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. 1 ITEP-RN 1. Criminalística: 1.1. Definição. 1.2. Histórico. 1.3. Doutrina. .............................................................. 1 2. Perícia: 2.1. Definição e conceitos. 2.2. Requisição. 2.3. Prazo para elaboração do exame e do laudo pericial. 2.4. Principais perícias elencadas no Código de Processo Penal. ............................................... 6 3. Locais de crime: 3.1. Conceituação e classificação. 3.2. Isolamento e preservação de local de crime. 3.3. Finalidades dos levantamentos dos locais de crime contra a pessoa e contra o patrimônio. ........... 12 4. Locais de morte: 4.1. Morte violenta. 4.2. Local de morte por arma de fogo. 4.3. Local de morte por instrumentos contundentes, cortantes, perfurantes ou mistos. 4.4. Local de morte provocada por asfixia........... .......................................................................................................................................... 38 5. Cadeia de Custódia: 5.1. Conceitos. 5.2. Etapas. 5.3. Fase Interna. 5.4. Fase Externa. 5.5. Rastreabilidade. ..................................................................................................................................... 49 6. Vestígios de interesse Forense. ..................................................................................................... 51 7. Levantamento papiloscópico. ......................................................................................................... 53 Candidatos ao Concurso Público, O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom desempenho na prova. As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar em contato, informe: - Apostila (concurso e cargo); - Disciplina (matéria); - Número da página onde se encontra a dúvida; e - Qual a dúvida. Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. Bons estudos! 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 1 Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores @maxieduca.com.br Contexto Histórico: A criminalística foi lançada no final do século passado, com HANS GROSS e a escola alemã. É conhecido como o fundado da Criminalística e da Criminologia, termo que ele mesmo criou. Sempre observou os métodos ineficientes para a investigação policial, tendo em vista que para se obter informações era necessário o uso da tortura e castigo corporal. GROSS trabalhou por 20 anos, sem fazer barulhos e reuniu conhecimentos e experiência, que foram trazidos na obra. Em 1.898 foi completado o manual para juízes de instrução, através da obra “Die Kriminal Psychologie” (A Psicologia Criminal) e ampliada novamente com a “Coletânea de Temas Criminalísticos”. Em 1.897, GROSS criou o o “Arquivo de Antropologia Criminal e de Criminalística” (Archiv für Kriminal- Antropologie und Kriminalistik) que, em junho de 1944, já contava com 114 volumes. Outros nomes também mereceram destaque, como EDMOND LOCARD, um dos pioneiros da Criminalística na França. Após muitos anos de estudo, LOCARD, queria organizar uma equipe de cientistas, que pudessem utilizar todos os recursos, de modo a detectar o crime. Em 10 de janeiro de 1910, LOCARD cria o “Laboratório de Polícia” ou, segundo outros, do “Laboratório de Polícia Técnica” de Lyon, o primeiro do gênero em todo o mundo. Os estudos realizados por LOCARD sobre as impressões digitais, levaram-no a demonstrar em 1912, que os poros sudoríparos que se abrem nas cristas papilares dos desenhos digitais, obedecem também aos postulados da “imutabilidade” e da “variabilidade”; criou assim a técnica microscópica de identificação papilar a que deu o nome de “Poroscopia”.1 No domínio da documentoscopia, LOCARD criou o chamado “Método Grafométrico”, baseado na avaliação e comparação dos valores mensuráveis da escrita. Apresentou notáveis contribuições no tocante à falsificação dos documentos escritos e tipográficos , ao grafismo da mão esquerda e à anonimografia. Interessou-se, além do mais, pela identificação dos recidivistas, publicando artigos e obras neste domínio. Tudo o que o insigne mestre estudou no campo da Criminalística, aliado à sua experiência pessoal, achava-se exposto em sua obra clássica, o “Traité de Criminalistique”, em seis volumes, publicado entre os anos de 1931 a 1940. O resumo do que se contém nesta obra acha-se condensado no manual de “Technique Policière” cuja segunda edição foi traduzida para o castelhano, sob o título de “Manual de Técnica Policiaca”. Nunca aceitou um cargo público e os seus projetos de pesquisa consumiram quase toda a fortuna da família. Para equilibrar o seu orçamento nos últimos anos de vida, viu-se na contingência de vender, um por um, os selos raros de sua coleção e, para manter a sua equipe de colaboradores, inteirava com os seus próprios recursos, os escassos salários que o governo lhes pagava. Em 1913, por iniciativa do Dr. RAFAEL DE SAMPAIO VIDAL, quando Secretário de Justiça e Segurança do Estado de São Paulo, foi convidado o Professor RUDOLPH ARCHIBALD REISS, diretor do Laboratório de Polícia Técnica e titular da cátedra de Polícia Científica da Universidade de Lausanne, a fim de realizar uma série de conferências didáticas para as autoridades policiais daquele Estado. O Professor REISS, considerado na época um dos mais eminentes mestres da Policiologia, veio ao nosso país acompanhado do Dr. MARC BISCHOFF, que além de assistente-secretário, foi seu sucessor na cátedra e na direção do Laboratório de Polícia Técnica de Lausanne. 1 http://www.ic.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=5 1. Criminalística: 1.1. Definição. 1.2. Histórico. 1.3. Doutrina. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 2 A estadia deste mestre de renome internacional no Estado de São Paulo e no Distrito Federal, onde também realizou excelentes preleções, foi das mais proveitosas, segundo informa MANOEL VIOTTI. Este autor salienta em seu comentário, o nome do Dr. VIRGÍLIO DO NASCIMENTO, que muito se distinguira nos cursos prelecionados, a ponto de captar a estima e consideração do mestre, que o levava em sua companhia para aperfeiçoar-se na Universidade de Lausanne. Em 1925, fundou-se a Delegacia de Técnica Policial em São Paulo, a qual foi transformada no ano seguinte em Laboratório de Polícia Técnica, por iniciativa do Dr. CARLOS DE SAMPAIO VIANA, considerado um dos pioneiros do estudo técnico-policial no país. Em janeiro de 1933, o Gabinete de Identificação do Rio de Janeiro, sob a direção do Professor LEONILDO RIBEIRO, eminente mestre da Medicina Legal, foi transformado num verdadeiro Instituto, ocasião em que também foi criado o Laboratório de Polícia Técnica e Antropologia Criminal, inaugurado no dia 20 de junho daquele ano. Com o surgimento de novas áreas de conhecimento nas áreas técnicas e científicas, como física, química, biologia, matemática, toxicologia, etc., tornou-se imprescindível uma nova disciplina para a pesquisa, análise, interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de crime, tornando-se assim, meio eficaz de apoio à polícia e à justiça. Estamos falando da criminalísticacomo ciência independente em sua ação, como as demais que a constituem. Conceito O termo Criminalística foi lançado por Hans Gross para designar o “Sistema de métodos científicos utilizados pela polícia e pelas investigações policiais” 2 O conceito de criminalística envolve questões complementares, trata-se da disciplina que tem por objetivo a análise dos indícios extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso. Os indícios extrínsecos são os exames realizados por peritos criminais competentes. A palavra –ex nos dá a ideia de fora, o que não está dentro, portanto devemos entender que envolve os exames realizados fora do corpo da vítima. Geralmente esta perícia é realizada nos objetos, armas e demais substâncias relacionadas com o crime, ao contrário do termo vestígios intrínsecos que se refere aos exames que são conferidos ao Perito Médico Legista, que irá examinar a parte interna do corpo da vítima. Outros doutrinadores conceituam criminalística como o conjunto de procedimentos científicos que a justiça poderá se valer para investigar o fato delituoso e suas características, serão utilizados meios adequados para que os vestígios do crime sejam estudados. Para um dos mais nobre e renomados peritos brasileiros, o Dr. ERALDO RABELLO, segue a definição de criminalística: "É uma disciplina autônoma integrada pelos diferentes ramos do conhecimento técnico-científico, auxiliar e informativo das atividades policiais e judiciárias da investigação criminal tendo por objeto o estudo dos vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, no que tiver de útil à elucidação e à prova das infrações penais e, ainda, à identificação dos autores respectivos.” Para Von Liszt, a Criminalística é a Ciência do Direito Penal. Para Ladislao Thot a Criminalística é aquela ciência auxiliar do Direito Penal que ocupa dos métodos e modos práticos de elucidar as circunstâncias de perpetração dos delitos e individualizar os culpados. De forma geral, a Criminalística