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1 Brenda Neiva Bagano – FBDG • Conceito formal: Conjunto de normas de jurídicas que preveem o crime e sua respectiva função. • Conceito material: Condutas perigosas e violadoras ao bem jurídico. • Sociológico: Uma das formas de controle social e a de resposta gravosa. O Direito penal é um ramo do direito público, pois quem tem o poder de punir é o Estado. Atualmente, utilizamos mais a expressão “Direito Penal” do que “Direito Criminal”, mas isso não significa que essa expressão tenha sido deixada de lado. A maioria dos crimes é de ação pública, e alguns crimes do código penal são de ação privada, sendo que, quem processa o autor é o próprio ofendido e não o Estado. O individuo apresenta uma queixa crime contra o infrator. Ex: Eu falo que determinada pessoa é p### mesmo que esta não seja, e obviamente isso fere a honra da pessoa ofendida. Nesse viés, essa pessoa tem o direito de contratar um advogado e processar seu ofensor, já que isso é um crime contra a honra – calúnia, injúria e difamação. O que o Estado permite às vezes é que o ofendido faça um juízo de oportunidade – decida se quer processar ou não -. Mesmo nesse caso que nos temos uma ação privada, temos um processo que vai tramitar no poder judiciário, correr de acordo com as normas de processo judicial e no final o juiz/poder judiciário (que representa do Estado) aplica a sansão. Não é transferida essa possibilidade de transferência da pena para o ofendido. A divisão do direito penal abrange a própria divisão do código penal. O direito penal é dividido em três formas: Geral: não estuda o crime em si e as condutas delituosas, mas sim todas as circunstâncias que envolvem a existência teórica de um crime e aplicação da pena. Essa parte geral no código encontramos do art 1 ao 12. Especial: Trata dos tipos penais e crimes em espécie como homicídio, estelionatário e estupro. A parte especial do nosso crime vai do art 121 até o 366. Legislação penal especial ou extravagante: Está fora do Código Penal, pertence a outros códigos, como o Ambiental, por exemplo, porém há sanções administrativas para crimes ambientais. Leis que tratam de outros temas podem prever procedimentos específicos, relacionam-se com o código penal, mas não estão inseridas nele.. É o direito positivo, normas jurídicas que tratam do direito penal. LIMITA O PROPRIO DIREITO PENAL SUBJETIVO PORQUE SE O DIREITO PENAL OBJETIVO É A NORMA POSITIVADA/O QUE ESTÁ PREVISTO, O ESTADO SÓ PODE PUNIR DE ACORDO COM O QUE ESTÁ PREVISTO. Crime de dano: afeta diretamente o ofendido, por isso não é considerado um crime de ação penal privada e o individuo pode decidir se quer ou não processar o infrator. Ex:. Alguém quebrar o celular de outra pessoa. Se eu for condenada a sanção é imposta pelo estado, pois o direito de punir continua sendo dele. 2 Brenda Neiva Bagano – FBDG Exercício do direito de punir por parte de punir por parte do Estado exercendo sua função de controle social. Classificação não usada, pois não se tem mais essa divisão porque embora a maioria dos livros ainda mencione. O direito substantivo é o material que trata do crime, enquanto o adjetivo é a formalização do processo penal. Difere-se do direito penal comum porque são aplicados por órgãos da justiça especializada. Ex:. Alguém comete um crime militar, a conduta é processada por intermédio de a justiça militar que é especializada. O geral é aplicado em todo território nacional e é a regra. A constituição permite que uma lei complementar autorize o estado a legislar em matéria penal, o estado vai criar a lei apenas de interesse local com a aplicabilidade apenas nesse lugar. O local é uma lei complementar que autoriza o estado a legislar quanto ao interesse local. Interveem em valores e bens que são essenciais para a vida em sociedade, e é a principal função do direito penal de acordo com Claus Roxin. Em contrapartida, Gunther Jakobs discorda de ROXIM e dirá que o direito penal não tem a função de proteger o bem jurídico porque a partir do momento que o direito penal é chamado a atuar, quer dizer que o bem penal já foi violado/atingido. Se minha casa foi assaltada, o direito penal vai incidir depois que meu patrimônio foi violado. Para ele a função do direito penal é a confirmação da validade da norma, e que se você cometeu o crime à norma incide na sua conduta. Serve para mostrar que as normas impostas são válidas e que se você infringir a norma terá a aplicação do direito penal. •Função de controle social- direito penal seria uma forma de controle social, mas não é a solução pra tudo e não é a principal função. •Função de garantia- garantia para a sociedade, pois temos a garantia que só podemos ser punido por aquilo que é considerado crime, limite de poder do estado. •Função motivadora- motivadora de não cometimento de crimes, pois sabemos que levará a sanções. DIREITO PENAL – VISA A PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO. O direito penal é autônomo. Isso não significa dizer que ele não se relaciona com outros ramos do direito, pois temos pontos de interseção entre direito penal e outros ordenamentos: direito penal com o constitucional, penal e administrativo, penal e com o direito do trabalho. O critério utilizado é político, de escolha de acordo com o momento histórico, mas a base dessa escolha vem dos interesses da constituição federal. Saberes ligados a área do direito penal que buscam mostrar sua autonomia. Dogmática jurídico-penal – estuda a aplicação e a interpretação da norma. Em contraposto a criminologia é uma ciência empírica que estuda o criminoso, a vítima e o próprio crime. A política criminal vai à linha de procurar mecanismo que auxiliarão no controle social. Esta por sua vez, analisa o crime para diminuir sua ocorrência. 