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Transtornos de Personalidade INTRODUÇÃO PERSONALIDADE PERSONALIDADE: Estilo/jeito de ser que cada indivíduo tem de lidar com o mundo (“assinatura pessoal”). Resulta da interação entre variáveis neurobiológicas inatas (“temperamento”) e experiências ambientais e sociais precoces, intra e extra-familiares, que contribuem para a construção do “caráter” do indivíduo. A combinação de fatores biológicos (temperamento) e vivenciais/ambientais (caráter) constitui a personalidade. TRAÇO DE PERSONALIDADE TRAÇO DE PERSONALIDADE: É uma tendência específica de sentir, perceber, pensar e se comportar de forma repetida e estereotipada, especialmente dentro de contextos interpessoais (desconfiança, sedução, hostilidade, teatralidade, manipulação, perfeccionismo). Ainda não é considerado patológico. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE TRANSTORNO DE PERSONALIDADE: Quando estes traços se exageram, causando sofrimento emocional e/ou disfunções na área social, interpessoal ou profissional. EPIDEMIOLOGIA NO MUNDO 10 a 20% da população em geral. Prevalência internacional estimada de 11%. 25% dos pacientes no contexto primário. 50% dos pacientes psiquiátricos ambulatoriais. 2/3 dos prisioneiros. NO BRASIL Prevalência estimada de grupos de transtornos de personalidades na região metropolitana de São Paulo: CURSO CURSO: Iniciam no final da adolescência/início da idade adulta. Padrão persistente e relativamente estável no tempo. Alguns tendem a atenuar ou remitir com tempo (ex. antissocial e borderline); raramente (ex. obsessivo- compulsivo e esquizotípico). GÊNERO GÊNERO: Não há diferença de prevalência entre os gêneros. São mais diagnosticados em homens (antissocial) e mulheres (histriônico, borderline e dependente). ETIOLOGIA ETIOLOGIA: Difícil de ser estudada. Os estudos disponíveis foram baseados principalmente no transtorno de personalidade borderline, por ser um dos mais frequentes e que mais se destaca nas amostras clínicas. MODELO ESTRESSE-DIÁSTASE MODELO ESTRESSE-DIÁSTASE (Paris, 2005): Genes modelam a variabilidade individual de traços e temperamentos. Algumas variantes do temperamento (introvertido, extrovertido) podem se constituir em vulnerabilidade para psicopatologia. Estas variantes se tornam desadaptativas sob o impacto de condições ambientais adversas específicas. A interação é bidirecional: Variabilidade genética influencia a forma como as pessoas respondem a seu ambiente. Variáveis ambientais (psicossociais) determinam como, e se, os genes irão se expresser. Implicações terapêuticas: Intervenções apenas biológicas, ou apenas psicológicas, serão frequentemente insuficientes no tratamento dos TP. FATORES GENÉTICOS FATORES GENÉTICOS: Grupo A: Mais comum em familiares biológicos de equizofrênicos. Grupo B: Anti-social é associado com dependência de álcool; depressão é comum em familiares de pacientes com TP borderline. Grupo C: Personalidade evitativa tem maiores níveis de ansiedade. FATORES BIOLÓGICOS Hormônios: Níveis elevadas de testosterona relacionados à traços impulsivos frequentes. Monoaminoxidase plaquetária: Baixos níveis plaquetários de MAO estão associadas com maior sociabilidade. Movimentos oculares de seguimento suave: São irregulares em pessoas que apresentam transtorno da personalidade esquizotípica. Não têm aplicação clínica, mas indicam o papel da hereditariedade nos transtornos. Neurotransmissores: Endorfinas: Apresentam efeitos de analgesia e supressão da excitação, sendo que seus níveis elevadas estão relacionados a indivíduos apáticos. Ácido 5-hidróxi-indolacético (5-HIAA): Metabólito da serotonina, apresenta níveis baixos em indivíduos que tentam suicídio, são impulsivos e agressivos. Serotonina e dopamina: Relação determinada a