é o conjunto de procedimentos científicos, voltados a justiça moderna, para que se possa averiguar o fato delituoso e suas características, permitindo o estudo dos vestígios deixados pelo crime, através dos métodos adequados. Objetivos da criminalística - verificar a ocorrência do ilícito penal através da materialidade do fato; 2 3. CODEÇO, A. G. Elementos Básicos da Perícia Criminal. Rio de Janeiro: Lélu, 1991 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 3 - constatar os meios e formas que foi praticado o delito, através do perito que fará a leitura do local, com os vestígios que foram deixados; - indicar quem foi o autor do delito, quando possível; - elaborar a prova técnica, por meio dos indícios materiais; - qualificar a infração penal, com base nos vestígios que foram periciados no local do crime; - repetir a cena do crime, com todos os elementos presentes; - mesmo que difícil, tentar obter êxito para identificação da vítima. Princípios Por se tratar de um sistema multidisciplinar, a Criminalística adotou os princípios que comportam os demais procedimentos científicos de todo o mundo. Estes princípios devem ser respeitados, pois são espécies de leis que devem ser seguidas, apresentam caráter irrevogável. A ciência se baseia nos princípios para a criação de leis e normas, de modo a socializar os procedimentos científicos com os relacionamentos humanos. Vamos aos princípios que regem a Criminalística: a. Princípio da Observação: como é difícil a constatação dos indícios do crime, seja por parte dos autores ou até mesmo da vítima, serão necessárias análises minuciosas, através de aparelhos microscópicos ou de alta precisão. b. Princípio da Interpretação: também conhecida como princípio da individualidade, a perícia deve obedecer a três ordens: através da identificação genérica, a específica e a individua. c. Princípio da Análise: a perícia irá recriar o acontecimento do crime, trazendo à tona o maior número de detalhes realizados. Serão utilizadas diversas ciências com a elaboração do laudo pericial. A perícia científica irá definir como o fato ocorreu, com a coleta de dados e se necessário irá elaborar exames complementares. d. Princípio da Descrição: como dito acima no laudo serão expostas todas as particularidades sobre o cometimento do crime, desta feita, o perito deve se valer de linguagem ética e jurídica. Os resultados desses exames se baseiam em princípios científicos, devendo ser fundamentados de maneira clara, racional e bem explanada. e. Princípio da Documentação: os exames, perícias devem ser documentados, desde o momento da realização do crime, passando por seu local e aspectos finais. Essa fase de análise que será assegurada por meio do documento assegura a veracidade da prova material, evitando o surgimento de provas ilícitas ou forjadas que possam levar a um injusto julgamento. Áreas de atuação da Criminalística Com o surgimento de novos conhecimentos e desenvolvimentos das áreas técnicas, como física, química, biologia, matemática, toxicologia, etc., tornou-se indispensável a criação de uma nova disciplina para a pesquisa, análise, interpretação dos vestígios materiais encontrados em locais de crime, tornando- se assim, fonte imperiosa de apoio à polícia e à justiça. Dessa forma, a criminalística surge como ciência independente em sua ação, como as demais que a constituem. O Departamento de Polícia Técnica compreende o Instituto de Criminalística, Instituto Médico Legal, Instituto de Identificação e o Laboratório. Com a evolução e necessidade de manutenção do homem no meio social, aumentou o número de crimes, com sua diversificação. Em decorrência deste processo evolutivo, cabe ao Estado prevenir os delitos punindo os criminosos, competindo à polícia prender e a justiça julgar. Modernamente, surgiu uma vertente na Polícia, denominada de Polícia Técnica ou Científica cujo objetivo é produzir a prova técnica, que após exame e análise de casos elabora Laudos Periciais pelos quais auxiliam a Polícia e a Justiça. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 4 Com relação aos biomédicos, eles também atuam nesta área, podendo participar de investigações policiais utilizando seus conhecimentos em biologia molecular e análises. A Modelização pela Criminalística Estática3 A criminalística nasceu como Criminalística estatística, que certifica a prova de acordo com o paradigma vigente. A passagem da prova empírica para a científica acompanhou uma ruptura de visão de mundo, uma nova forma de o homem interagir consigo mesmo e com a natureza. Como se nota, trata-se de uma imposição dos tempos. Com o desenvolvimento da ciência moderna, após as contribuições de Newton, firmou-se a convicção que os conhecimentos eram objetivos, comprovados e não havia questionamentos a respeito. A criminalística tem por base as ciências naturais, ou seja, as ciências da matéria, que apresenta traços de objetividade, já que quando se fala em natureza, se fala em matéria. Nesse tipo de criminalística, o perito via e repetia, extraindo conclusões lógicas diretas, que seriam até dispensáveis ou anunciavam uma dedução, com base no resultado da aplicação de algum princípio considerado inquestionável. A tarefa do perito em apenas ler e escrever já não era suficiente, de modo que a criminalística evoluiu para a Criminalística dinâmica, somando conteúdos subjetivos, a inter-relação entre os fatos, contanto que estes não fossem utilizados no alinhavo das conclusões periciais. Essa associação entre ciência da natureza e vestígio material é até muito evidente, posto que, em resumo, todo o mundo material é chamado de natureza, de modo que poderíamos denominá-lo de ciência da matéria. Questões 01. (PC/DF - Perito Médico-Legista – FUNIVERSA/2015). Com relação aospostulados e princípios da criminalística, é correto afirmar que: (A) o conteúdo de um laudo pericial criminalístico pode sofrer variações conforme o perito criminal que o produzir. (B) mais precisa será a conclusão da perícia, quanto mais rápidos e mais modernos forem os meios utilizados pelo perito. (C) todo contato deixa uma marca conforme o princípio da descrição. (D) a análise pericial deve sempre seguir o método científico. (E) dois objetos podem ser indistinguíveis, mas nunca idênticos conforme o princípio da análise. 02. (PC/SP- Auxiliar de Necropsia – VUNESP). Criminalística pode ser definida como um conjunto de conhecimentos oriundos de várias ciências que permitem (A) antecipar, logicamente, futuros eventos criminosos. (B) localizar eventos futuros de forma preditiva. (C) descobrir crimes e seus respectivos autores. (D) preventivamente ocupar espaços voltados à macrocriminalidade. (E) informar as atividades de polícia preventiva. 03. (IGP/SC - Auxiliar Pericial – Laboratório – IESES). A Criminalística é um sistema de métodos científicos utilizados pela polícia e pelas investigações policiais que tem como objetivo: I. O reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecas, relativos ao crime ou à identidade do criminoso. II. Auxiliar e informar as atividades policiais e judiciárias de investigação criminal. III. Interpretar os elementos que conduzam à identificação do promotor do evento. IV. Realizar exames de vestígios intrínsecos (na pessoa), relativos ao crime. A sequência correta é: (A) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas. (B) Apenas a assertiva II está correta. 3 Toccheto, Domingos. Espindula, Alberi. Criminalística: Procedimentos e Metodologias, editora Millennium, 3ª edição, 2015. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 5 (C) Apenas as assertivas II e IV estão corretas. (D) As assertivas I, II, III e IV estão corretas. 04. (IGP/RS - Perito Criminal – FDRH). Sobre a definição de Criminalística considere as seguintes afirmações. I – É a ciência que estuda o crime e o criminoso em tudo que for aplicável à elucidação de um crime ou de uma infração penal. II – É a ciência que estuda as lesões corporais, visando a diagnosticar se ocorreu homicídio, sui- cídio ou acidente. III – É um sistema de conhecimentos técnico-científicos que estuda os locais de crimes e os vestígios materiais, localizados superficialmente ou fora do corpo humano, visando a identificar as circunstâncias e a autoria da infração penal. IV – É o sistema de conhecimentos científicos que estuda os vestígios materiais extrínsecos à pessoa física, visando a esclarecer e identificar as circunstâncias do crime e determinar a identidade do criminoso. Quais estão corretas? (A) Apenas a I. (B) Apenas a II. (C) Apenas a II e a IV. (D) Apenas a III e a IV. (E) AI, a II, a III e a IV. 05. (PC/SP - Perito Criminal – VUNESP). Criminalística é a disciplina que tem por objetivo, com relação ao crime ou à identidade do criminoso, (A) o reconhecimento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecos. (B) o reconhecimento e a análise dos fatos materiais intrínsecos. (C) possibilitar a aplicação de teorias criminológicas no evento. (D) aplicar, por via indireta (exame), a dogmática penal-processual penal. (E) exercitar a ciência enquanto realidade normativo-legal. Respostas 01. Resposta: D No laudo serão expostas todas as particularidades sobre o cometimento do crime, desta feita, o perito deve se valer de linguagem ética e jurídica. Os resultados desses exames se baseiam em princípios científicos, devendo ser fundamentados de maneira clara, racional e bem explanada. 