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– QUEIXAS DIGESTIVAS – 1. Como “destrinchar” um sintoma a. Início e duração i. De início abrupto ou gradual ii. Há quanto tempo vem tendo o sintoma b. Localização/irradiação c. Qualidade/características d. Intensidade e. Fatores desencadeantes e de alívio f. Relação com outros sintomas g. Relação com funções orgânicas i. Jejum, evacuação, atividade física, esforço h. Evolução 2. Queixas esofágicas a. Caso clínico i. Paciente de 55 anos, tabagista desde os 20 anos ii. Queixas de pirose há mais de 20 anos, que controlava com antiácidos, nunca procurou tratamento médico iii. Referia que a pirose tinha piora pós-prandial, principalmente com alguns alimentos como café, côco, milho, bebidas fermentadas, etc. Relatava ainda regurgitações, algumas vezes durante o sono quando acordava “engasgado”. Sentia com frequência uma sensação de “bolo na garganta”, que não atrapalhava a deglutição iv. No último ano passou a observar episódios de odinofagia para alimentos sólidos secos e nos últimos seis meses vem tendo dificuldade para deglutir sólidos (disfagia), só conseguindo se alimentar de alimentos líquido-pastosos b. Pirose i. Referido pelo paciente como azia, queimor ou queimação ii. Sintoma mais frequente do refluxo gastroesofágico iii. Queimor de localização retroesternal (apêndice xifoide) 1. Pode se irradiar para a região epigástrica, para ambos os lados do tórax ou para o manúbrio esternal (ascendente) iv. O globo faríngeo é o “entalo”/”bolo na garganta” que não atrapalha a deglutição 1. O suco gástrico atinge a parte superior do esôfago fazendo a irritação química do esôfago superior e faringe, dando o desconforto, como pode provocar o aumento da pressão do esfíncter superior do esôfago dando a sensação de “bolo na garganta” c. Regurgitação i. Retorno do conteúdo gástrico ou esofágico para a boca, sem náuseas ou esforço abdominal ii. Predomínio após a alimentação iii. Risco de broncoaspiração quando durante o sono iv. Há dois tipos de regurgitação 1. Ativa, dinâmica ou ortostática a. Surge durante ou imediatamente após as refeições i. Incoordenação motora do esôfago 2. Passiva, de decúbito ou clinostática a. Manifesta tardiamente com o paciente deitado v. A diferença de regurgitação para o vômito, é que no vomito faz-se o esforço das contrações abdominais, vem precedido por náuseas d. Odinofagia i. Dor ao deglutir 1. Pode estar associado a disfagia ii. O caráter da dor é variável, podendo ser urente, em punhalada, constritiva ou espasmódica iii. Sugere ulcerações esofágicas ou espasmo esofágico 1. Espasmo esofágico a. Episódica e de curta duração b. Contração anormal e assincrônica da musculatura esofágica e. Afagia i. Obstrução esofágica completa 1. Impactação do bolo alimentar ii. Emergência médica f. Disfagia i. Dificuldade de deglutição ii. Orofaríngea/bucofaríngea, alta ou de transferência 1. Alimento retido na boca 2. Engasgo frequentes 3. Regurgitação nasal 4. Associada a doenças neurológicas e miopatias iii. Esofágica, baixa ou de transporte 1. Ponto de parada do alimento é mal definido 2. Obstrução (por exemplo, câncer de esôfago) x dismotilidade (contratilidade do esôfago) 3. Sólidos x líquidos a. Obstrução i. Fixa ii. Toda vez que o paciente comer iii. Geralmente progressiva 1. Sólidos, pastosos e líquidos b. Dismotilidade i. É intermitente ii. Pode ser para sólidos e líquidos 4. Evolução a. A evolução da doença diz se é uma doença maligna (progressão mais rápida) ou benigna g. Hematêmese i. Vômito com sangue caracteriza hemorragia digestiva alta ii. Causa mais comum de sangramentos são varizes esofágicas 3. Queixas gástricas e duodenais a. Dor i. Percebida na linha mediana do epigástrio 1. Muito comum na úlcera péptica ii. Doenças inflamatórias e neoplásicas que afetam a fase serosa do estômago causam dor contínua e intensa no epigástrio b. Náuseas i. Sensação desagradável relacionada a necessidade iminente de vomitar ii. Localizada no epigástrio ou na garganta c. Vômitos i. Caracterizado pela expulsão forçada do conteúdo gástrico ou intestinal pela boca, associado a contração dos músculos abdominais e torácicos ii. Podem ser 1. Alimentar a. Estase gástrica, obstrução pilórica ou duodenal 2. Biliosos a. Paciente com muita náusea e o estômago está vazio b. Obstrução intestinal alta 3. Fecaloides a. Tem odor fétido b. Obstrução intestinal ou do cólon ou do intestino delgado com material intestinal acumulado (estase) – fermenta e caracteriza o dor fétido c. Íleo paralitico Dor abdominal • Caso clínico o Paciente de 40 anos, procura o ambulatório com queixas de dor epigástrica em queimor há dois anos. Nesse período alternava períodos de piora e de acalmia, que relacionada a stress emocional o Refere que a dor melhora logo após a refeição, mas volta a piorar após algumas horas. Ocasionalmente tem de despertar pela dor durante a madrugada o Nas últimas semanas a dor está mais intensa, irradiando para o dorso e o paciente vem tendo vômitos alimentares, eructações e