amarelo Sólida 4,4 1860 1928 � Altos explosivos secundários – Conhecidos também por explosivos de ruptura, têm como característica uma maior estabilidade quanto ao manuseio, armazenamento e emprego, além de alta velocidade, alta potência e alto poder de brisância. Nome comum Fórmula Cor Consist. Veloc. (Km/s) Ano descob. Ano utiliz. Nitrato de amônio (NA) NH4NO3 Branco Grãos 2,5 3,5 1659 1867 Trinitrotolueno (TNT) C7H5N3O6 Amarelo Sólida até 81°C 6,93 1863 1901 Pentaeritritol- tetranitrado (PETN) C5H8N4O1 2 Branco Sólida 7,98 1894 1929 Ciclotrimetileno- trinitramina (RDX) C3H6N6O6 Branco Sólida 8,75 1899 1940 � Baixos explosivos – São explosivos que possuem velocidade de transformação abaixo de 1.000 m/s. Possuem características de explosivos deflagrantes e propulsores e subdividem-se em pirotécnicos (fogos de artifício) e propelentes (pólvoras). Tabela demonstrativa sobre a classificação dos explosivos quanto a sua velocidade de detonação. ALTOS EXPLOSIVOS PRIMÁRIOS INICIADORES Ex.: Fulminato de mercúrio, azida de chumbo. SECUNDÁRIOS EMPREGO MILITAR Ex.: TNT, C-4. EMPREGO INDUSTRIAL Ex.: Dinamite, emulsão. BAIXOS EXPLOSIVOS PIROTÉCNICOS FOGOS DE ARTIFÍCIO Ex.: Pólvora negra, pólvora cloratada. PROPELENTES PROPULSORES DE ARMAS Ex.: Pólvoras BS e BD. PROPULSORES DE FOGUETES Ex.: Pólvoras de base tripla. 2.3. Quanto ao emprego Quanto ao emprego, os explosivos podem ser classificados como: iniciadores, reforçadores, de ruptura ou rompedores e propelentes. Veja a seguir: • Inici adores: Empregados em mistos iniciantes ou excitação de cargas explosivas. Sensíveis ao calor, choque, atrito. • Reforçadores: Também denominados como boosters ou intermediários. Atuam como multiplicador de força entre o iniciador e a carga principal. • De ruptura ou rompedores: Explosivos de alta potência e alto poder de brisância (poder de rompimento). • Propelentes: Baixos explosivos (pólvoras). Aula 3 – Sistemas de iniciação É o caminho pelo qual uma carga explosiva é detonada, sendo esse conjunto formado pelo gerador de energia, transmissor de energia, iniciador e a carga explosiva propriamente dita. Esse sistema também é conhecido como trem de fogo 2 ou cadeia explosiva. O sistema de iniciação se subdivide em: • Sistema de iniciação comum ou pirotécnico Fogo + estopim + espoleta comum (detonador) + carga explosiva. • Sistema de iniciação elétrico Fonte de energia + fios condutores + espoleta elétrica (detonador) + carga explosiva. • Sistema de iniciação não elétrico Acionador nonel + tubo nonel + detonador comum + carga explosiva. Tabela com vantagens e desvantagens de cada sistema de iniciação SISTEMA VANTAGENS DESVANTAGENS COMUM OU PIROTÉCNICO Segurança no manuseio Não tem precisão de tempo ELÉTRICO Excelente precisão de tempo Limitações devido à eletricidade estática NONEL Segurança no manuseio + precisão no tempo Aplicações em grandes distâncias Aula 4 – Conceito, tipos e efeitos das explosões 4.1. Conceito de explosão Observe os conceitos a seguir: • Explosão é toda expansão violenta, provocada pela decomposição da matéria explosiva (Imbel). • Explosão é todo escape súbito e repentino de gases do interior de um espaço limitado, gerando alta pressão e elevada temperatura (ESJUI, Colômbia). 4.2. Tipos de explosões As explosões podem ser de três tipos: mecânicas, nucleares e químicas. Estude, a seguir, sobre cada uma delas: • Mecânicas: Provocadas pelo alívio descontrolado de pressão (ex: À medida que a panela de pressão aqui representada aquece um líquido, haverá o aumento do volume da molécula desse líquido, o que resultará em uma explosão caso não haja saída para a pressão). • Nucleares: Provocadas pela fissão do átomo (ex: A transformação em nível atômico ocorrerá devido ao bombardeio de um nêutron ao núcleo do átomo de urânio aqui representado, resultando na fissão do núcleo do átomo, acompanhado de altas temperaturas, elevada pressão e de uma nuvem de radiação). • Químicas: Provocadas por reações e transformações químicas. Atenção! Pelo fato de o curso ser na área de explosivos, você irá estudar um pouco mais sobre a explosão química. 4.2.1. Subdivisão das explosões químicas As explosões químicas subdividem-se em: combustão, deflagração e detonação. • Combustão Ocorre a uma velocidade de transformação abaixo de 100 m/s. A camada se volatiliza e inflama ao atingir o ponto de fulgor. Há necessidadede oxigênio para continuar a reação. • Deflagração Ocorre a uma velocidade de transformação acima de 100 e abaixo 1.000 m/s. A propagação da reação ocorre por condução térmica (a partícula que se queima transmite calor à adjacente, que se queima ao atingir a temperatura de explosão). • Detonação Ocorre a uma velocidade de transformação acima de 1.000 m/s. A propagação da reação se dá por ondas de choque. A partícula que explode cria uma onda de alta pressão que aquece e detona a partícula adjacente. 4.3. Efeitos da explosão Os efeitos da explosão são divididos em: efeitos primários, efeitos secundários e efeitos sobre o corpo humano. Estude sobre cada um deles: • Efeitos primários – São aqueles diretamente relacionados ao momento primário da explosão, em que todos os fenômenos resultam de um mesmo fenômeno. Assim, tem-se: o Onda positiva: A onda positiva “empurra” o ar, gera o vácuo e vai enfraquecendo até sua força equiparar-se com a força da pressão atmosférica. P R E S S Ã O A T M O S F É R I C A o Onda negativa: Ocorre quando a pressão atmosférica retorna na direção do epicentro da explosão, eliminando o vácuo deixado pela onda positiva. PRESSÃO ATMOSFÉ RIC A PR ESS ÃO A TMOSFÉRICA o Efeito da fragmentação: Ocorre quando a pressão da explosão desloca o ar, resultando em lançamento de fragmentos . o Efeito térmico – incendiário: Esse efeito é diretamente relacionado ao fogo e ao aumento da temperatura no local e momento da explosão. Efeitos secundários – São aqueles que acontecem influenciados por obstáculos. Aqui encontram-se a reflexão e a convergência, que são diretamente relacionados aos obstáculos pelos quais a onda de choque é influenciada, o que resultará mudança de direção ou da reflexão dessa onda. • Efeitos sobre o corpo humano o Hemotórax (sangue na cavidade torácica). o Pneumotórax (ar livre na cavidade torácica). o Distensão dos pulmões. o Ruptura de vísceras (bexiga, fígado, rins, baço, alças intestinais). o Ruptura de tímpano. o Fratura de ossos. o Queimaduras. o Dilacerações. o Perfurações. o Lesões múltiplas. Finalizando... Neste módulo, você estudou que: • O século XX foi caracterizado principalmente pelo emprego de vários artefatos explosivos, tendo destaque os seguintes explosivos TNT (1912), HMX (1940), ANFO (1947), lamas explosivas (1956), emulsões (1980), explosivos binários (anos 90); • Explosivo é o produto que, por meio de uma excitação adequada, se transforma rápida e violentamente de estado, gerando gases, altas pressões e elevadas temperaturas; • As principais características dos explosivos são: velocidade, potência, brisância, sensibilidade e densidade; • Os explosivos são classificados quanto ao uso, à velocidade de detonação e ao emprego; • Sistema de iniciação é o caminho pelo qual uma carga explosiva é detonada, sendo esse conjunto formado pelo gerador de energia, transmissor de energia, iniciador e a