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Bibliografia: MURRAY, Patrick R.; ROSENTHAL, Ken S.; PFALLER, Michael A. Microbiologia médica - 8. ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. Cap. 18, 19 e 24. Streptococcus pneumoniae ou pneumococos Definição Esféricas gram positivas Agrupamento Em pares (diplococos) ou cadeias lineares Teste de catalase Catalase negativo Hemólise típica em ágar-sangue Alfa hemólise Respiração celular - Distribuição na natureza Microbiota: nariz e parte oral da faringe Transmissão Seres humanos são os hospedeiros naturais Patogenia Causa mais comum de pneumonia adquirida na comunidade, meningite, sepse (em indivíduos esplanectomizados), otite média e sinusite Amostra para teste laboratorial Escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão Fatores de virulência Cápsula Cápsula polissacarídea que facilita a evasão da fagocitose Substância C ou polissacarídeo C Ácido teicoico presente na parede celular reage com a proteína C reativa (CRP) A presença de CRP no soro humano é quantificada em laboratório por sua reação com o carboidrato da S. pneumoniae Elevação da CRP apresenta maior risco de ataque cardíaco Adesinas proteicas de superfície Colonização de orofaringe Pneumolosinas Enzima lítica semelhante a estreptolisina O de S. pyogenes Se liga ao colesterol da membrana das células do hospedeiro e cria poros. Esses poros podem destruir as células epiteliais ciliadas por fagocitose Protease de IgA IgA secretora prende as bactérias no muco quando se liga a mucina pela região Fc A protease IgA bacteriana evita essa interação, aumentando o poder de disseminação Mecanismo de invasão Colonização da orofaringe migração para o trato respiratório inferior evasão fagocitaria destruição tecidual (pneumolisina – destruição de células epiteliais ciliadas) Caso clínico Paciente, sexo masculino, 26 anos, mecânico. Em pronto atendimento relata resfriado há 2 semanas, com melhora após automedicação com dipirona. Há 4 dias queixa-se de piora do quadro, com surgimento de tosse com escarro e muito cansaço, impedindo-o de trabalhar. Reclama também de dor no peito e costas, com piora ao deitar. Tabagista (cerca de 4 maços/dia) desde os 17 anos. Em exame físico apresenta-se febril (38,4 °C). Ausculta pulmonar apresentou diminuição do murmúrio vesicular, estertores crepitantes. O médico solicitou os exames: radiografia do tórax que apresentou consolidação pulmonar em lobo inferior direito, hemograma: leucócitos: 16.000/mm3 (VR: 4.000-11.000/mm3) neutrófilos: 12.000/mm3 (VR: 1.800-7.800/mm3) neutrófilos bastonetes: 2.500/mm3 (VR: 0-390/mm3) Cultura bacteriana em ágar sangue com apresentação de alfa hemólise. Diagnóstico: pneumonia Pneumonia É uma infecção do parênquima pulmonar Etiologia/agente etiológicos Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae. Em casos raros: Clamídia e Bordetella pertussis, Streptococcus pyogenes Sinais e sintomas Febre, desconforto respiratório e opacidade à radiografia de tórax História clínica + exame físico + radiografia de tórax Contágio Inalação, aspiração, via hematogênica - Microrganismos com adesina: potencialmente infectantes Classificação patológica Broncopneumonia: É uma região difusa Pneumonia lombar: É uma região distinta Tratamento Antibioticoterapia: penicilina, amoxilina ou macrolídeos Considerar: forma de apresentação do indivíduo, idade e agente etiológico Pneumonia adquirida na comunidade (PAC) Pneumonias hospitalares ou Pneumonia Nosocomial Ocorre fora do ambiente hospitalar Prevalência de S. pneumoniae 20 a 60% Pneumonia de origem hospitalar - Aparece após um período de 48 da internação (ANVISA – 72h) - Não está incubada no momento da hospitalização 6 a 10 casos/1000 admissões hospitalares Streptococcus pyogenes Definição Cocos gram positivos Agrupamento Em pares ou em cadeia linear Teste de catalase Catalase negativa Hemólise típica em ágar-sangue Beta hemólise Respiração celular - Distribuição na natureza Microbiota: pele, parte oral da faringe Transmissão Gotículas aéreas e