Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anatomia patológica – Professora Cyntia Sistema urinário: ▷ Rins são órgãos que tem uma alta complexidade e elevada reserva morfofuncional (néfron, alça de henle, túbulos contorcidos distais e proximais) Função: • Filtração (1700L de sangue -1Lde urina) • Excreção de produtos do metabolismo • Regulação da pressão arterial • Equilíbrio hidroeletrolítico e ácido – base • Função endócrina (renina, eritropoietina e prostaglandinas) ▷ No ducto coletor tem a ação do ADH, que colabora para absorção de água. Quando bebemos cerveja há uma inibição de produção de ADH e então não há a retenção de água Glomérulo Cápsula de Bowman Coloração, HE, PAS e impregnação pela prata Aparelho justaglomerular ▷ Situado próximo à arteríola aferente ▷ Pequeno órgão endócrino importante na hemodinâmica renal • Células justa glomerulares: presentes na arteríola aferente, detectam a alteração da pressão arterial, e produzem renina • Células da mácula densa • Células em renda ou não granuladas ▷ Rins são divididos: - Túbulos - Glomérulos -Interstício - Vasos sanguíneos Lesão vascular do rim ▷ Pressão arterial: PA=DC X RVP DC (débito cardíaco)→ FC (frequência cardíaca) e volume circulante (controlada pela reabsorção de sódio) (depende do sexo, idade e IMC) RVP (resistência vascular periférica)→ tônus arteriolar e pequenas artérias (toda vez que fizermos uma vaso constrição, aumenta a PA,toda vez que dilatar diminui a resistência e diminui a PA) OBS: A regulação arterial é feita pelos RINS, SNC,SNA, CORAÇÃO Controle da pressão arterial é feito pelos: ▷ RINS o Sistema renina-angitensina-aldosterona Regulação da pressão arterial: • A angiotensina II promove a reabsorção de Na (sódio) no TCP • Aldosterona promove a reabsorção de Na no TCD • ADH promove a retenção de água nos túbulos coletores ▷ CORAÇÃO: • Aumento de volemia, aumento da PA, libera o fator natriurético, diminui a reabsorção de sódio, sódio é liberado juntamente com a água • O fator natriurético atrial (FNA) promove a diminuição da absorção de Na no TCD ▷SNC: • A pressão arterial é regulada através do tônus vascular, que se altera devido à estímulos simpáticos, pois há um aumento da PA. ▷NO ENDOTÉLIO • A pressão arterial pode ser controlada por: o Vasoconstritores: Angiotensina II, catecolaminas e endotelinas o Vasodilatadores: Prostaglandinas e oxido nítrico Hipertensão: • É caracterizado pelo aumento das cifras tensionais: Sistólica > 140mmHg Diastólica > 90mmHg • Afeta 25% da população geral • Sua etiologia pode ser: o Primária ou essencial (90-95%) o Secundária (5-10%) • Sua evolução pode ser: o Hipertensão arterial benigna o Hipertensão arterial maligna Etiologia Primária: causa desconhecida, simplesmente apareceu ▷ Genéticos: familial, raça negra, mutação em vários genes. ▷ Ambientais: - NA – aumenta a PA - Álcool - aumenta a PA (estímulo simpático ou SRA) - Cafeína – Aumenta pois aumenta a RVP - Fibras- dieta rica em fibras reduz a PA - Stress, obesidade, fumo, inatividade física Secundária: causa palpável para o aumento da PA, tipo um tumor que excreta renina aumentando a PA. ▷ Hipertensão por doenças cardiovasculares • Coarctação da aorta (estreitamento da aorta) • Vasculites: inflamação da parede do vaso, ela fica edemaciada, e o lúmen diminui, então aumenta a PA • Rigidez da aorta Miocárdio atrial Fatores Natriuréticos Diurese AUMENTO DA VOLEMIA ▷ Hipertensão neurológica • Hipertensão intracraniana: baixa perfusão cerebral, devido à uma compressão dos vasos sanguíneos cerebrais pelo edema, desencadeia reflexo para aumentar a pressão arterial. ▷ Hipertensão endócrina • Hiperfunção adrenocortical (superprodução de aldosterona, aumenta muita a reabsorção de sódio) • Hormônios exógenos • Feocromocitoma (tumor da supra-renal, que produz adrenalina, aumentando a FC, aumentando a PA) • Gravidez (pré-eclâmpsia e eclampsia, quando a placenta vai se implantando as células trofoblasticas vão infiltrando os vasos sanguíneos, para que o bebe receba uma oxigenação adequada, então a RVP tem que diminuir par facilitar a perfusão, quando tem a pré-eclâmpsia e a eclampsia, tem um erro dessa infiltração das células, com isso os vasos ficam com a RVP normalmente deles, e como há o aumento do volume sanguíneo da gravida , há o aumento da PA) ▷ Hipertensão renal • Glomerulopatia aguda e crônica • Doença policística do adulto [estenose de artéria renal • Vasculites renais • Tumores produtores de renina (tumor de células justaglomerulares) Patogênese: Ex: Hipertensão renovascular: Hipertensão arterial benigna: • Pressão sistólica < 110mmHg • 95% dos casos • Curso lento, quando controlada é compatível com vida longa e assintomática (complicações tardias: ICC, infarto, AVC) Hipertensão arterial maligna • Pressão sistólica > 200 mmHg • Pressão diastólica >120 mmHg • 5% dos casos • Curso rápido, hipertensão grave, insuficiência renal, hemorragias A hipertensão renal dá muito problemas nas arteríolas aferentes, artéria interlobares,,, HIPERTENSÃO ARTERIAL ▷ Nefroesclerose vascular benigna: • Macroscopia: Morfologia - Inicialmente os rins são normais - Depois desenvolvem granulações pequenas e finas na superfície renal: o Lesões de hipertensão arterial x hipertrofia compensadora de néfrons - Diminuição do tamanho e peso - Aumento da gordura peri-pélvica Estenose arterial Redução do fluxo glomerular ↑ secreção de renina – angiotensina Vasoconstrição, ↑ RVP ↑ reabsorção de sódio ↑ volume sanguíneo pelo mecanismo da aldosterona -Geralmente atinge as artérias interlobulares e as arteríolas aferentes que chegam no glomérulo. Patogênese: 1) À medida que a PA aumenta, os vasos vão sofrendo um processo de degradação do endotélio vascular; 2) O endotélio degenerado sofre um acúmulo de proteínas; 3) Que gera uma proliferação da camada íntima; 4) Que leva a uma redução da luz vascular; 5) Assim o sangue não alcança o glomérulo, levando à uma Hipoperfusão glomerular; 6) Consequentemente levando à uma ISQUEMIA, que pode evoluir para uma NECROSE, que leva à uma FIBROSE dessa área, e assim sendo então chamada de NEFROESCLEROSE ou ESCLEROSE GLOMERULAR • Microscopia: ▷ Arteriosclerose Hialina (hialinose intimal): o Deposição subendotelial de proteínas plasmáticas e matriz da membrana basal. o Aspecto homogêneo e vítreo o Artérias interlobulares e arteríola aferente o Em idosos pode haver hialinose sem a presença de Hipertensão Arterial o Nos diabéticos a arteríola eferente também pode mostrar hialinose ▷ Fibroelastose intimal: o Neoformação elástica e colágena íntima e hipertrofia da camada muscular o Artérias interlobulares e arciformes Vai ter o depósito de gordura nos vasos aferentes e em caso dos diabéticos pode ter nos eferentes, e com isso haverá a redução do lúmen, causando hipertensão Arteriosclerose hialina Espessamento da parede devido à um espessamento da camada muscular, reduzindo o lúmen das artérias interlobulares e arciformes, aumentando assim ao aumento da PA, com isso terá alterações isquêmicas no parênquima renal Complicações: • Descompensação da cardiopatia hipertensiva • Infarto do miocárdio • Hemorragia cerebral • Insuficiência renal crônica – causa de óbito menos comum ▷ A nefroesclerose vascular benigna basicamente descompensa quadros de hipertensão arterial, gerando consequências no coração (IC descompensada), cérebro e piora a insuficiência renalcrônica (IRC) ▷ Nefroesclerose vascular maligna (5%) • Base morfológica da Hipertensão arterial sistêmica maligna, ou fase maligna da HA de qualquer etiologia. • Surge em normotensos ou HA prévia, primária ou secundária. • Pode aparecer em indivíduos jovens, negros e do sexo masculino • Se o paciente não houver alguma doença prévia, o rim vai estar aumentado de tamanho, consequentemente terá um aumento da permeabilidade vascular, levando ao edema • Em quadros graves pode-se ocorrer necrose em extensas áreas renais • Na maior parte das vezes a nefroesclerose maligna surge de uma benigna que descompensou. Manifestações clínicas: • Início súbito: o Cefaleia o Náuseas o Vômitos o Distúrbios visuais com ou sem papiledema o Hematúria e Proteinúria (Insuficiência renal é uma constante; paciente entra em um quadro de anúria) Patogênese: • Pouco conhecida • Comprometimento das arteríolas aferentes • Ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona (SRAA), pelos elevados níveis de renina. Morfologia • Macroscopia: - Superfície externa renal com múltiplas hemorragias puntiformes (ruptura de arteríolas ou apilares glomerulares). - Aspecto de “picada de pulga” • Microscopia: ▷ Arteriosclerose hiperplásica/hiperplasia celular da íntima: o Espessamento da parede de arteríolas como casca de cebola, concêntrico com redução progressiva do lúmen (edema, neoformação colágena, proliferação de fibroblastos e células musculares lisas). o Irreversível, mesmo com uso de hipotensores o Arteríolas aferentes, artérias interlobulares e arciformes (arquedas) ▷ Necrose fibrinóide/ arteriolite necrotizante o Arteríola aferente Complicações: • Insuficiência renal grave – óbito • Encefalopatia hipertensiva • Retinopatia • Insuficiência cardíaca • Infarto agudo do Miocárdio • Caso o paciente não faça uso de medicação há óbito em 1 ano em 90% dos paciente Sintomas: • Dor lombar e hematúria Fase AGUDA → necrose de coagulação ou liquefação Fase CRÔNICA → fibrose ▷ Infarto renal: • Comum, geralmente assintomático • Branco • Único, múltiplo, bilateral • Preferência pelo rim Esquerdo (devido ao trajeto obliquo que facilita a passagem de êmbolos e trombos) • A região medular é mais sensível • Possuem aspecto cuneiforme e deixam cicatrizes profundas Causas Êmbolos cardíacos (endocardites, fibrilação atrial, IAM, D de chagas) Necrose da arteríola aferente. Aspecto “borrado” AULA PRÁTICA: Rim de aspecto granular Hipertensão benigna Rim com hemorragias petequeais Hipertensão maligna Necrose da arteríola aferente “borrado”,sem bordas definidas Hipertensão maligna Hialinose de arteríolas Hipertensão benigna Mais vítrea Fibroelastose intimal Hipertensão benigna Aula 2- Cyntia. (Duda Bernardes) ▷ Síndrome Nefrítica o Tem início súbito e se manifesta por oligúria, edema, hipertensão arterial, hematúria com cilindros hemáticos, proteinúria discreta ou moderada e retenção de produtos nitrogenados (azotemia). o Ocorre redução na taxa de filtração glomerular e na fração de filtração; o fluxo renal pode não se alterar, manter-se um pouco acima dos níveis normais ou sofrer queda, sempre menor do que a fração de filtração. o As funções tubulares são normais ou pouco alteradas o Existe retenção de Na+ e água, consequentemente o aparecimento de edema. o No início ou durante sua evolução pode faltar algum desses elementos e surgir certas complicações: insuficiência renal aguda, encefalopatia hipertensiva e edema pulmonar. o As causas mais importantes de síndrome nefrítica aguda são as glomerulonefrites. ▷ Síndrome nefrótica: o A síndrome nefrótica, que resulta de alterações na