carga explosiva propriamente dita. Esse sistema também é conhecido como trem de fogo ou cadeia explosiva; • A explosão pode ser conceituada como toda expansão violenta, provocada pela decomposição da matéria explosiva (Imbel). As explosões podem ser mecânicas, nucleares ou químicas; • Os efeitos da explosão são divididos em: efeitos primários, efeitos secundários e efeitos sobre o corpo humano. Módulo 2 – Bombas, acessórios de detonação e granadas policiais Apresentação do Módulo Neste módulo você estudará sobre o conceito de bombas, suas diferenças, características e sua evolução histórica; sobre o seu emprego por grupos criminosos e terroristas, além dos acessórios de detonação e granadas policiais. Objetivos do Módulo Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: • Conceituar uma bomba; • Identificar as características das bombas industrializadas e improvisadas; • Classificar os acessórios de detonação; • Classificar as granadas policiais. Estrutura do Módulo Este módulo e formado por 3 aulas: • Aula 1 – Conceito, tipos e características das bombas • Aula 2 – Acessórios de detonação • Aula 3 – Granadas policiais Aula 1 – Conceito, tipos e características das bombas 1.1 Conceito Bombas são artefatos, dispositivos ou mecanismos confeccionados para causar destruição, dano ou morte. A utilização de bombas como ferramenta para causar medo, dano e destruição é diretamente relacionada aos fatos históricos. Seu emprego é feito de forma tática por grupos de criminosos e terroristas. Como você estudou no módulo 1, observa-se uma evolução do uso de bombas nos atentados terroristas. O quadro a seguir resume bem essa evolução. PERÍODO MÉTODO FORMA Anos 60 Malas e pacotes abandonados com explosivos Anos 70 Cartas-bomba Anos 80 Carros-bomba Anos 90 Homens-bomba Século XXI Armas de destruição em massa (WMD) Quadro 3 – Evolução do uso de bombas. 1.2. Classificação geral dos tipos de bombas As bombas são classificadas em: • Manufaturadas – São industrializadas, o que torna fácil o conhecimento de seu funcionamento, haja vista possuírem manuais; • Improvisadas – Muito difícil seu manuseio pelo fato de não serem conhecidas suas características e a forma como foi feita; • Dispositivos falhados – São aqueles dispositivos industrializados que, após ser utilizado, por algum problema de fabricação ou armazenamento acabou falhando. Veja exemplos dos três tipos de bombas citados: Bombas manufaturadas Bombas improvisadas Dispositivos falhados 1.3. Principais características das bombas Bombas convencionais Feitas de materiais bélicos industrializados e comercializados, são confeccionadas de forma regular e padronizada. Sabe-se como são feitas, quais suas características e como proceder a sua utilização, desativação ou destruição. Exemplos: foguetes, mísseis, granadas, petardos e acessórios de acionamento militares. Bombas improvisadas São artefatos improvisados, feitos de forma não convencional, com fins terroristas ou criminosos. Somente a pessoa que a construiu sabe como ela é feita, como funciona e como pode ser manipulada, desativada ou destruída com segurança. 1.4. Componentes de uma bomba Componentes de uma bomba são os itens necessários para o seu acionamento, sendo eles: acionador, iniciador e carga. Para serem utilizados de forma eficaz, é necessária uma boa segurança no manuseio e que a bomba seja envolvida com um disfarce. O quadro 4 especifica a classificação geral com seus respectivos subitens. Classificação geral das bombas Construção Convencional Improvisada Características externas Posicionamento Colocada Instalada Visualização Disfarçada Não disfarçada Características internas Acionamento Comando Tempo Movimento Condições ambientais Iniciação Pirotécnica Elétrica Mecânica Química Carga Explosiva Incendiária Outros efeitos Quadro 4 – Componentes de uma bomba . Aula 2 – Acessórios de detonação 2.1. Conceito Acessórios de detonação são aqueles que têm a função de facilitar uma detonação através de equipamentos específicos. Veja, a seguir, os principais acessórios. 2.2. Principais acessórios • Geradores de energia – São aqueles responsáveis em gerar uma energia suficiente para iniciar a cadeia explosiva, tendo como exemplo: acendedores, explosores e disparadores. • Transmissores de energia – São aqueles responsáveis em conduzir a energia ou chama do gerador até a espoleta para a realização da cadeia explosiva, tendo como exemplo: estopins, fios elétricos, cordéis detonantes. • Reforçadores ou boosters – São explosivos que servem para multiplicar a energia da espoleta em uma cadeia explosiva. Tal situação acontece devido à insensibilidade de alguns explosivos como o ANFO, ao acionamento de uma espoleta comum, sendo ela elétrica ou não. Dessa forma, será necessário o emprego do multiplicador, tendo como exemplo: boosters (carga explosiva feita industrialmente com o objetivode multiplicar energia), tubos de choque (funcionará como refoçador) e petardos militares. • Retardos – São acessórios necessários para que uma cadeia explosiva detone de forma controlada e equilibrada de acordo com a necessidade. Muito utilizados em caso de implosões e demolições de prédios em áreas urbanas ou em abertura de estrada e rodovias em terrenos pedregosos. • Espoletas – São iniciadores compostos por duas cargas explosivas, sendo uma carga inicial à base de um alto explosivo primário e outra carga principal à base de um alto explosivo secundário, cujo objetivo será gerar energia suficiente para a iniciação da carga principal. Segue uma fotografia mostrando a área externa e interna de uma espoleta, inclusive identificando as duas pequenas cargas de explosivos. • Espoleta comum ou pirotécnica – É aquela feita através de um cilindro de alumínio ou cobre fechado na base, carregado de um alto explosivo e um misto sensível a fagulhas. Espoleta elétrica – É aquela iniciada ou ativada por corrente elétrica, conduzindo o pulso elétrico até a carga inicial da espoleta. Funciona em tempo extremamente curto. Estopim – Dispositivo que conduz a chama com velocidade uniforme e lenta para a ignição direta de uma carga ou indireta detonando uma espoleta (detonador). Consiste em um núcleo com pólvora firmemente envolvido por várias camadas têxteis e impermeabilizantes. É acionado mecanicamente através de uma chama. Aula 3 – Granadas policiais 3.1. Conceito Granadas policiais são mecanismos industrializados utilizados em operações policiais que têm como objetivo minimizar os riscos aos policiais e às pessoas em manifestações ou em ações de grupos táticos com o fim de evitar a letalidade. Saiba mais... As granadas explosivas antigamente eram fabricadas em PVC rígido, o que causava lesões indesejáveis nos agressores dos encarregados da lei. Assim sendo, passaram a ser desenvolvidas com seu corpo emborrachado, visando a diminuir as lesões. Outra evolução foi o aperfeiçoamento com o duplo estágio, pois anteriormente as granadas explosivas, com a onda de choque gerada na detonação, lançavam seus capacetes com grande energia, o que possibilitava sérias lesões. Hoje, esses artefatos são produzidos com uma carga de depotagem, que expulsa o capacete antes da detonação principal. Assim sendo, ocorrem duas detonações, sendo a primeira bem pequena, apenas com a finalidade de expulsar o capacete, daí o nome duplo estágio, e a detonação propriamente dita (fragmentação do corpo da granada). 