3 Brenda Neiva Bagano – FBDG Determinismo biológico – o indivíduo nasce predisposto à vida do crime. É o ato de criação material que prevê um crime a sua respectiva sansão. O ato de criar uma lei formal que tipifica e criminaliza determinada conduta, é o que torna determinada conduta delituosa, a formalização material de uma lei que prevê um crime e sua sanção. Acontece quando o direito penal incide em pessoa concreta. Criar a lei geral, para todos. Acontece quando o Direito Penal vai à cima de quem transgrediu a norma. O jurista Zaffaroni defende que esta é seletiva e atinge os vulneráveis, já que por mais que tenhamos uma norma, sua aplicação não seria igualitária. Leem-se como pessoas vulneráveis, aquelas que se encontram as margens da sociedade. A lei penal mostra-se divergente dentro de uma mesma sociedade. Ocorre na execução da pena, quando o sujeito já foi condenado e está cumprindo a pena. FENOMENO QUE BUSCA TRAZER COMO PARTE IMPORTANTE NA RESOLUÇÃO DE UM CONFLITO. Não é mais adequado esse termo porque o direito de punir continua sendo do estado. Por isso muitos estudiosos criticam esse conceito. O respeito penal nesse contexto trás de volta a vítima como um sujeito importante, pois, por muito tempo a vítima foi protagonista dentro de um processo penal. Em tempos primórdios tinha o “olho por olho, dente por dente” e a vítima era a protagonista do crime. Depois que o Estado tomou pra si o direito de punir, colocamos a vítima e seus anseios em segundo plano. A lei penal é irretroativa. Legalidade: Pelo princípio da legalidade, temos a menção de que somente a lei pode prever o crime e julgar uma pessoa como culpada se aquela lei estiver prevista na lei como crime. nellum crimen nulla poena sine lege = não há crime nem pena sem lei Previsão legal: Inciso 39 Art. 5 da Constituição/ Art. 1 do Código Penal É necessáriaque a lei que preverá o crime só seja aplicada em fatos que sejam posteriores da sua publicação. Não basta que a lei preveja o crime, a lei precisa ser anterior ao crime. Sua vigência só pode ser para frente, só é crime se ocorrer depois da existência da lei. Lei não retroage, de maneira geral. Porém, há a retroatividade benéfica ao réu (de forma que se for reduzir a pena ou algo do gênero, é permitido retroagir, se a pena for piorar, não). Previsão legal: Art. 5. Por este princípio, o direito penal deve intervir somente quando for extremamente necessário. É a “ultima ratio”, a última instância, a última razão, por possuir as intervenções mais graves que protegem os bens jurídicos mais importantes. O direito penal não vai intervir em quem dever aluguel, por exemplo, o direito Civil já cuida dessa parte. O direito Penal é a ultima recorrência. Nem todo bem jurídico merece a proteção penal. Assim como, nem toda conduta lesiva a bens jurídicos importam ao direito Penal. 4 Brenda Neiva Bagano – FBDG Quando os outros ramos do Direito falharem, ou não seja suficiente na prática, o direito Penal é subsidiário. Sua aplicação é apenas válida quando as outras áreas do direito não conseguirem resolver. É subsidiário por não ser a principal forma de controle. Aplicabilidade permitida apenas em última instância. Por este princípio, não pode haver penas que violem a dignidade da pessoa humana. A punição é a privação da liberdade, não há um combo com maus tratos à dignidade humana. Previsão Legal: Art. 5, XLVII; Não são permitidas punições cruéis. A pena de morte é proibida, salvo em caso de guerra. Somente quem cometeu o crime pode ser responsabilizado. Pais, mães, filhos, não podem cumprir a pena por outra pessoa. No entanto, a obrigação de reparar o dano do crime pode ser repassada aos seus herdeiros na medida da sua herança. Ex.: o sujeito foi condenado a três anos de prisão e pagar uma indenização de 500 mil. Se o sujeito morrer, a prisão não vai pra ninguém, porém será abatido o valor de 500 mil do seu patrimônio a ser repassado para seus herdeiros. Previsão legal: Art. 5, CF. XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Previsão legal: Art. 5, XLVI CF; É preciso aplicar uma sanção penal de forma individual quanto às condutas. Não podem ser feitas generalizações, pode-se dizer que existem graus nos atos cometidos. Ex; A lei de drogas proibia concessão de liberdade provisória, da mesma forma que a lei crimes hediondos. Essas leis, generalizam, equiparam, afirmam que todos aqueles que cometeram crimes hediondos/ou no âmbito de tráfico merecem a mesma resposta do Estado. Cada caso é um caso. O maior traficante do país, não deve obter a mesma punição que o cara que liga para o traficante quando a polícia chega ao bairro. Essas leis generalizatórias são consideradas inconstitucionais. Proibição da dupla punição pelo mesmo fato. Previsão legal: Art. 62 do CP – circunstância agravante o crime ser praticado por motivo fútil. Art. 121. Homicídio; o motivo fútil constitui uma qualificadora. Homicídio Simples: Pena de 6 a 20 anos Homicídio Qualificado: 12 a 30 anos O homicídio já possui uma pena base. Sendo por motivo fútil, aumenta-se a pena. Porém, se o crime for qualificado pelo motivo fútil, pode aumentar a pena novamente? Não, o crime não pode ser fúteis duas vezes. No entanto, existem outras especificidades que possam agravar. Não é permitido valorar a mesma coisa mais de uma vez É necessária noção proporcional criminal: quanto mais grave o crime, mais grave será a pena. Quando o legislador prevê um crime, ele avalia a gravidade, e propõe uma pena proporcional para aquele delito. Exemplo: em todo homicídio é igual, pesa-se o requinte 5 Brenda Neiva Bagano – FBDG de crueldade, os níveis de violência, etc.. Esse princípio serve como orientação ao legislador e ao julgador, tanto para prever a pena, quanto para a sua aplicabilidade. Esse princípio informa que