permeabilidade glomerular por lesões estruturais ou anormalidades funcionais, caracteriza- se por: - Proteinúria maciça: >3.5g/24h A proteinúria, principal elemento da SN, resulta da perda maciça de proteínas plasmáticas pelos capilarea glomerulares, os quais sofrem alterações estruturais ou físico- químicas. - Hipoproteinemia: especialmente a hipoalbunemia < 3,0g/dL É uma consequência da proteinúria, contribui ainda para o hipercatabolismo por distúrbios no metabolismo intermediário e alterações na síntese de proteínas. - Edema generalizado Ocorre devido à redução da pressão oncótica do plasma e pode ser intenso, incluído hidroperitônio e hidrotórax (anasarca). Ocorre também uma redução do fluxo sanguíneo renal, com aumento na reabsorção tubular proximal de Na+ e diminuição do volume urinário, que contribui também para a formação do edema. - Lipidúria: Consequência da hiperlipidemia - Hiperlipidemia: Se deve em partes pelo aumento da síntese de lipoproteínas feita pelo fígado (a albumina e as lipoproteínas são sintetizadas no fígado pelos mesmos estímulos; como há perda de albumina, o estímulo para maior síntese de albumina resulta também na produção aumentada de lipoproteínas); elevam-se os níveis plasmáticos de colesterol, triglicerídeos e lipoproteínas de muito baixa e baixa densidades. Com a hiperlipidemia e o aumento da permeabilidade dos glomérulos para lipoproteínas, ocorre a lipidúria. OBS: a perda proteica urinária com redução das imunoglobulinas e componentes do complemento aumenta o risco de infecções por pneumococos e estafilococos. o A síndrome nefrótica tem inúmeras causas. As principais doenças primárias dos glomérulos são lesões histológicas mínimas, glomerulopatia membranosa e glomeruloesclerose focal. o As doenças sistêmicas mais envolvidas são lúpus eritomatoso sistêmico, diabetes mellitus e amilodoise. ▷ Insuficiência renal aguda o Consiste em redução súbita e grave da função renal. o Um elemento importante é o aparecimento súbito de oligúria (diurese abaixo de 400mL/24 h ou inferior a 30 ml/h) ou anúria. o A IRA pode ser: → Pré-renal: causada por fatores extrarrenais, geralmente hemodinâmidos, que causam diminuição do fluxo sanguíneo renal, perfusão resuzida dos néfrons e queda da pressão de filtração. Suas principais causas são: ▪ Hipovolemia ▪ Choque (desidratação, hemorragias, queimaduras, septicemia, infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, etc) ▪ Pode aparecer em síndrome hepatorrenal Geralmente a IRA, pré renal, é reversível quando há eliminação da causa → Renal: Surge por lesão parenquimatosa, que pode resultar de manutenção prolongada das causas pré-renais, ou pelo surgimento de outras causas como: ▪ Hemólise intravascular (transfusão de sangue, eritroblastose fetal) ▪ Mioglobinemia (síndrome do esmagamento) ▪ Complicações obstétricas (aborto, descolamento da placenta) ▪ Ação diretade nefrotoxinas (antibióticos, anestésicos, contrastes) ▪ Doenças primárias do parênquima (glomerulonefrites, necrose cortical, nefroesclerose maligna) → Pós renal: Resulta de obstrução das vias excretoras, seja intrarrenal, pela precipitação de cristas de ácido úrico ou de sulfa nos túbulos coletores (hidronefrose intraparenquimosa), seja em qualquer das vias urinárias (cálculos, hiperplasia de próstata, tumores, fibrose retroperitonial) ▷ Insuficiência renal crônica: o Representa a perda da função renal de maneira lenta e progressiva, especialmente pela redução do número de néfrons funcionantes, qualquer que seja o componente primariamente acometido: → Glomerular (glomerulopatias crônicas) → Tubular (defeitos tubulares congênitos) → Vascular (nefroesclerose