3.2. Classificação Existem granadas explosivas que devem ser utilizadas sempre em ambientes abertos e outras, preferencialmente, em ambientes fechados, como o caso das granadas indoor. Outras possuem, além dos fragmentos da explosão, esferas de elastômero, ou ainda, carga lacrimogênea. Existe uma grande variedade de granadas explosivas, logo, para efeitos de estudo, neste curso, você estudará as dos seguintes grupos: • Grupo das GL (no grupo das explosivas, desenvolvidas para ambientes abertos); • Grupo das GB (indoor – para ambientes fechados); • GM (multi-impacto). 3.2.1. Grupo das GL As granadas do grupo das GL são: GL-304 (branca / efeito moral), GL-305 (vermelha / CS), GL-306 (azul / identificadora), GL-307 (preta / luz e som) e GL-308 (verde / OC). GL-304 MECANISMO INTERNO GB 707 EXPLOSIVAS GL Características Cada uma dessas granadas tem uma finalidade, porém suas características são bastante semelhantes: • A distância mínima de segurança para todas elas, segundo o fabricante, é de 10 metros; • O retardo desses tipos de granadas é de 2,5 s, o que possibilita que elas sejam lançadas por cima ou por baixo, o que vai depender das circunstâncias do teatro de operações; • Atuam em duplo estágio, ou seja, ejetam o capacete. Importante! Não devem ser utilizadas em ambientes confinados. O operador deve entender que, antes de acionar essa granada, não há como voltar atrás, ou seja, não podem ser recolocados a argola e o grampo de segurança; põe-se em risco a sua integridade física e a de terceiros. Manuseio (válido para todas as granadas explosivas): 1. Empunhar a granada com a alça do capacete voltada para palma da mão; 2. Retirar a argola e grampo de segurança, através do movimento de rotação no sentido horário e tração, respectivamente; 3. Lançar em uma direção segura. Especificidades A seguir, estude as especificidades de cada uma das granadas dos grupos GL: • GL-304 (branca): Granada de efeito moral. Possui carga inócua (pó químico branco). • GL-305 (vermelha): Granada com carga lacrimogênea (CS). Mais ainda que as demais, por possuir carga lacrimogênea, não deve ser utilizada em ambiente fechado. • GL-306 (azul): Granada à base de carboxilmetilcelulose (CMC), ou seja, um gel vermelho não tóxico que, ao detonar do artefato, espalha essa carga com intuito de identificar pessoas que estejam cometendo crimes. O fabricante recomenda que essa granada seja lançada à distância mínima de 10 m, porém, vários testes foram realizados, colocando-se “manequins” numa distância de 5 metros e o gel não foi capaz de marcar o alvo, não atingindo o objetivo proposto. Nesse sentido, essa granada possui um efeito atordoante, assim como a GL 304, mas não é capaz de marcar com gel uma pessoa que esteja na distância mínima de segurança recomendada pelo próprio fabricante, ou seja, 10 metros. • GL-307 (preta): Granada à base de magnésio que produz um efeito sonoro mais intenso, além de um flash luminoso, que visam a ofuscar a visão e desorientar o agressor, por meio da dilatação instantânea e involuntária da pupila. • GL-308 (verde): Granada com carga lacrimogênea à base de OC. 3.2.2. Grupo das GB GB-705 MECANISMO INTERNO GB-706 Características As granadas indoor foram desenvolvidas para atuar em ambiente fechado. Isso não impede de ser usada em ambiente aberto, mas, para tal, existem outras que cumprirão melhor esse fim, como a GL-304, por exemplo. As granadas indoor devem ser sempre lançadas próximo ao solo, pois possuem um retardo de 1,5 s, ou seja, se lançada por cima, terá grandes chances de detonar no ar, o que poderá atingir a face de terceiros. Seu uso é ideal para adentramentos em ambientes confinados, que exigem mecanismos de distração. Não possui uma distância mínima de segurança especificada pelo fabricante, o que não deve levar o operador a lançá-la no agressor. Essa maior flexibilidade de uso pode ajudar, por exemplo, a usá-la em uma situação de ambiente aberto em que o operador tenha menos de 10 metros de raio livre, o que o impediria de usar outras granadas explosivas, como as GL. Especificidades A seguir, estude sobre as especificidades de cada uma das granadas do grupo GB: • GB-704 (branca): Granada de efeito moral. Possui carga inócua (pó químico branco). • GB-705 (vermelha): Granada com carga lacrimogênea (CS). Apesar de ser própria para ambiente fechado, o operador deve atentar para as consequências de seu uso nesse tipo de situação, bem como deve estar equipado com máscara contra gases. • GB-706 (azul): Granada à base de carboxilmetilcelulose (objetivo semelhante ao da GL-706). • �GB-707 (preta): Granada à base de magnésio que produz um efeito sonoro mais intenso, além de um flash luminoso, que visam a ofuscar a visão e desorientar o agressor, por meio da dilatação instantânea e involuntária da pupila. (finalidade semelhante ao da GL-307) • GB-708 (verde): Granada com carga lacrimogênea à base de OC, atentando o operador para as precauções no uso de OC em ambiente confinado. Importante! Deve-se atentar sempre para a semelhança entre as granadas GL E GB, tanto no formato como nas cores e nas nomenclaturas: GB-708 � OC � GL-308 / GB-705 � Lacrimogênea CS � GL-305 / GB-707 � Luz e Som � GL-307. GA-100 • GA-100 (granada de adentramento): As granadas indoor são excelentes mecanismos de adentramento, porém,por serem emborrachadas, não conseguem romper anteparos ou vidros mais espessos, por exemplo. Assim sendo, desenvolveu-se a GA-100, que tem o retardo de 1,5 s – portanto deve ser lançada próxima ao solo – e seu corpo em aço. Ao contrário do que se possa imaginar, seu corpo em aço não estilhaça. A carga explosiva detona no núcleo do seu corpo em aço, sendo reutilizável por até 30 vezes, havendo no corpo da granada o local para fazer essas marcações. 3.2.3. GM (multi-impacto) Características As granadas multi-impacto são utilizadas para controle de munições, pois lançam cerca de 130 (cento e trinta) esferas de elastômero polidirecionalmente, podendo também, dependendo da munição, espalhar carga lacrimogênea de CS ou OC. O operador deve avaliar seu uso, uma vez que, como as esferas são polidirecionais, pode-se atingir resultados inesperados, como lesionar os olhos de um indivíduo que esteja a mais de 50 (cinquenta) metros da explosão, como já observado em casos reais. O retardo dessas munições de é de 1,5s e o seu raio mínimo de segurança é de 10 metros. Não devem ser usadas em ambiente confinado. O funcionamento e manuseio dessas granadas são os mesmos das GL, exceto seu emprego. Especificidades Existem três tipos de granadas multi-impacto, conforme especificações a seguir: GM-100 MECANISMO INTERNO GM-101 MECANISMO INTERNO • GM-100: Granadas de explosivas de multi-impacto. Espalha polidirecionalmente apenas as esferas de elastômero. • GM-101: Granadas de explosivas de multi-impacto. Espalha polidirecionalmente as esferas de elastômero e a carga de CS. • GM-102: Granadas de explosivas de multi-impacto. Espalha polidirecionalmente as esferas de elastômero e a carga de OC. Importante! Apesar de parecer fisicamente com granadas indoor, suas aplicações e finalidades são diferenciadas. Finalizando... Neste módulo, você