02. Resposta: C O conceito de criminalística envolve questões complementares, trata-se da disciplina que tem por objetivo a análise dos indícios extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso. 03. Resposta: A A realização de exames de vestígios intrínsecos são de competência da área de Medicina Legal. 04. Resposta: D I- ERRADO. A ciência que estuda o homem em relação ao crime, criminoso, vítima e criminalidade é a criminologia. II- ERRADO. A ciência que estuda as lesões corporais é a Medicina Legal e a Medicina Legal dá a causa médico-legal da morte e não a causa jurídica da morte (homicídio, suicídio, acidente). 05. Resposta: A Os indícios extrínsecos são os exames realizados por peritos criminais competentes. A palavra –ex nos dá a ideia de fora, o que não está dentro, portanto devemos entender que envolve os exames realizados fora do corpo da vítima. Geralmente esta perícia é realizada nos objetos, armas e demais substâncias relacionadas com o crime, ao contrário do termo vestígios intrínsecos que se refere aos exames que são conferidos ao Perito Médico Legista, que irá examinar a parte interna do corpo da vítima. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 6 Prezado candidato, este conteúdo será melhor estudado na matéria de Noções de Direito Penal e Direito Processual Penal, tópico: 1. Exame de corpo de delito e perícias em geral (artigos 158 ao 184 do Código Processual Penal Brasileiro). Devido as constantes mudanças e evoluções que ocorreram na sociedade, os crimes acabam ocorrendo de variadas maneiras, nas mais diversas áreas. Para tanto, para que o crime seja decifrado é necessário um exame que esteja mais próximo da realidade, com eficácia. A perícia se faz necessária para esta comprovação. Para que a perícia aconteça, é necessário que haja um processo, de forma que seja requerido a melhor solução para a questão. Desta maneira, entende-se que a perícia contribui para o julgamento. Sua característica é a declaração de caráter técnico sobre um elemento da prova, pois ela verifica e certifica, sendo que na maioria dos casos ela é facultativa, apenas se fazendo obrigatória em casos indispensáveis. Como versa sobre fatos da causa, que não são do conhecimento ordinário, dependem de conhecimento especial. Vamos acompanhar as mais diversas modalidades periciais: Fotografias Ao se fotografar um cadáver no local do crume ou até mesmo um acidente que tenha ocorrido, temos o que se chama de fotografia estereomética. O laudo deve estar acompanhado por fotografias coloridas para ilustrar os tipos de lesão que são encontradas durante o exame. As fotos policiais ou judiciais devem ser tiradas de frente e perfil, não sendo permitido o uso de chapéu, boné, entre outros. A fotografia para documentos traz normas estabelecidas pelo Órgão expedidor; geralmente, é no tamanho 3 x 4 cm, em preto e branco ou colorida. A fotografia métrica permite a reconstituição das dimensões da fisionomia do identificado. São tipos de fotografia: Fotografia de Bertillon: é a foto tirada de frente e de perfil, que permite identificar o criminoso. As fotografias do tamanho 5x7 são colocadas em boletins e prontuários criminais, quando indiciado ou for acusado em inquérito ou processo criminal. Fotografia Judicial: é a fotografia tirada de busto, frente e perfil, sendo que não pode existir nenhum adorno na cabeça. Fotografia Métrica: é aquela que visa reconstituir as dimensões exatas da fisionomia do identificado. Ela é feita do tamanho natural e sob a foto é colocada uma fita métrica, a obtenção dessas fotografias se dá por meio de aparelhamento especial. Fotografia Oficial: é a fotografia documental, que serve como elemento subsidiário dos dados de qualificação. Cada órgão expedidor possui norma própria para aceitação da fotografia. O documento que exige padrão em todo país é a carteira de identidade. Não se exigirá fotografia de formato diferente de 3 x 4 cm, e não se fará qualquer exigência referente com o vestuário, salvo quanto a estar com a cabeça descoberta; não se exigirá fotografia datada. Excetuam-se os casosem que essa exigência seja expressa em lei. 2. Perícia: 2.1. Definição e conceitos. 2.2. Requisição. 2.3. Prazo para elaboração do exame e do laudo pericial. 2.4. Principais perícias elencadas no Código de Processo Penal. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 7 Fotografia Pericial: nas fotografias periciais são retratadas as impressões papilares, traços grafológicos, traços fisionômicos, fotografia das anormalidades físicas, das lesões corporais, do local de crime, fotografia de peças, objetos e armas encontradas no local do crime, de acidentes ou incêndios e de cadáver. A fotografia das impressões papilares é a referente às impressões papilares, nos casos de levantamento de impressões colhidas nos locais de crime, visando estabelecer a sua identidade. São tiradas fotografias de impressões completas ou fragmentos papilares que de qualquer modo, não possam ser transportados para o laboratório. Em locais de crime, as impressões são reveladas por intermédio de reagentes químicos ou moldagem, são transportados pela fita adesiva gomada para a lâmina de vidro d posteriormente fotografadas na lâmina ou fotografadas diretamente no suporte onde estiverem. Esse tipo de fotografia recebe o nome de peça motivo e peça padrão, podendo ser aceitas como testemunhas e suspeitas do crime. Fotografia dos poros: conhecida como poroscopia, analisa os poros. Em datiloscopia, constitui os desenhos formados pelos poros nos datilogramas, como forma complementar e segura para estabelecer a identidade, como por exemplo, o número de pontos característicos que são encontrados em uma impressão papilar que não for suficiente. Gozam das mesmas propriedades que as papilas dérmicas: perenidade, imutabilidade e variabilidade. Com relação aos poros nas cristas papilares, estuda-se: o número, a posição, as dimensões e a forma. Perícias em Informática Este tipo pericial é realizado para solucionar os crimes que se utilizam da Internet e demais recursos administrativos informatizados. Os exames são minuciosos, e analisam desde o local do crime na Internet até o local de armazenamento, com rastreamento de mensagens eletrônicas, identificação e localização de internautas e sites ilegais. Infelizmente, os crimes mais encontrados são exploração sexual de menores na Internet e fraude contra instituições financeiras. Visando encontrar os responsáveis por essas barbáries, os profissionais produzem a prova material que, por meio de exames e laudos periciais, evidenciam todos os rastros deixados pelos criminosos. Perícia Contábil e Financeira Os crimes contra o sistema financeiro são espécies de delito, que não necessita do uso de violência, danoso a sociedade e que tenha como objetivo final a obtenção de lucro. São os conhecidos crimes contra o colarinho branco, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas, manutenção de depósitos não declarados no exterior, sonegação fiscal, crimes em licitações, apropriação indébita de contribuição previdenciária, corrupção (ativa e passiva), peculato, crimes contra o mercado de capitais, crimes contra as finanças públicas, lavagem de dinheiro, entre outros. A perícia para este tipo de crime analisa os extratos e documentos provenientes de quebra de sigilo bancário e fiscal, com a finalidade de verificar possíveis incompatibilidades entre a movimentação financeira e as declarações do imposto de renda e evolução patrimonial incompatível. Perícias Documentoscópicas Estão presentes nas ações da Polícia Federal, realizadas em todo o Brasil, que são efetuadas em território brasileiro, com ênfase maior no combate aos crimes contra a fraude documental, comumente utilizado nos crimes contra o sistema financeiro nacional. Através dos exames, são feitas comparações e análises científicas em documentos, esclarecendo a autenticidade do material recolhido, permitindo que se revele os processos e métodos utilizados nas falsificações de papéis e assinaturas. O documento mais utilizado na documentoscopia é a grafoscopia, técnica utilizada para estabelecer a autenticidade ou autoria de textos escritos à mão. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 8 Podem ser objeto de análise quaisquer documentos, como passaportes, títulos da dívida pública, carteiras de habilitação, cédulas de identidade, carteiras profissionais, selos, papel-moeda, vistos, certidões e formulários, entre outros. Perícias em Audiovisual e Eletrônicos A Polícia Federal possui capacidade para atuar sobre estes tipos de crime e realizam suas atividades das mais diversas formas para saber do paradeiro de quem faz clonagem de cartões de crédito, possui centrais de telefonia clandestina, rádios piratas e provedores de Internet ilegais. O trabalho dos peritos será identificar a “autenticidade” de imagens estáticas, gravações em áudio e vídeo. Eles também realizam exames para a verificação do locutor e reconhecimento facial. Perícias de Química Forense A análise, a caracterização e o desenvolvimento de novas metodologias de exames em drogas, fármacos (medicamentos), agrotóxicos, alimentos, tintas, documentos, bebidas, combustíveis, em diferentes formas de apresentação, são atribuições da perícia em química forense da Polícia Federal. Os peritos, utilizando o laboratório, na maioria das vezes, realizam exames no material solicitado, para que possa identificar as substâncias presentes, sua quantidade, princípio ativo, além da prerrogativa legal, que tange à parte técnica, ou seja, à licitude da substância. Grande parte dos exames realizados nos laboratórios de química forense, distribuídos pelo Brasil são em drogas proscritas - cocaína, maconha, esctasy e LSD. Posteriormente, vêm os fármacos e os demais (agrotóxicos, fluídos biológicos (toxicologia forense), combustível, fertilizantes, acelerantes de incêndio, tintas, alimentos, explosivos, entre outros). Perícias de Engenharia Com o Superfaturamento de licitações, financiamentos e contratos de obras públicas estão entre os casos solucionados pelos peritos de engenharia. Essa perícia irá analisar se se uma rede de esgoto foi totalmente construída, qual o custo de mercado da escola no interior do estado, se a venda de um imóvel foi abaixo do valor de mercado ou a causa do rompimento de uma barragem. O foco das perícias em engenharia é muito abrangente, além dos casos acima, investiga desvio de verbas em obras públicas, avaliações de imóveis urbanos e rurais, acidentes aéreos e até mesmo análises em obras de arte. Perícias de Meio Ambiente Os peritos responsáveis pela área ambiental realizam exames e produzem laudos periciais com base em crimes que envolvam a fauna, flora, poluição, extração mineral e invasão de áreas protegidas. Além destes casos, incluem ainda, exames em sítios arqueológicos, fossilíferos e de patrimônio natural, que visam caracterizar e avaliar danos ambientais em áreas alteradas, identificar taxonomicamente organismos vivos ou partes deles, classificar minerais e, quando possível, valorizar economicamente os recursos naturais. Perícias em Genética Forense Este tipo de perícia realiza análises de identificação genética em humanos, animais e vegetais. Os exames e pesquisas do Departamento de Polícia Federal são realizados, exclusivamente, no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília. Os exames realizados com DNA humano buscam identificar a origem do material biológico questionado deixado no local de crime. O objetivo do exame de vínculo genético é identificar os restos mortais, principalmente ossadas ou corpos carbonizados. Outros exames biológicos também podem ser realizados, que são: sangue, sêmen, saliva, tecido epitelial, entre outros. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 9 Já nos animais, o exame de identificação tem por finalidade determinar se o materialapreendido é originado de algum animal silvestre, o que configura crime, ou ainda, se é de espécie ameaçada de extinção. Para que se constate se houve ou não crimes contra essa espécie serão analisadas as Penas, pele, dentes, ossos e demais partes que forem pertinentes. Contudo, o mais comum, são fragmentos de carne de caça. Perícias em Balística Os profissionais responsáveis por essa área pericial são os peritos em balística forense do Departamento de Polícia Federal. O trabalho consiste na identificação de armas e revelação de caracteres de registro que foram adulterados e suprimidos pelos criminosos. Não se limita apenas ao estudo da arma, os exames podem ser realizados em munições, entre outros elementos, a procura de provas materiais. Perícias em Locais de Crime Para que os laudos sejam produzidos é necessário que o local do crime seja fotografado, analisado e feito a coleta de todos os vestígios necessários, que sejam enviados para análises em laboratório. A perícia realizada no local do crime é feita por peritos criminais de qualquer área de formação e que estejam de plantão nos Setores Técnicos Científicos (SETECs) dos estados, ou no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília. Os peritos criminais federais realizam as ocorrências em locais que envolvam os mais diversos tipos de crimes, tais como: incêndios, acidentes de trânsito, desastres, crimes contra o patrimônio e pessoas, ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares, entre outros. A maior quantidade de ocorrências acontece nos estados. O INC, por sua vez, se destaca no atendimento aos grandes desastres e às ameaças de bombas, recorrentes na capital federal. Perícias em Bombas e Explosivos Envolvem bombas em propriedades públicas e privadas. São realizadas para tentar combater e resolver as ameaças que põem em risco a segurança pública. As equipes são responsáveis por atender a qualquer ocorrência de ameaça de bomba, entre outras atividades correlatas, como varreduras de segurança, perícias de pós-explosão e o planejamento da segurança antibomba em grandes eventos nacionais e internacionais. Os peritos criminais participam de operações de segurança contra possíveis atos terroristas e realizam exames, transporte, desativação e destruição de objetos suspeitos, além da coleta de vestígios em locais de pós explosão na modalidade preventiva, com a realização de varreduras em prédios ou em eventos, principalmente aqueles que contam com a presença do Presidente da República ou de autoridades de outros países. Perícias de Veículos Os exames feitos em veículos, podem ter ligação direta ou indireta com os que estejam envolvidos em crimes que deixam vestígios, em que o processamento pode demandar a atuação de peritos criminais federais de diferentes áreas. O objetivo desta perícia é identificar compartimentos preparados com o fim de ocultar itens ou mercadorias, além da análise de sua estrutura. Perícias de Medicina e Odontologia Forense As perícias médico-legais compreende os crimes que digam respeito a integridade física da pessoa. Esses exames estão relacionados com situações que demandem a atuação da polícia judiciária da União ou da Justiça Federal. Os peritos irão analisar os corpos de pessoas vivas ou mortas ou análise de documentação médica. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 10 Principais perícias elencadas no Código de Processo Penal; Nosso ordenamento processual penal passou por grandes mudanças, principalmente com a entrada em vigor das leis 11.689/08, que confere novo perfil ao Tribunal do Júri e a lei 11.690/08, que visa as modificações na instrução probatória. O artigo 158 do Código de Processo Penal dispõe que o exame é indispensável, não sendo suprido nem pela confissão do acusado, pois o acusado muitas vezes acaba confessando para beneficiar outrem, que de fato tenha praticado o crime. Já o artigo 159 do Código de Processo Penal, divide as perícias em corpo de delito e outros tipos periciais que são trazidos ao longo dos parágrafos. Os principais pontos a serem debatidos diz respeito ao número de peritos. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em casos excepcionais a requerimento dos peritos. No laudo pericial, os peritos descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos eventuais quesitos formulados. Tratando-se de perícia complexa, isto é, aquela que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, será possível designar a atuação de mais de um perito oficial, bem como à parte será facultada a indicação de mais de um assistente técnico; Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior. § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza do exame. § 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo. § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de assistente técnico. § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as respostas em laudo complementar; II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação. § 7o T ratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico. Ainda podemos encontrar outros tipos de perícias relacionadas a criminalística: - Reprodução simulada dos fatos – art. 7º do CPP; Art. 7º Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública. - Exame de corpo de delito – art. 158 do CPP; Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. - Perinecroscopia – arts. 164 e 165 do CPP; 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 11 Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do crime. Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados. - Criminalísticas de laboratório – art. 170 do CPP; Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou microfotográficas, desenhos ou esquemas. - Exames em locais de crimescontra o patrimônio – art. 171 do CPP; Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. - Perícias em locais de incêndio – art. 173 do CPP; Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato. - Perícias em documentos – art. 174 do CPP; Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato, se for encontrada; II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever. - Perícias em instrumentos do crime – art. 175 do CPP; e Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência. - Perícia relacionada com a busca e apreensão – art. 527 do CPP. Art. 527. A diligência de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos nomeados pelo juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 (três) dias após o encerramento da diligência. Questões 01. (SEFAZ/PE - Auditor Fiscal do Tesouro Estadual – FCC). Acerca dos papéis de trabalhos utilizados na execução da perícia, especificados na NBC TP 01 - Perícia Contábil, integram um processo organizado de registro de provas, dentre outros, (A) notificações, confirmações e projetos. (B) declarações, edital e termos de vistoria. (C) depoimentos, projetos e cronograma físico-financeiro. (D edital, desenhos e termos de vistoria. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 12 (E) plantas, desenhos e fotografias. 02. (TER/AM - Analista Judiciário - Área Judiciária – IBFC). No exame pericial por precatória: (A) Somente caberá quesitos das partes e do juízo deprecado. (B) Em ação penal pública, a nomeação do perito será feita no juízo deprecante. (C) Em ação penal pública, o laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 30 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos peritos. (D) Havendo, no caso de ação privada, acordo das partes, a nomeação do perito poderá ser feita pelo juiz deprecante. 03. (CFC - Bacharel em Ciências Contábeis – CFC). De acordo a NBC TP 01 – Perícia Contábil, o laudo pericial contábil é uma: (A) indagação e busca de informações, mediante conhecimento do objeto da perícia, solicitada nos autos. (B) investigação e pesquisa sobre o que está oculto por quaisquer circunstância nos autos. (C) peça escrita, na qual o perito contador assistente deve registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e generalizar os aspectos e as minudências que envolvam a demanda. (D) peça escrita, na qual o perito contador deve registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam a demanda. Respostas 01. Resposta: E Entende-se por papéis de trabalho a documentação preparada pelo perito para a execução da perícia. Eles integram um processo organizado de registro de provas, por intermédio de termos de diligência, informações em papel, meios eletrônicos, plantas, desenhos, fotografias, correspondências, depoimentos, notificações, declarações, comunicações ou outros quaisquer meios de prova fornecidos e peças que assegurem o objetivo da execução pericial. 02. Resposta: D Art. 177, Código de Processo Penal. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante. 03. Resposta: D NCB TP 01: 58. O laudo pericial contábil e o parecer pericial contábil são documentos escritos, nos quais os peritos devem registrar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam o seu objeto e as buscas de elementos de prova necessários para a conclusão do seu trabalho. Segundo Kedhy, local de crime é toda área onde tenha ocorrido um fato que assuma a configuração de delito e que, portanto, exija as providências da polícia. O professor Eraldo Rabello4 define local do crime como sendo: “ a porção do espaço compreendida num raio que, tendo por origem o ponto no qual é constatado o fato, se entenda de modo a abranger todos os lugares em que, aparente, necessária ou presumidamente, hajam sido praticados, pelo criminoso, ou criminosos, os atos materiais, preliminares ou posteriores à consumação do delito, e com este diretamente relacionado”. 4 RABELLO, Eraldo. Curso de criminalística. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1996.ROCHA, Luiz Carlos. Investigação policial: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 1998. 3. Locais de crime: 3.1. Conceituação e classificação. 3.2. Isolamento e preservação de local de crime. 3.3. Finalidades dos levantamentos dos locais de crime contra a pessoa e contra o patrimônio. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 13 Neste local será permitida a atuação da polícia ostensiva e da polícia judiciária. A ostensiva visa prevenir a ruptura da ordem ou manter o local da forma em que foi praticado o crime, já a segunda irá aplicar a lei penal se ficar constado que o crime de fato ocorreu. Infelizmente a curiosidade dos populares acaba por atrapalhar as investigações e faz desaparecer importantes provas, pois muitos pisam em local que não deve, quando se trata de local que é tomado pelo sangue, a maioria das pessoas, por desconhecimento joga água e até mesmo produtos de limpeza para suportar a chegada das autoridades responsáveis. Por exemplo: donos de bares que presenciam agressões e muitas vezes mortes sangrentas. O Código de Processo Penal, em seu artigo 6º,inciso I, contempla: Art. 6º Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; No caso especial dos locais de incêndio, inundação, desmoronamento, escapamento de gás, o policial facilitará a saída das pessoas que se encontrem na saída imediata; as que não necessitarem de socorros urgentes, devem ser conservadas na área mediata, a fim de prestarem esclarecimentos. Classificação dos Locais de Crime Dependendo do crime cometido, os locais do crime apresentam conteúdo variado de vestígios. Nos crimes contra a pessoa, os vestígios matem relação com a vítima, já nos crimes patrimoniais, os vestígios relacionam-se com o objeto. Os agentes de segurança demonstram grande preocupação com a preservação do local do crime. Para tanto, a doutrina, quase de forma unânime classifica o local do crime de acordo com o delito, podendo ser de forma interna ou externa, mediataou imediata, ou ainda em local relacionado. São classificados em: a. Internos: compreende os locais fechados, seja por meio de paredes, divisões. Este é o ambiente da residência, parte interna do veículo, apartamento, entre outros. b. Área Mediata Aberta: refere-se aos ambientes amplos onde ocorreu o fato delituoso, compreendendo os corredores, jardins de inverno, áreas de serviço. c. Área Imediata Interna: é o espaço físico em si, como por exemplo a cozinha, os quartos. d. Externos: ocorre em locais abertos, como por exemplo, estradas, rodovias, praças, rios. e. Área Mediata Externa: compreende o trajeto percorrido para a realização do crime. Exemplo: ruas, picadas, vias de acesso e suas imediações f. Área Imediata Externa: devemos pensar no local em que o crime, de fato ocorreu. g Locais Relacionados: são diferentes dos que foram vistos acima, relacionam-se com o deslinde do fato criminoso. Exemplo: o agente mata a vítima e joga o corpo em uma represa. A represa é o local relacionado. Quanto à preservação do local: h. Idôneos ou Preservados: são os locais que mantém sua origem, sem sofrer algum tipo de violação. Quando o local permanece inalterado, o trabalho dos peritos será facilitado. i Inidôneos ou Violados: são os locais que foram violados antes da chegada dos peritos, o local é alterado pela família ou curiosos, que tentam até mesmo salvar a vítima e acabam destruindo ou inalterando os caracteres referentes ao crime. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 14 Isolamento e preservação vestígios e evidências essenciais à investigação Assim que o crime acontecer a primeira providência a ser tomada é isolar o local. O isolamento pode ser feito por policiais, peritos que devem ter em mente a manutenção do local do crime, preservando os vestígios e evidências para que se proceda com a investigação criminal. Para Alberi Espíndula: “(...) diante da sensibilidade que representa um local de crime, importante destacar que todo elemento encontrado naquele ambiente é denominado de vestígio, o qual significa todo material bruto que o perito constata no local do crime ou faz parte do conjunto de um exame pericial qualquer, que, somente após examiná-los adequadamente é que poderemos saber se este vestígio está ou não relacionado ao evento periciado. Por essa razão, quando das providências de isolamento e preservação, levadas a efeito pelo primeiro policial, nada poderá ser desconsiderado dentro da área da possível ocorrência do delito.” A conservação do local é tão importante que o Código Penal prevê como crime a conduta em sentido contrário: Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Sem prejuízo o Código de Trânsito Brasileiro, admite como modalidade de infração a alteração do local do crime. Vejamos: Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente automobilístico com vítima, na pendência do respectivo procedimento policial preparatório, inquérito policial ou processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, ou juiz: Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda que não iniciados, quando da inovação, o procedimento preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se refere. O isolamento do local do crime para sua preservação é uma garantia que o perito tem de encontrar a cena do crime da forma que fora deixada pelo infrator e pela vítima, com condições técnicas de analisar os vestígios deixados pelo