vascular maligna) → Intersticial (pielonefrite crônica, nefrite intersticial) → Vias excretoras (uropatia obstrutiva) Deacordo com o grau de redução da taxa de filtração glomerular, a IRC evolui desde simples diminuição da reserva renal, frequentemente assintomática, passando por insuficiência renal sintomática, até o estágio terminal. o Quando os rins são incapazes de eliminar ureia e creatinina, fala-se em azotemia. o A IRC constitui um conjunto de manifestações clínicas e alterações da função excretora e distúrbios bioquímicos, metabólicos e endócrinos. → Alterações no equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico: ▪ A oligúria resulta de insuficiência do rim em excretar líquidos. ▪ Ocorre elevação dos fosfatos, sulfatos e magnésio; ▪ A hiperpotassemia é a mais importante devido a sua cardiotoxixidade. A elevação do K+ ocorre mais tardiamente na IRC e tem relação com modificações de outros íons (na+, H+, Ca2+), com seu teor na dieta e eventuais perdas. ▪ No início o Na+ pode estar baixo por causa da poliúria, mas depois eleva sua concentração plasmática causando retenção hídrica e edema. ▪ O Ca2+ fica diminuído levando à uma hipocalcemia, consequentemente a um hiperparatireoidismo secundário. ▪ Devido à redução da síntese de NH, e à queda de bicarbonato na corrente sanguínea (sérico), ocorre uma acidose metabólica (redução do pH), que causa no paciente uma hiperventilação compensatória. → Alterações hematológicas: ▪ Por causa da diminuição da síntese de eritropoietina, é comum haver uma anemia normocrômica e normocítica. ▪ Pode correr também uma hemólise urêmica → Alterações cardiovasculares e respiratórias: ▪ Hipertensão arterial; ▪ Insuficiência cardíaca congestiva e arritmias são devidas a hipervolemia, distúrbios eletrolíticos, hipertensão arterial e anemia. ▪ Pericardite urêmica; ▪ Pneumonia urêmica → Outras alterações: ▪ Encefalopatia urêmica ▪ Neuropatia urêmica ▪ Enterocolite urêmica IRA ISQUÊMICA IRA NEFROTÓXICA ▷ Anomalias congênitas: o As anomalias congênitas do rim e/ou das vias urinárias estão presentes cerca de 10% da população. o Elas podem ser raras (ex: rim supranumerário) ou frequentes (rins ectópicos); podem ser assintomáticas (cistos solitários) ou acompanhadas de alterações anatômicas e funcionais com manifestações clínicas importantes, inclusive insuficiências renais precoces (displasias renais) ou tardias (doença policística do adulto). - Hipoplasia Renal: ▪ É rara e não deve ser confundido com hipotrofia secundária a nefropatias adquiridas. ▪ Critério para diagnóstico: presença de cinco ou menos cálices e papilas. ▪ Mais susceptível à infecções do que o rim normal. ▪ As consequências da hipoplasia dependem da intensidade. ▪ Hipoplasia bilateral é rara e resulta em insuficiência renal precoce. - Rim Supranumerário: ▪ É raro e possui pelve própria, que sabe no ureter normal do mesmo lado. - Anomalias de posição (rim ectópico): ▪ Comum (1 em 500-1000 indivíduos) ▪ Ocorre a falta de migração do rim da pelve até sua posição definitiva e falta de rotação latero- medial. Rim fica em situação baixa (lombar, ilíaca ou pélvica) ▪ Uni ou bilateral (simples ou cruzada) ▪ Rim em ferradura (fusão dos polos renais – inferior ou superior- implantação anômala do ureter podendo causar infecção urinária de repetição) ▪ Deve ser distinguido da ptose renal (deslocamento do rim após o nascimento, comum em mulheres após gestações repetidas ou obesos após emagrecimento rápido), da ectopia renal torácica (ocorre na hérnia diafragmática). Rim em ferradura: fusão dos polos inferiores do rim -Agenesia Bilateral dos rins: ▪ É rara e incompatível com a vida. ▪ Surge o