estudou que: • Bombas são artefatos, dispositivos ou mecanismos confeccionados para causar destruição, dano ou morte; • As bombas são classificadas em: manufaturadas, improvisadas e dispositivos falhados; • As bombas convencionais são feitas de materiais bélicos industrializados e comercializados de forma regular e padronizada. Sabe-se como são feitas, quais suas características e como proceder à sua utilização, desativação ou destruição. As improvisadas são artefatos improvisados, feitos de forma não convencional, com fins terroristas ou criminosos. Somente a pessoa que a construiu sabe como ela é feita, como funciona e como pode ser manipulada, desativada ou destruída com segurança; • Componentes de uma bomba são os itens necessários para o seu acionamento, sendo eles: acionador, iniciador e carga; • Acessórios de detonação são aqueles que têm a função de facilitar uma detonação através de equipamentos específicos. Os principais são: geradores de energia, transmissores de energia, reforços ou boosters, retardos, espoletas comuns ou pirotécnicas, espoleta elétrica e estopim; • Granadas policiais são mecanismos industrializados utilizados em operações policiais que têm como objetivo minimizar os riscos aos policiais e às pessoas em manifestações ou em ações de grupos táticos com o fim de evitar a letalidade; • Existe uma grande variedade de granadas explosivas; para efeitos de estudo, neste curso você estudou as dos seguintes grupos: grupo das GL (no grupo das explosivas, desenvolvidas para ambientes abertos); grupo das GB (indoor – para ambientes fechados) e GM (multi impacto). Módulo 3 – Ameaças e incidentes envolvendo bombas Apresentação do Módulo Neste módulo você estudará sobre a classificação e o modelo de avaliação de ameaças, bem como sobre os princípios operacionais, modelo de busca e objetos suspeitos de serem bombas e explosivos. Objetivos do Módulo Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: • Classificar uma ameaça de bomba; • Categorizar os incidentes com bombas; • Identificar um modelo de avaliação de ameaça; • Reconhecer a importância da escala de segurança; • Planejar um plano de busca. Estrutura do Módulo Este módulo é formado por 5 aulas: • Aula 1 – Ameaça de bomba • Aula 2 – Incidentes com bombas • Aula 3 – Operações antibombas Aula 1 – Ameaça de bomba 1.1. Definição É a comunicação direta ou indireta, informação ou suspeita fundada da existência de uma bomba em determinado local. São os incidentes mais frequentes que ocorrem no Brasil, cujas consequências têm se demonstrado danosas devido à falta de padronização de procedimentos técnicos e operacionais sobre como atuar nesse tipo de incidente, tanto por parte de órgãos públicos como privados. 1.2. Classificação As ameaças de bombas recebem as seguintes classificações: • Ameaça falsa – Quando as informações ou análise da suspeita forem consideradas infundadas, não havendo elementos ou provas que confirmem a possível existência da bomba. • Ameaça real – Quando existem elementos materiais ou testemunhais que comprovem ou confirmem a possível existência da bomba. São característicos de tais casos testemunhas que viram a montagem e instalação da bomba, pedaços de explosivos, acessórios ou mecanismos da possível bomba, informações sobre a sua exata localização. Em uma ameaça de bomba, é fundamental manter a calma e conversar com o ameaçador, pois ele é a única pessoa que sabe como é a bomba, onde ela está, com que se parece, qual a potência, como funciona, que tipo e que quantidade de explosivo possui, etc. Portanto, o atendimento eficaz e satisfatório dessa ocorrência depende, em grande parte, das informações obtidas durante o recebimento da ameaça. Veja a seguir um modelo de avaliação de ameaça. 1.3. Modelo de avaliação de ameaça O modelo de avaliação de ameaça é o procedimento realizado após o recebimento da ameaça, cujo objetivo é classificar o grau de veracidade da ameaça através de uma análise completa da situação, verificando: • Objetivo: A quem foi dirigida a ameaça? • Oportunidade que teve o agente: Teve tempo? Como entrou? • Meios empregados: Quais os disponíveis no mercado local? • Forma de atuação: Artefato instalado/artefato colocado. • Motivação para o atentado: Política, religiosa, pessoal, ideológica, comercial. 1.3.1. Análise da motivação de ameaças As motivações sobre ameaça estão relacionadas a três motivações: trote, criminosa ou terrorista. O quadro a seguir tipifica essas três motivações: Motivação Características Objetivos Agentes Trote • Apresenta a ameaça como evento imediato, informando horários e alertando para a necessidade de desocupação; • Fala rápida e curta; • Disfarce da voz ou sotaques forçados; • O ameaçador não é receptivo à conversação; • Não apresenta detalhes técnicos ou objetivos da ameaça; • Não insiste no convencimento da ameaça. • Alertar, criar clima de instabilidade, tumulto, confusão, e insegurança; • Provocar a paralisação das atividades e liberação dos funcionários. Crianças, estudantes e funcionários. Criminosa • Faz exigências ou condiciona a ameaça a pedidos; • Conversação tensa ou inquieta; • Direciona a ameaça para determinada pessoa ou local; • Procura dar convencimentos ou provas da veracidade. • Vingança; • Extorsão; • Paralisação ou danos nas atividades. Ex-funcionários, ex- namorados, ex-marido e outras pessoas de relacionamento anterior; grupos criminosos especializados. Terroristas • Apresenta a ameaça como possibilidade futura de ocorrer; • Declara suas intenções, motivações e grupo a que pertence; • É receptivo à conversação; • Demonstra conhecimentos técnicos sobre explosivos; • Procura dar convencimentos ou provas da veracidade da ameaça. • Criar clima de medo e insegurança; • Chamar a atenção para determinada causa. Extremistas e grupos radicais motivados por política, religião ou questões sociais, entre outros. Quadro 5 – Motivações de ameaças. Importante! Cabe salientar queuma ameaça, por mais que os procedimentos técnicos e operacionais possam ser realizados por agentes privados, sempre haverá a necessidade de que a polícia seja avisada dos procedimentos adotados, até mesmo porque, no caso de localização de objetos suspeitos de serem bombas ou explosivos, caberá aos policiais altamente qualificados atuar nesse tipo de ação delituosa, da mesma forma que, se já houver acontecido uma explosão, também caberá ao especialista em explosivos, juntamente com o perito técnico científico, colher todas as evidências com o fim de que sejam realizadas as investigações necessárias para o descobrimento do autor do delito. 