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1 SARA ESPELHO STORCH CHOQUE Incapacidade do sistema circulatório em fornecer oxigênio e nutrientes aos tecidos de forma a atender as suas necessidades metabólicas o 1942 - Falência circulatória aguda que resulta na oferta deficitária de oxigênio para os tecidos o AINDA apresenta altas taxas de mortalidade o 1/3 das internações em UTI o Devido má perfusão tecidual vai acontecer diversas alterações de metabolismo celular (paciente está em choque). Pensa em choque=pensa em tecido. o Tratamento básico do choque: hidratação. Choque não quer dizer hipotensão. Se tem hipoperfusão, tem fluxo sanguíneo inadequado, redução da pressão de enchimento capilar, desequilíbrio entre a oferta e a demanda. DO2: oferta de oxigênio para os tecidos por minuto. DO2= DC x CaO2 Para DO adequada (oferta adequada ao tecido por minuto), depende do debito cardíaco e depende do conteúdo arterial de oxigênio. CaO2 - Conteúdo arterial de oxigênio: fornecimento depende de quanto O2 tem dissolvido no plasma, e pressão arterial de O2 depende da ventilação. Conteúdo total de oxigênio no sangue → soma de O2 dissolvido e do quimicamente combinado com a hemoglobina. Depende da: Pressão de oxigênio e Hemoglobina. Extração de O2 pelos tecidos: Fisiológico: Na extremidade venosa a pressão capilar de O2 é de 40 mmHg, enquanto a pressão alveolar de O 2 é de 104 mmHg, havendo, portanto, um gradiente de pressão que difunde o oxigênio alveolar para os Capilares. O sangue arterial chega aos tecidos com uma PO2 de 95 mmHg. Como a PO2 intersticial é de 40 mmHg, estabelece -se um gradiente de pressão, que permite a difusão do O2 dos capilares para o líquido intersticial, e, daí, para as células teciduais. O sangue na extremidade venosa estabelece um equilíbrio pressórico com o interstício de 40 mmHg de PO2. Saturação da Hb no sangue arterial sistêmico, que é de 97% (para uma PO 2 de 95 mmHg); e a saturação da Hb no sangue venoso, que é de 75% (para uma PO2 de 40 mmHg). Isso significa que, aproximadamente, 25% da hemoglobina dessatura-se nos tecidos. O que acontece quando não há uma boa perfusão? O tecido tenta tirar mais o oxigênio, e se está em alto metabolismo com má perfusão, a saturação de oxigênio do sangue venoso fica menor. Quando paciente está ficando com má perfusão periférica, principal diagnóstico é clinico (pálido, sudoreico, frio, desorientado, sem urinar...) Hipoperfusão tecidual ↓ Fluxo sanguíneo inadequado para suprir as necessidades celulares ↓ Redução da pressão de enchimento capilar ↓ Desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio e nutrientes, e um acúmulo de produtos metabólicos de excreção celular pela insuficiência na sua remoção 2 SARA ESPELHO STORCH Para complementar diagnóstico em paciente que apresenta má perfusão periférica, é introduzido um cateter venoso central, por pulsão da jugular, que chega até AD, é colhido sangue para garantir que aquele sangue não sofreu alteração metabólica, então faz gasometria venosa central que mostra a saturação de O2 no sangue. Ex: saturação venosa central próxima de 73% o tecido está bem perfundido. Quando queremos ver a ventilação é feita gasometria arterial, quando queremos ver a perfusão tecidual é feita a gasometria venosa. Saturação venosa central menor que 75% em um paciente em repouso significa uma alta demanda tecidual com provável má perfusão periférica. PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA: Liberação de adrenalina faz uma vasoconstrição importante, taquicardia, aumentando a resistência periférica para garantir a pressão. Não devemos esperar o paciente ficar hipotenso para reverter o choque. Podemos ter choque com ou sem hipotensão, paciente hipotenso sem choque, e hipotensão com choque. Quando avaliamos um paciente chocado, não importa PA sistólica ou diastólica, o que importa é a pressão arterial média. O paciente hipotenso muito tempo pode evoluir para