apesar de um crime ser previsto, em situação concreta pode não ser considerado delituoso por conta da adequação social. A adequação social no Brasil, não é capaz de revogar uma lei. Esse princípio serve como parâmetro para condutas que não eram criminalizadas, passarem a ser. Assim como para dar um norte de quais princípios sociais precisam ser revogados. Serve para mostrar as condutas que se adéquam a sociedade atual. SÓ PODEMOS PUNIR AÇÕES LESIVAS AOS BENS JURÍDICOS MAIS IMPORTANTES. O legislador tem limite material ao poder de punir do Estado, esse limite é justamente sobre O QUE punir, ele não pode punir o que quer. Posso punir que não usa capacete ao andar de moto? Esse princípio só pode punir aquilo que traz um perigo ao bem jurídico relevante. É uma decorrência do principio da lesividade. Para que determinada conduta seja punida, é preciso que o sujeito externalize o fato. Se ele apenas pensa, cogita, não faz o pensamento não pode ser punido. – Para que o direito penal possa incidir é preciso que o sujeito externe o que se passa na sua cabeça – ele tem que fazer, e não somente pensa. O direito penal não se preocupa com aquilo que você pensa ou cogita. – O direito penal só se preocupa com ações que lesionam o bem jurídico de terceiros e não ao seu próprio bem jurídico. Exatamente por isso, o direito penal não se preocupa com a tentativa de suicídio, pois essa minha tentativa é indiferente. Exatamente por isso o direito penal não pode punir condutas como – não usar cinto de segurança, e nem capacete, pois isso atinge a minha esfera. É com base no principio da alteridade que temos a defesa da descriminalização DO USO de substancias entorpecente, pois isso afetaria o meu próprio bem jurídico – fumar maconha atinge a minha esfera. Preocupa-se com aquilo que você faz efetivamente e não com quem você é. Difere-se do principio da materialidade, pois não se preocupa se você é uma pessoa boa, ruim, justa. Ex: o direito penal não se preocupa você tem uma péssima conduta social e não é querida. Conquanto, o nosso direito penal é do fato e leva em consideração o autor – o que se pune é o que você fez, mas no momento da punição é levado em consideração o que você é. Se você tem um histórico nefasto, a pena será maior. Exclusiva proteção de bens jurídicos: O direito penal serve apenas para a proteção de bens jurídicos MAIS IMPORTANTES. Direito penal protege bem jurídicos, e não se preocupa com todo comportamento imoral. Um dos princípios mais alegados na prática. Significa dizer que o direito penal não se preocupa com lesões/condutas insignificantes. Os requisitos para entendermos qual conduta é insignificante são Mínima ofensividade da conduta – a conduta ser minimamente ofensiva 6 Brenda Neiva Bagano – FBDG Ausência de periculosidade social da ação – não pode ser socialmente falando perigosa Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento – é pouco reprovável, pois ofendeu minimamente o bem jurídico. Inexpressividade da lesão jurídica: Quanto mais ofensiva mais inexpressiva. Tipicidade formal: Adequação perfeita da conduta que foi praticada a uma norma penal. Existe uma norma que prevê aquela conduta como delituosa Tipicidade material: Significa dizer que vou analisar o grau de lesão ao bem jurídico tutelado/protegido. Se faltares qualquer uma das duas, não há TIPICIDADE e a conduta será atípica. Para que a mesma exista tem que estar presente a tipicidade formal e a tipicidade material. É nessa linha que entrao principio da insignificância – tenho tipicidade formal e não material, portanto, eu não tenho tipicidade. Toda e qualquer situação de qualquer valor não cabe à aplicação do princípio da insignificância. Ex: por mais que eu tenha um roubo de 20 reais, eu não tenho a possibilidade de aplicar a insignificância, pois o bem tutelado não é apenas o patrimônio do individuo bem como sua saúde psíquica. Também não cabe o princípio da insignificância crimes contra a administração pública, porque o bem jurídico protegido não é só o patrimônio, mas a moral, que não tem como ser quantificada. Além disso, os crimes praticados contra a violência domestica “Lei Maria da Penha” também não cabe à aplicação do principio da insignificância. Crime relacionado ao uso de substancias entorpecente também não cabe a aplicação do princípio da insignificância – quanto maior a quantidade mais chance de ser enquadrado como tráfico. Ademais, crime ambiental também não se aplica a insignificância. Em alguns momentos a lesão ao patrimônio não pode ser considerado insignificante. Ex: se alguém roubar 50 mil de Neymar provavelmente não irá fazer tanta falta assim, mas mesmo assim esse valor não pode ser considerado insignificante. A capacidade financeira da vítima é levada em consideração, no entanto, não pode ser o único critério. O principio da insignificância pode ser aplicado em vários âmbitos. O delegado pode não atuar um flagrante com base no principio da insignificância Falar de teorias legitimadoras é falar de teorias que legitimam, que concordam que o direito penal é uma forma de controle social. Que esse direito serve sim, e deve sim, existir. São teorias que concordam que o direito penal é uma instancia de controle social. Kant e Hegel são adeptos a teoria absoluta e pensam que a finalidade da pena é retributiva, no entanto um utiliza o fundamento moral, o outro, jurídico. Kant - defende que a pena representa uma retribuição moral pelo Estado. Se eu pratico uma conduta que é moralmente inadequada há a necessidade da imposição da pena como uma retribuição moral pela prática da conduta delituosa. Kant irá falar que se a sociedade for desfeita, o último assassino precisará ser morto, porque essa retribuição tem caráter moral e ético. Kant irá ratificar os postulados da lei do Talião “olho