1.3.2. Análise da decisão • Não fazer nada: essa decisão não significa ignorar a ameaça, mas deixar de adotar qualquer procedimento de busca e evacuação, por ter sido analisada a ameaça como totalmente falsa ou por ser impossível a existência de uma bomba no local. • Fazer a busca sem a evacuação do local por agentes qualificados: decisão utilizada em situações que caracterizem a ameaça falsa, isto é, não se tem certeza nem provas da existência da bomba, o nível de risco é baixo e a ameaça é infundada. A busca é feita pelas pessoas que conhecem o ambiente ameaçado ou com as suas colaborações. Nenhuma atividade é paralisada e a evacuação somente ocorre após a localização e confirmação de algum objeto suspeito de ser bomba, momento em que deve ser acionada a unidade antibombas. • Fazer a busca com evacuação parcial do local: essa alternativa deve utilizada em locais com diferentes níveis de segurança, isto é, áreas restritas e áreas de circulação pública, onde seja possível a colocação da bomba em um determinado local e seja difícil em outros, de modo a limitar as áreas de risco, ou então, em locais com ameaças direcionadas. • Evacuar imediatamente o local e depois fazer a busca: essa decisão deve ser considerada em situações de ameaças reais, em que se tenha prova material da existência da bomba no local ameaçado, mas não se tenha a certeza da sua localização ou então o potencial de danos previstos é elevado. É uma situação crítica e deve ser considerada somente em situações de alto risco. Aula 2 – Incidentes com bombas Os incidentes com bombas ou incidentes de bomba compreendem todas as situações de emergência em que haja a probabilidade da existência ou a presença confirmada de bombas ou explosivos, usados de forma criminosa. 2.1. Categorias para incidentes com bombas Na doutrina norte-americana, imposta pelo Centro de Bombas do FBI 1 , os incidentes com bombas são classificados em oito categorias: • Atentado à bomba – Qualquer incidente em que um artefato explosivo ou incendiário funcione perfeitamente; • Tentativa de atentado – Incidente no qual um artefato explosivo ou incendiário foi colocado no alvo, mas não funcionou por falha ou mal funcionamento, ou foi desativado a tempo; • Recuperação de bomba – Artefato explosivo ou incendiário localizado durante uma busca preventiva. Se a bomba foi localizada na condição final de seu emprego, já cabe a classificação de tentativa de atentado; • Explosão acidental – Explosão que ocorra com o construtor ou manipulador da bomba, quando estiver fabricando ou colocando o artefato. Não se enquadram aqui as explosões acidentais em situações legais ou profissionais; • Falsa bomba – Artefato falsificado para simular uma bomba ou explosivo, com ou sem a realização de uma ameaça de bomba; • Roubo de explosivos – Roubo ou furto de produtos explosivos comerciais ou militares de seu usuário legal; • Recuperação de explosivos – Localização de produtos explosivos comerciais ou militares; e • Extravio de explosivos – desaparecimento de produtos explosivos comerciais ou militares de seu usuário legal, que não tenham sido caracterizados como furto ou roubo. Aparentemente completa, essa definição pode tornar-se muito extensa em um cenário com poucos incidentes, como ocorre no Brasil. Uma classificação mais simples e mais didática pode englobar todas essas situações, sem deixar de ser igualmente completa. Assim, podem-se classificar os incidentes com bombas em três categorias básicas, conforme o quadro abaixo. INCIDENTES COM BOMBAS 1. AMEAÇAS DE BOMBA REAIS FALSAS 2. LOCALIZAÇÕES DE BOMBAS DE EXPLOSIVOS DE FALSAS BOMBAS 3. EXPLOSÕES DE BOMBAS Quadro 6 – Incidentes com bombas. Importante! As explosões de bombas compreendem os incidentes em que ocorra a detonação da bomba, resultando nos efeitos do seu potencial, quer sejam eles explosivos, incendiários, tóxicos ou de outros resultados danosos. A explosão pode ter sido decorrência de ação prevista pelo seu agente como também acidental, por manuseio errôneo ou falha de algum mecanismo, mas sempre dentro de um contexto criminoso. 2.2. Classificação de incidentes em categorias de risco Um padrão adotado pela doutrina norte-americana 2 e seguido por alguns países é a classificação dos incidentes de bombas em categoria de risco. Essa classificação pode ser aliada ao princípio das prioridades de segurança, auxiliando os operadores a determinar o nível de risco em que deverão atuar. A classificação prevê três categorias de incidentes: • Categoria A – Constituem os incidentes de bombas em que haja risco iminente e direto para pessoas e para bens materiais, sendo as operações desencadeadas em caráter emergencial e com a máxima urgência. Nessa situação, as prioridades de segurança operacional poderão ser quebradas e poderá ser admissível o risco de vida para os operadores. São exemplos dessa categoria, bombas em pessoas que utilizam cinto-bomba, colar-bomba, colete-bomba em locais onde não seja possível ser feita a evacuação das pessoas como a UTI de um hospital. • Categoria B – Constituem os incidentes com bombas em que haja risco indireto para pessoas e bens materiais, como bombas em edificações cujos danos são calculados como limitados, locais com evacuação parcial das pessoas ou evacuação com distâncias insatisfatórias para a segurança. Todos os princípios de segurança operacional deverão ser adotados e não há a necessidade de os operadores se arriscarem. Apesar da condição emergencial da situação, podem ser adotados tempos de espera para planejamento e segurança, assim como medidas de preparação para a redução dos danos, como corte de energia elétrica e de gás, retirada de materiais que podem ser projetados, colocação de sacos de areia para contenção de fragmentos e direcionamento da onda explosiva. • Categoria C – Constituem os incidentes com bombas em que se identifique não haver riscos para as pessoas ou bens materiais. Essa condição deve ser considerada após descartadas as hipóteses de categoria A ou B. Apesar do caráter emergencial do incidente, as operações não são urgentes, havendo tempo para planejamento e preparação da operação. Não há motivos para os operadores correrem riscos e todos os procedimentos de segurança devem ser adotados. São exemplos dessa categoria, incidentes em que haja a possibilidade de evacuação total e dentro das distâncias mínimas de segurança; incidentes em áreas abertas, sem possibilidade de causar danos efetivos; incidentes em locais cujos danos são irrisórios e incidentes cuja remoção da bomba ou do explosivo é imediatamente detectada como possível. Aula 3 – Operações antibombas 3.1. Definição, origem e contextualização do nome As operações antibombas compreendem todos os procedimentos adotados por unidades antibombas para garantir a segurança e a integridade das pessoas físicas e jurídicas, bens materiais e a ordem pública, quando ameaçados ou lesionados por bombas e explosivos. A Polícia Militar do Estado de São Paulo (1996) adotou a concepção de ações antibomba e ações contrabomba baseado nos conceitos de antiterrorismo e contraterrorismo, que definem, respectivamente, as operações preventivas, como legislação específica, preparação e treinamentode pessoal, segurança de autoridades, controle de estrangeiros, contrainteligência e as operações repressivas, como captura de terroristas, negociação e libertação de reféns e retomada de instalações. Assim, o conceito de ações antibomba passou a ser entendido como: Operações e procedimentos policiais de caráter preventivo ou de reação imediata a um atentado à bomba até o momento da localização de um objeto suspeito, quando a ação passa a ser caracterizada como contrabomba, que são as operações de reação ao atentado, como identificação do objeto suspeito, remoção e neutralização. Fora do Brasil, não há a expressão antibomba ou contrabomba. A doutrina norte- americana, a espanhola e a colombiana não seguem essa conceituação, entendendo que todas as operações são de combate às bombas, diferenciando-as apenas o momento do evento em relação ao efetivo emprego da bomba – a explosão. Nesses países, usam-se as denominações de ações pré-incidentais ou pós-incidentais, respectivamente, às operações que ocorrem antes de uma explosão (prevenção, segurança, busca, treinamento de pessoal, remoção e desativação de bombas) e após a explosão (coleta de evidências, investigação, perícias). Entretanto a expressão “antibomba” popularizou-se na comunidade policial brasileira, na população e entre a mídia nacional, devido aos trabalhos operacionais executados pelos órgãos especializados no Brasil, de modo que o termo “antibomba” passou a ter uma abrangência e significado especial e inegável, que engloba no Brasil, todos os procedimentos de prevenção, combate e investigação de bombas e explosivos em situações criminosas. 