Buscar

Leptospirose: Doença bacteriana

Prévia do material em texto

Lepstospirose 
Doença bacteriana da família das espiroquetas do gênero Leptospira. Agente esse, 
que apresenta vários subgêneros, sendo os dois mais importantes: L. interrogans e 
L. kirschneri. Porém, há também variantes sorológicas ou também denominada como 
sorovares (sorotipos) que apresentam diferentes antígenos de superfície, a fim de 
serem detectadas sorologicamente de formas diferentes porque há de se pesquisar 
esses antígenos específicos que esses sorovares tem, já que esses iram apresentar 
imunidades particulares em decorrência de sua singularidade. Portanto, um indivíduo 
imunizado por um tipo de sorovar, não obterá resposta imunológica por outro sorotipo 
correspondente a outro subgênero. 
Exemplos de subgêneros da Leptospira: 
-L. icterohaemorrhagiae 
-L. canicola 
-L. grippotyphosa 
-L. pomona 
-L. bratislava 
-L. autumnalis 
-L. hardjo 
-L. Bataviae 
Sendo os quatro primeiros os mais importantes causadores de doenças em animais 
e humanos, aonde os em azul aquelas que causam a síndrome hepatorenal e as em 
verde são as sorovares emergentes na década de 90 e acabaram sendo colocadas 
nas vacinas comerciais a despeitos de muitas discussões, sendo soravares 
importantes dos mais prevalentes no mundo todo e que tem uma patogenicidade e 
uma virulência importante. Dentro todas que se há conhecimento a L. pomona é a 
que apresenta maior mortalidade. 
Entretanto, a partir do momento que começamos a vacinar contra esses quatro (em 
destaque) sorovares existente a soroprevalencia dessas se reduz dando espaço para 
novos casos sendo destacados com outros sorotipos (por exemplo, esses quatro 
últimos subgêneros descritos acima). Logo, concluímos que sempre haverá novos 
sorovares emergentes, o que justifica a dificuldade para o controle pleno da 
leptospirose. 
Com relação a epidemiologia, temos essa afecção muito atrelada com a presença de 
reservatórios que são indivíduos que podem não apresentar sintomatologia, mas que 
fazem a excreção renal da bactéria por longos períodos. A maior parte dos 
reservatórios é não sintomática. Um exemplo bem característico são os roedores 
sinantrópicos que convivem em regiões de urbanização - ratazanas (Rattus 
norvegicus), camundongos (Mus musculus), ratos de telhados (Rattus rattus), 
roedores do mato como a própria capivara, também podem atuar como reservatórios 
da bactéria. 
Pelo o que se conhece, o cão é reservatório de apenas um único tipo de sorovar que 
é o L. canicola na qual ele é um hospedeiro adaptado, justificando por vezes o fato 
desse animal não apresentar sintomatologia para tal. Mas vão determinar a 
contaminação do ambiente, possivelmente a infecção de novos hospedeiros. O cão 
eventualmente pode ser portador de outros sorovares mas normalmente esse já 
passou pela doença clínica, se recuperou e eliminou a bactéria pelos rins. As variáveis 
para os indivíduos apresentarem sintomatologia mais graves ou doenças mais 
brandas vão contemplar a virulência do agente, ou seja, a capacidade do mesmo em 
determinar a doença, a resposta imune determinada pelo hospedeiro. 
CARACTERÍSTICAS DO AGENTE 
São sensíveis a radiação solar direta, a quaisquer tipos de desinfetantes antissépticos 
(principalmente se esse acidificar ou alcalinizar muito o meio, pois esses agentes são 
habituados a um pH mais neutro). Portanto, em casos que teremos um paciente 
infectado, no local onde o mesmo ao urinar, um modo de precaução é utilizar 
sabões/detergentes sobre essa urina. O congelamento se passar de uns 4 dias 
aproximadamente também destrói a bactéria. Condições favoráveis para a leptospira 
é temperaturas entre 0º a 250ºC, pH em torno de 7,2/ 7,4. São resistentes em meio 
salinos por alguns dias e em meios poluídos a bactéria encontra nutrientes 
satisfatórios e proteção contra a radiação solar direta. Logo, condições de esgotos a 
céu aberto favorece a permanência do mesmo no meio. 