partir da observação de fármacos nesses pacientes. Eletrofisiologia: Alguns pacientes com transtornos de personalidade apresentam alterações na condução elétrica no eletroencefalograma Ondas lentas no EEG. FATORES PSICOSSOCIAIS FATORES PSICOSSOCIAIS: É comum a história de traumas na infância de pacientes com transtorno de personalidade borderline (TPB), embora esta relação de traumas e TPB não seja muito clara. Traumas infantis nem sempre estão presentes no TPB e muitas pessoas que sofreram abuso não desenvolvem transtorno de personalidade borderline. Vários estudos mostraram altas taxas de abuso sexual e físico na infância de pacientes com TPB. Em uma grande amostra clínica nos USA, 61% dos pacientes com TPB relataram histórias de abuso sexual e 59% de abuso físico. Em uma amostra sul-brasileira de pacientes com TPB, 52% reportaram abuso sexual e 68% abuso físico na infância (Schestatsky et al, 2005). Um estudo prospectivo longitudinal de crianças, de base populacional, encontrou que abuso e negligência na infância estiveram significativamente associados com TPB na idade de adulto jovem, após controlar as variáveis de nível de educação e psicopatologia dos pais. IMPLICAÇÕES Maior morbimortalidade: Reino Unido: Menos 19 anos para mulheres/18 para homens; Maior incidência de suicídio e homicídio; Maior mortalidade por causas cardiovasculares e respiratórias; Fatores ligados à estilo de vida: Alta prevalência de fumo; álcool; drogas. Alto custo para os sistemas de saúde. HISTÓRICO Hipócrates (460-370 AC) e Galeno (129-217 AC): 4 tipos de temperamento (fleumático, colérico, sanguíneo, melancólico). Bénédict Augustin Morel/Philippe Pinel (França); Julius Koch (Alemanha) - Século 18/19: Transtornos neurodegenerativos. James Cowles Prichard: “Insanidade moral”: Sem doença aparente, mas com distúrbio grosseiro do comportamento. Kurt Schneider (1923): Descrição + próxima com a atual. “Those with personality disorders suffer because of their disorders and also cause society to suffer”; Inabilidade de formar e manter relacionamentos interpessoais satisfatórios. GRUPOS / QUADRO CLÍNICO Transtornos de Personalidade Características Dx diferencial e Comorbidades Grupo A: “MAD” Paranoide Esquizoide Esquizotípico Desconfiados Excêntricos Transtornos psicóticos Autismo Grupo B: “BAD” Antissocial Borderline Histriônico Narcisista Dramáticos Emocionais Transtornos de humor Transtornos de Ansiedade Grupo C: “SAD” Evitativo Dependente Obssesivo- compulsivo Ansiosos Assustados Transtornos de humor Transtornos de ansiedade MANUAIS DIAGNÓSTICOS: CID-10, DSM-5 E CID- 11 CID-10 DSM-5 GRUPOS Paranoide Paranoide Esquizoide Esquizoide Grupo A Não existe Esquizotípico Dissocial Antissocial Emocionalmente instável Borderline Grupo B Não existe Narcisista Histriônico Histriônico Anancástico Obsessivo- compulsivo Ansioso (evitativo) Evitativo Grupo C Dependente Dependente CID 11: Lançada pela OMS em junho de 2018, possui Alterações importantes, abandonando o modelo categórico da tabela anterior, havendo apenas uma descrição geral, separando os transtornos em leve, moderado e grave. Lançamento oficial em maio de 2019. É o sistema oficial do Brasil para fins de perícia e saúde pública. Descrição para transtornos de personalidade: 1. Problemas no funcionamento de aspectos do self e/ou disfunção interpessoal que persistiram durante um longo período de tempo (por ex, 2 anos ou mais); 2. Manifesta-se em padrões de cognição, experiências emocional, expressão emocional e comportamento que é mal adaptativo (por exemplo, inflexível ou mal regulado) e se manifesta em diversas situações pessoais e sociais (não se limita a relacionamentos específicos ou papéis sociais); 3. Os padrões de comportamento não são apropriados ao desenvolvimento e não podem ser