contato Patogenia Faringite estreptocócica Amostra para teste laboratorial Escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão Fatores de virulência - Cápsula - Adesinas (proteína M e F) - Estreptolisinas (S e O) - Exotoxinas A e B - DNAses Hialuronidase Caso clínico Um adolescente de 13 anos chega ao serviço de emergência com uma queixa principal de dor de garganta e febre, há 2 dias. O paciente queixa-se de dor à deglutição, mas não apresenta alteração na voz, salivação excessiva ou rigidez cervical. O paciente não apresenta outros problemas médicos, não toma medicamentos e não tem alergias. Ao exame, sua temperatura é de 38,5°C, a frequência cardíaca é de 104 batimentos por minuto (bpm), a pressão arterial é de 118/64 mmHg. Sua orofaringe posterior revela eritema com exsudatos tonsilares. Coloração de gram de amostras coletadas do eritema revelam a presença de cocos gram positivos em arranjos lineares. Diagnóstico: faringoamigdalite Faringoamigdalite É caracterizada por uma inflamação local e febre Etiologia Streptococcus pyogenes Sinais e sintomas - Febre alta acima de 38,5° - Hiperemia e exsudato purulento (placa de pus): linfonodos do pescoço ficam inchados e sensíveis - Ausência de tosse, coriza, rouquidão e diarreia - Tonsilite (pode ou não) Contágio Gotículas de tosse, espirro, beijo de pessoas contaminadas Tratamento Penicilina V e benzatina, dose única Haemophilus influenzae Definição Bacilo gram negativo Agrupamento - Teste de catalase Catalase negativo Hemólise típica em ágar-chocolate As colônias apresentam coloração cinza e branca, são opacas e lisas Respiração celular Anaeróbio facultativo Distribuição na natureza Microbiota: nariz e parte oral da faringe Transmissão Gotículas aéreas Patogenia Pneumonia Amostra para teste laboratorial Escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão Fatores de virulência - Cápsula: evasão de fagocitose – 6 sorotipos (a-f) - Adesinas: colonização da orofaringe - Pili - LPS: ativa o sistema complemento pela via alternativa – induz a inflamação local - Proteases de IgA: colonização dos microrganismos nas superfícies das mucosas, interferindo na imunidade humoral Resposta inflamatória dos patógenos acima: · Ativação do sistema complemento · Ativação de fagócitos e inflamação · Resposta humoral: anticorpos contra antígenos da capsula polissacarídea (T-independente) · Antígenos proteicos ativam a reposta T-dependente com produção de resposta Th1 Corynebacterium diphtheriae Definição Bacilo gram positivo Agrupamento Inespecífico Teste de Elek PCR – toxina diftérica (TOX) Hemólise típica em ágar-chocolate-telúrio Respiração celular - Distribuição na natureza - Transmissão Gotículas de secreção respiratória e contato com a pele - É resistente ao ressecamento Patogenia Difteria respiratória - Os bacilos crescem nas mucosas ou em abrasões cutâneas e produzem toxina - A toxina é absorvida pelas mucosas e causa destruição do epitélio, levando a um quadro inflamatório - Há a formação de pseudomembrana diftérica (fibrina, células humanas e bactérias mortas): bloqueia a passagem de ar para os pulmões - Essa pseudomembrana surge nas tonsilas, faringe ou na laringe - Os linfonodos regionais do pescoço aumentam de tamanho (pescoço de touro) - Os bacilos no interior da membrana continuam produzindo ativamente a toxina - Órgãos como rins, músculos, nervos e o coração podem ser afetados Amostra para teste laboratorial Escarro, aspiração transtraqueal, broncoscopia, lavado broncoalveolar, biópsia de pulmão Fatores de virulência - Exotoxina: gene TOX que transcreve a toxina TOX; interfere na síntese proteica das células humanas Sinais e sintomas Dor degarganta, febre e depois há indisposição, dispneia e edema de pescoço; há também dificuldade na fala e/ou deglutição em virtude da membrana formada Tratamento - Antitoxina diftérica, penicilina ou eritromicina - Imunização com toxóide diftérico Vacinação: - Penta (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) · 2 meses: 1° dose · 4 meses: 2° dose · 6 meses: 3° dose - DTP (difteria, tétano e coqueluche) · 15 meses: 1° reforço · 4 anos: 2° reforço - Dupla adulto; dt (difteria e tétano): a partir dos 10 anos e reforço a cada 10 anos - dTpa em grávidas (difteria, tétano e coqueluche) Uma dose a cada gestação a partir da 20° semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias pós o parto) Caso clínico Criança, sexo feminino, 5 anos, é levada ao pronto socorro infantil com quadro de febre (38,4°C) e prostração. A mãe relata que a criança não se alimenta adequadamente há cerca de dois dias, recusando até os líquidos. Notou hálito ruim nos últimos dias. O médico pergunta acerca da regularidade das vacinas e a mãe informa que não vacina a filha, pois notícias na internet alertam para o perigo de autismo em crianças vacinadas. Além da mãe, convive com a babá, de segunda a sexta, mesmo durante a pandemia de COVID-19. O exame físico revela a presença de adenomegalia cervical, eritema faríngeo, presença de membrana acinzentada cobrindo as amígdalas e parte do palato mole. Diagnóstico: difteria respiratória Bordetella pertussis Definição Cocobacilo gram negativo Agrupamento - Hemólise típica em ágar-batata-sangue-glicerol que é Meio de Bordet-Gengou Respiração celular Aeróbio estrito, não fermenta lactose nem carboidrato e metaboliza aminoácidos Distribuição na natureza - Transmissão - Contato direto de pessoa doente com pessoas susceptível - Gotículas de secreção orofaringe - Objetos contaminados recentemente com secreções - Doença grave da infância e é contagiosa Patogenia Coqueluche (tosse comprida) O agente etiológico coloniza tranqueia e brônquios. - Interfere na ação ciliar das células epiteliais - Há a liberação de toxinas e de substancias que irritam as células superficiais, levando a tosse e a linfocitose acentuada (necrose de partes do epitélio) - Coinfecção: pneumonia bacteriana – S. pneumoniae ou H. influenzae - Obstrução bronquiolar por muco: atelectasia que é quando há o colapso total ou parcial do pulmão ou do lóbulo pulmonar, com isso há diminuição da oxigenação sanguínea levando a convulsões em lactentes com coqueluche Fatores de virulência - Hemaglutinina filamentosa e fímbrias: adesinas – células epiteliais ciliadas (colonização da traqueia) - Toxina pertussis: linfocitose – sensibilização à histamina que leva a inflamação - Citotoxina traqueal: inibe a síntese de DNA nas células ciliadas - LPS: produção de lesão das células epiteliais das vias respiratórias superiores Sinais e sintomas Apresentação clássica: · Incubação: 7 a 10 dias · Estágio catarral: tosse leve e espirros; fase de alta infectividade (microrganismos em forma de aerossol em perdigotos) · Estágio paroxístico: tosse convulsivante (crianças maiores e adultos), tosse com presença de “sibilo” à inspiração e exaustão em tossir (lactentes), vômitos, cianose e convulsões · Estágio convalescença Tratamento Vacinação: - Penta (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) · 2 meses: 1° dose · 4 meses: 2° dose · 6 meses: 3° dose - DTP (difteria, tétano e coqueluche) · 15 meses: 1° reforço · 4 anos: 2° reforço - dTpa em grávidas (difteria, tétano e coqueluche) · Uma dose a cada gestação a partir da 20° semana de gestação ou no puerpério (até 45 dias pós o parto) Caso clínico Criança, sexo masculino, 11 meses, moradora de comunidade no extremo da zona sul de São Paulo, é levada a UBS pela avó com febre baixa e tosse com catarro. A avó relata que, no dia anterior, a criança iniciou tosse intensa com perda de fôlego, parecendo o uivo de um cachorro (https://www.youtube.com/watch?v=S3oZrMGDMMw). Descreve ainda que, durante os acessos, fica roxa e chegou a vomitar três vezes. O médico pergunta a respeito da regularidade das vacinas e a avó explica que, por cuidar de mais cinco netos, tendo o mais velho 19 anos, nunca teve tempo de levar as crianças para serem vacinadas. Disse ainda que o agente de saúde tem dificuldades em chegar a sua casa, devido à periculosidade da região. Diagnóstico: Coqueluche
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