crime. O perito ao elaborar seu laudo deverá certificar se a preservação do local apresentou ou não falhas. Não é previsto para o perito deixar de realizar o exame solicitado por falta de preservação do local ou qualquer outra modificação que ocorra no ambiente. O perito deverá usar do bom senso na sua análise, e em caso extremo, se for absolutamente impossível realizar o exame, deverá ao menos registar essa informação no livro de ocorrência, encaminhando relatório ao seu diretor, descrevendo a situação em que se encontrava o local do crime. A conscientização de que o local deve ser preservado para bom empenho dos profissionais de segurança pública e da sociedade é de extrema importância, o contrário pode prejudicar a investigação policial e a realização da justiça, já que os indícios materiais serão interpretados da forma como foi encontrado e não como de fato aconteceu. Vestígios e indícios encontrados nos locais de crime O perito criminal MALLMITH (2007), assim define vestígios: “Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado. A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado para a sua ocorrência (local em que o vestígio se materializou).” Os vestígios são de extrema importância, pois se relaciona com as posições em que se encontram e suas possíveis relações com outros vestígios, que podem não serem analisados de imediato. Embora as 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 15 orientações passadas sejam para não modificar o estado e disposição das coisas, alguns casos saem da regra, sendo possível cobrir o cadáver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intempérie destrua vestígios importantes como manchas de fluídos corpóreos ou esfumaçamento. A autoridade policial que efetuar este tipo de serviço, deve ter o máximo de cautela necessária evitando que qualquer movimento cause dano a outros vestígios. Ressalta-se, que a inobservância das regras relacionadas quanto à preservação dos vestígios poderá ocasionar a destruição e/ou o não aproveitamento destes pela perícia criminal, causando prejudicialidade aos trabalhos referentes à apuração do evento criminoso. Principais Vestígios: A investigação criminal inicia com apurada análise do local do crime objetivando visualizar a dinâmica do fato. E para o êxito da elucidação do crime é imprescindível a análise dos vestígios. Define-se o termo vestígio, como o Sinal que homem ou animal deixa no lugar onde passa; rastro, pegada, pista; no sentido figurado, indício, pista, sinal .... (Novo Dicionário da Língua Portuguesa). Os vestígios constituem-se, pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado. O objetivo da procura na cena do crime é localizar todos os vestígios potencialmente relevantes e significativos que podem ser utilizados para ligar ou exonerar um suspeito ou testemunha de um crime. Sangue Padrão de manchas de sangue em local de crime: Técnicas de identificação e coleta O perito deve coletar amostra do sangue no local e ainda considerar forma, posicionamento e cor das manchas, detalhes que levam a importantes informações sobre a dinâmica do fato, como a área exata onde o crime ocorreu ou teve início e hora aproximada do evento e movimentação da vítima e do autor durante ele. (DOREA, 1989) Após identificação das manchas de sangue, o perito deve escolher o melhor método para proteger, coletar e transportar esses indícios sem que eles percam sua importância de prova material. O sangue ainda líquido deve ser coletado em sua totalidade e também em um pedaço de algodão estéril e ser deixado para secar a temperatura ambiente. Deve ser refrigerado o mais rápido possível e transportado para o laboratório rapidamente. Atrasos além do período de secagem do algodão podem tornar as amostras inúteis. Roupas com sangue úmido devem ser estendidas para secagem, em uma sala com ventilação adequada. Se não estiver completamente seco, colocar em um saco de papel marrom ou caixa e etiquetar, sendo um item por recipiente. Não se deve utilizar sacosplásticos. No caso de sangue seco, deve-se embrulhar o item em papel limpo e colocar o artigo em um saco de papel marrom ou caixa, lacrar e etiquetar. Em pequenos objetos sólidos, coletar todo o objeto e encaminhar para o laboratório depois de rotular e embalar adequadamente. Em grandes objetos sólidos, cobrir a área manchada com papel limpo e selar as bordas para baixo com fita adesiva para evitar a perda ou contaminação. Quando impraticável entregar toda a peça ao laboratório, raspe a mancha sobre um pedaço de papel limpo, que poça ser dobrado e colocado em um envelope. (DOREA, 1989; HORSWELL, 2004). Manchas de esperma Na concepção de Guilherme Oswaldo Arbenz (1988, p. 57): “Manchas são sinais deixados pela deposição ou impugnação de substancias sólidas, líquidas e eventualmente gasosas, de origem animal, vegetal ou mineral, humanas ou não, num suporte de qualquer espécie.” Nesse sentido, as manchas são úteis por servirem como vestígios para esclarecimento de um ato delituoso quando analisadas sua forma, origem e local. Para a medicina-legal, as manchas que merecem maior atenção são as de sangue, esperma, muco vaginal, saliva, vômito, leite, urina, fezes, líquido-amniótico, muco nasal e pulmonar, dentre outras. Também são de crucial importância as manchas deixadas pelas armas de fogo como a orla de enxugo, zonas de esfumaçamento e tatuagem do orifício de entrada de um projétil. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 16 Além dessas, também pode ter interesse para perícia os vestígios formados a partir de terra, barro, areia, farinha entre outros, na medida em que indicam as circunstâncias do crime e evidenciam pegadas ou impressões digitais. Os suportes/objetos sobre as quais se depositam as manchas são dos mais variados, podendo ser paredes, piso, roupas, automóveis, bem como os corpos das vítimas ou suspeitos. Em geral, as manchas têm a capacidade de armazenar diversos tipos de informação, sendo um importante elemento na perícia criminal. A análise dessas machas por vezes pode ser prejudicada a depender da superfície em que for depositada, dependendo nessas hipóteses de iluminação especial para que a mancha se torne perceptível. Analisando mais detidamente o esperma sabe-se que este pode ser encontrado seco ou úmido, em indivíduos ou cadáveres e em local variado como por exemplo, vagina, ânus, pele, peças íntimas, roupa de cama, toalhas ou outros objetos. As manchas de esperma depositadas em tecidos não absorventes formam escamas ou películas brilhantes. Já aquelas deixadas sobre tecidos absorventes apresentam formato irregular semelhante a um mapa geográfico com coloração branca ou amarelada quando recentes e acinzentadas quando antigas. Por fim, o esperma encontrado sobre a pele dá origem a películas brilhantes com aspecto envernizado. A perícia realizada em uma mancha de esperma ainda recente pode identificar características como o odor, o formato e fluorescência verde-esbranquiçada à luz ultravioleta (lâmpada de Wood), elementos que servem de orientação ao perito. Como se vê, a perícia envolvendo manchas espermáticas deve pautar-se em um observação rigorosa do material com a completa descrição da superfície em que foi encontrado, bem como sua forma, aparência, odor, consistência, coloração e reação às luzes aplicadas. Nos casos de suspeita de crimes sexuais, as machas de esperma devem ser pesquisadas na região abdominal, pubiana, genital e membros inferiores da vítima, assim como suas vestes. Segundo Odon Maranhão, para o diagnóstico genérico de esperma existem dois tipos de provas, com diversas técnicas: provas de orientação (empregadas em manchas muito antigas) e provas de certeza. Manchas de leite O encontro de manchas produzidas por secreção mamária humana (leite e colostro) normalmente está associado a problemas médico-legais ligados ao parto e ao aborto. As manchas têm coloração amarelo-acinzentada, mais escura nas bordas. Quando secas, dão ao tecido um aspecto engomado, similar às de esperma. Os exames químicos de orientação podem ser realizados fazendo-se um macerado da amostra e utilizando-se reativos diversos: a) guaiacol – amarelo-alaranjado; b) hidroquinona – rosa; c) pirocatequina – amarelo-escuro. Manchas de colostro O colostro é um líquido amarelado, secretado pelas glândulas mamárias, alguns dias antes e depois do parto, rico em anticorpos e leucócitos e essencial para a saúde do neonato. As manchas de colostro são similares às de leite, mas de coloração mais amarelada. O exame de certeza é o microscópico. Líquido amniótico O líquido amniótico é a substância contida na cavidade amniótica e tem por função precípua a proteção do feto contra choques e dessecação. O encontro de manchas desse líquido está sempre relacionado com casos de aborto, partos clandestinos e infanticídio. As manchas apresentam dimensão relativamente grande e sua coloração oscila entre a amarela e a esverdeada. Induto sebáceo As manchas de unto sebáceo relacionam-se, quase sempre, com casos de aborto, partos clandestinos ou infanticídios e comumente vêm acompanhadas de sangue, líquido amniótico, mecônio e matéria fecal. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 17 O unto sebáceo é uma substância esbranquiçada e untuosa que recobre o corpo do feto, sendo especialmente abundante nas pregas inguinais e axilas. As manchas são de grandes dimensões, lembrando o contorno do feto. Têm aspecto esbranquiçado e intensidade variada, na dependência da parte do corpo que esteve em contato com o suporte. Mecônio Dá-se o nome de mecônio à substância pastosa, de cor esverdeada, algumas vezes estriada de amarelo, aderente e inodora, formada pelo conjunto de líquidos orgânicos procedentes de diversas partes do aparelho digestivo e que se acumulam, durante a gestação, no tubo intestinal do feto, constituindo as primeiras evacuações dos recém-nascidos. O mecônio começa a ser eliminado de 6 a 12 horas após o nascimento e prolonga-se por 2 a 3 dias, mas é possível se expelido durante o parto, particularmente se ocorre sofrimento fetal. A pesquisa de mecônio é importante para os casos de aborto, partos clandestinos e infanticídios. As manchas têm um aspecto untuoso de coloração amarelo-esverdeada. Com frequência, em razão das circunstâncias que envolvem o seu encontro, as manchas de mecônio podem vir acompanhadas de sangue, líquido amniótico, unto sebáceo e restos placentários. Matéria fecal Deposições de tamanho e consistência variável de fezes humanas são achados mais ou menos frequentes em locais de crime. Esse fato pode indicar o estado de excitação nervosa do criminoso, a demonstração de desprezo para com a vítima, um gesto de impunidade, superstição ou simples necessidade. As manchas de fezes passam a ter maior importância quando mescladas com outras, como sangue, líquido amniótico ou sêmen. Saliva As manchas de saliva têm coloração variada que vão de amareladas a esbranquiçadas a acinzentadas, de contornos mal definidos e não oferecem fluorescência à luz ultravioleta (lâmpada e wood). As manchas de saliva apresentam uma importância médico-legal muito grande. Podem estar relacionadas com uma extensa variedade de delitos e ser encontradas sob a forma de restos deixados por beijos ou mordidas, nos crimes contra a liberdade sexual, peças de vestuário utilizadas para amordaçar a vítima, lenços esquecidos pelo autor e outros materiais. Urina Como a urina é meio de excreção de uma grande quantidade de substâncias, notadamente restos do metabolismo, medicamentes e substâncias tóxicas, sua análise assume grande importância médico-legal, particularmente para a toxicologia forense. As manchas de urina geralmente vêm associadas a outras substâncias como esperma, matéria fecal e mecônio. Quando em tecidos, são reveladas facilmente em razão de sua fluorescência, de amarela à alaranjada,quando expostas à luz ultravioleta (lâmpada de wood). Vômitos O encontro de deposições ou manchas de conteúdo gástrico no local pode indicar a composição da última refeição feita pela pessoa que o expeliu e, em algumas condições, pode levar a outras importantes conclusões. A quantidade e constituição dessas manchas ou deposições variam muito na dependência da dieta e do tempo decorrido entre a alimentação e o regurgitamento. Caso o autor ou a vítima tenham deixado o vômito no local, é possível se fazer um estudo para reconhecer seus hábitos alimentares Para os casos de envenenamento, seja acidental, suicídio ou homicídio, o exame das manchas de vômito, facilitam na identificação da natureza responsável pelo óbito. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 18 Suor O suor é um líquido aquoso, incolor, com cheiro característico e sabor salgado, que sai das glândulas sudoríparas. Quando deixado no local do crime, o suor pode ser encontrado em peças de roupas, lenços, constituindo, assim, uma importante prova de identificação. É um elemento de importância tão grande, que dependendo da quantidade de material disponível, é permitido identificar um grupo sanguíneo. Manchas de muco nasal As manchas de suco nasal são amarelas, brancas ou acinzentadas, parecidas às de esperma e podem vir acompanhadas de pós que são aspirados pelo nariz. Ao serem expostas à luz ultravioleta (lâmpada de Wood), apresentam coloração azul-claro. Por meio do exame microscópico revela o muco, células prismáticas da mucosa nasal, microorganismos e partículas de carbono. Em indivíduos secretantes, à semelhança do que ocorre com a saliva, é possível a determinação de grupos sanguíneos. Dependendo da quantidade encontrada é permitido se identificar o DNA. Manchas de secreções bronquiais Conhecidas como escarro, catarro ou esputo, as secreções bronquiais vêm mescladas com muco nasal ou saliva, dependendo da forma como ganham o exterior do organismo, podendo vir acompanhadas de sangue, pus e outras secreções orgânicas. O escarro pode apresentar cor e odor diferentes. A secreção tem coloração diferente, em organismos sadios a secreção é inodora e incolor (esbranquiçada), sendo que as manchas, em alguns casos é confundida com as de esperma. O odor ruim pode indicar alguma infecção pulmonar, mas dificilmente poderá servir como meio de diagnóstico. Ao exame macroscópico o catarro pode apresentar uma constituição homogênea de consistência mucosa, purulenta ou hemática. Marcas produzidas pelos dentes e lábios Os dentes podem produzir marcas com compressão ou escoriação, tanto sobre o corpo humano como em alguns alimentos. Essas marcas são mais encontradas em crimes sexuais, de preferência sobre os braços, genitais, nádegas e seios. Também são encontradas no autor, quando este vem a se debater com a vítima, nesses casos essas marcas são comumente encontradas nos braços, mãos e pernas. Muitas vezes os dentes são encontrados no local do crime, como podem ser encontradas as mordidas em alimentos sólidos e, dependendo da parte da arcada podem produzir lesões contusas ou corcontusas. Para servir como meio de pesquisa, usa-se a fotografia e sempre que der certo, a modelagem. Dependendo do suporte, o perito deve providenciar a preservação e o recolhimento da amostra com maior celeridade possível. Após a tiragem de fotos, será feita a modelagem com silicone ou outros materiais indicados para moldes dentários. Nesses casos, além das marcas dentais podem ser encontradas impressões labiais, deixadas em batom. Vale ressaltar que esse tipo de impressão é muito complexa. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 19 Fibras e pelos Os pelos e fibras que forem encontrados no corpo da vítima devem ser guardados, porém para que não perca nenhuma impressão neles depositado é recomendável que se utilize uma pinça e se estes se encontrarem na mão da vítima, que o bordo superior das unhas seja recortado para pesquisas de resquícios de sangue e de pele. Marcas de pegadas e de pneus e exame do solo As marcas de pneus (pneumáticas) exercem as seguintes finalidades: - identificar a espécie de veículo utilizado; - determinar a direção tomada pelo mesmo; e - identificar, especificamente, o veículo que esteve no local. Para saber sobre os rastros deixados pelos pneus, prefere-se a estrada de estrada e lama, por serem mais duradouros e precisos do que as marcas de pneus deixadas em solo asfáltico. Além disso, quando o veículo se desloca em trajetória retilínea para frente, as impressões das rodas traseiras se sobrepõem às marcas das rodas dianteiras, acontecendo o contrário quando o deslocamento ocorre em marcha ré. A espessura e o tipo dos pneus, o número de rodas e o afastamento entre os eixos podem conduzir à espécie de veículo que estava sendo conduzido, que pode ser motocicleta, automóvel, caminhonete, caminhão, utilitário agrícola ou outro. A determinação da direção tomada pelo veículo nem sempre é possível. Apenas em alguns casos isso será verificado: Apenas em casos particulares é permitida a identificação individual do veículo, pois a impressão dos pneus foi deixada sobre um terreno que permite a formação em baixo relevo dos desenhos da banda de rodagem. Quando isso ocorrer, é permitida a fotografação e modelagem das impressões deixadas, com as técnicas que são usadas para levantamento das pegadas. Para uma identificação precisa de um veículo em particular é preciso procurar por marcas que possam significar desgastes ou defeitos e que permitam uma comparação com o original. Em alguns atropelamentos, marcas de pneus podem ser encontradas sobre o corpo da vítima, mas, além do tipo de veículo, dificilmente permitirão uma identificação mais precisa. Pegadas O gesso é um grande colaborador para reconhecer as marcas de pegadas que são deixadas, mas precisamente no barro, areia, pois o gesso traz os mínimos detalhes sobre o calçado do autor e vítima. Não apenas isso, o gesso serve para descobrir o momento em que o indivíduo passou pelo local. Quando se está descalço não podemos confundir a pegada com a impressão plantar. Ao se analisar as pegadas de uma pessoa que está descalça referem-se à forma externa dos pés, permitindo avaliar defeitos físicos ou costumes no andar. O tipo e a inclinação do terreno interferem, pois nos locais planos as pegadas produzem de modo semelhante o tamanho do