INFECÇÃO 
A infecção se dá pela penetração ativa por mucosas (podendo ser nasal, ocular, oral 
e/ou genital) ou pele lesionada (micro lesões). Através do contato com água e/ou urina 
contaminadas ou carcaças de animais infectados. 
• Importante ressaltar que animais podem se infectar entrando em contato com 
carcaças alocadas em locais inadequados em que, o cão carniceiro pode 
ocasionalmente gerar uma infecção por meio dessa característica 
epidemiológica. 
Surtos em animais e em humanos podem apresentar caráter de sazonalidade, se 
essas regiões apresentarem climas bem definidos em que haja altos índices 
pluviométricos favorecendo assim a ocorrência de enchentes. 
TRANSMISSÃO 
Com relação a transmissão da leptospirose, podemos ter a direta ou a indireta. Sendo 
a direta por meio contato com a fonte de infecção, ou seja, urina, sangue, venérea, 
placentária (pode acontecer a transmissão da mãe para o feto, mas ocorre a trombose 
placentária e abortamento) e pela pele (desde que essa apresente lesões). A mais 
relevante tendo em vista o cão é a transmissão indireta que se caracteriza pelo 
contato indireto com a fonte de infecção, mas que tenha contato com meios 
contaminados tais como: solo, água e alimentos. Os alimentos, tem grande 
importância epidemiológica no contexto de leptospirose urbana em decorrências dos 
mesmos estarem contaminados com urina de portadores da lepto como o caso dos 
roedores. Entrando aí dois fatores de risco, sendo eles: a compra da ração a granel 
mal armazenada nos depósitos e o outro é a oferta de ração ad libitum para o animal 
sendo este alimento exposto ao ambiente favorecendo o trânsito de roedores sobre 
o alimento. Exposição de forma contínua e prolongada para o animal. Vale ressaltar 
que muitas vezes o animal nem tem contato com o rato propriamente dito, mas sim 
com as excreções do mesmo. 
PATOGENIA 
Houve exposição das mucosas ou lesões na pele ao agente, esse penetra, vai para 
a circulação realizando uma fase da doença denominada leptospiremia, onde irá 
ocorrer uma reação imunológica contra o agente e em decorrência disso, o organismo 
irá realizar muitos complexos antígeno/anticorpo determinando uma vasculite 
generalizada. Alguns indivíduos podem ou não realizar reações imunológicas em 
resposta a essa vasculite, tais quais: uveíte, destruição dos glóbulos vermelhos 
(anemia hemolítica imunomediada) e alguns podem realizar trombocitopenia de 
consumo podendo principiar uma coagulação intravascular disseminada. Após esses 
processos haverá a migração da bactéria “para onde ela quer”, porém, a mesma 
possui tropismo para os rins. Logo, todo qualquer animal irá apresentar 
glomerulonefrite seja de maior ou menor grau, dependendo da quantidade da 
virulência do agente. 
Quando estabelecida esta glomerulonefrite iremos determinar nestes indivíduos 
alterações tanto no glomérulo (inicialmente já comprometendo a filtração glomerular) 
mas posteriormente a bactéria irá atingir as células do túbulo contorcido proximal (que 
são o objetivo da leptospira), nessa replicação 7 dias depois da infecção elas causam 
uma lesão renal aguda. Em que toda lesão renal aguda que comprometa mais 70% 
dos néfrons ela se traduz como uma Insuficiência renal aguda, este indivíduo se torna 
azotêmico que vai ser tão importante que o paciente entrará em uremia, ou seja, ele 
apresentará sinais de uma insuficiência renal aguda. 
A partir do momento em que a bactéria chega até os túbulos ela irá se replicar nas 
células do epitélio tubular e a começar daí, por aproximadamente um período de duas 
semanas já temos um indivíduo apresentando se como um portador. Em que o 
mesmo vai começar a eliminar bactéria pela urina teremos uma fase denominada 
como leptospirúria. Baseando-se nesse contexto, duas coisas podem acontecer: no 
tratamento ou devido a imunidade do indivíduo ele elimina esse estado de portador 
conseguindo a cura completa ou o mesmo se torna portador crônico principalmenteaqueles que não tiveram uma doença clínica importante que não foram tratados, 
sendo fontes de contaminação do ambiente. 
