Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MOLDAGEM EM PRÓTESE TOTAL Segundo Saizar, uma boa moldagem pode ser realizada de muitas maneiras, mas não de qualquer maneira. Tecnicamente, a moldagem de um rebordo edentado deve ser realizada com os seguintes objetivos: Mínima deformação dos tecidos de suporte, através da aplicação da técnica adequada na moldagem anatômica. Extensão correta da base da prótese, por meio do ajuste da moldeira individual, de acordo com as características anatomofisiológicas do paciente. Vedamento periférico funcional, pela espessura e contorno adequados da borda da prótese; Contato adequado da base da prótese com o rebordo, através perfeita reprodução dos tecidos pelo material de moldagem. Um erro comumente observado é realização da moldagem anatômica apenas com o objetivo de se obter um modelo para a confecção de uma moldeira individual. Entretanto a técnica utilizada pode levar a resultados distintos e de repercussões clínicas significativas. A respeito disso, pode-se assumir que uma mínima deformação dos tecidos deve ser obtida por uma moldagem anatômica com material de baixa compressibilidade, com o alginato, e a moldeira individual deve ser confeccionada ajustada ao modelo anatômico com a finalidade de preservar, durante a moldagem funcional, a arquitetura dos tecidos obtidas na moldagem anatômica, especialmente nos casos de mucosa flácida.. SELEÇÃO DA MOLDEIRA DE ESTOQUE O passo mais importante para a técnica de moldagem anatômica de um rebordo edentado é a seleção aquedada da moldeira de estoque. Moldeiras apropriadas para edentados devem possuir a bacia mais rasa e o cabo biangulado, permitindo seu posicionamento correto sobre o rebordo sem deformar inadequadamente as inserções musculares. O uso de um compasso de ponta seca pode facilitar a seleção da moldeira. Além disso, jogos de moldeiras com um número maior de tamanhos possibilitam mais flexibilidade de escolha. Variações na anatomia das moldeiras podem ser significativas e, mesmo como uma Moldagem em Prótese Total questão de preferência, influenciar no resultado final da moldagem. COM ALGINATO Por ser mais fácil de manipular, produzir menores deformações ao tecido de revestimento do rebordo e apresentar boa fidelidade de cópia, o alginato (hidrocoloide irreversível), é, na maioria dos casos, o material de escolha para esse tipo de moldagem. Moldeiras a serem utilizadas com alginato, devem possuir algum meio de retenção do material à moldeira, em geral perfurações ou aros em volta da borda. Uma vez selecionada, a moldeira deve ser individualiza, especialmente na sua porção periférica, a fim de dar suporte ao alginato no espaço relativo ao fundo de vestíbulo, diminuindo a ocorrência de bolhas e mantendo o material em posição até a presa final. A marca do material não interfere muito. O material também pode ser levado ao fundo de vestíbulo com o auxílio de uma seringa utilizada para alimentação com sonda nasogástrica. Eventualmente, os moldes de alginato apresentam bolhas ou pequenas falhas que poderão ser corrigidas com uma segunda moldagem, utilizando-se um alginato mais fluido (com cerca de 50% a mais de água) sobre a primeira. Nesses casos, deve-se ter o cuidado de eliminar as retenções e secar a superfícies do molde para facilitar a adesão da nova camada de alginato. Além disso, a segunda camada deve recobrir por com completo a primeira e não preencher apenas os espaços defeituosos. Esse procedimento é especialmente recomendado nas moldagens mandibulares. Durante a moldagem anatômica superior, pode ser determinado o limite posterior da base da prótese e o mesmo deve ser riscado com lápis cópia no palato do paciente para que seja transferido para o molde, e posteriormente para o modelo de gesso tipo III. Isto facilitaria a obtenção do limite adequado da moldeira. A desinfecção de moldes em alginato, previamente ao vazamento do gesso, pode ser obtida borrifando-se sobre estes uma solução de hipoclorito de sódio a 1% e mantendo-se em um recipiente fechado por 10 minutos. COM GODIVA A godiva é um material à base de resinas termoplásticas, a qual pode ser especialmente útil para moldar rebordos edentados inferiores severamente reabsorvidos, pois possui grande capacidade de afastar a musculatura inserida no rebordo; entretanto, tende a comprimir e deformar mais os tecidos que outros materiais. A godiva deve ser utilizada com o auxílio de um aparelho que mantém a água na temperatura adequada para plastificar o material (55 a 60°C), chamado de plastificador de godiva. Nesses aparelhos, pode existir uma contaminação da água com fluidos bucais dos pacientes, em níveis que permitam o crescimento de M.O, o que implica na adoção necessária de um protocolo de limpeza e desinfecção, a cada moldagem, com solução de glutaraldeído a 