pé, enquanto na subida, os artelhos se contraem, e não dão com exatidão o tamanho correto. As regras que devem ser observadas para o estudo das marcas e impressões são: : - reproduzir a pegada por meio de desenho, fotografia ou modelagem, mostrando suas medidas principais. - utilizar os mesmos modos para colher a pegada testemunha do suspeito; 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 20 - realizar o estudo comparativo das pegadas colhidas do local do fato com aquelas obtidas da pessoa suspeita; - Moldes para serem mais seguros devem ser comparados com moldes, fotografias com fotografias e assim por diante. Marcas de ferramentas As marcas de ferramentas e outros objetos utilizados são encontrados com grande frequência nos locais submetidos a exames periciais, principalmente com delitos patrimoniais. As ferramentas utilizadas e que deixam marcas são: talhadeiras, machados, canivetes, alicates, tesouras, chaves de fenda, pés-de-cabra e similares, podem ser encontradas sobre diversos suportes, como madeira, metal. Pelo suporte é possível identificar as irregularidades e defeitos das ferramentas. Embora seja difícil identificar a pessoa por meio dela, é permitido que se inclua ou exclua ferramentas como suspeitas do Entretanto, alguns suportes como os cabos e objetos de borracha não são tão hábeis para se produzir uma impressão.O perito para este caso com instrumentos, precisa se colocar na posição do autor, como se ele estivesse cometendo a ação. Um arrombamento, por exemplo, pode ser simulado para esconder um crime de furto praticado, confundindo a perícia. A marca deve ser examinada para que se identifique genericamente a ferramenta que foi utilizada e depois fazer a sua individualização. É permitido que ocorra ainda a perícia nos sinais de fragmentos deixados pelos instrumentos. Técnicas e Metodologias Empregadas nos Exames5 A finalidade das técnicas é em verificar se houve, ou não, infração penal, qualificá-la, colher vestígios materiais, perenizar o estado dos locais e as posições relativas entre a vítima e os vestígios. A metodologia de levantamento de locais de crime engloba várias etapas, que vai desde procedimentos estabelecidos e ordenados de maneira lógica, até o conhecimento em diversas áreas. Abaixo, listaremos as etapas compreendidas no levantamento pericial, passando a posterior explicação destas: 1. Procedimentos anteriores ao exame; 2. Procedimentos Preliminares; 3. Levantamento Descritivo do Local; 4. Levantamento Topográfico e confecção do croqui; 5. Levantamento fotográfico completo; 6. Coleta, identificação e preservação dos vestígios; 7. Exame completo do cadáver e das vestes; 8. Procedimentos finais e liberação do local; 9. Acompanhamento da necropsia no IML. 1. Procedimentos anteriores ao exame: - faz-se a anotação correta do endereço onde o fato aconteceu, evitando que aconteçam erros e atrasos no atendimento das ocorrências; - preparação do material usado nos exames. No início das atividades de cada plantão, sugere-se a realização de um checklist, visando à certeza que todo material esteja pronto para ser utilizado; - reconhecimento do tipo de solicitação, ou seja, a natureza do exame; - anotação da hora em que o exame foi solicitado. 5 Toccheto, Domingos. Espindula, Alberi. Criminalística: Procedimentos e Metodologias. 3ª edição, São Paulo: Millenium, 2015. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 21 2. Procedimentos preliminares no local: - será feita uma entrevista com o agente de segurança, que poderá ou não, ser um policial, que esteja presente no local do fato, buscando à tomada de informações referentes ao histórico, além do isolamento e preservação; - visualização de forma geral da cena do crime, com a verificação adequada do isolamento, permitindo, se for o caso, a alteração da delimitação do perímetro da área isolada; - formulação dos objetivos do exame; - escolha do tipo de padrão que será utilizado na busca de vestígios; - a busca de vestígios deve prever atenção às evidências que possam ser facilmente deterioradas, como as marcas de solado, impressões que fiquem em poeiras... - marcação de vestígios com o uso de marcadores, podendo citar como exemplo o uso do giz, em paredes, pisos. 3. Levantamento descritivo do local: Serão produzidas as anotações gerais do local, que incluem: - data e hora que os exames estão começando; - local exato do evento; - condições atmosféricas, são aquelas encontradas no início dos exames, quanto as anteriores; - condições de iluminação, pois os exames são feitos em fases do dia distintas, exigindo uma caracterização completa dessas condições; - condições de visibilidade, que irão depender das condições de visibilidade existentes na hora do fato, como também a presença de depressões no terreno, que possam dificultar a visualização da vítima em relação ao seu agressor. Além disso, deve ser feita uma minuciosa análise das vias de acesso, nos locais fechados, como o caso das janelas e portas e se forem observadas irregularidades, estas precisam ser escritas e documentadas. Quanto as entradas forçadas, arrombamentos, a atenção deve ser redobrada. Os locais abertos, como as vias públicas, também precisam estar explicitados na descrição, como possíveis locais para acesso ao local. 4. Levantamento topográfico e confecção do croqui de local O levantamento topográfico consiste na "amarração" dos vestígios. Nesse processo, são utilizadas trenas (que podem ser convencionais ou digitais), o perito deverá medir e anotar todas as distâncias que se fizerem necessárias. A escolha do ponto de amarração e do sistema a ser utilizado (se cartesiano, em linha, etc.) será feito de acordo com as características do local. O croqui deverá sempre ser feito, independente da complexidade do local. Por mais facilidade que um perito possa ter em relação ao seu próprio estilo de redação, a utilização de um ou mais croquis de local representará uma facilitação na compreensão dos usuários do laudo pericial. O croqui deve incluir: - Dimensões obtidas durante o processo de amarração dos vestígios; Medidas que forneçam a exata posição dos vestígios encontrados na cena. Cada objeto deverá ser localizado por duas medidas feitas a partir de pontos fixos, como portas, paredes etc., - Dimensões de portas, móveis e janelas, quando necessário; - Distâncias entre objetos, quando necessário; - Coordenadas geográficas para locais abertos (obtidas por mapas ou GPS). Vale a pena destacar que o croqui produzido durante os exames servirá como base para o laudo apresentado, que provavelmente estará menos carregado com relação à quantidade de informações apresentadas. Na apresentação final, deve-se conceder privilégios a uma imagem clara e fácil de ser compreendida. O perito utiliza outros meios, além do croqui, pois pode se utilizar de imagens via satélite, caso em que podemos citar o Google Earth, pois são preciosos principalmente nos locais isolados e abertos. 1374611 E-book gerado especialmente para PETRUCCIO TENORIO MEDEIROS . 22 5. Levantamento Fotográfico a. Fotografias em locais externos Nestes tipos de fotografias é preciso: - Ilustrar vistas gerais da cena do fato, incluindo pontos de referência, como lotes, construções, placas, marcos, vias públicas etc., - Ilustrar as reais condições de isolamento do local, no momento exato da chegada da equipe pericial, sobretudo quando se percebe o descumprimento das regras para o isolamento e preservação, muitas vezes manifestadas pela inadequabilidade do perímetro utilizado, ou mesmo pela violação da regra de limitação ao acesso de pessoas estranhas ao desenvolvimento da atividade pericial; -Tomar distância intermediária, visando ao registro de posições relativas entre diferentes vestígios; -Registrar detalhes de cada vestígio encontrado (fotografias de detalhe). Esse tipo de foto inclui uma escala e também placas com números ou letras que identifiquem o vestígio. b. Fotografias em locais internos Nestes tipos de fotografias é preciso: - Registrar obrigatoriamente todos os cômodos e ambientes, independente de se constatarem vestígios ou em cada um deles; - Usar, para registrar ambientes restritos, como quartos e banheiros, o emprego de objetivas do tipo grande-angular, capazes de ampliar o campo de visão; - Tomar distância intermediária, visando ao registro de posições relativas entre diferentes vestígios da cena do fato. Fotografias do cadáver Nestes tipos de fotografias é preciso: - Obter fotografia para cada detalhe, para cada vestígio. Esse tipo de foto inclui uma escala e também placas com números ou letras que identifiquem o vestígio; - Tirar, em relação à posição do corpo, pelo menos duas fotografias em ângulos opostos, de modo que elas possam ilustrar a posição exata em que o corpo se encontrava. O próprio Código de Processo Penal, em seu art, 164, apresenta a exigência de que a posição em que a vítima foi encontrada seja documentada por fotografia. - Realizar fotografias de detalhes, mostrando manchas diversas encontradas no corpo (por exemplo sangue, resíduos de disparos etc.) e ou vestígios cujo suporte seja o corpo; - Retratar