empachamento • Características da dor abdominal o Localização ▪ Epigástrio • Esôfago, estomago e vias biliares ▪ Mesogástrio • Intestino médio (intestino delgado e colón ascendente) ▪ Hipogástrio • Intestino posterior (flexura esplênica adiante) o Irradiação ▪ Zonas de Head o Característica ▪ Em queimor • Doença péptica ▪ Cólicas • Distensão de alças ou espasmo de musculatura lisa • Exemplo cólica biliar ▪ Pontadas/latejando o Localizada x difusa o Atitude do paciente ▪ Inquieto x imóvel no leito o Posição antiálgica o Relação com a alimentação/evacuação/posição do corpo 4. Queixas do intestino delgado a. Caso clínico i. Paciente de 36 anos, refere alternância de ritmo intestinal há 10 anos. Na maioria do tempo tem diarreia, caracterizada por até 5 evacuações/dia, líquido-pastosas, em grande volume, com muitos gases, sem muco ou sangue visíveis, mas às vezes com restos alimentares ii. Os episódios diarreicos predominavam após as refeições, mas também tinha despertar noturno por diarreia e cólicas. Nos períodos de piora tinha distensão abdominal e perdia peso iii. Em algumas épocas apresentava constipação, passando até 4 dias sem evacuar iv. No último mês vem com piora do quadro, perda de peso acentuada, cólicas periumbilicais intensas e vômitos alimentares, que as vezes vêm escuros e com odor muito fétido (fecalóides) b. Diarreia i. Aumento do teor líquido das fezes 1. Frequentemente associado ao número de evacuações e do volume fecal (maior que 200 gramas em 24 horas) ii. Mecanismo da diarreia 1. Aumento da pressão osmótica do conteúdo intraluminal (diarreia osmótica) 2. Aumento da secreção de água e eletrólitos pela mucosa intestinal (diarreia secretora) 3. Aumento da permeabilidade da mucosa intestinal (diarreia exsudativa) 4. Alteração da motilidade do intestino delgado (diarreia motora) iii. Classificação quanto ao tempo 1. Aguda a. Menos de 14 dias i. Tendem a ter etiologia bacteriana, viral, alérgica ou por toxina 2. Crônica a. Se duram mais que um mês i. Tendem a ser não infecciosas 3. Subagudas a. Entre 15 e 30 dias iv. Diarreia alta v. Escala de Bristol Tipo Característica 1 Pedaços separados, duros com amendoim 2 Forma de salsicha, mas segmentada 3 Forma de salsicha, mas com fendas na superfície 4 Forma de salsicha ou cobra, lisa e mole 5 Pedaços moles, mas com contornos nítidos 6 Pedaços aerados, contornos esgarçados 7 Aquosa, sem peças sólidas c. Esteatorreia i. Aumento da quantidade de gordura excretada nas fezes 1. Mais de 7 g de gordura ou 9% do consumo, em 24 horas ii. Mecanismo 1. Má absorção exclusivado componente lipídico da alimentação ou de todos os micronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) a. Astenia, fadiga e perda de peso iii. Carência de vitaminas 1. As vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) dependem da digestão e absorção de gorduras 2. Esteatorreia de longa duração a. Hiperqueratose cutânea e cegueira noturna (vitamina A) b. Doença óssea (vitamina D) c. Distúrbios hemorrágicos (vitamina K) d. Dor abdominal i. Mecanismo da dor nas afecções do intestino delgado 1. Distensão da parede abdominal 2. Aumento da tensão da musculatura intestinal 3. Alterações vasculares a. Congestão e isquemia 4. Inflamação intestinal 5. Inflamação peritoneal ii. Localização 1. Origem exclusiva do intestino a. Localização imprecisa i. Indicada pelo paciente em um ponto próximo a região umbilical 2. Comprometimento do íleo distal a. Abaixo da cicatriz umbilical i. Entre o mesogástrio e o hipogástrio 3. Origem no íleo terminal a. Quadrante inferior direito iii. Irradiação 1. Depende do mecanismo etiopatogênico e da intensidade da estimulação dolorosa 5. Queixas do cólon, reto e ânus a. Dor i. Quanto a localização pode ser peritoneal (mais facilmente avaliada) ou abdominal (difusa, QSD, QSE, QID e QIE – mais dificilmente avaliada) ii. Tenesmo 1. Dor localizada no períneo ou reto com desejo imperioso de evacuar 2. Impressão de que a defecação será abundante, mas elimina apenas pequena quantidade de fezes ou de muco 3. Doenças que levam a inflamação do reto ou espasmo do reto b. Disenteria i. Além da diarreia, a disenteria é acompanhada de cólicas intensas e fezes mucosanguinolenta (sangue e pus nas fezes) ii. Ao final de cada evacuação ocorre tenesmo c. Diarreia i. A diarreia de origem no cólon é a diarreia baixa ii. Pode ser aguda ou crônica d. Obstipação intestinal i. Fezes retidas por mais de 48 horas (obstipação ou constipação intestinal) 1. Considera-se normal de três evacuações por dia a uma evacuação a cada 2 dias ii. Relatado pelo paciente como “prisão de ventre” ou “intestino preso” iii. Na avaliação deve-se levar em conta a consistência das fezes 1. Podem ser um pouco mais duras, ressecadas ou em cíbalos (fezes em pequenas bolas) iv. Causas 1. Mecânicas 2. Neurogênicas 3. Metabólico-hormonais 4. Psicogênicas 5. Medicamentosas 6. Relacionadas a alimentação inadequada 7. Inibição reiterada do reflexo da evacuação 8. Senilidade
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