2%, por 30 minutos após a lavagem com água e sabão. Após plastificada, a placa de godiva deve ser homogeneizada, colocada na moldeira e levada novamente à água antes de ser levada à boca para a confecção da moldagem. A desinfecção de moldes de godiva, previamente ao vazamento do gesso, pode ser obtida imergindo-se o molde em uma solução de glutaraldeído a 2%, por minutos. COM SILICONE Em algumas situações, nas quais tenham ocorrido grandes alterações ósseas no rebordo remanescente, o que inclui as reabsorções ósseas severas, o uso de silicone trará vantagem de uma técnica na qual se consegue individualizar a moldeira de estoque, com o silicone pensado, para otimizar a capacidade de cópia do material de moldagem, no caso, o silicone leve. A desinfecção de moldes de silicone, previamente ao vazamento do gesso, pode ser obtida imergindo-se o molde em uma solução de hipoclorito de sódio a 1% ou glutaraldeído a 2% por 10 minutos. MOLDAGEM FUNCIONAL A moldagem funcional deve ser dividida em 2 fases distintas, mas que se complementam: o vedamento periférico e a moldagem funcional propriamente dita. Pode-se dizer que para uma moldagem ser considerada funcional, é preciso que o vedamento periférico tenha sido executado de forma apropriada. MOLDEIRAS INDIVIDUAIS A moldagem funcional é realizada utilizando-se uma moldeira individual. O principal objetivo do uso de uma moldeira individual está na determinação dos limites da área chapeável, de acordo com a fisiologia dos elementos anatômicos ai presentes. Dessa forma, obtém-se um vedamento em toda a periferia da base da prótese, que promove o confinamento de uma película de saliva, gerando a retenção da prótese à mucosa por ação das forças de coesão, adesão e pressão atmosférica. Além disso, um bom vedamento periférico diminui significativamente o afluxo de alimentos, que podem vir a ficar interpostos entre a base da prótese e a mucosa que reveste o rebordo, durante a mastigação. Uma moldeira adequada facilita a moldagem difícil, mas uma inadequada torna difícil a fácil. É importante que a moldeira seja construída o mais adaptada possível sobre o modelo anatômico, pois dessa forma, durante a moldagem funcional, uma vez que sempre vai ocorrer alguma grau de compressão dos tecidos, estes serão contidos e mantidos em posição com o mesmo mínimo grau de deformação obtido na moldagem anatômico. Alguns autores recomendam que seja feito um pequeno alívio nas áreas retentivas do modelo para facilitar a remoção do modelo de trabalho da moldeira individual. Outros acreditam ser importante o alívio de determinadas regiões nas quais a mucosa apresente algum grau de flacidez ou de resiliência natural, como por ex, nas rugosidades palatinas. A área de alívio, quando presente,deve ser a menor possível e jamais recobrir toda a área de suporte primário, pois nesse caso a zona de maior compressão seria transferida para a zona lateral do rebordo, próximas às inserções musculares, menos propicia a receber cargas. Além disso, existiria a possibilidade de a moldeira não ser sustentada adequadamente durante seu assentamento sobre o rebordo, empurrando a porção de godiva relativa ao vedamento periférico que foi realizado com o alívio de cera ainda em posição, contra as inserções musculares, gerando um molde sobreestendido, com resultados clínicos negativos. Para controlar esse problema, podem ser feitos pontos de apoio sobre o rebordo para manter a moldeira na posição correta após a remoção do alívio. As moldeiras devem possuir cabos que facilitem sua manipulação durante os procedimentos de moldagem. Os cabos funcionam como instrumentos que permitem aferir o grau de retenção e estabilidade que se consegue durante a moldagem. Para isso, precisam ter tamanhos adequados e estarem corretamente posicionados. Cabos muito grandes como os de uma moldeira de estoque, transmitem ao operador uma sensação tátil distorcida em relação à retenção e à estabilidade conseguidas durante o procedimento de moldagem. A moldeira se desloca com facilidade, o que não aconteceria obrigatoriamente com a prótese terminada, pois o braço de alavanca que transmite as forças para a base da prótese capazes instabilizá-la está limitado ao tamanho dos dentes artificiais. Portanto, para que os cabos possam ser utilizados como instrumentos de percepção e aferição das características funcionais da futura prótese devem possuir o tamanho aproximado dos dentes artificiais, com cerca de 10mm de altura. Independentemente do material utilizado para sua confecção, a moldeira individual deve ser rígida, não permitindo a deformação do material de moldagem que por ela seja suportado. Os materiais mais utilizados para a confecção das moldeiras são: resina acrílica autopolimerizável, resina acrílica termopolimerizável, resina composta fotopolimerizável e