por olho, dente por dente”. A ideia de Hegel também é retribucionista, só que seu fundamento é diferente do de Kant – retribucionismo moral. Para Hegel o retribucionismo é jurídico, e quando você comete um crime, está negando o direito. A norma é manifestação da vontade racional, e o crime 7 Brenda Neiva Bagano – FBDG manifestação da vontade irracional. Para Hegel, a imposição de uma pena é à negação da negação – ele considera que a partir do momento que você pratica um crime você esta negando o direito e violando o direito, se o estado aplica uma lei, o estado nega a você a possibilidade de você negar o direito a partir da imposição da pena -. Teorias absolutas – Pensam na aplicação de uma pena como forma de retribuição do mal causado. Baseada na ideia de prevenção de novos crimes. Um desdobramento dessa teoria é a ideia de prevenção geral – direcionada a sociedade como um todo, quando o Estado aplica uma pena a gente parte da premissa que o Estado com aquela pena quer prevenir a ocorrência de novos crimes. Essa prevenção geral pode ser 1- Negativa: parte da premissa de coação psicológica, ou seja, medo, ponderação. Quando eu vejo uma pessoa recebendo uma pena, acaba coagindo outros sujeitos a não coagir a norma. 2- Positiva: também direcionada a toda sociedade e visa mostrar que a norma existe e que ela é válida. Tenta mostrar que existem sanções que são previstas, e se você praticar o crime a norma vai ser aplicada. A teoria relativa mostra-se falha no Brasil, uma vez que não há o temor da aplicação da norma, além da sensação de impunidade. Direcionada ao individuo que já cometeu o crime e tem o víeis negativo e positivo. 1- Negativo: passa uma ideia de neutralização e prevenção de novos crimes. 2- Positiva: ideia de ressocialização para que o indivíduo não cometa crimes nem quando estiver neutralizado, nem depois que não esteja mais neutralizado. Nós temos também, as teorias mistas e chamadas de unitárias ou ecléticas. Estas unem as teorias anteriores e enxergam no direito penal uma dupla finalidade – retribuir o mal causado e prevenir novos maus O nosso código penal adota a teoria mista. Roxin afasta por completo a possibilidade de a pena ter caráter representativo e sim preventivo. Roxin une as teorias relativas que defendem a prevenção com base em momentos distintos. Para roxin a prevenção deve ser tanto geral como especial. Ele vai analisar a teoria preventiva com base na prevenção – fase do legislador quando ele prevê condutas delituosas, ou seja, isso é uma prevenção geral, da mesma forma quando um indivíduo pratica um crime e sofre as consequências desse crime o estado esta mostrando que a norma é válida, e isso é uma prevenção geral. Porém, a prevenção especial é no momento que o individuo cumpre a pena. Além disso, temos a aplicação - e execução da pena. Raul foi um defensor das teorias preventivas, e com os seus estudos sobre a teoria da pena acabou criando essa teoria a qual não acredita que a pena tenha fins declarados, e que tenha capacidade de ressocialização e prevenção de novos delitos, por ser um exercício de punição por parte do estado. Tenta demonstrar que a pena é um exercício de poder político, e que não temos uma explicação racional para a pena. Ele, que antes era um defensor das teorias preventivas, passa a chamar a sua teoria de agnóstica justamente por não acreditar nos fins que são declarados da pena. Ele dirá que existem fins declarados da pena, mas que estes 8 Brenda Neiva Bagano – FBDG não são os fins reais, pois, a pena seria aplicada como forma de manutenção do poder de punir do Estado. O movimento de tolerância zero foi um movimento que nasceu na década de 80 nos EUA, mais precisamente em Nova York e consistia na tolerância zero às práticas de infrações penais, ou seja, não importava se a infração era grave ou não, era necessária uma resposta estatal a altura. A partir do momento que eu não tolero a prática de delitos, eu teria consequentemente uma redução na prática de crimes. Esse movimento foi baseado em um experimento denominado “Teoria das Janelas quebradas”: foram colocados dois carros em locais distintos para ver as consequências do abandono desses carros nesses locais. Colocou-se um carro num barro nobre, e o outro foi colocado num bairro de pessoas com poder aquisitivo reduzido. Concluiu-se que o carro do bairro que estava no bairro inferior, foi totalmente destruído, enquanto o carro que estava no bairro nobre permaneceu intacto. As conclusões foram: 1- A pobreza e dificuldade econômica é uma das causas da criminalidade. Na segunda fase do experimento, pegaram esse carro que estava intacto e quebraram a janela desse carro, e deixaram lá. A partir do momento que essa janela foi quebrada o carro passou a ser destruído. 2- Se você quebra uma janela e não conserta, a tendência é que outras janelas sejam destruídas. O movimento de tolerância zero pegou esse experimento da teoria das janelas quebradas e trouxe para o direito penal, ou seja, se você tolera que pequenos delitos aconteçam, a tendência é que mais delitos comecem a acontecer. A partir do momento que você institui um movimento de tolerância zero à prática delituosa, a tendência é a diminuição do delito. A partir do momento que uma janela quebra e eu conserto de imediato, a tendência é que outras janelas não sejamquebradas. É isso que o movimento faz: passa a promover uma punição em massa de várias condutas que resultariam em infrações mínimas, e temos segundo esse movimento, uma consequente redução da criminalidade. Nessa época que foi instituído o movimento de tolerância zero, se constatou uma redução da criminalidade, e há quem atribua essa redução à adoção da adoção desse movimento. Nessa época tivemos um encarceramento em massa nos EUA. Os EUA, no momento em que a