explicados principalmente por fatores sociais ou culturais,Incluindo conflitos sócio-políticos; 4. Está associada ao sofrimento substancial ou prejuízo significativo em áreas pessoas, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento. CLASSIFICAÇÃO DO CID-11: Leve: Afetam algumas áreas do funcionamento. Há problemas em muitos relacionamentos interpessoais e/ou alguns relacionamentos são mantidos e/ou alguns papéis são desempenhados. Não está associada a danos substanciais a si mesmo ou a outros, mas pode estar associada a sofrimento substancial ou com prejuízo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais e ocupacionais. Moderada: Afetam múltiplas áreas do funcionamento da personalidade. Algumas áreas do funcionamento da personalidade podem ser relativamente menos afetadas. Problemas marcantes na maioria das relações interpessoais e o desempenho dos papéis sociais e ocupacionais às vezes associada a danos a si mesmo ou a outros, e está associada a acentuado prejuízo nas áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais ou outras áreas importantes de funcionamento, embora o funcionamento em áreas circunscritos possa ser mantido. Grave: Distúrbios graves no funcionamento do self. Os problemas no funcionamento interpessoal afetam seriamente todos os relacionamentos, e a capacidade e disposição de desempenhar os papéis sociais e ocupacionais esperados está ausente ou seriamente comprometida. Afetam a maioria das áreas do funcionamento da personalidade, se não todas. Associado a danos a si mesmo ou a outros e está associado a graves deficiências em todas ou quase todas as áreas da vida, incluindo áreas pessoais, familiares, sociais, educacionais, ocupacionais e outras áreas importantes do funcionamento. DIMENSÕES DA PERSONALIDADE (CID-11): Muito parecido com o modelo híbrido do DSM-5. Afetividade baixa (alto neuroticismo); Desapego (baixa extroversão); Desinibição (baixa conscienciosidade); Dissociabilidade (baixa agrabilidade); Anancastia (alta conscienciosidade); Padrão Borderline. MODELO HÍBRIDO DO DSM-5: Categórico: Prejuízo em pelo menos 2 áreas Identidade Autodireção Empatia Intimidade Dimensional: Afetividade negative vs estabilidade emocional; Distanciamento vs extroversão; Antagonismo vs conveniência; Desinibição vs conscienciosidade; Psicoticismo vs lucidez. DEFINIÇÃO: DSM-5 DEFINIÇÃO DSM-5 PARA TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE: A) Padrão persistente de vivências ou comportamentos, que se desviam acentuadamente da cultura onde a pessoa vive e que se manifestam em 2 ou mais das seguintes áreas: (1) Cognição (modo de perceber a si mesmo, aos outros e aos eventos) (2) Afetividade (adequação de respostas emocionais, incluindo intensidade, variabilidade e labilidade afetiva) (3) Funcionamento interpessoal (4) Controle dos impulsos B) O padrão persistente é inflexível e abrange uma ampla gama de situações pessoais e sociais. C) Provoca sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou outras áreas de vida importantes. D) O padrão é estável, de longa duração, iniciando em geral na adolescência ou início da vida adulta. E) Não é melhor explicado como secundário a outro transtorno mental. F) Não decorre de efeitos diretos de uma substância ou de uma condição médica geral subjacente. RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE Os pacientes com transtornos de personalidade são difíceis de tratar, avaliar e pesquisar. TP Borderline: “paciente que os psiquiatras odeiam” (Lewis &Appleby, 1988). Motivos das dificuldades: Não se consideram doentes; Atribuem aos outros seus problemas; Só buscam tratamento já com outras patologias graves associadas; Não cumprem combinações e prescrições; Faltam e interrompem com os tratamentos; Sofrem e fazem os outros sofrer (Schneider, 1923). Apresentam propensão muito maior a recusar auxílio psiquiátrico e a negar seus problemas Representam um desafio para o médico. TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE (TP) TP ESQUIZOTÍPICA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA: Estes pacientes exibem características estranhas ou excêntricas, além de distorções cognitivas e perceptivas (pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões e desrealização). Apresentam padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto e incapacidade para relacionamentos íntimos isolados, poucos amigos. Características clínicas: Perturbação do pensamento e comunicação; Fala distinta/peculiar, fazendo sentido apenas para eles mesmos; Podem desconhecer seus próprios sentimentos, mas são sensíveis e conscientes sobre os do próximo; Podem ser supersticiosos/clarividentes; Podem ter relacionamentos imaginários vívidos, temores e fantasias infantis; Podem ter ilusões da percepção ou macropsia; Sob estresse, podem ter sintomas psicóticos breves. Epidemiologia: Prevalência em populações clínicas: 0.6-1.9%. Prevalência na população em geral: 3.9%. A proporção entre gêneros é desconhecida. Diagnosticado com frequência em mulheres com síndrome do X frágil. Fatores de risco: Há aumento da prevalência em famílias de indivíduos com esquizofrenia. Diagnóstico: Baseado nas peculiaridades de pensamento, comportamento e aparência do paciente. Diagnóstico diferencial: TP Esquizoide e Evitativo: Se diferencia pela presença de excentricidades, sua percepção e comunicação, além da frequente história familiar de esquizofrenia. TP Esquizotípica: Se diferencia pela ausência de psicose e, quando tem, são breves e fragmentados. TP Paranoide: Se diferencia pela presença do comportamento estranho. Tratamento: Psicoterapia Antipsicóticos; Antidepressivos. TP ESQUIZOIDE TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOIDE: Caracterizado por padrão de retraimento social. Excêntricos, são vistos como isolados ou solitários. Seu desconforto com a interação humana, sua introversão e seu afeto frio e constrito se destacam. Apresentam distanciamento nas relações sociais e capacidade limitada de expressão emocional em contextos interpessoais. Preferem ficar sós, tem pouco/nenhum interesse em relações sexuais, indiferentes ao que os outros pensam. Devaneios são mais gratificantes que a vida real. Características clínicas: Parecem frios, indiferentes, calados, distantes, isoladas e insociáveis; Exibem retraimento distante e falta de envolvimento com interesses diários e com preocupações alheias; Pouca necessidade/vontade de formar laços afetivos; Vida sexual pode existir apenas na fantasia; Interesses solitários Empregos solitários e não competitivos; Phoebe, de Friends Chapeleiro Maluco, de Alice no País das Maravilhas Sheldon, de The Big Bang Theory Homem de Lata, de O Mágico de Oz Incapacidade de expressar diretamente a raiva; A capacidade de reconhecer a realidade é normal; Atos agressivos são raros. Geralmente lidam com a maioria das ameaças através de fantasias. Epidemiologia: Prevalência de 3,1 a 5% da população em geral; Proporção de homens para mulheres de 2:1. Fatores de risco: Prevalência maior entre familiares de indivíduos com Esquizofrenia ou TP Esquizotípico. Diagnóstico: Raramente tolera contato visual, afeto pode ser constrito, distante ou inadequadamente sério, precisam se esforçar para serem engraçados, fala dirigida à objetivos, respostas curtas, usam figuras de linguagem incomuns e podem ficar fascinados por objetos inanimados ou construtos metafísicos. Diagnóstico diferencial: Esquizofrenia: Se diferencia do esquizoide porque os esquizofrênicos exibem maior envolvimento social, história de comportamento verbalagressivo e projeção de