Buscar

Aula 3

Prévia do material em texto

Avaliação Nutricional
Aula 03: Avaliação bioquímica
Apresentação
A avaliação bioquímica está relacionada a um conjunto de exames e testes que devem fazer parte
da consulta do paciente com o pro�ssional nutricionista com �nalidade de tratar, diagnosticar,
acompanhar, coletar dados e auxiliar na prevenção das doenças. Faz-se necessário tal
procedimento para que a avaliação nutricional seja completa.
O diagnóstico nutricional tem por objetivo a recuperação do estado nutricional do paciente por
meio da obtenção de um maior número de dados, principalmente, de exames bioquímicos,
essenciais na recuperação do paciente.
Objetivo
Reconhecer a importância de interpretar exames bioquímicos em nutrição;
Identi�car as técnicas de interpretação de exames bioquímicos;
Relacionar os exames bioquímicos com o exame clínico e anamnese alimentar.
Palavras iniciais
Os exames bioquímicos necessários ao acompanhamento dietoterápico do paciente pelo
nutricionista estão regulamentados de acordo com a Lei Federal nº 8234/1991, que dispõe sobre
a solicitação de exames laboratoriais.
 Fonte: shutterstock
Solicitar exames laboratoriais é de extrema importância para o acompanhamento nutricional,
principalmente para a prescrição dietética, e é de competência do pro�ssional. Os exames têm o
objetivo de trazer informações importantes para a avaliação do estado nutricional do paciente, e
para que sejam feitos ajustes na dieta do paciente, é necessário que tenha a complementação
com os métodos de antropometria, anamnese alimentar e exame físico do paciente.
Nesta aula conheceremos alguns exames bioquímicos importantes para o diagnóstico
nutricional, ressaltando a importância da equipe interdisciplinar no reestabelecimento do estado
nutricional do paciente o mais rápido possível.
Vamos iniciar com o hemograma completo, pela série vermelha. Uma das primeiras células são
as hemácias, que podem apresentar alterações de tamanho, forma e coloração dependendo da
patologia que está em curso. Já a hemoglobina é uma proteína presente nos eritrócitos, que têm
como principal função o transporte de oxigênio e de�ne a condição da anemia se ferropriva ou
talassêmica etc., variando sua concentração entre gênero e idade.
 Fonte: shutterstock
Outra célula sanguínea é o hematócrito, que indica por unidade de volume a massa total de
células sanguíneas. O hematócrito avalia a porcentagem de hemácias que pode estar reduzida
em doenças renais, hemorragias e/ou em perdas como hemólise, queimaduras, e depende do
volume ocupado pelos eritrócitos, pois são mais numerosos que os leucócitos e plaquetas.
Já o volume corpuscular médio – VCM é de�nido como o tamanho das hemácias e é o melhor
índice para classi�car as anemias. Se estiver reduzida, é denominada de anemia microcítica, que
pode ser uma anemia por possível de�ciência de ferro (anemia ferropriva) ou talassemia.
Atenção
A talassemia é conhecida como anemia do mediterrâneo, pois alguns casos incialmente
identi�cados ocorreram em famílias residentes do Mar Mediterrâneo, sendo uma desordem
hereditária que pode causar anemia. A condição não é contagiosa, contudo é provocada por uma
falha genética, a qual leva a uma malformação da hemoglobina. Existem dois tipos principais de
talassemia: alfa e beta, sendo que a segunda é mais comum. Para formar a hemoglobina, o corpo
precisa das proteínas alfa-globinas e beta-globinas, as quais, por sua vez, precisam de alguns genes
em nosso corpo para que sejam construídas.
Na anemia ferropriva ocorre a redução anormal do tamanho da célula (anemia microcítica) e
diminuição da coloração das hemácias por redução da hemoglobina (hipocromia). Já na
macrocitose pode ocorrer outras condições como: anemia megaloblástica, alcoolismo,
hepatopatia e hipotireoidismo.
A anemia megaloblástica é resultante da inibição da síntese de DNA na produção de glóbulos
vermelhos e frequentemente ocorre devido à de�ciência de vitamina B12 e/ou de ácido fólico,
levando a defeitos na síntese de DNA. A de�ciência de vitamina B12 por si só não causa a
síndrome na presença de ácido fólico su�ciente.