3.2. Operações antibombas A definição para “operações antibombas”, inicialmente apresentado, é conceitual o suficiente para englobar as operações apresentadas a seguir3: • Operações pré-incidentais; • Operações de desativação; • Operações pós-incidentais; • Operações especiais. Veja cada uma delas! Operações pré-incidentais – Compreendem as operações de segurança e prevenção que antecedem o incidente com bombas e as operações de busca e localização de bombas e explosivos. São exemplos de operações pré-incidentais: • Elaboração e aplicação de procedimentos preventivos em órgãos públicos e privados; • Orientação e fiscalização na confecção e aplicação de planos de segurança e planos de emergências com bombas; • Treinamento de pessoal leigo em procedimentos preventivos; • Acompanhamento e análise de incidentes de bombas. Operações de desativação – Compreendem as ações que são desencadeadas após a localização de uma bomba, explosivo ou objeto suspeito, com a finalidade de tornar os materiais seguros para o manuseio, transporte e para o trabalho pericial ou investigativo. São exemplos de operações de desativação: • Desmontagem de bombas e explosivos; • Neutralização de bombas e explosivos; • Destruição de bombas e explosivos. Operações pós-incidentais – Compreendem as operações realizadas após uma explosão ou depois de terem sido realizadas as operações preventivas ou de desativação. Os procedimentos periciais e investigativos são de suma importância para a elucidação do delito e para o desencadeamento dos demais procedimentos de polícia judiciária. Apesar de serem procedimentos legalmente atribuídos aos órgãos de polícia científica e polícia judiciária, a unidade antibombas pode ser requisitada para dar um suporte técnico, requisitada como órgão pericial ad hoc em bombas e explosivos, quando não constituir o próprio órgão de perícia para esses casos. São exemplos de operações pós-incidentais: • Buscas preventivas em locais de explosão; • Busca e coleta de evidências em locais de explosão; • Perícia de bombas, explosivos e locais de explosão; • Apoio técnico aos órgãos de polícias científica e judiciária. Operações especiais – Compreendem o apoio técnico e operacional às unidades táticas e de operações especiais dos órgãos policiais ou militares, oferecendo suporte técnico para ações que necessitem do pessoal, de técnica e equipamento da unidade antibombas, de trabalho de demolição ou outro emprego de explosivos. Apesar de geralmente serem autos suficientes em trabalhos de demolição e manuseio de explosivos, as unidades de operações especiais não são especializadas nesse campo e às vezes não mantêm treinamento e aperfeiçoamento constante, podendo ficar defasadas em técnicas e recursos materiais, havendo a necessidade de intercâmbio com as unidade antibombas. São exemplos de operações especiais com o uso de explosivos: • Arrombamento tático de portas e janelas com explosivos; • Demolição de obstáculos; • Neutralização e destruição de bombas e explosivos localizados em operações. Módulo 4 – Prioridade de Segurança e Planejamento de Buscas Apresentação do Módulo Neste módulo você estudará sobre a prioridade de segurança e risco operacional, bem como sobre os modelo de busca e objetos suspeitos de serem bombas e explosivos. Objetivos do Módulo Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de: • Reconhecer a importância da escala de segurança; • Planejar um plano de busca; • Localizar objetos suspeitos. Estrutura do Módulo Este módulo é formado por 3 aulas: • Aula 1 – Prioridade de segurança e risco operacional • Aula 2 – Planejamento de busca • Aula 3 – Localização de objetos suspeitos Aula 1 – Prioridade de segurança e risco operacional O fator de maior preocupação em um incidente de bombas é a garantia de segurança para as vidas humanas. A explosão de bomba ocorre em uma fração de segundos, sendo impossível adotar algum procedimento de contramedida ou de garantia de vidas no momento em que ela ocorrer. A ordem de prioridade de segurança para operações antibombas, segundo conceito doutrinário mundial está assim estabelecida: • Em primeiro, as vidas humanas; • Em segundo, a vida dos operadores antibombas; • Em terceiro, bens materiais; • Em quarto, provas e evidências. A divisão das vidas humanas em duas prioridades – vidas humanas em geral e depois a vida dos técnicos em bombas – ocorre devido à obrigação profissional e moral dos profissionais envolvidos nas operações antibombas em proteger as demais pessoas. A existência de uma unidade antibombas já é uma motivação da necessidade de proteção em situações de alto risco para outras pessoas, inclusive para as forças de segurança, que necessitam de equipamentos, operadores e técnicas especiais para essas situações. Importante! Um exemplo desse primeiro princípio de prioridade de segurança é a situação de evacuação das pessoas para áreas de segurança distantes do local onde a bomba se encontra e não permitir a presença de pessoas naquele local que não estejam envolvidas com a operação. 1.1. Critérios de ação Souza (1995) considera necessário o uso dos chamados critérios de ação para lidar com incidentes envolvendo bombas, que compreendem os referenciais que servem para nortear o tomador de decisão em qualquer evento crítico e assim facilitar o processo decisório no curso de uma crise, incluindo aqui uma crise gerada a partir de um incidente com bombas. Esses critérios são: • A necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser implementada quando for indispensável. Esse critério é resumido pela pergunta: “Isso é realmente necessário?”; • A validade do risco, que preconiza que toda e qualquer ação tem que levar em conta se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados. A pergunta chave agora é: “Vale a pena correr esse risco?”; • A aceitabilidade, implicando que toda a ação deve ter respaldo e aceitação legal, moral e ética, isto é, todo o ato deve estar amparado pela lei (qualquer decisão ou ação que tomar no curso de uma crise deve estar em consonância com as normas em vigor) e deve também abranger o campo moral (não devem ser tomadas decisões ou praticadas ações que estejam ao desamparo da moralidade e dos bons costumes) eético (não devem ser tomadas decisões que causem constrangimentos entre os colegas profissionais e os princípios de carreira). Aula 2 – Planejamento de busca 2.1. Definição Planejamento de busca é a capacidade que tem o agente de segurança em realizar um plano específico cujo objetivo é o planejamento de uma ação coordenada em um local ameaçado de haver uma bomba ou explosivo, através do emprego de técnicas de busca como resposta imediata a uma ameaça, levando em consideração a análise do grau de risco. 