sentimentos. TPOC e Evitativa: Se diferencia porque esses dois transtornos experimentam a solidão como disfórica, têm uma história mais rica de relações objetais anteriores e não se entregam com a mesma frequência a devaneios autistas. Evitativa: Se diferencia porque os evitativos são isolados, mas tem um forte desejo de participar de atividades, o que não ocorre nos esquizoides. Esquizotípica: Se diferencia porque os esquizotípicos se assemelham mais a um paciente com esquizofrenia em relação às estranhezas. Autismo/Asperger: Se diferencia, pois no esquizoide a de interações sociais e comportamentos/interesses estereotipados não são tão graves. Tratamento: Psicoterapia, antipsicóticos, psicoestimulantes, agentes serotonérgicos ( sensibilidade à rejeição) e benzodiazepínicos ( ansiedade interpessoal). TP PARANÓIDE TP PARANÓIDE: Caracterizam-se por suspeita e desconfiança em relação às pessoas, vistos como ameaçadores, enganadores ou exploradores. Recusam a responsabilidade por seus próprios sentimentos e a atribui a outros. Rancores persistentes, sentimentos de humilhação por qualquer crítica, suspeitas recorrentes de estar sendo traído pela/o parceira/o. Costumam ser hostis, irritáveis e irascíveis. Epidemiologia: Prevalência de 2,3 a 4,4% da população em geral. Diagnosticado com maior frequência em homens. Fatores de risco: Familiares esquizofrênicos ou com transtorno delirante. Diagnóstico: Costumam estar tensos e perplexos por terem que buscar ajuda psiquiátrica. Vasculham o ambiente em busca de pistas. São sérios e sem humor. A fala é dirigida a objetivos e lógica, mas bases de argumentos podem ser falsos. Seus pensamentos demonstram projeção, preconceito e referências. Diagnóstico diferencial: Transtorno delirante: Se diferenciam porque os paranóide não possuem delírios fixos. Esquizofrenia: Se diferenciam porque os pacientes com TP paranoide não têm alucinações nem um transtorno manifesto do pensamento. Borderline: Se diferenciam porque os paranoides raramente são capazes de envolvimentos excessivos ou relacionamentos tumultuosos, como os borders. Antissocial: A diferença consiste no fato de que os paranóide não possuem a longa história de comportamento antissocial. Esquizoide: Se diferenciam porque os esquizoides são retraídos e indiferenres e não apresentam ideação paranoide. Tratamento: Psicoterapia, ansiolítico e antipsicóticos. TP BORDERLINE TP BORDERLINE: Caracterizam-se por afeto, humor, comportamento, relações interpessoais e autoimagem extraordinariamente instáveis. Encontram-se no limiar entre neurose e psicose. Impulsividade, ansiedade de separação e sentimentos crônicos de vazio são intensos. Há comportamentos recorrentes de gestos ou ameaças de suicídio e automutilações. Características clínicas: Mudanças de humor são comuns; Sentimentos crônicos de vazio e tédio; Bentinho, de Dom Casmurro Capitu não traiu, caraio Jeff, de Janela Indiscreta Alex, de Atração Fatal Britney Spears Amy Winehouse Falta de um senso de identidade coerente (difusão de identidade); Episódios psicóticos de curta duração; Comportamento imprevisível; É raro que suas realizações estejam no mesmo nível de suas capacidades; Atos destrutivos repetidos (automutilação), para obter ajuda dos outros, exprimir raiva ou se anestesiar do afeto que o consome; Relacionamentos interpessoais tumultuosos (dependência e raiva dirigida aos amigos íntimos); Não suportam a solidão buscam por companhia. Epidemiologia: Prevalência: 1.6 – 5.9 % 2x mais comum em mulheres Fatores de risco: O TP Borderline é 5x mais comum em parentes biológicos de 1º grau com o mesmo transtorno. Há aumento de risco familiar para transtornos do humor, de uso de álcool/substâncias e de TP antissocial. Diagnóstico diferencial: Esquizofrenia: Se diferenciam porque os