Outra célula analisada é a hemoglobina corpuscular média, que é de�nida como a média da
hemoglobina por eritrócito, e que pode estar reduzida na microcitose e elevada na macrocitose.
Já a concentração da hemoglobina corpuscular média signi�ca a concentração de hemoglobina
presente em 100 mL de hemácias, permitindo que seja realizada avaliação do grau de saturação
de hemoglobina no eritrócito. Uma saturação normal signi�ca hemácias normocrômicas,
hipocrômicas (saturações diminuídas) e quando saturação elevada, hipercrômicas.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Leucócitos
A série branca do exame bioquímico é chamada de leucograma. Aqui os leucócitos são células do
sangue responsáveis pela defesa do organismo contra toxinas, vírus e bactérias. Os leucócitos
são classi�cados em granulócitos como neutró�los, basó�los e eosinó�los, além dos linfócitos e
monócitos.
 Ilustração mostra os cinco tipos de leucócitos detectados em um leucograma. Fonte: Double Brain/Shutterstock.com [adaptado]
O exame do leucograma é obtido pela contagem de diferentes tipos de leucócitos, numa lâmina,
por meio de um microscópio. O exame é indicado para diagnóstico ou acompanhamento de
infecções e in�amações, alérgicas ou leucêmicas, porém em situações de estresse, gravidez,
exercício físico, alimentação e o uso de corticoides podem ter resultados alterados.
 Fonte: shutterstock
A seguir alguns exemplos de valores de referência:
SÉRIE BRANCA VALORES DE REFERÊNCIA
LEUCÓCITOS 4.500 até 13.000 mm3
NEUTROÓFILOS 40 a 69%
EOSINÓFILOS 0 a 5%
BASÓFILOS 0 a 1%
LINFÓCITOS 25 a 45%
MONÓCITOS 2 a 10%
Comentário
Quando os leucócitos estão aumentados, recebem o nome de leucocitose;. Quando estão
diminuídos, chamamos de leucopenia. Quando notamos aumento ou redução dos valores dos
leucócitos, é importante ver qual das seis linhagens descritas mais adiante é a responsável por essa
alteração.
Como neutró�los e linfócitos são os tipos mais comuns de leucócitos, eles geralmente são os
responsáveis pelo aumento ou diminuição da concentração total dos leucócitos. Grandes
elevações podem ocorrer nas leucemias. Enquanto processos infecciosos podem elevar os
leucócitos entre 20.000-30.000 células/mm , na leucemia, os valores ultrapassam facilmente as
50.000 cel/mm .
As leucopenias normalmente ocorrem por lesões na medula óssea, e podem ser resultado de
quimioterapia, por ingestão de drogas, invasão de células cancerígenas ou por invasão por
microrganismos.
A seguir os tipos de leucócitos, cada um com suas particularidades:
3
3
Clique nos botões para ver as informações.
O neutró�lo é o tipo de leucócito mais comum. Representa, em média, de 45 a 75% dos
leucócitos circulantes e são especializados no combate a bactérias. Na presença de uma
infecção bacteriana, a medula óssea aumenta a sua produção, fazendo com que sua
concentração sanguínea se eleve. Portanto, quando temos um aumento do número de
leucócitos totais, causado basicamente pela elevação dos neutró�los, estamos diante de um
provável quadro infeccioso bacteriano.
Os neutró�los têm um tempo de vida de aproximadamente 24-48 horas. Quando o processo
infeccioso é controlado, a medula diminui a produção de novas células e seus níveis
sanguíneos retornam rapidamente aos valores basais.
Neutro�lia: aumento do número de neutró�los,
Neutropenia: redução do número de neutró�los.
Neutró�los 
Os linfócitos são o segundo tipo mais comum de glóbulos brancos. Representam de 15 a
45% dos leucócitos no sangue. Essas células são as principais linhas de defesa contra
infecções por vírus e contra o surgimento de tumores, além de serem responsáveis pela
produção dos anticorpos. Quando temos um processo viral em curso, é comum que o
número de linfócitos aumente, às vezes, ultrapassando o número de neutró�los e tornando-
se o tipo de leucócito mais presente na circulação.Os linfócitos são as células que
fazem o reconhecimento de organismos estranhos, iniciando o processo de ativação do
sistema imune e, portanto, são essas células que iniciam o processo de rejeição nos
transplantes de órgãos.