Dentro da doença, podemos ter comprometimento de outros órgãos, pois na fase de 
leptospiremia a bactéria pode migrar para diferentes locais. Como exemplo de outro 
local temos o fígado onde irá ocorrer um processo de hepatite grave. 
A doença renal que temos e que causa lesão renal aguda é uma nefrite aguda que 
se não for tratada de forma correta pode ser o primeiro passo para o indivíduo 
determinar uma doença renal crônica. Porque essa nefrite aguda que é essa 
inflamação em resposta a presença da bactéria, ela pode se tornar posteriormente 
uma nefrite crônica intersticial, pois ela deixa de comprometer só o túbulo e começa 
a comprometer o interstício renal. Então o indivíduo ou cura ou se torna um nefropata 
crônico. 
• “Todo paciente com leptospirose faz lesão renal, mas nem todo paciente com 
leptospirose faz lesão hepática.” Logo, se um paciente ficar amarelo, se não 
apresentar lesão renal, não é leptospirose. Para ser tal afecção o indivíduo 
deverá apresentar lesões nos rins e no fígado junto. Lesão isolada no fígado 
não é leptospirose. 
As alterações que ocorrem no fígado são lesões necróticas (centro lobular) que irá 
interferir na drenagem da bile - oclusão biliar, motivo pelo o qual eles podem ficar 
ictéricos. Todo indivíduo que realiza uma hepatite importante, um processo 
inflamatório hepatocelular importante (principalmente se for de característica 
necrótica), quando ocorre o comprometimento de mais de 80% do fígado o paciente 
entra em insuficiência hepática. Sendo assim, esse paciente irá reduzir a sua 
produção de albumina podendo gerar quadros de edema, efusões, acúmulo de líquido 
no organismo – entram em um quadro de ENCEFALOPATIA HEPÁTICA, pela não 
conversão de amônia em ureia, podendo apresentar sinais neurológicos. 
Ocorrerá também microangiopatia vascular com a agregação de plaquetas em virtude 
da coagulação intravascular disseminada (CID) que afeta a homeostasia por conta da 
formação de trombos por conta da agregação plaquetária. Pacientes quando entram 
em CID, já não há o que pode ser feito. 
Podem também realizar quadros importantes de hemorragias tal como hemorragia 
pulmonar, mas também pode ocorrer edema do mesmo órgão (tanto pela baixa 
concentração sérica de albumina quanto pela disfunção renal pela diminuição da 
filtração. 
Além dessas consequências, também pode ocorrer uveíte, abortamento a encefalite 
(sendo essa, podendo ser tóxica quanto por vasculite trombose cerebral) e anemia 
hemolítica e casos raros de poliartrite. 
SINTOMAS 
Apresentam sintomas inespecíficos tais como: febre, letargia, anorexia, depressão, 
mialgia (em razão da deposição de imunocomplexos - região do quadríceps da coxa 
nos amimais fica bem sensível) e lombalgia (referida a dor renal por conta da nefrite, 
sendo assim, o paciente pode apresentar uma postura antálgica podendo ser mal 
interpretada como uma dor na coluna) e sensibilidade abdominal (irradiada pela 
lombalgia). 
Alguns animais poderão apresentar icterícia (lembrar que nem todo indivíduo ictérico 
tem leptospirose, mas nem todo indivíduo que tem leptospirose tem icterícia). 
Diáteses hemorrágicas como por exemplo: púrpura, petéquias, equimose, epistaxe e 
efusão. Ocorrerá vômito e diarreia, tingidos ou não de sangue (esses irão ser em 
virtude tanto da insuficiência hepática quanto da insuficiência renal (maior 
probabilidade). Presença de um hálito urêmico e com altas concentrações de amônia 
no sangue isso levará a uma glossite necrosante (mais especificamente na ponta da 
língua). Poliúria e polidipsia já que o indivíduo terá uma lesão no túbulo contorcido 
proximal. Nefromegalia, em alguns casos, pode ser palpáveis dependendo do animal 
ou observa-se pelo ultrassom. Além da possibilidade de choques, edema pulmonar 
ou periférico. 
 
Gráfico acima representa a porcentagem de cada sintoma inespecífico para cada 
indivíduo com leptospirose. 