borders não apresentam episódios psicóticos prolongados ou transtornos do pensamento. Esquizotípico: Se diferenciam devido às acentuadas peculiaridades de pensamento e ideação estranha presente nos esquizotípicos. Paranóide: Se diferenciam porque o TPB não apresenta desconfiança extrema como os paranóides. Tratamento: Psicoterapia, antipsicóticos, IMAOs, antidepressivos, benzodiazepínicos, anticonvulsivantes e agentes serotonérgicos. TP NARCISISTA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE NARCISISTA: Caracterizam-se por senso aguçado de autoimportância, ausência de empatia e sentimentos grandiosos de serem únicos, com necessidade permanente de admiração. Crença de ter direitos exclusivos, explorador nas relações interpessoais, comportamento arrogante e invejoso. Autoestima frágil e vulnerável às menores críticas. Características clínicas: Sentimento de autoimportância grandioso; Sentimento de merecerem tratamentos especiais; Podem lidar mal com críticas, reagindo com raiva, ou podem ser totalmente indiferente à elas; Ambição em obter fama e fortuna; Fingem simpatia para alcançar seus objetivos; Frágil autoestima suscetíveis à depressão; Crises de meia idade lidam mal ao envelhecerem. Epidemiologia: 1 a 6% em amostras da comunidade. 50-75% são homens. Fatores de risco: Filhos de pais com este transtorno apresentam maior risco de desenvolvê-lo, pois os pais podem transmitir uma ideia irrealista de onipotência, grandiosidade, beleza e talento. Diagnóstico diferencial: Frequentemente acompanhados Borderline: Se diferenciam porque os narcisistas apresentam menor ansiedade que os borderlines e são menos propensos à vida caótica e suicídio. Histriônica: Dx diferencial mais difícil, pois ambos apresentam exibicionismo e manipulação. Antissocial: A diferença consiste no fato de os antissociais terem impulsividade relacionada à drogas de abuso, com história de problemas legais. Tratamento: Psicoterapia, lítio e antidepressivos. TP HISTRIÔNICA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE HISTRIÔNICA: São excitáveis e emotivos, comportando-se de forma teatral, dramática, florida e extrovertida. Características clínicas: Busca persistente por atenção; Comportamentos sedutores e provocantes; Pensamentos e sentimentos exagerados; Necessidade de tranquilização infinita; Incapacidade de ligações profundas e duradouras; Epidemiologia: Prevalência de 1 a 3%; 10 a 15% em unidades psiquiátricas; Mais diagnosticado em mulheres. Fatores de risco: Diagnóstico: Detalhismo exagerado, gesticulações e exclamações dramáticas, linguagem pitoresca. Diagnóstico diferencial: Borderline: Se diferenciam porque os borders apresentam mais tentativas de suicídio, difusão de Identidade e episódios psicóticos breves. Transtorno de sintomas somáticos (Síndrome de Briquet): Podem ocorrer em conjunto. Tratamento: Psicoterapia, antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos. Dr House Cersei, de Game of Thrones Tokio e Palermo, de La Casa de Papel Carminha, de Avenida Brasil Tereza Cristina, de Fina Estampa TP ANTISSOCIAL TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL: São incapazes de se adequarem às regras sociais, violam e desconsideram os direitos alheios. Características clínicas: Podem parecer normais, simpáticos e lisonjeiros; Irritados, agressivos, impulsivos e irresponsáveis; Tendência à manipulação, mentiras e trapaças; Ausência de remorso, ansiedade e depressão; Atitudes ilegais são frequentes. Epidemiologia: Prevalência de 0,2 a 3,3% na população em geral; 75% da população carcerária; Mais comum em homens. Fatores de risco: Risco 5x maior entre familiares de 1º grau com o mesmo transtorno. Diagnóstico: Parecem calmos e estáveis, mas escondem tensão, hostilidade, irritabilidade e fúria, podendo ser necessária