oligohidrâmnio por causa da redução ou ausência de eliminação da urina fetal. - Agenesia Unilateral: ▪ Compatível com a vida ▪ Incide cerca de 1 a cada 1000 indivíduos ▷ Anomalias de diferenciação: 1) Displasia renal cística: ▪ Geralmente unilateral, esporádica, sem caráter familial ▪ A doença resulta possivelmente de parada de ramificação das ampolas dos ramos ureterais, o que leva a falta de indução de desenvolvimento dos néfons e a formação de cistos. ▪ Rim aumentado de volume com cistos de tamanhos variados. ▪ Quando o órgão mantém a forma e apresenta cistos de tamanhos variados, constitui a displasia renal cística difusa. ▪ A forma bilateral é incompatível com a vida. ▪ Causa mais comum de massa renal em RN; 1/3 involui. Duplicação da artéria renal Duplicação bilateral ureteral Aspecto macroscópico: Massa irregular formada por cistos de tamanho variado. Perda da forma renal 2) Doença policística autossômica recessiva: ▪ Doença policística renal infantil (1/20.000 nascidos vivos) ▪ Rara, SEMPRE bilateral ▪ Rins volumosos, de aspecto esponjoso ▪ Cistos enfileirados em sentido radial na cortical e medular ▪ Parecem corresponder a ductos coletores. ▪ Mortalidade perinatal = 30 a 50% ▪ Sobrevive um mês ▪ Gene defeituoso responsável pela doença é o PKHD, localizado no braço curto do cromossomo 6 (6p21) que codifica a fibrocistina. 3) Doença policística autossômica dominante: ▪ Doença renal policística do adulto ▪ Comum (1:500-1000 nascidos vivos) e 5 a 10% de IRC com diálise ▪ Bilateral, assintomática por longo tempo (normalmente se manifesta por volta dos 40 anos de idade) ▪ Permite sobrevida longa. ▪ A doença parece resultar de transtorno na nefrogênese por alterações na proteína policistina, o que resulta em distúrbios na proliferação e na diferenciação do epitélio tubular, modificações na matriz celular e na secreção de fluidos levando a formação de cistos. ▪ As mutações envolvem os genes PKD1 localizado no braço curto do cromossomo 16 (16p13.3), no PKD2 localizado no braço longo do cromossomo 4 (4q13-23) ou PKD3. Esses genes são responsáveis pela codificação da policistina 1 e 2. ▪ Anomalias extra-renais: → Cistos hepáticos (doença policística hepática 40% dos casos) → Cistos pancreáticos, esplênicos e pulmonares → Aneurisma intracranianos (10-30%) → Valvulopatias cardíacas (prolapso da valva mitral) Aspecto microscópico: Cisto circundado por tecido mensenquimal indiferenciado em túbulos rudimentares e imaturos ▷ Rins e vias urinárias 1) Pielonefrite: ▪ Significa inflamação dos rins, quase sempre bacteriana, acompanhada de acometimento dos cálices, da pelve e do ureter. ▪ A infecção urinária é mais comum no sexo feminino, desde a infância até o início da vida sexual ativa. ▪ Etiologia: - Os principais agentes etiológicos são as bactérias Gram-negativas encontrada na microbiota entérica normal (infecção endógena). - Escherichia coli é responsável por 85% das infecções urinárias, mas podem levar à infecções também a Enterobacter klebsiella, Proteus, Pseudomonas e outas bactérias. → Pode haver também infecções por fungos como a Candida albicans (principalmente em pacientes com HIV e transplantados) → E por infecções virais por citalomegalovírus e adenovírus (principalmente em pacientes com HIV e transplantados). ▪ Urocultura é significativa quando existem mais de 100.000 bactérias/mm² de urina. ▪ Patogênese: Os microorganismos atingem o sistema urinário superior através de três vias: - Via Ascendente: É a mais comum, através da qual bactéria do meio externo atingem as vias urinárias. A infecção urinária começa pela colonização dos microorganismos, na grande maioria das vezes por coliformes (fezes), facilitada pela aderência bacteriana ao epitélio da vagina e da uretra. Alcançando a bexiga (normalmente estéril), inicia-se a multiplicaçãobacteriana quando há redução dos fatores locais de defesa e/ou estase urinária (obstrução urinária). A infecção vesical (cistite) pode ficar isolada ou estender-se ao ureter, mesmo com a gravidade e o fluxo urinário, às vezes auxiliada pelo refluxo Macroscopicamente: - O aspecto do rim e bem característico. É sempre aumentado de volume, podendo atingir 1.500g ou mais. - É ocupado por inúmeros cistos, que deformam a superfície externa e localizam-se na medular e na cortical. - Os cistos são uni ou multioculares e contêm líquido (ora incolor e límpido, ora azulado, esverdeado, avermelhado ou cor de chocolate) ou substância gelatinosa, amarelada ou perolácea (policromático). - Quase não se observa o parênquima renal e o limite corticomedular é apagado. - A pelve e o cálice são normais. vesicoureteral, da pelve renal, atinge o rim através do refluxo intrarrenal. Na pielonefrite crônica por bactéria de baixa virulência, os focos localizam-se na medular. Quando as bactérias são mais virulentas, a propagação se faz até a cortical. A medular é, mais vulnerável a infecção por bactérias do grupo coli possivelmente por condições locais: → Baixo teor de O2 → Hiperosmolaridade → Inativação da fração IV do complemento pela amônia - Via Hematogênica: ▪ Pelo sangue as bactérias podem chegar no sistema urinário a partir de focos em outros órgãos. Os estafilococos são as bactérias mais envolvidas BACTERMIA RIM - outras vias: por ex -Linfática • Conexões linfáticas entre o trato urinário e o intestino. Colonização (aderência às células epiteliais) PELVE RENAL URETER BEXIGA URETRA Refluxo intra-renal Refluxo vesico- ureteral Multiplicação; disfunção, estase, obstrução, tumor RIM INSTRUMENTAÇÃO, SEXO FEM, TRAUMA Sepse, endocardite, pneumonia Infecção urinária fatores predisponentes: ▪ Sexo feminino (uretra curta, anatomia) ▪ Gravidez (estase) ▪ Instrumentação urológica ▪ Obstrução urinária ▪ Refluxos ▪ Imunodeficiências ▪ Diabetes ▪ Desnutrição Pielonefrite pode ser: ▪ Aguda: Infecção bacteriana - Pequenos abcessos contornados por halos hemorrágicos na superfície externa e de corte. - Estrias amareladas na medular (túbulos coletores repletos de neutrófilos) ▪ Crônica: Infecção bacteriana + fator predisponente à perpetuação do processo (obstrução/refluxo) Focos com abcessos e halos hemorrágicos em volta Pielonefrite aguda: • O rim aumenta de peso e mostra-se edemaciado • A mucosa da pelve e dos cálices apresenta-se hiperêmica e, eventualmente, hemorrágica. • Podem surgir complicações como: - Abcessos perirrenais por complicação da infecção - Necrose das papilas (especialmente em indivíduos diabéticos ou com obstrução do tarto urinário, que se apresenta como áreas amareladas nas porçoes terminais da pirâmide) - Hidropionefrose (dilatação do sistema pileocaliceal por acúmulo de pus) • Aspectos clínicos: - Início súbito - Febre - Evidências de comprometimento do trato urinário inferior (disúria, algúria, policiúria) - Piúria, Hematúria e cilindros leucocitários (purulentos) • O quadro clínico e a evolução modificam-se quando há complicações como: necrose das papilas que precipita uma IRA. • Quando há obstrução urinária ou se os pacientes estiverem debilitados ou imunossuprimidos, ou se forem diabéticos ou submetidos a instrumentação urológica, pode ocorrer septicemia. Recidivas ou reinfecções não são raras, sobretudo se persistirem os fatores predisponentes. Pielonefrite Crônica: • É a infecção renal crônica tubulointersticial, uni ou bilateral, associada