criminalidade estava lá em cima, vinha passando por uma grave crise econômica, e quando o movimento de tolerância zero foi instituído, tivemos consequentemente um crescimento da economia como um todo. Não necessariamente foi o movimento que fez com que a redução da criminalidade acontecesse. A própria teoria das janelas quebradas dirá que a pobreza é um dos fatores de cometimento de crime. A partir do momento que nós temos uma melhora da economia, e uma distribuição mais igualitária, há uma tendência de redução da criminalidade. O fato dos EUA ter conseguido reduzir a criminalidade, se deve a própria melhora econômica naquela época. Se pensarmos no movimento de tolerância zero, princípios como o da insignificância jamais seriam aplicados, pois uma vez que aplicado, não estaríamos aplicando o movimento de tolerância zero. Não podemos falar que no Brasil há o movimento de tolerância zero, pois temos a aplicação de alguns institutos despenalizadores, transação penal, e aplicação do principio da insignificância. Contudo, ao mesmo tempo temos a sensação de que o direito penal resolve tudo e que trás algum tipo de beneficio em 9 Brenda Neiva Bagano – FBDG relação à redução da criminalidade. Portanto, seria necessário que tenhamos um direito penal com base no modelo democrático, para conter esse exercício do poder de punir. Não teríamos na aplicação de uma pena, uma explicação racional, a pena assim como a guerra teria apenas uma explicação política e seria um exercício desse poder político. Precisamos do direito penal, porque ele legitima a imposição dessa pena – o estado precisa de uma limitação e o direito penal faz isso. É uma teoria defendida por Jakobs e ele faz uma separação do direito penal como se fossem dois direitos: o direito penal daquele que não é inimigo, e o direito penal daquele que é considerado inimigo, sendo que a aplicação da pena em cada caso é diferente, podendo ter inclusive, a aplicação de penas desproporcionais – direito penal seria próprio para aquele que fosse considerado inimigo, ou seja, estivesse a margem. Essa caracterização de determinada pessoa como inimigo ou não, vai muito pela prática de determinadas ações penais, ex: os terroristas seriam considerados inimigos, por serem pessoas que estão a margem e não merecem o direito penal que nós temos e as suas respectivas garantias (direito para o cidadão bom). Aquele que está a margem da sociedade e que pratica ações graves, não merece esse direito penal. Percebemos que essa teoria legitima muito o direito penal, e de uma forma, que o direito penal poderia ser aplicado de maneira diferente. As críticas que as teorias deslegitimadoras fazem, são totalmente pertinentes. O abolicionismo penal tem várias vertentes, e todas elas de uma forma ou de outra trazem críticas que são extremamente importantes e reais em relação ao direito penal. Quando falamos em teorias deslegitimadoras estamos falando de teorias que discordam do direito penal como uma forma de controle social, ou seja, deslegitimam o sistema penal como um todo e consideram que o direito penal não é uma forma legítima de controle penal. De Louk Hulsman – Ele começa a questionar a pena de prisão quando ele é preso pela polícia holandesa quando participou do movimento de resistência à invasão nazista. Durante a sua prisão, ele passou a questionar os efeitos da pena de prisão e a sua função. Ele defende a abolição irrestrita do direito penal, ou seja, a abolição do sistema penal como um todo. Desse modo, não teríamos promotor, advogado criminal, vara criminal. Ele considera que os conflitos devem ser resolvidos pela própria sociedade, ou seja, não é o Estado que deve resolvê- los. É como se o Estado tivesse se apropriado de um problema que não é dele, portanto, não seria a parte legítima para solucionar esse conflito. As três razões principais para abolição do sistema penal são. 1- O sistema penal causa sofrimentos desnecessários que são distribuídos de forma injusta, sob o ponto de vista social: o direito penal não incide igualmente para todos e o direito penal seleciona as classes mais vulneráveis. 2- O sistema penal não oferece nenhum efeito positivo em relação às pessoas que estão envolvidas no conflito: Hulsman faz uma critica ao direito penal alegando que este só preocupa-se com o infrator, e não leva em consideração os anseios da vítima. 3- É muito difícil manter o sistema penal sobre controle, o que provoca abusos e excessos na persecução penal: A partir do momento que eu não consigo controlar, eu cometo excesso. Se eu tenho uma dificuldade de manter o sistema carcerário sob 4- 10 Brenda Neiva Bagano – FBDG controle eu vou cometer excessos. Esse autor irá defender duas formas de abolicionismo Abolicionismo institucional: abolicionismo da justiça criminal como um todo. Abolicionismo acadêmico: prega a mudança de linguagem, por exemplo: o que chamamos de crime hoje não seria mais crime, e sim situação problema/conflito. A linguagem deveria ser modificada, pois temos denominações que trazem no seu conceito um caráter altamente estigmatizado. Ele tem uma formação marxista, então ele considera que o direito penal existe como forma de manutenção do poder da classe dominante, então, temos o Estado dominando essa classe. Para ele, teríamos que ter na resolução do conflito, uma compensação para a vítima que poderia ocorrer de diversas formas: compensação de natureza econômica, na forma de um sistema seguro simplificado - se acontecesse algum conflito teríamos um seguro em nome dessa pessoa -, com apoio simbólico nas situações em que ocorram lutam ao pesar – apoio simbólico a família em luto, criação de abrigos destinados a pessoas que necessitem de um apoio especial para a sua proteção – pessoas que de alguma forma estão mais vulneráveis, centro de