entrevistade estresse com confrontação. Diagnóstico diferencial: Comportamento criminoso: Se diferenciam porque o comportamento ilegal visa apenas a ganhos e não está acompanhado pelos traços de personalidade rígidos, mal-adaptativos e persistentes de um transtorno da personalidade. Abuso de substâncias: Dx diferencial mais difícil. Tratamento: Psicoterapia, antagonistas β- adrenérgicos, antiepilépticos, psicoestimulantes. Polo mais grave do TP Antissocial: PSICOPATA! Emoções ausentes: Medo, vergonha, amor e culpa. Não se conhece forma satisfatória de tratamento. TP OBSESSIVA-COMPULSIVA TRANSTORNO DE PERSONALIDADE OBSESSIVA- COMPULSIVA: Apresentam um padrão global de perfeccionismo e inflexibilidade. Caracterizam-se por constrição emocional, organização, perseverança, teimosia e indecisão. Características clínicas: Perdem tempo com limpeza, listas, detalhes, regras, organização, e horários; Moralistas, centralizadores, rígidos e teimosos; Incapazes de descartar objetos usados; Mesquinhos com dinheiro; Desejam sempre a perfeição; Não toleram o que consideram infrações. Epidemiologia: Prevalência de 2 a 8%. Mais comum em homens. Diagnóstico diferencial: Traços vs transtorno. Tratamento: Psicoterapia, clonazepam, clomipramina, fluoxetina e nefazodona. TP DEPENDENTE TRANSTORNO DE PERSONALIDADE DEPENDENTE: Apresentam necessidade excessiva de serem cuidados, criando comportamentos de submissão e apego. Características clínicas: Subordinam suas próprias necessidades e responsabilidades à terceiros. Não têm autoconfiança e ficam desconfortáveis ao ficarem sozinhas por medo irreal de abandono. Não conseguem realizar projetos por conta própria. Pessimismo, insegurança, passividade, temor de expressar sentimentos sexuais e agressivos. Epidemiologia: Prevalência de 0,49% a 0,6%. Mais comum em mulheres. Diagnóstico diferencial: Histriônica e Borderline: Dependentes possuem relacionamentos + duradouras e não manipulam. Esquizoide e esquizotípica: Dx difícil. Agorafobia: Ansiedade elevada, pânico. Tratamento: Psicoterapia, antidepressivos, ansiolíticos. TP EVITATIVO TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EVITATIVO: Tímidos, com complexo de inferioridade, exibem sensibilidade extrema à rejeição. Possuem um enorme desejo por companhia, mas não o faz por medo de ser rejeitado. Prefiro nem dizer o nome do atleta Frank, de House of Cards Jesse, de Breaking Bad Lineu, de A Grande Família Miranda Bailey, de Grey’s Anatomy Woody Allen Foto aleatória do Google imagens Características clínicas: Inibição social, reservado, retraído; Sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliações negativas; Vê-se socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros; Evita relacionamentos íntimos com receio de rechaço, de ser humilhado ou ridicularizado. Epidemiologia: Prevalência de 2 a 3% na população em geral. Diagnóstico diferencial: Esquizoide: Se diferem porque evitativos querem interagir, enquanto esquizoides preferem ficar só. Borderline e Histriônica: Diferentes, pois os evitativos não são tão exigentes, irritáveis e imprevisíveis. Dependente: Estes possuem temor maior do abandono e de não ser amado do que os evitativos. Tratamento: Psicoterapia, antagonista β-adrenérgico, agentes serotonérgicos e dopaminérgicos. ANÁLISE DO MODELO CATEGORIAL DO DSM CRÍTICAS VANTAGENS Comorbidade excessiva Relativamente simples Heterogeneidade dentro dos próprios transtornos Se parece com o DSM-IV Dx + comum: TP sem outra especificação Segue a estrutura de categorias usada no DSM-5 Continua sendo a perspectiva oficial da APA COMORBIDADES COMORBIDADES: Mais de um TP no mesmo paciente. Transtorno depressivo recorrente ou TAG. Maior explicação para recorrência de outros transtornos Frequentemente, o TP não é tratado. A maioria dos