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FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO CRISE DA ORDEM FEUDAL E TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE Esta fase pode ser considerada longa, tendo em visto que a ciência econômica, o debate sobre a economia, começa antes mesmo de Cristo, na Grécia Clássica com Aristóteles. No século IV a.C., já se debatiam questões como valor de uso, valor de troca, papel do comércio, empréstimo a juros, etc. O debate sobre a economia e as questões materiais da humanidade, na maior parte da história da humanidade, irá se focar em outros aspectos: questões sociais, culturais, éticas, teológicas. O debate da economia está diretamente ligado a esses aspectos, inclusive nas questões jurídicas. A normatização e regulação das relações da sociedade, desde as relações de propriedade até mesmo as relações familiares. Esse debate, ao longo da história, está muito submetido à lógica das sociedades regidas pela tradição, costume, imposição e autoridade. Boa parte da população, desde seu nascimento, já tinha determinadas as atividades econômicas para as quais se destinariam. O poder era fruto das relações de sangue, de imposição, de poder pela força. Romper uma tradição era algo malvisto. A busca pela inovação, que vemos na atualidade, não era uma característica da época. As mudanças sociais eram vagarosas. A discussão da economia era submetida aos outros preceitos: filosóficos, éticos, morais, etc. O poder era proveniente das propriedades, especificamente de terras e de pessoas que estavam sobre essas terras. No fim da Idade Média, a partir do século XI d.C., ocorre uma série de mudanças, que provocam rachaduras na estrutura da sociedade feudal. Uma dessas mudanças, foi de caráter econômico: revolução agrícola. A Europa, por muito tempo, não tinha técnicas agrícolas desenvolvidas, dependendo primordialmente do comércio. Nesse momento, muitas transformações acontecem na agricultura europeia, melhorando e aumentando a produção. A sociedade feudal, que até então não conseguia produzir muito excedente, passa a produzi-lo. O comércio entra em ascensão, principalmente entre as regiões. O crescimento populacional é outra característica dessa fase. Na disciplina de economia político, trabalhamos com o mundo ocidental em transição, entre os séculos XV e XVIII, época na qual a economia se separa das demais ciências, chamada época da gênese econômica. A organização do trabalho também se modifica. Os trabalhadores são tirados do campo, para que trabalhem em suas casas criando produtos para a exportação. O processo de cercamento das terras também é relevante, abandonando a cultura de terra compartilhada. A Inglaterra é o exemplo clássico de maior avanço do processo de cercamento. Não apenas as áreas comuns são cercadas, mas até mesmo os camponeses são expulsos, FERNANDA CAUS PRADO FERNANDA CAUS PRADO sendo obrigados a sair dos campos e migrar para as cidades. O camponês passa a trabalhar nas manufaturas ou ficam na pobreza, que por sua vez cresce rapidamente na sociedade. É preciso ter em mente que esses processos não foram rápidos e nem mesmo pacíficos: ocorreram de maneira gradativa e provocaram diversos conflitos. Surge então o Renascimento, e as cidades passam a ser os novos eixos dinâmicos do continente europeu. O protagonismo fica com cidades italianas, como Veneza, Gênova... Cidades portuárias também se destacam. O comércio caracteriza o novo pilar econômico: a classe burguesa. Nesse momento, a aliança entre nobreza e burguesia comercial tem seu início, fundamental para constituir os Estados nacionais e os reinos da época. O soberano então toma medidas que valorizam o comércio, que é um comércio primordialmente exterior, chamado mercantilismo. A lógica mercantilista parte do princípio que um deve tirar proveito, lucro do outro. Logo, o comércio interior não é tão atrativo, pois um sujeito ganha e o outro perde, contudo ambos fazem parte da mesma nação. O surgimento do Estado nação é fundamental para a origem do capitalismo. A reforma protestante, por sua vez, altera a percepção sobre a relação do indivíduo e da riqueza. A ideia de que o rico não iria ao reino dos céus é deixada de lado na reforma protestante. Há um rompimento da intermediação do indivíduo com Deus, que anteriormente carecia da Igreja, de um padre, de uma figura religiosa "superior". Este processo nos mostra o surgimento de um individualismo.
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