um choque. O mais comum é o choque acompanhado de hipotensão. Debito cardíaco: Depende: da pré-carga (volume que chega no coração) e da pós-carga (dificuldade que apresenta para ejetar), e da força do coração. o Pré-carga: antes da contração, tensão na parede do VE no momento imediatamente anterior à contração. Depende da volemia e da complacência ventricular (capacidade do VE de acomodar volume). Para aumentar DC devemos aumentar pré-carga, se chegar mais vai sair mais. Basicamente depende da volemia. No choque hipovolêmico paciente tem pouco volume, tendo pouca pré-carga, consequentemente pós-carga reduzida e pouca perfusão periférica. É o mais comum de alterar a volemia. Imaginando que ao redor do coração tenha algo que não permite que o coração faça sua contração de maneira adequada, ex derrame pericárdico, vai reduzir pré-carga e não adianta aumentar volemia, não tem capacidade de expansão e complacência. Isto é tamponamento cardíaco, não realiza sua diástole, comum em pacientes pós cirurgia cardíaca. É o mais comum de causar tamponamento cardíaco e alterar a complacência ventricular. o Pós-carga: após a contração, pressão que o VE tem que vencer para ejetar o sangue no sistema arterial. Depende da PA; resistência periférica. O que pode atrapalhar a ejeção? Estenose aórtica (tríade: dispneia, dor torácica, sincope); um aumento da resistência periférica; vasoconstrição. o Inotropismo: contratilidade do VE. É explicação do choque cardiogênico (falência de bomba), mesmo que pré e pós estejam boas se não tem força não ejeta, não chega sangue suficiente na circulação e causa má perfusão. Inotrópico de escolha em choque: dobutamina, principalmente no cardiogênico. Resumindo: tecido precisa ser perfundido, precisando de DC adequado com a pré-carga com a volemia e a capacidade de complacência, da pós-carga com a resistência adequada, e do inotropismo (adrenalina é o 3 SARA ESPELHO STORCH natural do organismo). E dependemos também do conteúdo arterial de oxigênio (pO2 adequada e hemoglobina adequada). PACIENTE NORMAL: pCO2 < 45 ; SO2 > 70% ; pO2 > 40 mmHg PACIENTE EM CHOQUE: Saturação venosa central < 70%, pO2 < 40mmhg, pCO2 > 45. Paciente mal perfundido produz mais CO2 e gasta mais O2. PROGRESSÃO DO CHOQUE: Choque → deterioração tecidual → mecanismos compensatórios insuficientes → comprometimento generalizado (principalmente cardiovascular) → piora mais ainda a perfusão → mais choque → mais hipoperfusão → choque irreversível → morte. Tecido cardíaco é um dos primeiros que sofre, piorando o débito. Choque gera mais choque e surge a falência de múltiplos órgãos. Além de consumir O2 e produzir mais CO2, faz metabolismo anaeróbio apresentando uma acidose láctica. Choque sempre é disseminado. Ácido láctico libera substâncias vasoconstritoras piorando perfusão. Depressão miocárdica gerada piora ainda mais DC. Lesão endotelial libera tromboplastina e agregação de hemácias, fatores de coagulação começam a se depositar nessa região e ser consumidos gerando coagulação intravascular disseminada inicial, e depois de algumas horas quando acabam fatores de coagulação, paciente começa a sangrar. O que mais faz coagulação intravascular disseminada é o choque séptico. Pode ser usada a dosagem de lactato para saber se esta em choque, o valor normal é 2. Não é corrigido o lactato, é corrigido o choque, ou seja, a causa do aumento do lactato. Paciente apresenta uma sudorese fria, taquicardia, palidez. SINAIS E SINTOMAS SINAIS E SINTOMAS Mecanismos de adaptação o Principal mecanismo é o simpático. o Sinal mais precoce do choque circulatório: taquicardia. 