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Maus Tratos Contra o Idoso

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Maus Tratos Contra o Idoso 
○ O envelhecimento populacional trouxe consigo temas 
emergentes como os maus tratos contra idosos, que em 
decorrência de seu caráter biopsicossocial, aspira por 
investigações mais profundas e soluções urgentes. 
○ A pouca disseminação das informações sobre maus 
tratos aos idosos contribui para a perpetuação da 
violência e, frente a este cenário, é importante 
estabelecer: 
 Os tipos de violência; 
 O perfil do agressor e vítima; 
 Principais locais de ocorrência; 
 Indicadores e epidemiologia; 
 Instrumentos de detecção e propostas de resolução 
com base nos dados dos últimos anos. 
○ A Organização Mundial de Saúde (OMS) define maus 
tratos na terceira idade como ato único ou repetido, ou 
ainda, como ausência de ação apropriada que cause 
danos, sofrimento ou angústia, e que ocorra dentro de 
um relacionamento de confiança. 
○ Caso o agressor seja um indivíduo com o qual não há 
uma relação de confiança, não é considerado maus 
tratos, e sim violência. 
○ No Brasil, a notificação de violência pela área de 
Saúde foi implementada em 2006 através do sistema 
de Vigilância de Violência e Acidentes – VIVA e passou 
a ser compulsória
1
 somente em 2011, com resultados 
significativos. 
 A notificação é realizada pelo Sinan (Sistema de 
Informação de Agravos de Notificação), no qual as 
notificações são obrigatórias, no qual há uma lista de 
violência, acidentes de transito e violência doméstica, 
sendo essa preenchida para a notificação; 
○ As agressões que chegam ao SUS são principalmente 
as explícitas, mas há os casos não discriminados, como 
os que ocorrem no ambiente intrafamiliar, que são 
delicados e de difícil penetração no silêncio, por 
envolverem relações e sentimento de insegurança, 
medo, conflitos de consanguinidade, proximidade, de 
afetividade, relações de amor e instinto de proteção 
em defesa do agressor. 
○ Esse problema tem crescido entre os idosos nos últimos 
anos, estudo utilizando dados de várias regiões do 
mundo, incluindo países de baixa e média renda, 
estimou que em 2016 cerca de 16% as pessoas isodas 
sofreram algum tipo de violência. 
 
1
 Notificação obrigatória. 
MAUS TRATOS FÍSICOS 
○ Uso da força física para compelir os idosos a fazerem o 
indesejado, provocar-lhes dor, incapacidade ou morte. 
MAUS TRATOS PSICOLÓGICOS 
○ Agressões verbais ou gestuais objetivando aterrorizar, 
humilhar, restringir sua liberdade ou isolar do convívio. 
ABUSO FINANCEIRO OU MATERIAL 
○ Exploração imprópria ou uso não consentido de 
recursos financeiros patrimoniais. 
○ Há casos em que o idoso tem déficit cognitivo, e esse 
não consegue responder por ele, para isso é necessário 
que o familiar/cuidador, tenha judicialmente a guarda 
desse indivíduo, sendo seu responsável legal; 
ABUSO SEXUAL 
○ Ato ou jogo sexual de caráter homo ou 
heterorrelacional visando a excitação, relação sexual 
ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência 
física ou ameaças. 
NEGLIGÊNCIA 
○ Recusa ou omissão de cuidados necessários pelos 
familiares ou instituições. Geralmente, está associada a 
outros abusos que geram lesões ou traumas físicos, 
emocionais e sociais, em particular, para aqueles em 
situação de múltipla dependência ou incapacidade. 
○ O indivíduo sabe das situações diárias do idoso. 
ABANDONO 
○ Ausência ou deserção dos responsáveis 
governamentais, institucionais ou familiares na prestação 
de socorro. 
○ O indivíduo não sabe das situações diárias do idoso. 
○ Na maioria das vezes pode estar associado a 
negligência. 
AUTONEGLIGÊNCIA 
○ Idoso que ameace a própria saúde ou segurança, pela 
recusa ou fracasso de prover a si próprio o cuidado 
adequado. São fatores de risco para a 
autonegligência morar sozinho, ser do sexo feminino, ser 
portador de demência ou de distúrbios psiquiátricos, ser 
alcoólatra, isolar-se socialmente e possuir baixo poder 
aquisitivo. 
VIOLAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
○ Privação de qualquer direito inalienável, como a 
liberdade, direito de fala e privacidade. 
○ É importante o profissional da saúde tomar cuidado no 
momento da consulta, visto que se o paciente possui 
 
condições de responder a pergunta deve ser 
direcionada a ele; 
ABUSO MÉDICO 
○ Cuidados médicos de forma negligente ou imprópria. 
 