apoio a mulheres espancadas, e direta solução dos conflitos quando possível – entre as partes -. Ele discute a existência de uma indústria de controle da criminalidade. O que ele vai defender é que existem pessoas e pessoas que estão interessadas no aumento da criminalidade e que lucram com a criminalidade, por isso não tem interesse com o não encarceramento. Por isso ele fala indústria de controle. Há um expansionismo desse punitivismo como forma de alcançar o lucro: na grande maioria dos Estados o sistema prisional é privatizado, ou seja, se eu mantenho um presídio eu quero que tenha muitas pessoas lá dentro. Nessa indústria de controle da criminalidade temos empresas que fornecem marmita, alimentação, segurança. Temos também empresas que circundam essa discussão sobre o sistema penal e ainda que não estejam envolvidas diretamente com o sistema carcerário, ganham dinheiro com a criminalidade alta. Assim como Hulsman, ele acredita que o Estado se apropriou de um conflito que não lhe pertencia, ou seja, que pertence a vítima e que a solução desse conflito poderia se dar de duas formas: 1- Conferindo poder a determinada pessoa: alguém que não tenha relação com o conflito, um terceiro indivíduo. 2- Não conferindo poder a quem quer que seja: as partes se resolvendo diretamente, até porque para Nils, alguns conflitos não precisavam ser solucionados, pois poderíamosconviver com eles. Desde os primórdios da humanidade tínhamos conflitos e forma de resolvê-los. O conflito é inerente à vida em sociedade. Além disso, não há um tempo específico para a resolução de conflitos, pois grande parte destas ocorreu simultaneamente. Quando existia uma infração penal, não se entendia que esta era praticada para com fulano, e sim para contra a divindade, deuses. Falamos de infração totêmica justamente por isso – o totem eram fenômenos naturais que existiam, como inundações e secas e que eram encarados como forma de retaliação dos deuses para determinada conduta praticada. O poder de punir nas sociedades primitivas era baseado na vingança para com o sujeito que cometeu a infração penal/conduta que de alguma forma afetava os deuses – aplicada de forma geral pelos sacerdotes e não pelo estado, sem qualquer noção de proporcionalidade, portanto, essa vingança de tornava muito cruel: decepar a cabeça, mutilar nariz, 11 Brenda Neiva Bagano – FBDG dentre outros. Nessa época não havia encarceramento enquanto pena, pois ocorria enquanto uma pessoa aguardava a sua sanção. (indivíduo cometia algo que desagradava os deuses, e enquanto este aguardava sua pena, ele ficava encarcerado). Encarceramento = medida de tortura ou cautelar até que a sanção fosse aplicada. Desagravo aos deuses = deuses perdoariam os desagrados feito por indivíduos e não mandaria mais os desastres naturais. Vingança Divina: Civilizações marcadas pela vingança divina foram: Egito, Israel, China, índia e Pérsia. Vingança privada: Apesar de ter um caráter de religiosidade muito forte, havia prevalência de clãs, e quando uma pessoa praticava algo para com um indivíduo de determinada tribo ou clã, a conduta não era atingia o indivíduo em si, mas o clã inteiro. Dessa forma, as condutas que não eram aceitas pela civilização eram consideradas crimes, quando um membro do clã praticava algo para alguém do próprio clã (vingança de cunho individual) havia a perda da paz, acarretando um esvaziamento de qualquer tipo proteção com você a partir daquele momento. Vingança de sangue – Conduta sendo praticada por um membro de uma tribo/clã para com outro membro de uma tribo/clã. Isso fazia surgir o direito para aquela tribo como um todo para se vingar da outra tribo, inclusive de pessoas que não tinham nenhuma ligação com a conduta que foi praticada. Vingança Pública – Continua tendo forte influencia religiosa, porém, o poder de punir centrado nas mãos de um poder político central, ou seja, saímos da figura do sacerdote e entramos numa demonstração do surgimento de um estado – embora não seja nos moldes que temos hoje -. O surgimento do direito penal passa ser no Japão e na coreia do sul, e temos as cinco penas chinesas: se você matou você vai morrer e não importa como você matou. As mortes ainda eram extremamente dolorosas e automutiladoras. Outra forma de sanção: esquartejamento, tortura, abraçar coluna de ferro incandescente. Código de Manu (índia) – Não era um código que estabelecia condutas que eram apenas impraticáveis, descrevia condutas consideradas boas e reprováveis, e diferenciava as condutas com base na divisão da sociedade em castas. O código de Manu já diferenciava furto e roubo, dolo e culpa. Passamos a ter um direito penal propriamente dito. Código de Hamurabi Trouxe previsões extremamente evoluídas, tratava tanto de direito civil como de direito penal, composto por 282 artigos, e trouxe a aplicação da lei de talião: olho por olho, dente por dente – noção de proporcionalidade, a pena cruel passa a ser aplicada apenas para delitos graves. Por mais que saibamos que o olho por olho dente por dente não é correto, pra época que foi criado, era positivo porque trouxe a noção de proporcionalidade que até então não existia. Entretanto, o principio de pessoalidade ainda não era respeitado, pois, muitas vezes a pena acabava atingindo mais de uma pessoa e não apenas o infrator. Direito penal na Grécia Início do processo de tornar o Estado Laico, sem religião determinada – para que tenhamos liberdade de crença. Nessa época, houve na Grécia legislações distintas. 1- Draconiana: cuja legislação trazia uma concepção de tratamento desigual a determinadas classes, gerando revoltas e promovendo a criação de outra lei – leis de Sólon. 