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1 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia Síndrome Diarreica DEFINICÃO Diarreia: É a eliminação de fezes amolecidas, de consistência líquida, que acompanha: 3 ou mais evacuações no dia ou au- mento da massa fecal (>200g/dia). ETIOLOGIA Causas Funcionais: SII na forma diarreica, diarreia funci- onal; Causas Orgânicas: sintomas < 3 meses, sintomas notur- nos ou contínuos, perda ponderal > 10%, sangue nas fe- zes; FISIOPATOLOGIA DIARREIA OSMÓTICA É causada pelo acúmulo de solutos não absorvidos na luz intestinal. Esses solutos impedem a absorção de líquidos. Deve ser suspeitado quando o os sintomas desaparecem no estado de jejum e reaparecerem após uma refeição. Principais causas: o Uso de laxativos à base de magnésio, fosfato ou sul- fato; o Deficiência de lactase (intolerância à lactose): é a forma mais comum, associada à flatulência e cólica abdominal; o Ingestão de quantidades expressivas de sorbitol, presente em certos doces e gomas de mascar; o Uso de lactulose ou manitol oral; DIARREIA SECRETORA É causada por substâncias que estimulam a secreção in- testinal, a partir: Bradicinina – AMP cíclico – prostaglan- dinas – secreção de sódio e água. Fezes aquosas e de grande volume. Pode ser causada pela síndrome do cólera pancreática (“VIPoma”), síndrome carcinoide e carcinoma medular de tireoide. Ocorre uma má absorção de sais biliares. Teste clínico: jejum 24-36h - quadro inalterado. DIARREIA DESABSORTIVA Decorrente da má absorção de carboidratos e ácidos gra- xos que, por efeito osmótico ou secretório, induzem a di- arreia. São pacientes que evoluem com perda ponderal e defici- ências em diversos nutrientes. Fezes oleosas (esteatorreia), grudam ou boiam no vaso e são mal cheirosas. DIARREIA INVASIVA OU INFLAMATÓRIA São doenças inflamatórias ou infecciosas que acometem o delgado ou o cólon, inibindo a absorção e estimulando a secreção. Aumento na secreção de muco e material proteíco. Pacientes que apresentam febre, dor abdominal, perda ponderal e, algumas vezes, muco e sangue nas fezes. Principais causas: amebíases, doença inflamatória intes- tinal, Doença de Crohn, enterite eosinofilica, ALPV, colite colágena e enterite actínica. Hemograma com leucocitose ou eosinofilia. Com exceção da amebíase, a maioria dos pacientes apre- senta exame de fezes positivo para leucócitos ou lacto- ferrina. DIARREIA FUNCIONAL É característica da síndrome do intestino irritável. Pacientes costumam apresentar redução da consistência das fezes e aumento na frequência de evacuação diária, não ocorrendo no período da noite. ANAMNESE: O QUE AVALIAR? Duração do quadro diarreico; Presença de sangue ou muco nas fezes; Número de evacuações diárias e volume fecal relacio- nado; Presença de febre, dor abdominal e outros sintomas as- sociados; Antibioticoterapia prévia ou outros medicamentos rece- bidos; Presença de comorbidades ou estados de imunossupres- são. História alimentar; História de pessoas próximas com quadro clínico seme- lhante; Ocorrência de viagens recentes, hábitos de vida, ativi- dade laborativa; EXAME FÍSICO Deve avaliar: o Desidratação e desnutrição; o Alteração da elasticidade; 2 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia o Turgor na pele; o Ressecamentos de mucosas; o Estado hemodinâmico (FC, PA e diurese). o Sinais de alarme: evidencia de sangramento de TGI (anemia, sangue retal), perda ponderal, febre, HF neoplasia GI, início dos sintomas > 50 anos. CLASSIFICAÇÃO Existem várias formas de classificar e podem ser aplica- das simultaneamente: duração, topografia e inflamató- ria: 1. Duração: essa classificação é essencial para a condução do caso. a) Aguda: < 3 semanas b) Crônica: > 3 semanas 2. Topografia a) Alta: delgado Grande volume 3-5 evacuações