○ O Estatuto do Idoso, em seu art. 19, determina que "os 
casos de suspeita ou confirmação de maus tratos 
contra idoso serão obrigatoriamente comunicados 
pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes 
órgãos: 
1. Autoridade policial; 
2. Ministério Público; 
3. Conselho municipal do idoso; 
4. Conselho estadual do idoso; 
5. Conselho Nacional do Idoso. 
○ A violência ao idoso deve ser vista sob três premissas: 
demográfica, socioantropológica e epidemiológica: 
 A primeira vincula-se ao acelerado crescimento na 
população de idoso e suas implicações. 
 Na visão antropológica e cultural, a idade cronológica 
é ressignificada como um norteador de novos direitos e 
deveres. 
 A premissa epidemiológica evidencia indicadores com 
que o sistema de saúde mede a magnitude da 
violência, utilizando o conceito de causas externas 
estabelecido pela Organização Mundial da Saúde, em 
referência às resultantes das agressões, acidentes, 
traumas e lesões. 
○ É difícil estimar em números o peso da violência contra 
os idosos, pois as fontes de dados são escassas, 
inexpressivas e não-confiáveis. Isso ocorre porque o fato 
é ocultado pelas famílias e também porque os 
profissionais de saúde ainda não possuem um olhar 
clínico para detectar o problema, gerando registros 
imprecisos nos prontuários hospitalares. 
○ Esta disparidade relacionada às sub-notificações dos 
casos se acentua com o fato de o idoso não 
apresentar queixa formal contra seus agressores, por se 
sentir inseguro e desprotegido. 
PERFIL DO AGRESSOR x VÍTIMA 
○ Estudo realizado no Brasil utilizando dados do SINAN, 
mostrou que estão associados à violência física entre 
idosos do sexo masculino, ter idade entre 60 e 69 anos, 
ocorrência no domicilio, agressores que não eram filhos 
e suspeita de uso de bebida alcoólica. 
○ Em relação à violência psicológica, está associada 
mais ao sexo feminino, ocorrências no domicilio, agressor 
ser o próprio filho e suspeita de uso de bebidas 
alcoólicas pelos agressores 
○ A negligência predominou no sexo feminino a partir de 
70 anos, ocorrido no domicilio e praticadas pelos filhos. 
Para a violência sexual foram o sexo feminino, agressores 
desconhecidos e suspeita de uso de bebida alcoólica. 
PERFIL DO AGRESSOR 
○ O perfil de maior frequência do agressor familiar é o do 
filho homem, seguidos das noras, genros e esposos. 
Característica notável é o fato de os filhos serem 
dependentes financeiramente dos pais idosos ou, 
inversamente, os idosos dependerem da família ou dos 
filhos. 
○ Na maioria dos casos, constata-se abuso de álcool e 
drogas, ambiente familiar pouco comunicativo e afetivo 
e histórico de agressividade nas relações com seus 
familiares. 
PERFIL DA VÍTIMA 
○ Quanto ao perfil da vítima, há predominância no sexo 
feminino, idade entre 70 e 75 anos, viúvas, dependente 
físico ou emocionalmente e residem junto aos familiares, 
histórico familiar de violência, alcoolismo e distúrbios 
psiquiátricos, bem como serem portadoras de doenças 
crônicas. 
ABORDAGEM A VÍTIMA 
○ O serviço de saúde é a principal porta de entrada para 
os casos de maus-tratos. 
○ Essas vítimas devem ser submetidas a exame físico, 
observando-se aspectos de higiene, vestimentas e 
lesões características, como hematomas, lacerações, 
fraturas e avaliação mental. 
○ A história clínica, social e familiar deve ser obtida, sendo 
importante ter o mínimo de entendimento de como é a 
vida pessoa daquele paciente. 
 É importante notar que pessoas que se negam a falar 
da vida dela ou se sentem desconfortáveismuitas 
vezes podem estar passando por algo pessoal que 
merece atenção; 
COMO DETECTAR A VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA 
IDOSA (VCPI) 
○ Não é fácil detectar a VCPI e por muitas vezes, o 
fenômeno permanece velado e escondido. 
○ Os profissionais devem estar conscientes de que 
enfrentarão alguns obstáculos e barreiras que poderão 
dificultar ou interferir. Elas podem vir das próprias 
pessoas idosas, das famílias, dos cuidadores, dos 
próprios profissionais e até mesmo da sociedade que 
não enxerga a violência contra a pessoa idosa. 
DIFICULDADES 
○ Ausência de protocolos para a detecção, avaliação e 
intervenção nas situações de VCPI, faz com que 
tenhamos que ficar atento a caracteristicas como o 
comportamento do paciente e do acompanhante; 
 Há casos em que o acompanhante cria um bloqueio 
entre o paciente idoso e o médico, sendo importante 
a tentativa de conversar com o idoso afastado do 
indivíduo; 
○ Ausência de meios adequados para diagnosticar de 
forma diferencial a violência quando se apresentar 
lesões e traumatismos ou quando do aparecimento de 
desidratação, desnutrição, hipotermia ou quedas. 
○ Acreditar no mito de que a família sempre proporciona 
apoio e amor aos idosos. A existência deste mito 
impede que os profissionais considerem possíveis 
situações abusivas. 
○ Medo de que a pessoa responsável pelo idoso tome 
represálias contra a pessoa idosa. 
○ Não querer envolver-se com questões legais. 
O QUE OBSERVAR? 
○ Determinados comportamentos ou condutas de uma 
pessoa idosa ou de seus cuidadores podem indicar a 
possibilidade de que esteja vivenciando uma situação 
de violência. 
○ Na pessoa idosa: 
 Parece ter medo de um familiar ou de um cuidador 
profissional; 
 Não querer responder quando se pergunta, ou olha 
para o cuidador antes de responder; 
 Se comportamento muda quando o cuidador entra ou 
sai do espaço físico onde se encontra; 
 Manifesta sentimento de solidão, diz que precisa de 
amigos, família, dinheiro, etc. 
 