diagnosticados com um transtorno de personalidade satisfazem critérios para pelo menos outro distúrbio de personalidade. Uma proporção de pacientes possui pelo menos um transtorno comórbido, particularmente depressão, ansiedade e transtorno de uso de álcool e drogas. CONSEQUÊNCIAS Menor resposta aos tratamentos; Menor número de remissões completas; Maior número de suicídios; Maior tendência à cronificação; Maior número de reinternações; Maior associação com abuso de substâncias; Pior nível de readaptação social. TRATAMENTO NÃO HÁ TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA TP. A base de evidências para o tratamento efetivo de transtornos de personalidade é insuficiente. A maioria das evidências existentes é para borderline: Pequenos tamanhos de amostras; Curto acompanhamento em ensaios clínicos; Ampla gama de medidas de desfecho; Controle deficiente de psicopatologia comórbida. Intervenção psicológica ou psicossocial é recomendada. A farmacoterapia deve ser apenas tratamento adjuvante. O grupo A, os tipos estranhos, excêntricos, com aversão social, são menos adaptáveis e menos tratáveis. O grupo B, os tipos desregulados emocionalmente e comportamentalmente, tem grandes dificuldades de adaptação social e tratabilidade variável. O grupo C, os tipos ansiosos e neuróticos, têm as falhas adaptativas menos severas e a melhor perspectiva e tratabilidade. ABORDAGENS PSICOTERÁPICAS Psicoterapias psicodinâmicas: Foco: Conflitos intrapsíquicos e interpessoais Psicoterapias cognitivo-comportamentais: Foco: Idéias e comportamentos disfuncionais. Psicofármacos: Foco: Variáveis neurobiológicas (temperamento). ALGORITMO DO TTO FARMACOLÓGICO Tratamento sintoma-específico, com foco do tratamento em quatro dimensões: 1. Instabilidade afetiva; 2. Inibição da ansiedade; 3. Distúrbios cognitivo-perceptivos; 4. Agressão e impulsividade. DESREGULAÇÃO AFETIVA Manifestações: Humor lábil, hipersensibilidade a rejeições, raiva intensa, “colapsos” depressivos, crises de agitação. Drogas de escolhas: ISRS Doses superiores às usuais (Markowitz, 2001): Fluoxetina até 80 mg Sertralina até 400 mg Venlafaxina de 300 a 450 mg Ocorrência de desinibição acentuada da raiva: Haloperidol: 2-4 mg Risperidona: 1-4 mg Olanzapina: 2,5 – 10 mg Clozapina: 30-70 mg DESCONTROLE IMPULSIVO- COMPORTAMENTAL Manifestações: Agressão impulsiva, automutilações, comportamentos autodestrutivos (promiscuidade, abuso de drogas, gastos exagerados). Droga de escolha: ISRS Potencialização com lítio Associação com antipsicóticos ou estabilizadores DISTORÇÕES COGNITIVO-PERCEPTUAIS Manifestações: Desconfiança, ideias de referência, ideação paranoide, ilusões, desrealização, despersonalização, pseudoalucinações. Drogas de escolha: Antipsicóticos (Desde pequenas doses até doses padrão); Melhora dos sintomas psicóticos e do humor depressivo, impulsividade; Raiva e hostilidade associadas. OBSERVAÇÕES Nenhuma evidência de resultados dos fármacos no alívio dos seguintes sintomas: Ansiedades de separação; Tentativas exageradas na evitação de abandonos; Sentimentos crônicos de vazio; Perturbações da Identidade; Dissociações e despersonalizações; Melhor tratados por intervenções psicoterapêuticas. DIFICULDADES DA PESQUISA DE TRATAMENTOS As populações do estudo são heterogêneas; Diferentes critérios utilizados por diferentes estudos; O transtornos de personalidade tem muita comorbidade com outros transtornos mentais; A melhora sintomática de um transtorno comórbido durante o tratamento é difícil de distinguir da verdadeira mudança de personalidade subjacente; Mais de 70% de todos os estudos de drogas eram em participantes com transtorno de personalidade borderline e quase todos foram patrocinados pela indústriafarmacêutica.
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