Linfócitos 
1
São ativados em processos virais e bacterianos, representam de 3 a 10% dos leucócitos
circulantes, e, quando um tecido está sendo invadido por algum germe, o sistema imune
encaminha os monócitos para o local infectado. Os monócitos tipicamente se elevam nos
casos de infecções, principalmente naquelas mais crônicas, como a tuberculose.
Monócitos 
Eles são os leucócitos responsáveis pelo combate de parasitas e mecanismo da alergia,
representando cerca de 1 a 5% dos leucócitos circulantes.O aumento de eosinó�los ocorre
em pessoas alérgicas, asmáticas ou em casos de infecção intestinal por parasitas.
Eosino�lia: aumento do número de eosinó�los;
Eosinopenia: redução do número de eosinó�los.
Eosinó�los 
O tipo menos comum de leucócitos no sangue e representam de 0 a 2% dos glóbulos
brancos. Sua elevação normalmente ocorre em processos alérgicos e estados de
in�amação crônica.
Basó�los 
Plaquetas
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0097/aula3.html
As plaquetas são fragmentos de células responsáveis pelo início do processo de coagulação,
agrupam-se e formam um trombo, uma espécie de rolha que imediatamente estanca o
sangramento.
 Ilustração 3D de plaquetas sanguíneas (Fonte: shutterstock)
Quando um tecido de qualquer vaso sanguíneo é lesado, o organismo rapidamente encaminha as
plaquetas ao local da lesão. Graças à ação das plaquetas, o organismo tem tempo de reparar os
tecidos lesados sem que haja muita perda de sangue.
O valor normal das plaquetas varia entre 150 a 450 mil por microlitro (uL). Com valores próximos
de 50 mil, o organismo não apresenta di�culdades em iniciar a coagulação. Quando esses valores
se encontram abaixo das 10 mil plaquetas/uL, há risco de morte, uma vez que pode haver
sangramentos espontâneos.
Trombocitopenia
Redução, abaixo dos
valores de referência, do
número de plaquetas.
Trombocitose
Aumento, acima dos
valores de referência, do
número de plaquetas.
É importante antes de cirurgias dosar as plaquetas, para saber se o paciente não se encontra sob
elevado risco de sangramento, e na investigação dos pacientes com quadros de hemorragia ou
com frequentes equimoses (manchas roxas na pele).
A contagem total de linfócitos – CTL é um indicador de estado nutricional podendo estar
aumentada nas infecções virais, agudas e doenças colagenosas, e pode estar reduzida em
pacientes que fazem uso de corticoides e em doenças que estão relacionadas ao sistema
imunológico.
É obtida por meio de uma fórmula em que se utilizada o percentual de linfócitos e o número de
células de leucócitos.
CTL= % linfócitos x leucócitos / 100
Classi�cação da contagem total de linfócitos:
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Interpretação Valores de referência
Depleção leve 1200 A 2000/mm
Depleção moderada 800 a 1199/mm
Percussão - Avaliação de “sons”, para determinar o contorno, formato e posição dos órgãos.
- Nem sempre pode ser usada no exame físico relacionado à nutrição.
Depleção grave < 800/mm
Fonte: The Surgical Clinics of North America, 1981
3
3
3
A albumina é uma proteína sintetizada e secretada no fígado correspondendo à principal fração
das proteínas totais no plasma, desempenhando várias funções, como transporte de substâncias
endógenas (aminoácidos, ácidos graxos, bilirrubina e outros metabólitos) e exógenas (drogas e
produtos tóxicos).
Essa célula possui meia-vida de cerca de 20 dias, e sua concentração
plasmática diminui lentamente, tornando-a insensível para a avaliação de
distúrbios agudos e re�etindo tardiamente uma baixa ingestão proteica.
Os níveis reduzidos de albumina ocorrem quando da diminuição de sua síntese, diminuição do
consumo de proteínas na alimentação, catabolismo de proteínas corporais, induzido por doença
ou estresse, excreção anormal de proteína na urina, como na síndrome nefrótica, e pode ocorrer
edema, devido a albumina ter como função a manutenção da pressão oncótica do plasma.
Valores de referência no soro em adultos:
Interpretação Valores de referência
Normal > 3,5 g/dL
Depleção leve 3,0 a 3,5 g/dL
Depleção moderada 2,4 a 2,9 g/dL
Depleção grave < 2,4 g/dL
Blackburn et al., 1979
A avaliação da tireoide (hipotireoidismo e hipertireoidismo) se dá por meio da tiroxina (T4 total
e livre) e triiodotironina .