12 Brenda Neiva Bagano – FBDG Lei de Sólon: que pretendia diminuir a igualdade perante a lei e a extinção da escravidão por dívidas que antes era possível. Distinguia o crime público – o que afetava o estado de forma direita como o homicídio, do crime privado. Obs: os juízes resolviam os crimes públicos, e os indivíduos os crimes privados. Havia também uma limitação o poder sacerdotal, e o estado passam a tomar as rédeas de controle desse direito penal. Inicialmente pautado em concepções religiosas, tinha a figura do pater família – o que tinha poder de decisão e esta não poderia ser modificado pelo estado. Nesse contexto há também a criação das leis das XII tábuas – veio para tentar reduzir a aplicação diferenciada do sentido de direito, a desigualdade era muito grande e a classe desfavorecida começou a se rebelar e tentar criar uma legislação que trouxesse um tratamento mais igualitário. Nessa fase, para que a classe dominante não perdesse o domínio eles se juntaram para criar as leis das XII tábuas. Houve também a consagração entre ilícito público: crime que afetava a sociedade como um todo, privado: afetava vítimas direcionadas, e extraordinário: relacionado a figura do imperador. Ainda falando de Roma, tivemos o desenvolvimento dos institutos da culpabilidade e imputabilidade – quem pode ser responsabilizado e quem não pode ser. Da mesma forma, temos a criação do excludente de ilicitude. Em Roma, teremos um domínio maior do que seria um crime doloso e culposo. Desumanização da pena – Penas de caráter cruel, tortura para obtenção de prova. Direito Germânico: Direito consuetudinário. As infrações poderiam ter caráter público – aplicação da perda da paz, e caráter privado – o infrator era entregue a família da vítima para eles decidir o que iriam fazer. Canônico: Marcado pela religião e pela influencia da igreja católica. Tínhamos a lei eterna – lei divina, a lei natural – vontade de Deus na mente humana, e a lei humana – feita pelos homens. A lei eterna prevalecia nesse contexto. Tínhamos também uma distinção entre: 1- Delitos eclesiásticos: Relação com heresias, e condutas praticadas contra os dogmas da igreja. 2- Delitos seculares: Sem relação com os dogmas, eram os delitos comuns como furto e homicídio. Crimes mistos: envolviam infração comum e dos dogmas da igreja Sistema de Inquisição: O nosso processo penal vige o sistema acusatório – existe uma separação entre julgar e acusar, pois preciso ser imparcial. Esse sistema de inquisição deu surgimento ao sistema inquisitivo que não tinha qualquer relação de proporcionalidade. Tinha características autoritárias como coincidência dos papeis de acusação de julgamento, por imperar um poder inquisitivo, não tínhamos também o amplo direito a defesa, a tortura era legitimada como um meio de obtenção de prova. Cultura indígena: São poucas as informações sobre como eram as punições, isso porque o Brasil antes da chegada dos portugueses não tinha o costume de registrar seus 13 Brenda Neiva Bagano – FBDG acontecimentos e, além disso, os costumes dos indígenas eram bem diferentes dos costumes dos portugueses da época. Sendo assim, ate onde sabemos, os indígenas vigoravam um sistema de vingança, muito influenciada pelo misticismo, com utilização do suplico corporal (grave punição corporal ordenada por sentença,tortura, pena de morte). Período colonial: No dia 22 de abril de 1500 os portugueses chegaram ao Brasil dando início ao período colonial e como o Brasil não era uma nação independente durante muitos séculos prevaleceu as ordenações de Portugal (foi utilizada a legislação de Portugal). Após a chegada dos portugueses ate 1521 vigoraram as ordenações afonsinas, que então em 1569 entrou em vigor as ordenações manuelinas, que ficou até 1603, após isso a ultima ordenação foi à ordenação das Filipinas, que teve vigor ate 1830. Durante todas essas ordenações eram adotadas as penas de suplicio corporal (grave punição corporal ordenada por sentença, tortura, pena de morte). Também era comum a pena de capital (pena de morte) e DEGREDO (pena de desterro ou exílio imposta judicialmente em caráter excepcional como punição de um crime grave, constituindo uma forma de banimento). Criminavam-se práticas religiosas contrárias ao catolicismo, e uma serie de condutas imorais como, por exemplo: “cometer pecado de sodomia (sexo anal do sexo masculino ou feminino)” e “cristão que dorme com infiel”. Período Imperial: Após a proclamação da república (1822) o Brasil necessitava urgentemente de uma nova legislação, contudo, D. Pedro I ratificou as ordenações Filipinas até que à legislação brasileira fosse aprovada. Ate que em 1824 foi outorgada a primeira constituição brasileira, levantando pontos importantes para o direito penal, já que foi proibido o uso de açoites, tortura, penas de marca de ferro quente e outras penas cruéis, com isso foi aprovado o código criminal “nas sólidas bases da justiça e da equidade”. Em 1827 foram apresentados dois projetos do código criminal, um por Bernardo Pereira Vasconcelos e outro por José Clemente Pereira, sendo aprovado em 1830 o código de Bernardo, Sendo considerado o primeiro código autônomo da América latina, onde, serviu de inspiração para grandes nações como, a legislação da Europa, da Espanha e de Portugal. Entretanto nem tudo foi tão perfeito assim, este código adotava a pena de morte ao imperador, ou seja, o imperador tinha o poder de escolher quem deveria ou não morrer, e após um inocente ser condenado foi abolido a pena de morte por D. Pedro II. Período Republicano: Em 1888 ocorreu à abolição da escravatura e a proclamação da república em 1889 o código criminal do imperador não atendia as necessidades da nova conjuntura social e política, então Batista Pereira criou o primeiro código penal em 1890 e diferente do código que antecedia este, foi o pior código já criado, pois criminalizavam uma serie de condutas que eram