DIAGNÓSTICO 
É baseado em uma anamnese bem minuciosa relacionando características 
epidemiológicas, clínicas, os sintomas apresentados pelo indivíduo e os exames 
físicos realizados. A partir daí iremos realizar exames laboratoriais e para confirmar 
usufrui de teste específico para a presença do agente no organismo. Sendo esse, o 
PCR satisfaz mais. Os imunoensaios são utilizados mais para obter o resultado para 
fazer a notificação pois não podemos aguardar o resultado do mesmo para tratar o 
paciente visando o tempo, esse identifica a identificação da espécie/gênero do 
sorovar envolvido. Biópsia e histopatológico renal não é muito utilizado, o 
procedimento chegaria ao diagnóstico de leptospirose, mas pensando nas condições 
em que o paciente chega ao consultório não favorece a utilização do mesmo. 
EXAME FÍSICO 
Pode se notar: desidratação, pirexia, tremores, icterícia, petéquias e sufusões, 
sensibilidade abdominal e lombar, e/ou mialgia. 
Lembrar que para fazer a verificação do débito urinário o indivíduo tem que estar 
hidratado. Logo, fluidoterapia antes da avaliação renal. Posteriormente passa uma 
sonda no paciente e verifica quanta urina ele produz de hora em hora. 
PATOLOGIA CLÍNICA 
No hemograma iremos ver uma leucocitose por neutrofilia com um importante desvio 
para esquerda que acontece por conta dos processos inflamatórios muito intenso 
(vasculite) e trombocitopenia pode acontecer entre 10 a 50% dos casos aonde o que 
irá determinar isso será a virulência do agente e do grau de vasculite determinado. 
Na urinálise encontraremos sinais de glomerulonefrite tais como: proteinúria, 
cilindrúria, presença de leucócitos e hemácias e pela lesão do túbulo contorcido 
proximal também podemos ter glicosúria. Lembrar que células do epitélio renal 
presentes na urina mostra para nós que esses indivíduos tiveram lesão no local. No 
perfil bioquímico iremos ver a parte renal e hepática. Na parte renal é importante 
avaliar a ureia, creatinina e urólitos (principalmente fósforo e potássio, para 
verificarmos se estão hiper/hipo dessas substâncias - excesso de potássio mata!!!). 
No âmbito hepático, iremos avaliar enzimas do extravasamento, ALT (traduz em lesão 
hepatocelular que não necessariamente é necrótica) e AST (indica necrose 
hepatocelular, mas que também pode indicar lesão muscular), enzimas de colestase 
FA e GGT (mostra oclusão biliar – colestase: bile parada dentro do fígado) e avaliar 
bilirrubinas (nesse caso normalmente apresentam aumento tanto na bilirrubina direta 
quanto na indireta já que eles apresentam lesão hepatobiliar, mas eventualmente 
podem apresentar um grande aumento na bilirrubina indireta se eles realizarem 
anemia hemolítica) e albumina. Animais com esta afecção para verificar geralmente 
tem o aumento dessas quatro enzimas. Esses exames servem para nos direcionar 
acerca da gravidade da lesão e todas as vezes que revermos o paciente com a 
afecção refaz os mesmos para verificar a evolução do quadro e o prognóstico. 
OUTROS EXAMES 
Para a confirmação do diagnóstico o ideal é a visualização da bactéria por meio da 
microscopia de campo escuro, porém esse equipamento é utilizado mais em 
laboratório de pesquisa. A urocultura ela até pode ser utilizada, mas dependendo da 
fase o exame pode dar negativo, indivíduos que apresentam só a leptospiremia não 
vai apresentar a bactéria na urina logo. O que normalmente é utilizado é realizar a 
coleta de sangue e de urina para fazer PCR. Sendo o ideal se o indivíduo apresentar 
pirexia e/ou sintomas sistêmicos é fazer PCR do sangue já que o agente 
provavelmente está realizando uma “corrida circulatória”. Em uma segunda fase, a 
partir do momento em que já temos o controle do paciente a pesquisa pelo PCR da 
urina, apesar de que a pesquisa por meio da urina ela pode ser eliminada a partir de 
7 a 10 dias após a infecção. 