no dia Apresenta restos alimentares b) Baixa: cólon Baixo volume 10 ou mais evacuações no dia Com tenesmo 3. Inflamatória Presença de sangue, muco e/ou pus DIARREIA AGUDA Dura menos que duas semanas; Na maioria das vezes possui etiologia de infecção; Em geral, são leves, cursando com menos de 10 evacua- ções diárias e perda de menos de um litro de líquido nas fezes; PRINCIPAIS ETIOLOGIAS: Vírus: norovírus (principal em adultos); Bactérias: E.coli (enterotoxigênica), E.coli (EHEC), Shi- gella (crise convulsivas), Campylobacter jejuni (Sindrome Guillain Barré), Salmonela (meningite), S.aureus, C.diffi- cile (colite pseudomembranosa). OBS: colite pseudomembranosa – risco: uso prévio de ATB (Clindamicina, cefalosporina e quinolona), idade avançada, antiácidos. Diagnóstico: toxina nas fezes, antígeno GDH, cul- tura, PCR, NAAT, colina. Tratamento: vancomicina VO e se ti- ver 3 ou mais recorrências realiza transplante de microbiota fecal. QUANDO SOLICITAR EXAMES PARA ESCLARECER A ETIOLOGIA DA DIARREIA AGUDA? Desidratação Fezes francamente sanguinolentas Febre (>38,5) Não melhora após 48h Idosos > 70 anos Paciente imunodeprimido; Uso recente de antibióticos. EXAMES INICIAIS PARA O DIAGNÓSTICO ETIOLÓ- GICO DAS DIARREIAS AGUDAS: Hemograma Bioquímica Exame de fezes (lactoferina, toxina, cultura, parasitoló- gico. Coprocultura Pesquisa da toxina do C. difficile DIARREIA CRÔNICA Dura 4 ou mais semanas; Possui um grande número de causas; A classificação é em função do mecanismo fisiopatoló- gico. DIAGNÓSTICO Na investigação: o Diarreia Crônica Funcional: investigação mínima o Diarreia Crônica Orgânica: laboratório geral, labora- tório especifico, exames de imagem. Laboratório o Hemograma o Proteínas totais e frações o Eletrólitos: sódio, potássio e cálcio o Glicemia o Função tireoidiana: TSH e T4 Livre Exame de fezes: o Parasitológico de fezes – Cryptosporidium sp o Coprocultura – Yersinia enterocolitica o Pesquisa de leucócitos fecais o Calprotectina o Pesquisa de sangue oculto o Pesquisa de gordura fecais – Sudam III Paciente com Esteatorreia: o Dosagem de gordura fecal o Teste da absorção da D-xilose Diagnóstico por imagem: o Endoscopia digestiva alta com biopsia duodenal 3 Martina Frazão – P6 Gastroenterologia o Colonoscopia/Retossigmoidoscopia o Capsula endoscópica: há limitações como impossibi- lidade de coleta de material, risco de impactação o Enteroscopia: complementar a EDA e colonoscopia CAUSAS ESPECÍFICAS DA DIARREIA CRÔNICA Doença Inflamatória Intestinal: diarreia exsudativa, cará- ter intermitente. Colite microscópica: diarreia crônica secretora sem san- gramento. Diarreia pós colecistectomia: melhora espontânea após semanas a meses. Relacionada ao excesso de sais biliares no cólon. Diarreia por supercrescimento bacteriano no delgado: associado ao aumento de bactérias ou bactérias inco- muns no TGI superior. Diarreia por alergia alimentar: resposta imune anormal após exposição ao alimento. Intolerância a Lactose. Sensibilidade ao glúten não celíaca. Alergia ao trigo Doença celíaca TRATAMENTO Dieta: foodmaps Hidratação o Preferir reidratação oral ou realizar a reidratação IV com ringer lactato. Agentes antidiarreicos: o Loperamida: 4mg de ataque, seguido de 2mg VO após cada evacuação, até um máximo de 16mg/dia. o SÃO contraindicados em casos de disenteria (pre- sença de sangue, muco e pus nas fezes). Probióticos Antibióticos: o Utilizados quando há presente se sinais de alarme: presença de leucócitos fecais em EAF, disenteria + febre + dor abdominal intensa, de- sidratação importante, 8 ou mais evacua- ções/dia, paciente imunodeprimido e necessi- dade de hospitalização por causa da diarreia. o 1ª escolha: Quinolona – Ciprofloxacina 500mg, 12/12h, 1x ao dia, 3-5 dias.
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