praticadas em ruas, como por exemplo, a capoeira de rua. Algum tempo depois foram criadas novas leis mais confusas e dispersas, na qual ficou conhecida como consolidação das leis piragibe. Foi aprovado em 7 de dezembro de 1940 o decreto-lei Nº 2.848, que entrou em vigor em 1 de janeiro de 1942 (este é o nosso código penal até os dias atuais) e em 1984 foi aprovada a lei de número 7.209/84 que alterou a parte geral do nosso código. Importante dizer que em 2011 foi constituída uma comissão de juristas para elaborar um novo código penal, essa comissão entregou o trabalho em junho de 2012, e esse projeto tornou-se senado federal o PLS 14 Brenda Neiva Bagano – FBDG (plano de logística sustentável) nº 236/2012 atualmente trâmite (da casa legislativa). Escola clássica: seu pensamento era baseado no pensamento do livre arbítrio, foi uma linha teórica que pensa no sujeito que pratica a infração penal como aquele que escolheu, ou seja, ele tem livre arbítrio, pois eu tenho o poder de decidir se irei praticar determinado delito ou não. Principais contribuintes Feuerbach: desenvolveu o principio da legalidade, introduziu a ideia de função preventiva negativa da pena, e a tutela dos direitos subjetivos – meio ambiente, por exemplo. Carrara: o crime é constituído de duas fases: 1- Força física: movimento corpóreo que o sujeito faz para a prática do crime 2- Força moral: o meu intuito com esse movimento corporal Escola positiva – Adoção do paradigma determinista, negação do livre arbítrio. Marcada pela teoria do criminoso nato. Lombroso: Segundo ele, o criminoso nasce predisposto a realizar o crime. Enrico Ferri: Predisposição ao crime não era apenas hereditárias, mas também pelas questões sociais do ambiente. Raffaele Garofalo: Focou no crime em si Escola Francesa – o meio influencia as pessoas a cometerem determinados crimes. Escola Italiana – Uma escola crítica, e foi a primeira a questionar a duplicidade existente entre as 3 escolas. Manuel Carnevale, Bernadino Alimena, e João Impallomeni Não acreditavam/aceitavam à ideia de livre arbítrio. Escola de Marburgo – União internacional do direito penal, posteriormente extinta e depois recriada. Promoveu a distinção entre o direito penal e as outras ciências criminais. Nesta havia a ideia de imputabilidade e perigosidade. Imperava um caráter defensivo da pena (enaltece funções preventivas) e o crime era visto como fenômeno social e fato jurídico. Escola de defesa social – Sistematizadas por Adolphe Príns. Felipe Gramática cria o centro internacional da defesa social em 1945, defendendo a substituição do DP por um direito de defesa social, com o fito de adaptar o indivíduo a ordem social. Escola humanista - Vícenzo Lanza. Aproximação entre direito e moral, e o crime passa a ser a conduta que afronta os nobres sentimentos. Os atos praticados sob alguma excludente de ilicitude deveriam ser punidos, e a pena seria função educativa. Teoria psicossocial da criminalidade Francês Gabriel Tarde (expoente) opositor da escola positiva. A opção individual e o ambiente social são fatores que determinam a prática delituosa. O crime como fenômeno social, executado sob a ideia de imitação, pois se acredita no livre arbítrio e no efeito intimidativo da pena. Há a defesa da pena de morte, e esta deve observar critérios psicológicos: avaliação psicológica do sujeito. Quando pensamos em fontes, pensamos em origem, ou seja, de onde se origina algo. Quando pensamos em 15 Brenda Neiva Bagano – FBDG direito penal essa fonte é a origem e a forma que o direito penal se manifesta. Fonte material- Órgão encarregado de legislar em matéria penal e criar as normas penais. A união legisla em matéria penal, pois temos interesses específicos. Para que o estado possa legislar em matéria penal é necessário que esse assunto seja de interesse local e a lei autorize tal legislação. Fontes formais- Forma como o direito penal se manifesta/se apresenta. Podem ser Imediatas- Chamadas de direitas. A lei é a fonte imediata do direito penal, e quando a união enquanto fonte material cria normas, ela cria com base na lei. Mediatas- Indiretas. A constituição é uma fonte mediata. Costumes- Exemplo de fontes mediatas indiretas, pois, são estes costumes que fazem com que o legislador exclua direitos penais. Podem ser contra legem – contra uma norma jurídica, fazendo com que a norma entre em desuso e muitas vezes as pessoas não sabem que a prática é delituosa. Segundum legel – auxiliam o interprete a interpretar expressões utilizadas nas normas penais – conceitos subjetivos, como o conceito de decoro. Preter legem ou integrativos – servem para que possamos integrar normas penais não incriminadoras que tenham algum tipo de lacuna. Princípios gerais do direito – fonte mediata indireta Seriam postulados ou valores que regem nosso ordenamento jurídico ainda que não estejam escritos. Quando criamos uma norma penal, pensamos nos valores como: liberdade, equidade, etc – valores que regem o ordenamento jurídico. A norma penal não pode ir de confrontoa esses valores. Tratados internacionais – Em que o Brasil é signatário. O Brasil pode ser signatário de um tratado e ele não entrar no nosso ordenamento jurídico como lei. Somente os tratados que passam por tramitação formal para ser internacionalizado Esses tratados são considerados fontes mediatas do direito penal desde que seja internacionalizado no ordenamento jurídico. Atos administrativos- Atos da administração publica ex: portaria, decreto. Não é lei, não prevê crime, mas pode ser forma como o direito se manifesta indiretamente. Jurisprudencia – Conjunto de decisões reiteradas À jurisprudência e a doutrina não tem força vinculante por isso não são consideradas uma fonte formal mediata do direito.
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