2.2. Objetivos • Identificar a motivação da busca; • Decidir sobre a forma de ser realizada, com ou sem abandono do local; • Designar áreas de busca para as equipes; • Instalar o posto de comando. 2.3. Aplicações da busca A busca compreende o emprego de técnicas operacionais de varreduras dos locais sob suspeição, visando localizar objetos suspeitos. A busca é o procedimento mais eficiente para a detecção de bombas e pode ser empregada em diversas situações, como: • Reação imediata a uma ameaça; • Rotina de segurança; • Prevenção por ocasião de um evento especial. 2.4. Meios que podem ser empregados na busca e suas vantagens e desvantagens Meio Vantagens Desvantagens Sugestão de emprego Pessoas Baixo custo Rapidez Amplitude Baixo nível de detecção: sujeito ao julgamento pessoal Buscas de baixo risco Cães Detecção exata do tipo de explosivo Alto custo Limitações de tempo e emprego Buscas de alto risco, em objetos específicos Detectores Rapidez Amplitude Pequeno tempo de trabalho. Não detecta o tipo de explosivo Buscas de alto risco Importante! O procedimento de reação imediata a uma ameaça de bomba é a realização da busca. Mesmo que a ameaça seja imediatamente caracterizada como falsa, deve-se considerar sempre a probabilidade da existência de uma bomba no local ameaçado e realizar todos os procedimentos de segurança até a confirmação de que nada existe no local. Portanto, se o ambiente ameaçado não tiver agentes qualificados para a realização de uma busca, caberá imediatamente acionar a unidade antibombas para que seja feito todo o procedimento técnico- operacional. 2.5. Classes de busca • Busca preventiva – Quando já existe um objeto suspeito. Ex: Existência de um objeto suspeito de ser uma bomba em um determinado local. • Busca reativa – Quando da necessidade de realizar procedimentos preventivos. Ex: Quando da realização de uma varredura em um ambiente em que irá acontecer algum evento ou que irá receber alguma autoridade para prevenir algum risco. 2.6. Tipos de busca • Pessoal; • Veicular; • Ambientes i Veja cada uma delas! Busca pessoal: • Tipo policial indivíduo suspeito de estar • Vistoriar objetos de uso pessoal (maletas, casacos, guarda pacotes e livros). Busca veicular: • Carros – transportando algum artefato explosivo, em seus mais variados locais disponíveis foto a seguir: Carro: internos e externos (linear, espiral, quadrantes, zig zag). Veja cada uma delas! Tipo policial minuciosa que tem a finalidade de vistoriar o corpo de um portando explosivos ou substâncias análogas; Vistoriar objetos de uso pessoal (maletas, casacos, guarda Tem como objetivo vistoriar um veículo transportando algum artefato explosivo, em seus mais variados locais disponíveis xternos (linear, espiral, quadrantes, zig zag). minuciosa que tem a finalidade de vistoriar o corpo de um ncias análogas; Vistoriar objetos de uso pessoal (maletas, casacos, guarda-chuva, bolsas, culo suspeito de estar transportando algum artefato explosivo, em seus mais variados locais disponíveis, conforme Motocicletas: Caminhões: Ônibus Buscas em ambiente • Linear – Utilizad pouso, áreas abertas em geral. mbiente I: Utilizada em ambientes abertos, em especial estradas, pistas de pouso, áreas abertas em geral. em ambientes abertos, em especial estradas, pistas de Buscas em ambiente II: • Espiral – Utilizad etc. Buscas em Ambiente III: • Quadrantes fechados. mbiente II: Utilizada em ambientes fechados e pequenos como quartos, salas Buscas em Ambiente III: Quadrantes – Considerado o método mais utilizado e eficaz em ambientes em ambientes fechados e pequenos como quartos, salas Considerado o método mais utilizado e eficaz em ambientes Buscas em ambiente IV: • Zig Zag – centro de convenções, cinemas Níveis de busca em Nesse caso são levad agente de segurança possa realizar a busca de forma eficaz, seguindo os seguintes pontos • Nível 01 – desde o solo até a altura da cintura; • Nível 02 – desde a altura da cintura até a altura dos olhos; • Nível 03 – partir da altura dos olhos, até o teto; • Nível 04 – A vistoria será feita em locais como forros e mbiente IV: Método bastante utilizado em ambientes fechados centro de convenções, cinemas, entre outros. usca em áreas edificadas levadas em consideração as características da edificação agente de segurança possa realizar a busca de forma eficaz, seguindo os seguintes pontos A vistoria será feita observando todos os objetos no ambiente desde o solo até a altura da cintura; A vistoria será feita observando todos os objetos no ambiente desde a altura da cintura até a altura dos olhos; A vistoria será feita observando todos os objetos no ambiente a partir da altura dos olhos, até o teto; A vistoria será feita em locais como forros e s Método bastante utilizado em ambientes fechados, como teatro, em consideração as características da edificação, para que o agente de segurança possa realizar a busca de forma eficaz, seguindo os seguintes pontos: A vistoria será feita observando todos os objetos no ambiente, A vistoria será feita observando todos os objetos no ambiente, A vistoria será feita observando todos os objetos no ambiente a sótãos; etos suspeitos ente ser uma bomba ou um explosivo. As localizações de bombas e es mais perigosos e os que mais colocam em risco a vida dos as operações desenvolvidas para a contenção des para as pessoas ou danos materiais de proporções iguais àquelas crise. Ao se localizar um objeto suspeito de ser bomba ou dimento de segurança é o seu tes de localização em: • Localização de bomba uma bomba, tanto explosiva, incendiária, tóxica ou em qualquer ou • Localização de explosivos de produtos explosivos convencionais, comerciais e militares, tais como dinamites, emulsões, e informação: Objetos desconhecidos e abandonados Localização É a capacidade do finir as características d izações de bombas e explosivos são os incide em risco a vida dos pois o des resultar em acidentes fata ções iguais àquelas previstas pelo causador to de ser bomba ou o primeiro proc Subdivisão dos incid Localização de bomba– Incidente em que é localizada e identificad uma bomba, tanto explosiva, incendiária, tóxica ou em qualquer outra situação de emprego. Localização de explosivos – Incidente em que é localizada e identificad de produtos explosivos convencionais, comerciais e militares, tais como dinamites, emulsões, a segui ados de segurança em analisar, detectar e de ser uma bomba ou um explosivo. As loc explosivos são os incidentes mais perigosos e os que mais coloca pois as operações desenvolvidas para a conte resultar em acidentes fatais para as pessoas ou danos materiais de pr previstas pelo causador da crise. Ao se localizar um objeto sus Aula 3 – Localização de objetos suspeitos 3.1. Definição g ge te de segurança em analisar, detectaÉ a capacidade do aa n r e definir as características de um objeto suspeito de ser uma bomba ou um explosivo. incid3.2. Subdivisão dos entes de localização em: e identificada a presença de tra situação de emprego. e identificada a presença de produtos explosivos convencionais, comerciais e militares, tais como dinamites, emulsões, a seguinte informação: Objetos desconhecidos e aband As localizações de bombas e ex- plosivos são os incidentes mais perigosose os que mais colocam em risco a vida dos técnicos an- bombas, pois as operações desenvolvidas para a contenção dessa crise podem resultar em acidentes fatais para as pessoas ou danos materiais de proporções iguais àquelas previstas pelo causador da crise. Ao se localizar um objeto suspeito de ser bomba ou explosivo, o primeiro procedimento de se- gurança é o seu isolamento. detonadores e outros acessórios de detonação. • Localização de falsas bombas – Incidente em que é localizado um objeto suspeito com características similares ao de um produto explosivo ou de uma bomba, mas que se verifique ser inofensivo. 