a fibrose e cicatrizes no parênquima e deformações no sistema pielocalicial. • É importante causa de IRC • Há duas formas de pielonefrite crônica: - PNC obstrutiva: obstrução urinária predispõe a infecções recorrentes e exerce efeitos diretos sobre o parênquima renal contribuindo para sua isquemia e hipotrofia - PNC refluxo: resulta de infecção urinaria com refluxo vesicoureteral ou intrarrenal. Neste caso o acometimento renal se inicia precocemente na infância Grande presença de infiltrado inflamatório, principalmente com neutrófilos Os neutrófilos, normalmente, ficam no interstício, mas a infecção pode ser tão intensa que os neutrófilos podem adentrar a luz dos túbulos renais, ficando bem agrupados formando o cilindro piocitário. Quando a urina passa pelos túbulos ela “lava” esses cilindros, e então quando se faz um exame de urina pode-se identificar a presença desses cilindros. Desta forma, sabe-se que a infecção está nos rins e que teve uma infiltração tubular Fibrose Microscopicamente, a inflamação é quase sempre zonal e tem correspondência com cicatrizes. O infiltrado é predominantemente de mononucleares às vezes com folículos linfoides. Quando o infiltrado neutrofílico é considerável, fala-se em PNC em atividade. (aspecto pseudotireoidiano) - Pielonefrite xantogranlomatosa: • Trata-se de uma inflamação pielocecal acentuada, com infiltrado inflamatório rico em macrófagos xantomatosos • Quase sempre unilateral • Associado à infecção por Proteus (60%dos casos, Kebisiella, E. coli e pseudomonas. • Macroscopicamente: - Os rins se apresentam grandes e firmemente aderidos ao tecido adiposo perirrenal; - São encontrados espessamento da cápsula, dilatação dos sistemas pielocaliceal, deformidade das papilas e, muitas vezes, cálculos com aspecto “chifre de viado”; - Placa de material amarelado e friável estão presentes em torno dos cálices. - Acúmulo de macrófagos espumosos formando nódulos - Diagnóstico diferencial macroscópico com carcinoma de células renais • Prognóstico/aspectos clínicos: - Pacientes apresentam dor lombar, febre, emagrecimento, anemia, leucocitose, proteinúria, piúria e massa palpável. Dilatação dos cálices Placa amarelada em torno dos cálices 2) Hidronefrose: • É a dilatação da pelve e dos cálices renais, causadas pelo aumento da pressão urinária por obstrução mecânica ou funcional do trato urinário. Em consequência surge hipotrofia progressiva do parênquima, transformando o rim em um órgão cístico. Além disso o paciente fica mais susceptível a infecções e cálculos renais • As causas mais importantes são: → Hiperplasia ou câncer de próstata → Tumores da bexiga → Câncer de colo → Cálculos urinários → Tumores pélvicos → Tumores retroperitoniais → Inflamações Pelve renal dilatada Cálices renais dilatados. 3) Litíase: • Formação de cálculos em qualquer parte do sistema urinário (maioria renal) • Mais frequente em homens, entre 20 – 30 anos; • 80% dos casos são unilaterais • Está associada à predisposição genética – Gota, cistinúria, hiperxalúria • Os principais cálculos são: - Oxalato/ fosfato de cálcio 70% - Fosfato de amônia e magnésio 15% - Cálculos de ácido úrico 5 – 10% - Cálculos de cistina 1 a 5% • Patogênese: → Concentração aumentada de constituintes de cálculos, ultrapassando a solubilidade da urina (supersaturada) → Estase urinária → Inflamação e infecção das vias urinárias, inclusive as que acompanham neoplasias → Alteração do pH urinário → Volume urinário baixo. → É possível que os cálculos se formem devido a alterações no teor de mucoproteínas que formam a matriz orgânica, ou de deficiência de inibidores da precipitação de cristais na urina.
Compartilhar