Muitas vezes iremos utilizarde detecção sorológica, fazer imunoensaio para 
pesquisar anticorpo contra leptospira pode ser uma grande armadilha se não tivermos 
conhecimento de causa. Normalmente faz se sorologia para tal doença através de um 
método de soroaglutinação microscópica. Usualmente ela demora de 14 dias para se 
tornar positiva, ou seja, para que detecção títulos de anticorpos de leptospira no 
animal infectado. Portanto, é justamente por esse motivo que não utilizamos desse 
teste para ter base se vai ou não tratar o paciente. Por isso, faz se um outro teste 
antes com uma sensibilidade um pouco maior; trata o paciente e por fim faz a 
soroaglutinação para confirmar o diagnóstico e para notificar, pois precisamos fazer 
qual é o tipo de sorovar envolvido. Para isso, existe uma regra! Não é positivo ou 
negativo, pode ser uma resposta cruzada com outra leptospira, pode ser uma 
resposta imunológica inespecífica, pode ser que o indivíduo tenha tido hemólise na 
amostra e essa pode causar uma falsa impressão de aglutinação. Então vamos 
determinar uma nota de corte para transformar esse indivíduo em positivo sendo essa 
nota se o paciente bater num título de 800. Logo, se a diluição de 1:800 mostrar que 
ele tem anticorpos é apartir daí que definiremos esse positivo para. Porém temos um 
problema, isso seria para cães não imunizados. Para cães imunizados essa nota de 
corte será maior por apresentar anticorpos vacinais. Então para serem considerados 
positivo, animais que tomaram vacina em um intervalo de 1 a 1 ano e meio vamos 
considerar como nota de corte 1:3200, ou seja, um título de 3200. Na dúvida de se o 
animal é vacinado ou não, repetir o teste dentro de 14 dias para ver se algum sorovar 
aumenta no título em aproximadamente 4x. 
Na suspeita, inicia-se com antibiótico; colhe material para fazer a sorologia; a mesma 
deu negativa? Isso não significa nada, só traduz em um animal que não tenha sido 
soroconvertido. Então repete o exame após 14 dias, deu negativo? Ai sim concluímos 
que o animal não tem leptospirose. Acaso na repetição do exame tenha apresentado 
um resultado positivo, esse tem lepto. Se deu positiva menor que 800 da primeira, 
também preciso verificar se o paciente não vai se sorocoverter, ou seja, é como se 
tivesse dado negativo. Logo, repetimos o exame, se deu um valor 4 vezes maior em 
relação ao primeiro exame de qualquer sorovar testado, aí sim ele é considerado 
positivo, caso contrário o mesmo é negativo. 
 
TRATAMENTO 
O tratamento será com antibioticoterapia. Antigamente o mesmo era realizado em 
duas fases sendo elas: de leptospiremia e de leptospirúria. Sendo a primeira com a 
classe dos betas lactâmicos, principalmente as penicilinas, já a leptospirúria com 
aminoglicosídeos da família das estreptomicinas, como principal escolha 
diidroestreptomicina. 
O problema em questão é que a diidroestreptomicina apesar de ser um ótimo 
medicamento para retirar o paciente do estágio de portador, o mesmo se comporta 
como uma droga nefrotóxica causando necrose tubular renal fazendo com que esse 
paciente evolua para um quadro de insuficiência renal crônica de modo repentino. 
Outra droga na fase de leptospirúria além dessa citada anteriormente é a doxiciclina 
é útil podendo ser usada para tratar o indivíduo nas duas fases. Fase de leptospiremia 
tratamos por um tempo de 7 dias e fase de leptospirúria por 14 dias. Primeiro trata a 
leptospiremia e depois trata a leptospirúria. Portanto, o tratamento dura durante 21 
dias. Sendo 7 dias de penicilina, amoxicilina ou ampicilina 14 dias de doxiciclina. Esse 
protocolo será utilizado para casos em que o paciente apresente a síndrome 
hepatorenal e não pode ser tratado com doxiciclina na primeira fase porque tem 
doença hepática e a droga é hepatotóxica. Logo, se o indivíduo não apresentar lesão 
hepática ele pode realizar todo o tratamento com doxicilina. Se ele apresentar, 
esperamos o mesmo recompor a parte hepática e depois trata o estado de portador 
com a doxiclicina. Outra possibilidade que temos para manter o tratamento clássico 
é se não tivermos a doxicilina injetável disponível no mercado, porque na fase aguda 
as vezes não tem como tratar com doxicilina, devido a mesma só existir na 
apresentação por via oral. E a formulação oral é complicada para um paciente que 
apresenta êmese ou que está em anorexia/inapetência. Então aí realizamos o 
tratamento clássico, onde controlamos o vômito e depois entramos com a doxiciclina 
para fazer o tratamento crônico. Logo, temos duas grandes contraindicações da 
doxiciclina: se o indivíduo estiver vomitando muito e não tiver no mercado injetável e 
se o indivíduo apresentar quadros de hepatopatias. 