Valor de referência para T4 total em adultos: de 4,5 a 12 µg/dL.
Valor de referência para T3 em adultos: de 1,13 a 3,14 mmol/L.
O hormônio tireoestimulante (TSH) é produzido pela hipó�se anterior e é responsável direto pela
estimulação da glândula tireoide, aumentando, assim, a secreção de hormônios T3 e T4. Os
valores de referência são expressos em termos de inibição da ligação do TSH: positivo – a
partir de 1,5U/L; normal - < 1U/L; indeterminado – entre 1 e 1,5U/L.
1
http://estacio.webaula.com.br/cursos/go0097/aula3.html
 Exames utilizados para acompanhamento de doenças renais
 Clique no botão acima.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Ureia
A ureia é uma molécula pequena que se encontra livremente entre os espaços extra e
intracelular, concentrando-se na urina para excreção e pertence ao grupo dos
compostos nitrogenados não proteicos.
Os níveis elevados de ureia sugerem insu�ciência renal, e os níveis reduzidos podem
estar associados com dietas pobres em proteínas, com a expansão do volume
plasmático ou com hepatopatias graves. O valor de referência no soro ou na urina: de 10
a 45 mg/dL.
 Fonte: Shutterstock
Creatinina
De�nida como o produto �nal do metabolismo da creatina. A quantidade é proporcional
à massa muscular esquelética do indivíduo, sendo a creatinina excretada de forma
muito e�ciente pelos rins, e sua concentração plasmática torna-se elevada quando há
insu�ciência renal. Valores de referência no plasma:
Homens – de 0,8 a 1,2 mg/dl;
Mulheres – de 0,6 a 1,0 mg/dl.
Clearance de creatinina
A depuração, ou clearance de creatinina, ou ainda, a taxa de �ltração glomerular (TFG) é
um indicador da função renal, principalmente nos casos mais avançados, em que os
níveis encontram-se bem abaixo do valor mínimo de referência (80 a 120
mL/min/1,73m ).
Quando os valores estão ≤ 60 mL/min, indica-se um tratamento chamado conservador
ou não dialítico, em que a oferta de proteína é controlada com o objetivo de retardar a
progressão da insu�ciência renal. O tratamento dialítico é indicado quando a TFG é
inferior a 15 mL/min.
Sódio
Tem como função avaliar os equilíbrios �uido-eletrólito e ácido básico, bem como as
funções neuromuscular, renal e adrenal. Os níveis séricos de sódio elevados
(hipernatremia) podem resultar de ingestão inadequada de água, perda de água com
excesso de sódio (diabetes, função renal prejudicada, vômito ou diarreia graves) e
retenção de sódio.
Já os níveis séricos reduzidos de sódio (hiponatremia) podem resultar de ingestão
inadequada, perda excessiva de sódio devido à transpiração profusa, terapia diurética,
vômitos, queimaduras, síndrome nefrótica, insu�ciência cardíaca congestiva e
insu�ciência renal crônica com acidose. Valor de referência: de 135 a 145 mEq/L.
Potássio
A de�ciência de potássio (hipocalemia) prejudica a função neuromuscular, tendo como
sinais clínicos fadiga, mialgia e fraqueza muscular, paralisia, alterações no
eletrocardiograma, taquicardia com alterações na onda T (achatamento ou inversão), e
nos casos mais graves, arritmias ventriculares e parada cardíaca.
As causas de hipocalemias podem ser: acidose tubular renal, uso de
mineralocorticoides, aldosteronismo, uso de diuréticos e outras drogas, além de
ingestão inadequada, má-absorção, perdas gastrointestinais por vômitos, diarreia, uso
de laxativos, fístulas, queimaduras e sudorese excessiva.
2
Já o excesso de potássio (hipercalemia) causa sinaisclínicos como confusão mental,
fraqueza, hipoventilação e bradicardia. Essa condição re�ete excreção renal inadequada,
mobilização do potássio dos tecidos, excesso do consumo oral ou de administração
parenteral, uso de diuréticos poupadores de potássio e constipação intestinal. Valor de
referência: de 3,6 a 5,0 mEq/L.
