Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Espaço Vetorial Elaine Cristina Ferruzzi Devanil Antonio Francisco 79 15 ESPAÇO VETORIAL Nos capítulos anteriores vimos duas operações definidas sobre os vetores a adição e a multiplicação por escalar, estas operações satisfazem uma série de propriedades que foram descritas anteriormente. Podemos em outros conjuntos diferentes do conjunto de segmentos eqüipolentes (chamados vetores), definir operações chamadas soma e multiplicação por escalar (número real) que satisfaçam as mesmas propriedades da soma e multiplicação por escalar definidas para segmentos eqüipolentes. Generalizaremos então o conceito de vetor. Todo conjunto no qual estejam definidas as propriedades soma e multiplicação por escalar e estas satisfaçam as propriedades dadas, será chamado espaço vetorial e os elementos deste conjunto serão chamados de vetores. Faremos também a generalização dos conceitos de combinação linear, dependência e independência linear e de base. 15.1 Definição de Espaço Vetorial Um espaço vetorial real é um conjunto V, não vazio, sobre o qual estão definidas as operações adição e multiplicação por escalar, isto é: u, v V, u v V , u V, u V tais que, para quaisquer u, v e w V, e e , as propriedades abaixo sejam satisfeitas: Em relação à adição 1 2 3 4 A ) u v w u v w u, v,w V A ) u v v u, u,v V A ) 0 V / u V, u 0 u A ) u V, u V / u ( u) 0 Em relação à multiplicação por escalar: M1) (.).v = .(.v) M2) ( + ).v = .v +.v M3) . ( u + v) = .u + .v M4) 1 .v = v Observação: O vetor 0 será chamado vetor nulo. Exemplo 01: O conjunto W constituído das ternas cuja terceira componente é zero W a,b,0 ,a,b é um espaço vetorial com operações de adição e multiplicação por escalar definidas abaixo: Sejam u a,b,0 e v c,d,0 W então: u v a,b,0 c,d,0 a c,b d,0 Seja e u a,b,0 W , então: u a,b,0 a, b,0 W Demonstração: Vamos mostrar que W com as operações acima definidas satisfaz os axiomas de espaço vetorial: Sejam u a,b,0 , v c,d,0 e w e,f ,0 W e e , então: 1A ) u v w a,b,0 c,d,0 e,f ,0 a c,b d,0 e,f ,0 a c e,b d f ,0 u v w a,b,0 c,d,0 e,f ,0 a,b,0 c e,d f ,0 a c e,b d f ,0 logo u v w u v w 2A ) u v a,b,0 (c,d,0) a c,b d,0 v u c,d,0 a,b,0 c a,d b,0 como a c c a e b d d b então u v v u 3A ) 0 0,0,0 V , pois sua última coordenada é nula. Se somarmos um vetor qualquer u= ( a, b, 0) W, temos: 0 u 0,0,0 a,b,0 a 0,b 0,0 (a,b,0) u A4) Para todo vetor u a,b,0 W existe o vetor u a, b,0 W tal que: u u a,b,0 a, b,0 a a,b b,0 (0,0,0) 0 1M ) u a,b,0 a , b,0 u a,b,0 a, b,0 a , b,0 portanto u u Espaço Vetorial Elaine Cristina Ferruzzi Devanil Antonio Francisco 80 2M ) u a,b,0 a, b,0 a a, b b ,0 u u a,b,0 (a,b,0) a, b ,0 a , b, 0 a a, b b ,0 portanto u u u 3M ) u v a,b,0 c,d,0 a c,b d,0 (a c), (b d),0 a c, b d,0 u v a,b,0 c,d,0 a, b,0 c, d,0 a c, b d,0 portanto u v u v 4M ) 1. a,b,0 a.1,1.b,0 a,b,0 u Exemplo 02: Seja V o conjunto de todos os polinômios: 2 n0 1 2 na a x a x ... a x com os coeficientes ia . Então V é um espaço vetorial sobre K em relação as operações usuais de adição de polinômios e multiplicação por constante. Demonstração: 1 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n A ) Sejam: p(x) a a x a x ... a x , q(x) b b x b x ... b x e r(x) c c x c x ... c x V e e , então: 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n n 0 0 1 1 n n 2 0 1 2 (p q) r [(a a x a x ... a x ) + (b b x b x ... b x )] (c c x c x ... c x ) a b a b x ... a b x (c c x c x n n 0 0 0 1 1 1 n n n n ... c x ) a b c a b c x + ... a b c x 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n p (q r) (a a x a x ... a x ) + + [ (b b x b x ... b x ) (c c x c x ... c x )] 2 n 0 1 2 n n 0 0 1 1 n n 0 0 0 1 1 1 n n n n (a a x a x ... a x ) b c b c x... b c x a b c a b c x + ... a b c x portanto (p + q)+r = p+(q + r) 2 n 2 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 0 0 1 1 A ) Sejam p(x) a a x a x ... a x e q(x) b b x b x ... b x V p q a a x a x ... a x + b b x b x ... b x (a b ) (a b )x .. nn n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n n 0 0 1 1 n n n 0 0 1 1 n n . (a b )x q p b b x b x ... b x + a a x a x ... a x (b a ) (b a )x ... (b a )x (a b ) (a b )x ... (a b )x logo p q q p 2 n 3A ) O polinômio nulo 0(x) 0 0x 0x ... 