3.3. Procedimentos básicos O objeto não deve ser mexido, tocado ou removido, seguindo uma regra operacional imperativa, usada entre os técnicos antibombas: “NÃO MEXER! NÃO TOCAR! NÃO REMOVER!”. Em seguida, deve-se fazer a caracterização do objeto localizado como objeto suspeito. Isso é essencial antes da evacuação, pois, durante uma busca preventiva ou durante uma busca de reação a uma ameaça, muitos objetos podem ser considerados como suspeitos e serem, após uma breve investigação, desconsiderados. 3.3.1. Caracterização • Descrição do objeto: aparência externa, odores, manchas, cor, presença de metais, invólucro, marcas e outros elementos de identificação; • Dimensões do objeto: volume e peso aproximado para explosivos; • Localização do objeto: área onde se encontra (sala, banheiro, rua, garagem, telhado) e ponto de localização dentro do ambiente (em cima do sofá, no chão, dentro do armário, embaixo da mesa). 3.3.2. Posicionamento do objeto São também necessárias informações sobre as circunstâncias da sua localização: • Autor da localização: Quem localizou o objeto, se já houve algum manuseio ou remoção do objeto (quem e quando foi feito). • Motivo da localização: Decorrente de uma busca preventiva, de uma busca de reação a uma ameaça de bomba ou de mera suspeição do objeto; • Motivo da suspeição: Por que o objeto está sendo considerado suspeito de ser uma bomba; • Origem do objeto: Como o objeto pode ter chegado ao local onde foi encontrado, quais os pontos e condições de acesso a esse local. • Condições do ambiente: Existência de produtos perigosos próximos (bombas de gasolina, depósitos de produtos químicos), áreas críticas ou estratégicas (caixa de força, caixa d’água, cofre forte, escritório ou seção de documentos sigilosos), possibilidade de danos elevados em caso de explosão, possibilidade de evacuação do local. 3.3.3. Condições de localização Havendo uma confirmação de suspeição, o procedimento seguinte será a evacuação do local. Torna-se fundamental nessa situação, a realização da evacuação, mesmo que isso possa causar prejuízos pela paralisação de alguma atividade. Nesse caso, a preservação das vidas humanas é fundamental, pois está caracterizada uma situação de risco de vida. 3.4. Exemplo de coleta de dados sobre um objeto suspeito localizado: Situação: Objeto suspeito localizado em um escritório de advocacia. Dia: 20fev2001 Hora da localização: 08h Hora no local: 09h Características físicas: - Altura: 10 cm / Largura: 20 cm / Comprimento: 30 cm - Peso aproximado 4.800 g (4,8 Kg) - Caixa de papelão, cor marrom, com a marcação “Para o Doutor João”. - Manchas de óleo nas laterais. Situação: - Localizado pela secretária ao abrir o escritório pela manhã. - Não estava no local no dia anterior, às 20h. - Tempo máximo que se encontra no local: 13h. - Não foi manuseado por ninguém. Posição: - O objeto está sobre a mesa da recepção, junto à parede. - A sala possui 7 m X 4 m (28 m2). No prédio há mais uma sala e um banheiro. - Não há produtos perigosos no local. Há documentos sigilosos no escritório. - De frente ao objeto há uma porta de vidro. Croqui: 4 m 7 m Todas as regras e procedimentos são eficientes desde que cumpridos. As regras e procedimentos estabelecidos nesse trabalho são resultado de intercâmbios de aprendizagem com profissionais muito experientes do Brasil e do exterior, na área de terrorismo e atentados à bomba. São comprovadamente eficientes, desde que seguidas à risca, com seriedade e dedicação. Objeto suspeito 1. A SEGURANÇA própria e alheia é nossa principal preocupação e não deve, em hipótese alguma, ser comprometida. 2. Não seja curioso, seja técnico. 3. Se você não sabe o que fazer ou está em dúvida, NÃO FAÇA. Analise e informe ao técnico em bombas. 4. Por mais experientes e capacitados tecnicamente que sejamos todos, possuímos limitações, quer sejam de conhecimentos ou meios materiais. 5. Lembre-se: O melhor parceiro do bom senso é o conhecimento. 6. Nunca realize nenhum procedimento com explosivo sem orientação de um técnico em bombas. 7. Todos os procedimentos preventivos deverão ser feitos respeitando as normas de segurança e eles terminam no momento da identificação do objeto suspeito, em que o local deverá ser devidamente isolado e de imediato ser acionada a unidade antibombas para fazer os procedimentos de remoção, neutralização, destruição ou desativação de acordo com a analise do técnico em bombas. Finalizando... Neste módulo, você estudou que: • O fator de maior preocupação em um incidente de bombas é a garantia de segurança para as vidas humanas; • A busca compreende o emprego de técnicas operacionais de varreduras dos locais sob suspeição, visando localizar objetos suspeitos. A busca é o procedimento mais eficiente para a detecção de bombas e pode ser empregada em diversas situações, como: reação imediata a uma ameaça; rotina de segurança e prevenção por ocasião de um evento especial. Referências bibliográficas: ________. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Curso de técnicas e tecnologias não letais (EAD). Brasília, DF: 2008. ________. Ministério da Justiça. Secretaria Nacional de Segurança Pública. Curso do uso progressivo da força (EAD). Brasília, DF: 2008. ________. Ministério do Trabalho. Programa de Proteção Respiratória. Brasília, DF: 1994. CONDOR. Tecnologias não letais. Disponível em: <http://www.condornaoletal.com.br/>. Acesso em: 11 de fevereiro de 2009. DISTRITO FEDERAL. Polícia Militar do Distrito Federal. Apostila de agentes químicos do IV Curso de Operações Químicas do Batalhão de Operações Especiais. Brasília, DF: 2006. ________. Polícia Militar do Distrito Federal. Manual de operações de choque (M-2-PM). Brasília, DF: 2005. ESTADO D 7º Curso de E GOIÁS. Polícia Militar do Estado de Goiás. Apostila de agentes químicos do Operações de Choque do Batalhão de Polícia Militar de Choque. Goiânia, GO: 2007. Curso de ________. Polícia Militar do Estado de Goiás. Apostila de máscara contra gases do 7º Operações de Choque do Batalhão de Polícia Militar de Choque. Goiânia, GO: 2007. POLÍCIA provisória MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO. IP-1-PM: Instrução policial militar para atendimento de ocorrências envolvendo artefatos explosivos. São Paulo, CSM/MInt, 1996. Página em branco
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