○ No cuidador, possível agressor: 
 Sofre um importante nível de estresse ou sobrecarga 
nos cuidados com a pessoa idosa, e fica reclamando 
dos cuidados e do que tem que fazer; 
 Dificulta ou evita que o profissional e a pessoa idosa 
conversem em particular; 
 Insiste em contestar as perguntas dirigidas a pessoa 
idosa, ou até mesmo modificar as perguntas 
realizadas; 
 Põe obstáculos para que se proporcione no domicilio 
a assistência necessária a pessoa idosa; 
 Não está satisfeito com o fato de ter de cuidar da 
pessoa idosa; 
 Mostra descontrole emocional, fica sempre na 
defensiva; 
 Mostra-se excessivamente "controlador" nas 
atividades que a pessoa idosa realiza na vida 
cotidiana; 
 Tenta convencer aos profissionais de que a pessoa 
idosa é "louca" ou "demenciada"; 
 Culpabiliza o idoso por tudo que acontece, inclusive 
nas suas condições de saúde. 
SUGESTÕES PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM A 
PESSOA IDOSA VÍTIMA DE VIOLÊNCIA 
○ Adaptar a linguagem ao nível cultural da pessoa idosa, 
de forma que seja claro e compreensível, para que ela 
entenda a informação relevante que se pretende 
transmitir e para que eficiente a forma de comunicação. 
○ Propiciar um ambiente relaxado. Observar para que o 
lugar da entrevista ofereça as condições mínimas de 
segurança. 
○ Não julgar as opiniões, crenças ou pensamentos da 
pessoa idosa. 
○ Manter uma postura que aproxime o profissional da 
pessoa idosa; 
○ Manter o contato visual; 
○ Cuidar dos outros aspectos da comunicação não 
verbal como por exemplo a expressão facial, o tom de 
voz; 
○ Mostrar atenção, dizendo por exemplo, "sim", "entendo", 
quando a pessoa idosa estiver relatando o fato. 
○ O artigo 230 da Constituição Federal descreve: 
“A família, a sociedade e o Estado têm o dever de 
amparar pessoas idosas, assegurando sua 
participação na comunidade, defendendo sua 
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à 
vida”. 
○ A Lei nº 8.842, que dispõe sobre a Política Nacional do 
Idoso e cria o Conselho Nacional do Idoso, em seu 
capítulo IV define que é dever de todo cidadão 
denunciar maus-tratos ou negligência a essas pessoas. 
○ No artigo 10, inciso IV, esclarece que é papel da justiça 
“promover e defender os direitos da pessoa idosa, zelar 
pela aplicação de normas sobre o idoso, determinar 
ações para evitar abusos e lesões a seus direitos” 
PENALIDADES PREVISTAS 
○ Maus tratos – detenção de 02 meses a 01 ano (art. 99 
da lei 10.741/2003). 
 Sem a classificação, visto que podem se somar as 
outras penalidades a depender do ocorrido. 
○ Agressão física - detenção de 03 meses a 08 de 
reclusão (art. 129, cp). 
○ Cárcere privado – reclusão de 01 a 03 anos (art. 148, 
cp). 
○ Abandono – detenção de 06 meses a 03 anos (art. 98, 
lei 10.741/2003). 
○ Apropriação indébita de proventos – reclusão de 01 a 
04 anos e multa (art. 102, lei 10.741/2003). 
○ Perturbação da tranquilidade – prisão simples de 15 
dias a 02 meses ou multa (art. 65, lcp). 
○ Ameaça – detenção de 01 a 06 meses ou multa (art. 
147, cp). 
○ Para cada caso será avaliada as condições em que 
ocorre, a condição em que o indivíduo se encontra, o 
tempo que ocorre, o ato praticado e suas 
consequências.

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