4 SARA ESPELHO STORCH Avaliação da perfusão periférica o Cor das mucosas, o Tempo de enchimento capilar o Estado de hidratação, o Frequência e qualidade de pulso, o Pressão arterial, o Oligúria o Temperatura corporal e o Estado mental (agitação, ansiedade, sonolência,torpor e coma) o Sede EXAMES COMPLEMENTARES o Estado ácido/básico LACTATO e eletrólitos, o Gasometria sanguínea, o Hemograma (hematócrito, hemoglobina, eritrograma, leucograma). o Pressão venosa central o Cateter de Swan-Ganz o Exames pertinentes ao diagnóstico da causa básica CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE 1. Hipovolêmico: Causado por uma redução do volume sanguíneo (hipovolemia), é o tipo mais frequente de choque. Causas principais: o Hemorragia o Desidratação Mecanismo fisiopatológico → ativação simpática o Resistencia periférica o Venoconstrição para aumentar o RV (pré- carga) o Taquicardia e aumento da força de contração 2. Cardiogênico: Má perfusão tecidual como resultado do baixo débito cardíaco devido a uma patologia cardíaca. Causas principais: o Infarto agudo do miocárdio (IAM) o Doenças valvares Mecanismo fisiopatológico → ativação simpática o Taquicardia o Vasoconstrição Tratamento: reduzir a pré e pós carga, desde que a pressão não esteja baixa. Dar um inotrópico (dobutamina) para aumentar a força do coração. 3. Choque obstrutivo: Ocasionado por uma obstrução ou uma compressão dos grandes vasos ou do próprio coração. Causas: o Pneumotórax hipertensivo (aumento da pressão intratorácica), não deixando o coração expandir. o Tamponamento cardíaco → acúmulo de líquido entre as lâminas parietal e visceral do pericárdio seroso do coração → reduz volume diastólico → reduz DC o TEP (tromboembolismo pulmonar) → capilar obstruído → reduz RV ao AE → baixo DC 4. Choque distributivo: Único que apresenta resistência periférica diminuída. As substancias liberadas neste choque fazem vasodilatação. Vasodilatação periférica → redução da PC→ ↓ oxigênio pelos capilares → DC e volemia preservados vasodilatação. DC → reduzido; PAM → reduzida; Rp → elevada DC → reduzido PAM →N/reduzida Rp → elevada DC → Reduzido PAM →N/reduzida Rp → aumentada 5 SARA ESPELHO STORCH I. Séptico: choque distributivo causado por infecção grave. A infecção local é transmitida a outros tecidos pela corrente sanguínea, adquire caráter sistêmico (sepse). Toxinas induzem à produção de mediadores inflamatórios (interleucinas e síntese de óxido nítrico), gera ação vasodilatadora generalizada + aumento da permeabilidade vascular. Diminui a RP e, consequentemente a PA. Venodilatação com diminuição da pré-carga e do RV, diminuindo DC. Taquicardia pela ativação da resposta simpática. DC → Nl/reduzido; PAM →N/reduzida; Rp → diminuída (vasodilatação generalizada) II. Anafilático: Resultado de uma vasodilatação generalizada com hemodinâmica semelhante ao choque séptico, porem a causa é alergia. Interação antígeno-anticorpo mediada por IgE → degranulação de mastócitos → HISTAMINA . Venodilatação → diminui o RV. Vasodilatação arteriolar → diminui a Rp. Aumento da permeabilidade vascular → extravasamento de plasma e proteínas dos capilares para os espaços intersticiais → edema de glote. DC → Nl/reduzido; PAM →N/reduzida; Rp → diminuída(vasodilatação generalizada) III. Neurogênico: Má perfusão tecidual pela perda súbita do tônus vascular generalizada. Dilatação das arteríolas - diminuição da RVP e das vênulas – diminuindo o retorno venoso. Lesão no centro vasomotor: ▪ Anestesia geral profunda (por excessiva depressão do centro vasomotor) ▪ Uso de drogas ou fármacos que deprimem o SNC ▪ Anestesia espinhal (por bloqueio da descarga simpática acima da medula espinhal) ▪ Lesão cerebral difusa que cause paralisia vasomotora TRATAMENTO: o Reduzir a dependência da pré-carga o Restabelecer a contratilidade miocárdica o Melhorar a pressão de perfusão tecidual o Adequar a oferta de oxigênio ao consumo o Eliminar os fatores desencadeantes o Fluídos. o Vasopressor. o Inotrópicos. METAS: o Clínica: nível de consciência, diurese, FC o PAS > 90 mmHg o PAM > 65 mmHg o Débito urinário > 0,5 ml/kg/h o Lactato < 2 mmol.L-1 o SVO2 ≥ 70% (saturação venosa central) DC → Nl/reduzido PAM →N/reduzida Rp → diminuida
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