placas de poliestireno. Materiais termoplastificáveis tendem a ser mais sensíveis às variações de temperatura, o que aumenta o risco de distorção do molde após ser retirado da boca. RESINA ACRÍLICA AUTOPOLIMERIZÁVEL Em geral, conseguem-se bons resultados com moldeiras confeccionadas com resina acrílica autopolimerizável. O maior cuidado deve ser tomado para se manter a resina adaptada ao modelo até a presa do material, quando o efeito exotérmico reduz. Entretanto, como a polimerização é um processo que continua após a presa da resina acrílica, podem ocorrer distorções significativas na moldeira num período de até 24 horas. Por essa razão, é prudente aguardar esse tempo, após a confecção da moldeira, para utilizá-la. RESINA ACRÍLICA TERMOPOLIMERIZÁVEL Um moldeira melhor adaptada ao rebordo residual, especialmente nos inferiores, pode ser obtida por meio do processo de inclusão em mufla. Outra vantagem é a translucidez conseguida no processo de polimerização que permite visualizar mais facilmente áreas de compressão que possam gerar movimentos de báscula na moldeira. RESINA COMPOSTA FOTOPOLIMERIZÁVEL Outro meio rápido e confiável, que produz moldeiras extremamente adaptadas e estáveis, é através do uso de lâmina de resina fotopolimerizável em uma caixa de luz especialmente fabricada para essa finalidade. PLACA DE POLIESTIRENO Um processo rápido e que produz moldeiras bem adaptadas é o uso de placas de poliestireno em maquina plastificadora a vácuo. Tais placas devem possuir uma espessura de 3mm (que normalmente fica reduzida após a plastificação das placas) para proporcionar resistência final adequada à moldeira individual. Os cabos devem ser fixados com resina acrílica autopomomerizável após a confecção da bacia da moldeira. VEDAMENTO PERIFÉRICO Essa técnica consiste em permitir que os tecidos estabeleçam suas próprias relações de contato com o material de moldagem modelando-o aos seus requerimentos funcionais; Antes de proceder ao vedamento periférico, a moldeira individual precisa ser ajustada para que haja espaço suficiente a ser preenchido pelo material de moldagem. Esse cuidado elimina a necessidade da realização da maior parte das manobras de tracionamento manual da mucosa, que forma o fundo de vestíbulo, com intuito de simular a atividade desses tecidos. Caso o espaço para o material de moldagem não seja criado, a borda da moldeira empurrará o material (godiva) contra as inserções tissulares no fundo de vestíbulo, independente de qualquer manobra, invadindo seu espaço funcional, o que acarretará em deslocamentos sucessivos da prótese e, eventualmente, a formação de úlceras traumáticas e hiperplasias. Diferentes materiais foram propostos para serem utilizados na obtenção do vedamento periférico de uma moldeira individual em um rebordo edentado. Dentre estes se incluem, resinas termoplásticas e silicones pesados. Entretanto, a godiva de baixa fusão em bastão tem propriedades que na maioria das vezes representam vantagens em relação aos demais materiais. São elas: fluidez adequada para exercer mínima pressão sobre os tecidos, quando plastificada; boa adesividade à moldeira; rigidez adequada após resfriada, o que permite a verificação do grau de retenção obtido durante a moldagem; boa estabilidade dimensional à temperatura bucal; resistência suficiente para ser colocada e retirada em rebordos com áreas retentivas em mucosa; facilidade para o operador realizar acréscimos ou subtrações de material, à medida que cada região vai sendo moldada; e rapidez do processo de moldagem. A observação da aparência do material após a moldagem é o parâmetro de avaliação da técnica. Como regra, a godiva deverá apresentar- se com espessura adequada, contorno arredondado e superfície fosca e sem dobras ou rugosidades, demonstrando que ocupou totalmente o espaço deixado pelo ajuste da moldeira e manteve-se em íntimo contato com os tecidos. Um aspecto afilado da godiva indica a quantidade de material foi insuficiente para ocupar toda a região de fundo de vestíbulo que está sendo moldada. Já o deslocamento da maior parte da godiva para a parte externa da moldeira deixando uma pequena espessura de material sobre sua borda, indica que a mesma pode estar sobreestendida, requerendo que o material de moldagem seja retirado, a moldeira reajustada e o material de moldagem recolocado sobre a moldeira. Os excessos de material, que porventura se interponham entre a moldeira e o rebordo, devem ser removidos para que a moldagem não se torne excessivamente compressiva na região de fundo de vestíbulo. Em médio prazo, essa compressão pode levar a uma remodelação significativa nessa porção do rebordo residual. Além disso de acordo com as características anatomofisiológica da região a ser moldada, o material assumirá um contorno especifico.
Compartilhar