0x V 2 n 0 1 2 n 2 n 0 2 n 1 2 n n 0 1 n 2 n 0 1 2 n Seja p(x) a a x a x ... a x 0 q 0 0x 0x ... 0x a + a x a x ... a x 0 a 0 a x ... 0 a x a a x a x ... a x q logo 0 q q 4 2 n 0 1 2 n A ) Para todo polinômio: p(x) a a x a x ... a x V, temos o polinômio: 2 n 0 1 2 n n 0 0 n n p(x) a a x a x ... a x tal que : p(x) p(x) (a a ) ... (a a )x 0 n 1 0 1 n n 0 1 n n 0 1 n n 0 1 n n 0 1 n M ) p . (a a x ... a x ) . a a x ... a x p a a x ... a x a a x ... a x = . a . a x ... . a x portanto ( . ) p . p Espaço Vetorial Elaine Cristina Ferruzzi Devanil Antonio Francisco 81 2 2 n 0 1 2 n n 0 1 n nn 0 1 n 0 n n n 0 n 0 n 0 1 M ) p (a a x a x ... a x ) a a x ... a x p p (a a x ... a x ) (a ... a x ) ( a ... a x ) ( a .. a x a a x ... n na x Logo p p p 3 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n M ) Seja e p(x) a a x a x ... a x q(x) b b x b x ... b x V 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 0 0 1 1 n n n 0 0 1 1 n n n a a x a x ... a x p q b b x b x ... b x a b a b x ... a b x a b a b x ... a b x 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n p q a a x a x ... a x + b b x b x ... b x 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n a a x a x ... a x + b b x b x ... b x 0 0 1 1 n n n 0 0 1 1 n n n a b a b x ... a b x a b a b x ... a b x Portanto p q p q 4 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n 2 n 0 1 2 n M ) Sejam p(x) a a x a x ... a x V e 1 1.p(x) 1. a a x a x ... a x 1.a 1.a x 1.a x ... 1.a x a a x a x ... a x Exemplo 03: O conjunto M (m,n) das matrizes mxn com ao operações adição e multiplicação por escalar usuais são um espaço vetorial. Exemplo 04: Seja o conjunto 2 a,b a,b com as operações adição e multiplicação por escalar definidas por a,b c,d a c,b d k a,b ka,b Vamos verificar se este conjunto é ou não um espaço vetorial. Demonstração: A1) Sejam A = ( a,b) , B = (c,d) e C = (e,f), temos: (A+B)+C= [ ( a,b)+ (c,d) ]+ (e,f) =[a+c , b+d ] + (e,f) =(a + c + e , b + d + f ) A+(B+C) = ( a,b) +[ (c,d) + (e,f) ] = ( a,b)+ [ c + e , d + f ] = (a + c + e ,b + d + f ) Portanto (A+B)+C=A+(B+C A2) Sejam A = ( a,b) e B = (c,d) temos: (A+B)= ( a,b)+ (c,d) =( a+c , b+d ) B+A = (c,d)+ ( a,b) = (c + a ,d + b) Como a+c=c+a e b+d =d+b então A+B= B+A A3) ( 0 ,0 ) 2 temos: ( a, b ) + ( 0 ,0 ) = ( a+ 0 , b+0)= (a,b) A4) Seja ( a,b) 2 , ( - a, - b ) 2 temos: (a , b ) + ( - a , - b ) = ( a – a, b – b) = ( 0, 0) M1) Sejam 2(a,b) e , : (a,b) ( a ,b) a,b a , b a ,b Portanto a,b a,b M2) Sejam 2(a,b) e , : a,b a , b a a , b a,b a,b a ,b a , b ( a a , 2b ) Como a a , b ( a a , 2b ), então 2 com as operações definidas no início do exemplo não é um espaço vetorial. Espaço Vetorial Elaine Cristina Ferruzzi Devanil Antonio Francisco 82 Exercícios: Verifique se os conjuntos dados com as operações adição e multiplicação abaixo definidas são espaços vetoriais 01) O conjunto 2V x, y / x, y com as operações de adição e multiplicação por um número real assim definidas: 1 1 2 2 1 2 1 2x , y x , y x x , y y e x, y x, y 02) O conjunto 2V x,x / x com as operações de soma e multiplicação por escalar definidas por : 22 2 1 1 2 2 1 2 1 2 2 2 2 x ,x x ,x x x , x x e x,x x, x 03) O conjunto V x, y / x, y 0 com as operações adição e multiplicação por escalar definidas por: 1 1 2 2 1 2 1 2x , y x , y x x x , y x y e x, y x , y 04) O conjunto 2 a,b / a,b com as operações de adição e multiplicação por escalar definidas por: a,b c,d (a,b) e k (a,b) ( ka,kb) para quaisquer 2(a,b) , (c,d) e k . 05) O conjunto 0 a A M(2x2) / a,b b 0 com as operações usuais de adição e multiplicação por escalar. Respostas: 01) Espaço Vetorial. 02) Espaço Vetorial. 03) Espaço Vetorial. 04) Não é um Espaço Vetorial (falha A2, A3 e A4). 05) Espaço Vetorial.
Compartilhar