Fósforo
O aumento de fósforo sérico ocorre por diminuição da �ltração glomerular, aumento da
reabsorção tubular renal e aporte endógeno ou exógeno. Valores séricos diminuídos são
encontrados com uso de diuréticos, antiácidos, hiperparatireoidismo primário,
septicemia, de�ciência de vitamina D, hemodialisados crônicos, presença de vômitos e
na síndrome de realimentação. Valores de referência no soro em adultos:
de 2,4 a 4,6 mg/dL em homens;
de 2,3 a 4,3 mg/dL em mulheres.
Cálcio
Os quadros de hipocalcemia podem ser observados nos pacientes com doença renal
crônica, muitas vezes associados à de�ciência de vitamina D. Já ahipercalcemia é uma
condição que está presente em administração crônica de diuréticos, uso da vitamina D e
antiácidos. Valor de referência em adultos: de 8,4 a 10,2 mg/dL.
Magnésio
Os sinais clínicos da depleção de magnésio só se manifestam quando os níveis séricos
se encontram muito comprometidos, ou seja, em valores abaixo de 1mEq/L. As causas
de de�ciência podem ser má-absorção, desnutrição, diarreia intensa, alcoolismo,
pancreatite aguda, hiperalimentação por meio de terapia nutricional parenteral
prolongada, diálise crônica e hiperaldosteronismo. Os sinais clínicos de
hipomagnesemia são: fraqueza, tremores, irritabilidade, delírio, convulsões, tetania e
alterações no eletrocardiograma.
Os níveis séricos elevados de magnésio podem ocorrer nas desidratações intensas, na
insu�ciência renal, na insu�ciência adrenocortical, em grandes traumas teciduais, no
lúpus eritematoso sistêmico, no mieloma múltiplo, assim como pelo uso excessivo de
antiácidos e de enemas ricos em magnésio. Os sinais clínicos da hipermagnesemia são:
diminuição de re�exos, sonolência, arritmias e parada cardíaca. Valor de referência no
soro: de 1,9 a 2,5 mg/dL.
Ácido úrico
É gerado como produto nitrogenado no ser humano, por meio do catabolismo das
purinas (adenina e guanina). A concentração elevada de ácido úrico no sangue
(hiperuricemia) está relacionada com o diagnóstico de gota, cálculo renal, insu�ciência
renal, neoplasias, leucemia e linfomas. Já a redução de ácido úrico encontra-se em
situações como síndrome de Fanconi, doença de Wilson e secreção inapropriada de
hormônio antidiurético, diminuindo também sob efeito de drogas como alopurinol,
aspirina em altas doses, contrastes radiológicos e altas doses de vitamina C. Valores de
referência no soro:
De 2,4 a 6,0 mg/dl em mulheres;
De 3,4 a 7,0 mg/dl em homens.
;
Oxalato na urina de 24 horas
A necessidade de dosagem de oxalato em pacientes com nefrolitíase é importante, em
razão de 90% dos cálculos renais formados serem de oxalato de cálcio. A maior fração
do oxalato urinário é endógena e do metabolismo do ácido ascórbico (vitamina C), com
fração de apenas 10 a 15% do seu total excretado proveniente da alimentação. Valores
de referência:
De 17 a 43 mg/24h em homens;
De 24 a 47 mg/24h em mulheres.
Atividades
1. Paciente VMR, sexo feminino, 28 anos, com sintomas de fraqueza, vômitos e diarreia, procurou
o ambulatório de nutrição sendo solicitado hemograma completo para diagnóstico nutricional. No
exame antropométrico foram constatados os seguintes parâmetros:
PA = 70Kg, PH = 87 Kg, A = 1,62m.
Diante desses dados de�na o estado nutricional do paciente.
Série vermelha
Células Resultado Valor de referência
Hemácias 3,2 4 a 5 milhões/mm
Hemoglobina 11 13,5 a 18g/dL
Hematócrito 32 40 a 50%
VCM 70 80 a 98fl
HCM 21 23 a 34pg
CHCM 27 28 a 35%
RDW 11 11 a14%
3
Série branca
Células Resultado Valor de referência
Leucócitos 9.000 4.500 a 10.000 células/mm
Neutrófilos 42 40 a 80%
Eosinófilos 2 0 a 5%
Basófilos 2 0 a 2%
3
Linfócitos 20 20 a 50%
Monócitos 0 0 a 12%
Plaquetas 166.000 150.000 a 350.000 microlitros
2. Paciente J.M.N, 34 anos, com sintomas de náuseas e odinofagia, perda de peso recente e
di�culdades de se alimentar, procurou o ambulatório de nutrição para tratamento nutricional. Ao
exame nutricional foi constatado albumina de 2,4g/dL, CTL de 800 células/mm3, VCM de 98�.