 
 
TRATAMENTO DA IRA 
Usufrui principalmente da fluidoterapia (ringer com lactado ou NaCl a 0,9%), trata de 
6 a 8 horas reidratando o paciente e depois realiza a fluidoterapia de manutenção. 
Vol= P.V. (kg) x % desidx 10 
Alguns pacientes do IRA se beneficiam bastante da diálise peritoneal ou da 
hemodiálise para a remoção de toxinas urêmicas na circulação. Lembrar que a 
insuficiência renal apresenta mais de 98 toxinas urêmicas circulantes. Mas de 
qualquer modo, iremos hidratar esses pacientes. 
 
TRATAMENTO PARA FALÊNCIA RENAL 
Indivíduos que param de urinar, começamos a medir o débito urinário dos indivíduos 
e se notarmos que a produção de urina por hora for menor do que 1ml/kg, o mesmo 
se apresenta com oligúria (baixa produção de urina pelo rim) que também pode levar 
o indivíduo para anúria (ausência de produção de urina). Logo, manteremos o 
indivíduo hidratado (taxa de 2 a 5 ml/kg/h de fluido valor de manutenção). Se o 
paciente estiver hidratado aí sim podemos entrar com diuréticos, com o objetivo de 
tentarmos desobstruir os túbulos renais que podem estar obstruídos por cilindros. 
Então inibimos a absorção de água pelos rins para fazer com que a água pelo rim 
para com que a água venha com maior pressão por dentro dos néfrons para empurrar 
os cilindros para adiante, resolvendo a oligúria ou anúria. Mas lembrar que isso só 
vale se for o rim quem não está produzindo a urina, não vale para animal que 
apresenta vesícula urinária cheia e que não consiga urinar. A medicação de escolha 
é o manitol, normalmente esse apresenta um resultado em menos de uma hora, caso 
não surte efeito repetimos a dose e caso não resolva entramos com furosemida (1-
2mg/kg - alguns autores sugerem de 2 a 6mg/kg desde que esse esteja bem hidratado 
– se houver uma resposta a cada 6 a 8h a gente aplica ¼ da dose que foi aplicada). 
Já outros autores, dizem que podemos realizar a infusão contínua dessa furosemida, 
ao invés de realizar uma aplicação de injeção inteira, aí realiza a infusão de 
1mg/kg/h/6h e verifica o efeito, se o paciente reponde a terapia utiliza-se a infusão 
contínua de 0,1mg/kg/h. 
Se nenhuma das opções acima surtir efeito, a última opção que temos é utilizar a 
dopamina com uma infusão contínua de 2 a 5 mg/kg/min. E se nada der certo, não 
mais nada o que possa ser feito. 
 
TRATAMENTO SUPORTE 
Controle do vômito (ondansetrona, metarsaprina), suporte nutricional para aqueles 
pacientes que não comem que vão ganhar uma sonda para serem alimentados; tratar 
todos as alterações secundárias (CID, uveíte - anticoagulante/AINES); eventualmente 
se a proteína se apresentar muito baixa, utilizar de transfusão de plasma ou tomar um 
colóide com hetamido); se o fígado estiver afetado utilizar de substâncias 
hepatoregeneradoras como é o caso da silimarina, SAME que é antioxidantes, L-
carnatina (aminoácidos), vale ressaltar que não há um tratamento específico para 
esse caso. 
 
PROGNÓTICO 
Se realizado o tratamento adequado e antecipado temos um bom prognóstico em 70 
a 85% dos casos. E a morte acontece em um número pequeno, aonde normalmente 
quando ocorre o tratamento tardio da doença ou quando o paciente está infectado 
pela L. pomona. 
Todos os pacientes podemevoluir para um quadro crônico, é muito comum o paciente 
realizar uma IRA pela leptospirose e se desenvolver para uma doença renal crônica. 
E alguns indivíduos vão se tornar hepatopatas crônicos.

Outros materiais