Peso atual de 52Kg, estatura de 1,73. Diante desses dados de�na o estado nutricional do
paciente.
3. Sabendo da importância da prescrição de exames bioquímicos em um diagnóstico nutricional
para um tratamento e�caz e correto de acordo com a necessidade do paciente e com os sinais e
sintomas presentes, qual a importância de interpretar exames bioquímicos como albumina, ureia
e creatinina?
Notas
Linfócitos1
Os linfócitos também são as células atacadas pelo Vírus da Imunode�ciência Humana - HIV. Este é
um dos motivos da Síndrome da Imunode�ciência Adquirida – Aids causar imunossupressão e levar
a quadros de infecções oportunistas.
Linfocitose: aumento do número de linfócitos;
Linfopenia: redução do número de linfócitos.
Os linfócitos atípicos não têm nada a ver com câncer e são considerados um grupo de linfócitos com
morfologia diferente, que podem ser encontrados no sangue, surgindo em quadros de infecções por
vírus, como mononucleose, gripe, dengue, catapora etc. Algumas drogas e doenças autoimunes,
como lúpus, artrite reumatoide e síndrome de Guillain-Barré, além das infecções, também podem
estimular o aparecimento de linfócitos atípicos.
Tiroxina (T4 total e livre) e triiodotironina2
A tiroxina (T4) é um hormônio secretado pela glândula tireoide que sofre conversão à triiodotironina
(T3). Embora T4 seja secretada em quantidade 20 vezes maior que T3, esta última é a responsável
pela maioria das funções tireoidianas no organismo, visto que é de 3 a 4 vezes mais potente que T4.
Referências
______. Interpretação de exames bioquímicos. In: Portal Educação. Disponível em:
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/interpretacao-de-exames-
bioquimicos/34970 <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/interpretacao-
de-exames-bioquimicos/34970> . Acesso em: 23 jul. 2019.
BLACKBURN, G. L.; THORNTON, P. A. Nutritional assessment of the hospitalized patients. In: Med. Clin.
North. Am., n. 63, 1103 – 1115, 1979.
DUARTE, A. C. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Atheneu, 2007.
KAMIMURA, M. A. et al. Avaliação nutricional. In: CUPPARI, L. (Ed.). Guia de nutrição: nutrição clínica
no adulto. Barueri: Manole, 2002. p. 71-110. cap. 5.
LIMA, A. O. et al. Métodos de laboratório aplicados à clinica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2001.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Roca, 2005.
MAICÁ, I.; SCHWEIGERT, D. Avaliação nutricional em pacientes graves. In:Revista Brasileira de
Terapia Intensiva, v. 20, n. 3, p. 10, jul./set. São Paulo, 2008.
MARTINS, C. Avaliação do estado nutricional e diagnóstico. Curitiba: NutroClínica, 2008. p. 297-338.
cap.10.
NIEMAN, C. L. et al. Parenteral and enteral nutrition support: determining the best way to feed. In:
CORKINS M. R. (Ed). The A.S.P.E.N. Pediatric Nutrition Support Core Curriculum, p. 460-476, 2010.
OLIVEIRA, F. Avaliação do estado nutricional: avaliação bioquímica In: SILVIA, S. M. C.; MURA, J. D. A. P.
(Ed.). Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. São Paulo: Rocca, 2007.
ROSA, G. et al. Avaliação nutricional do paciente hospitalizado: uma abordagem teórico-prática. 1.
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
Próxima aula
Avaliação antropométrica como parte do diagnóstico nutricional;
https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/interpretacao-de-exames-bioquimicos/34970
Métodos de análise antropométrica em adultos;
Interpretação dos métodos antropométricos na prática nutricional.
Explore mais
Indicação de leitura:
CEMBRANEL, F. et al. Relação entre consumo alimentar devitaminas e minerais, índice de massa
corporal e circunferência da cintura: um estudo de base populacional com adultos no Sul do
Brasil. In: Cad. Saúde Pública 2017; 33(12):e00136616.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes